Desde quando a Operação Lava Jato se aproximou do partido, Lula, ao contrário do que diz, fugiu de todas as respostas.
Preferiu excitar a sua turba contra a investigação, denunciando uma suposta conspiração, abusando, uma vez mais, de sua tradicional irresponsabilidade, a opor permanentemente um certo “nós” a “eles”
Luiz Inácio Lula da Silva se acostumou
a falar as maiores barbaridades sem que isso tivesse muitas consequências
práticas, além da contínua degradação da civilidade política, da convivência
entre divergentes, da normalidade democrática. Não é verdade que, ao longo destes
quase 14 anos de poder, o partido tenha se comportado nos limites aceitáveis de
um regime democrático. Ao contrário. De forma deliberada, contínua, organizada,
assistimos ao crescente aparelhamento do Estado, à demonização da divergência,
às tentativas de deslegitimar a oposição, à indústria de denúncias e difamação
em que se transformou o partido, especialmente em campanhas eleitorais.
Às vezes, a gente se esquece deste
aspecto: o PT se especializou em montar dossiês contra adversários, recorrendo,
inclusive, aos préstimos de militantes seus enfronhados em estruturas do
Estado. Muito bem! Lula Não está imune à
investigação. É um cidadão, como qualquer outro, no que respeita às obrigações
e direitos essenciais. Vive as circunstâncias privilegiadas de quem foi
presidente da República, mas isso não o torna imune à lei.
Que seu partido tenha se comportado, ao
longo desses anos, como organização criminosa, isso já não é juízo de valor,
mas um fato evidenciado pelas investigações da Lava Jato. Que ele próprio,
mesmo com homem comum, viva uma vida nada ortodoxa, idem.
Desde quando a Operação Lava Jato se
aproximou do partido, Lula, ao contrário do que diz, fugiu de todas as
respostas. Preferiu excitar a sua turba contra a investigação, denunciando uma
suposta conspiração, abusando, uma vez mais, de sua tradicional
irresponsabilidade, a opor permanentemente um certo “nós” a “eles”. O “nós” dele são os petistas, fonte
original de todo bem da terra e da honestidade acima de qualquer suspeita.
“Eles” são todos aqueles que não são petistas. Ah, estes são a fonte do mal.
Na fórmula pervertida de Lula, os
petistas são sempre inocentes, mesmo quando culpados. E os adversários são
sempre culpados, mesmo quando são inocentes. Infelizmente, a fórmula se mostrou
politicamente eficaz para eles enquanto a economia, ainda que caminhando no
trilho errado, crescia a um índice satisfatório. Mas parte daquele crescimento
se dava à custa de medidas que iam sendo postergadas. O lulo-petismo trocou o
planejamento do futuro pela farra do presente. E o país chegou ao ponto em que
está hoje.
É evidente que Lula deveria ter caído
em 2005, quando vieram à luz os crimes do mensalão. Mas justamente a economia e
certa letargia da oposição — além da ausência de uma sociedade organizada —
permitiram que ele fosse ficando por aí. A Operação Lava Jato coincidiu com a
derrocada do modelo econômico. E chegamos à situação atual. Sim, Lula segue sendo o irresponsável
de sempre. O pronunciamento feito há pouco (farei outro post a respeito) trouxe
de volta o “pobre orgulhoso”, o ressentido terno, o ignorante que brilha no
salão das elites, o homem que não sabe a diferença entre um decanter e um vaso,
mas que dá aula aos doutores.
Lula decidiu partir para o pau. É a
sociedade civil que vai dizer até onde ele consegue chegar.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo