Num manifesto, movimento pede que os Poderes respeitem suas respectivas esferas de competência e parem de fazer movimentos acrobáticos para a torcida
Algo de muito errado se passa na
República quando os jovens resolvem puxar as orelhas dos maduros,
acusando a sua irresponsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, vamos
reconhecer: também se trata de fato auspicioso.
O Movimento Brasil Livre resolveu
divulgar um texto intitulado “MANIFESTO EM FAVOR DAS INSTITUIÇÕES E DA
TRIPARTIÇÃO DO PODER”, em que, ora vejam, cobra que os digníssimos
homens e mulheres que compõem os Poderes da República se atenham ao
papel que lhes reserva a Constituição.
No texto, o movimento expressa, é claro,
seu apoio às investigações da Lava Jato, mas lembra que o Ministério
Público não pode aproveitar o suporte que lhe dá a sociedade para
defender pautas corporativistas.
O MBL critica também o Supremo Tribunal
Federal por sua sede legisferante e por interferir, por meio de liminares
desastradas, em decisões do Poder Legislativo. O movimento deixa claro
que defende, sim, a punição de Renan Calheiros, de acordo com o devido
processo legal, mas repudia o ato destrambelhado de Marco Aurélio, que
resolveu afastá-lo da Presidência do Senado por meio de uma liminar
ilegal.
Também a liminar de Luiz Fux, que houve
por bem anular uma votação na Câmara, não passa pelo crivo do movimento,
que deixa claro, no entanto, que rejeita a forma que tomou o conjunto
de medidas contra a corrupção. Referindo-se às citadas liminares, afirma
o texto: “Ambas as decisões foram pouquíssimo ortodoxas, sendo apoiadas
por alguns que desconhecem o texto constitucional – o que não é o caso
dos doutores do Supremo. As repetidas acrobacias para a plateia,
executadas em detrimento da lei, só servem à desordem e ao extremismo,
não à Justiça”.
Espero que procuradores, juízes,
parlamentares e ministros do Supremo leiam com atenção o manifesto. Até
porque, num momento que não deixa de ser vexaminoso para os varões e
varoas da República, afirmam os moços e as moças o movimento: “O MBL
reúne pessoas de todas as idades, mas é majoritariamente formado por
jovens. Ousamos cobrar que as mulheres e homens maduros da República
deem exemplo de serenidade, de sensatez, de respeito às instituições e à
Constituição.
Jovens cobrando ‘ordem’ dos maduros
parece ferir — e, em certo sentido, fere mesmo — a ordem natural das
coisas. Mas a tanto nos obrigam os maus hábitos em curso na República.
Senhoras e senhores, respeitem seus cabelos brancos! Para que possamos respeitá-los!”
Impecável.