Crime aconteceu na tarde de sábado (12/5). A vítima tinha uma loja de autopeças em Vicente Pires. O policial o matou com um tiro na QNL 9/11, em Taguatinga Norte
Em depoimento na
delegacia, Carlos Augusto contou que o policial advertiu ele e o amigo
por urinar em via pública. Ambos reconheceram o erro e pediram
desculpas, afirmando que não repetiriam o ato, mas, segundo, Carlos, o
policial proferiu injúrias racistas contra ele. Entre outras coisas o
chamou de “neguinho”. A ofensa provocou uma reação violenta. Gustavo
acertou o rosto do policial com um soco. Ele caiu no chão, se levantou,
foi ao carro, pegou uma pistola calibre 40 e colocou na cintura. “Você
tá ficando louco? Você vai atirar?”, perguntou Gustavo, ainda segundo
Carlos Augusto em depoimento. Gustavo recebeu três tiros e morreu na
hora. Ao ver o amigo ferido, Gustavo partiu para cima do policial, que
atirou de novo, atingindo de raspão o braço esquerdo do homem. Depois,
levou uma coronhada na cabeça. Mesmo ferido, ele conseguiu desarmar o
agente e desmaiá-lo, com outro soco.
Quando
policiais militares chegaram ao local do crime, Gustavo estava morto,
Carlos Augusto havia dado entrada no Hospital Regional de Ceilândia e
Paulo Roberto Gomes Bandeira, o policial acusado, estava no Hospital
Regional de Taguatinga, onde foi preso em flagrante por homicídio e
tentativa de homicídio.
Afastamento
As polícias civis de Goiás e do Distrito Federal não divulgaram o nome do assassino confesso, mas o Correio
teve acesso à ocorrência do caso e constatou se tratar de Paulo Roberto
Gomes Bandeira, 51 anos. Há 27 na corporação, ele está afastado para
“tratamento de ansiedade” no Núcleo de Proteção a Saúde do Servidor, mas
“estava à disposição” da entidade em caso de necessidade, segundo a
Polícia Civil do estado. O agente também ficou afastado do trabalho por
17 dias em 2013, acusado de envolvimento em uma fuga de presos em uma
penitenciária de Goiás.
Apesar de afastado, Paulo
Roberto continuava com a pistola automática da Polícia Civil de Goiás, a
mesma usada no crime. Também em nota, a corporação alegou que o
servidor estava “em fase de avaliação”, portanto, a arma dele não foi
recolhida. “A arma do policial só é retirada quando a perícia médica
determina e a coordenação de proteção ao servidor não tem médicos,
apenas psicólogos. Ele não estava com transtorno psicológico, mas
fazendo terapia”, diz o texto.
Na delegacia, Paulo
Roberto contou que estava em um bar, onde bebeu “cinco latas de
cerveja”. Confirmou ter advertido a dupla. “Vocês estão errados, tem um
monte de banheiro por aqui”, teria dito aos rapazes. Depois, os dois
entraram no bar comprar cerveja. Paulo Roberto admitiu a ofensa racial,
mas alegou ter atirado em legítima defesa, por ter levado um soco. A
Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF se limitou a informar,
por meio de nota, que o caso foi registrado na 12ª DP (Taguatinga
Centro) e as investigações serão conduzidas pela 17ª DP. Sobre o
assassino confesso, enviou apenas as iniciais (PRGB), dizendo que ele
foi “levado à DP e após os procedimentos legais, conduzido à carceragem
da Delegacia de Polícia Especializada e que se encontra à disposição da
Justiça”.