Os
casos mais recentes de violência no Distrito Federal tiveram mulheres
assassinadas ou feridas por bandidos com armas de fogo ou facas. Em
abordagem na 408 Sul, psicóloga levou um tiro no peito, mas sobreviveu
Três mulheres morreram e uma ficou gravemente ferida em crimes
praticados entre o último sábado e ontem no Distrito Federal. No mais
recente deles, a Polícia Civil suspeita que um policial militar matou a
namorada e, depois, cometeu suicídio na casa do casal, na Quadra 11 do
Morro Azul, em São Sebastião. O caso é investigado pela 10ª Delegacia de
Polícia (Lago Sul). O corpo da vítima foi encontrado no quarto. O do
militar, que fazia curso de formação de praças da corporação, estava no
corredor.
A
violência contra mulheres também resultou na morte de uma jovem de 18
anos no Gama. Na madrugada de terça-feira, ela levou um tiro na cabeça. O
autor do disparo, segundo a polícia, é o namorado. Ele foi preso com um
comparsa quando tentava fugir para Valparaíso (GO). Samambaia também
virou palco de feminicídio — o DF registrou nove entre janeiro e junho
do ano passado e 19 em 2016 —, no qual um homem matou uma vizinha com
facadas na cabeça e no pescoço. O crime aconteceu na rua, e o autor se
entregou ontem. Ele contou à polícia que sofria ameaças da vítima,
identificada como Anne Mikaelly. No dia do crime, ela teria soltado
fogos para anunciar a morte do acusado e da família dele.
No
Plano Piloto, uma mulher de 54 anos reagiu à abordagem de um criminoso
na 408 Norte e levou um tiro de pistola calibre 40 no peito. Ieda Maria
Neiva Rizzo entrava no carro, no estacionamento entre os blocos A e B,
no momento em que um bandido a surpreendeu. O crime ocorreu na noite de
segunda-feira. Segundo a vítima, o suspeito teria ameaçado estuprá-la.
Psicóloga sofreu ameaça de estupro
Familiares
reforçam a tese de tentativa de estupro no caso da mulher baleada na
408 Sul após reagir à abordagem de um criminoso. A psicóloga Ieda Maria
Neiva Rizzo, 54 anos, levou um tiro de pistola calibre 40, à
queima-roupa, no peito. A bala quebrou o externo e quatro costelas e
parou em um dos pulmões da vítima, que sobreviveu ao disparo. “A única
preocupação dela era com a vida e a integridade física. Ele disse que ia
estuprá-la e matá-la. Ela queria sobreviver”, disse ao Correio o irmão
de Ieda, o policial civil André Rizzo. Apesar disso, a Polícia Civil
investiga o caso como tentativa de latrocínio.
Paramédicos levaram Ieda para o Hospital de Base do Distrito Federal.
Ontem, ela foi transferida para o Hospital Daher, no Lago Sul. Para o
irmão, “ela sobreviveu por um milagre”. “A gente sabe que, infelizmente,
a Ieda foi mais uma. É o preço que pagamos por um país que vive em uma
inversão de valores. Ontem, foi a minha irmã. Essa noite serão mais
quantas? Ela teve uma proteção divina. Sou policial civil e sei o
potencial lesivo de uma pistola calibre 40. Ela tomou um tiro covarde,
desnecessário, de um bandido que não tem o menor respeito pela vida
humana. O ato dele representa, simplesmente, a certeza da impunidade”,
desabafou.
Antes de atirar, o criminoso deu um soco na vítima, que tentava se
desvencilhar para fugir. “Quando recebi a ligação, achei que fosse
trote. Quando cheguei ao local e vi a quantidade de sangue no chão e vi a
cápsula de uma pistola calibre 40, o meu mundo acabou. Achei que ela
estaria morta. Ela está chamuscada pela explosão da pólvora. Foi um tiro
à queima-roupa”, revoltou-se.
O adjunto da 1ª
Delegacia de Polícia, delegado José Ataliba Neto, se apoia nas características do crime para sustentar a tese de tentativa de
latrocínio. Para ele, o criminoso queria o carro, um Nissan Kicks preto.
“Não houve nenhum ato que caracterizasse tentativa de estupro. Toda a
ação foi muito rápida. Geralmente, casos de abusos ocorrem em locais
ermos, diferentemente da quadra”, ressaltou. Para ajudar na
identificação do suspeito, a corporação divulgou as imagens capturadas
pelos circuitos de segurança de prédios da 407 Sul e da 408 Sul. O homem
filmado de camisa preta e boné e tênis brancos usa barba e teria entre
20 e 25 anos.
Na 408 Sul, agentes da PCDF
passaram a manhã de ontem coletando imagens dos prédios residenciais,
tomando depoimentos de moradores e refazendo os possíveis passos do
criminoso. As gravações do circuito interno de segurança de um dos
prédios mostram que, após dar o tiro no peito da psicóloga, o bandido
seguiu em direção à 407 Sul. O local do crime fica próximo à Divisão de
Controle de Denúncias da Polícia Civil (Dicoe).
Dono
da Banca da 408 Sul e também morador da quadra, Ubirajara Leandro de
Souza, 62 anos, disse que a vizinhança está assustada. “Ouvimos falar de
arrombamento de um carro ou de outro. Agora, algo com tiro, não
pensávamos que poderia acontecer”, afirmou. Moradores reclamam de falta
de iluminação pública na região, prejudicada, principalmente, pelas
árvores.
Policiamento é constante, diz PM
De
janeiro a novembro de 2017, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz
Social registrou, na Asa Sul, dois latrocínios e uma tentativa. No mesmo
período do ano anterior, a polícia registrou cinco tentativas de roubo
com morte. Segundo a PM, a Asa Sul recebe policiamento ostensivo a pé,
de moto e com carros. O porta-voz da corporação, major Michello Bueno,
destacou que a criminalidade está em queda, com taxas de homicídio
estáveis e diminuição de 42% nos roubos a pedestres. “Estamos fazendo o
nosso trabalho, mas o combate à violência passa por várias áreas, como a
social, por exemplo”, argumentou. (LC)
Morta com tiro na cabeça
Um
dos casos de feminicídio mais recentes no Distrito Federal aconteceu na
madrugada de ontem. Uma jovem de 18 anos morreu com um tiro na cabeça,
após supostamente participar de uma roleta-russa com pelo menos duas
pessoas. Segundo a Polícia Militar, o autor dos disparos seria o
namorado dela. Os três estavam dentro de um carro, um Palio branco,
quando o acusado, de 27 anos, atirou contra a moça. Palloma Lima chegou a
ser atendida no Hospital Regional do Gama, mas não resistiu.
Depois
de a vítima ser baleada, os dois acusados a deixaram na unidade de
saúde, sem acompanhamento. Em seguida, saíram em disparada com o
veículo. Pacientes e acompanhantes que estavam no local chamaram a PM,
que localizou os envolvidos em Santa Maria. De acordo com a corporação,
eles seguiam com o carro em direção a Valparaíso (GO). Detidos, tanto o
acusado de disparar contra Palloma quanto o cúmplice foram conduzidos à
20ª Delegacia de Polícia (Gama).
O suposto
namorado da vítima deve responder por homicídio, enquanto o motorista
será indiciado por tráfico de drogas, porte de munição e favorecimento
pessoal (quando ajuda outro a fugir). Caso se comprove que a jovem foi
coagida a participar da suposta roleta-russa, a Justiça pode enquadrar o
acusado também em crime de tortura (LV).
Polícia apura se PM matou a namorada
Agentes da 30ª
Delegacia de Polícia (São Sebastião) investigam um possível caso de
feminicídio no qual um policial militar teria matado a namorada e se
matado em seguida. O crime aconteceu no bairro de Morro Azul, em São
Sebastião. A vítima, Clésia Andrade, 28 anos, estudava licenciatura em
dança no Instituto Federal de Brasília (IFB). Ela e o cabo Bruno Viana,
38, foram encontrados mortos, por volta das 14h30 de ontem, na casa onde
a jovem morava com a família — um bar funciona no mesmo imóvel.
De
acordo com a polícia, ambos tinham ferimentos provocados por arma de
fogo. De acordo com a polícia, Bruno teria usado a arma da corporação,
uma Taurus PT 100, calibre 40, para matar Clésia e, depois, se matar.
Nesse momento, a mais nova das três irmãs da estudante, além de quatro
crianças, estavam no estabelecimento comercial, que fica na entrada da
residência. Segundo a Polícia Civil, uma delas era o filho de 8 anos da
vítima, fruto de um relacionamento anterior. Nenhuma delas testemunhou o
crime.
A mãe da jovem, dona do bar, viajou
para São Paulo na segunda-feira e deixou Clésia e a filha mais nova
cuidando do local. A mãe comprou uma passagem de volta para Brasília
assim que soube da tragédia. No entanto, não havia chegado até a tarde
de ontem, quando a perícia esteve no local. O pai da vítima também mora
em São Sebastião e precisou ser hospitalizado ao saber do assassinato. Houve
comoção na vizinhança. À tarde, familiares e amigos acompanharam a
retirada dos corpos, separados por um cordão de isolamento. “Ela morava
aqui desde criança, e a gente não sabia como era a convivência deles (do
casal). Tudo o que sei é que tinham terminado recentemente”, contou um
vizinho, que preferiu não se identificar.
Segundo
o delegado Paulo Savio, plantonista responsável pelo registro
preliminar da ocorrência, a irmã da vítima acionou a polícia ao ouvir os
disparos. Em seguida, gritou por socorro ao avistar uma equipe da PM.
“Nem ela nem as crianças foram testemunhas. Ao chegar, encontramos o
corpo da jovem na porta da casa e o do policial na cama. Os dois foram
mortos com um tiro na cabeça, mas ainda não sabemos as circunstâncias
que levaram a isso. A perícia vai apurar o caso com a equipe do
plantão”, afirmou Paulo.
A irmã de Clésia
confirmou à polícia que estava no bar quando ouviu os tiros, mas não
escutou gritos ou discussões. Segundo ela, o relacionamento de cerca de
dois anos era de “idas e vindas”. Segundo o delegado, Bruno teria
entrado no bar e dito que queria conversar com Clésia. Dessa forma,
conseguiu acesso aos fundos do imóvel. A polícia trabalha com a hipótese
de homicídio seguido de suicídio e aguarda o laudo pericial para
concluir as investigações.
Perseguição
Apesar
de não existirem ocorrências contra o policial militar, a irmã revelou
que Clésia e a mãe pediram à Justiça uma medida protetiva. No entanto,
ela não soube informar à polícia se a medida era cumprida ou não.
Atitudes agressivas do PM foram relatadas pela amiga Mikaely Moura, 28.
As duas se conheceram na escola, aos 7 anos, em São Sebastião. A
empregada doméstica contou que Bruno tinha o costume de perseguir a
vítima e que chegou a agredi-la em algumas ocasiões. As duas se viram
pela última vez na sexta-feira passada. “Ele estava indo atrás dela o
tempo todo, mesmo com a medida protetiva. Na última vez em que saímos,
ela precisou ir escondida para que ele não soubesse”, comentou.
Correio Braziliense