Foi a
menor inflação para meses de janeiro desde o plano Real. O IPCA ficou em 0,29%,
bem inferior às projeções, que estavam na casa do 0,4%. É mais uma surpresa
“baixista” no índice, que completa agora sete meses abaixo do piso da meta, de
3%. O acumulado em um ano caiu, ao contrário do que se imaginava, e agora marca
2,86%. Vários grupos de preços vieram aquém da projeção, conta o professor Luiz
Roberto Cunha. O resultado, se for uma tendência, pode influenciar a sequência
dos juros no ano, mesmo sem a aprovação da reforma da Previdência. A
expectativa atual é que o BC mantenha a taxa Selic na reunião de março.
Entre as
quedas, a maior influência veio do grupo Habitação, com a redução no preço da
eletricidade. No mês, os alimentos subiram, como se esperava. O grupo
Alimentação e Bebidas teve o maior impacto, com peso de 0,18 ponto no resultado
final. Mas a alimentação fora de casa, que subia forte, ficou quase estável,
com alta de 0,06%. E as primeiras colheitas começam a indicar uma nova
supersafra em 2018. O fenômeno que ajudou a derrubar o IPCA no ano passado, se
de fato se repetir, ajudará a manter a inflação em níveis baixos. Um cenário
assim pode levar o BC a reduzir mais os juros.
No
comunicado de quarta-feira, o Copom disse que a decisão “mais adequada” é
interromper o ciclo. Mas deixou a porta aberta para o corte adicional “caso
haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”. Não é só a
aprovação da reforma que levaria a novas reduções. As “projeções e expectativas
de inflação” também vão influenciar o BC.
Blog da Miriam Leitão, com Marcelo Loureiro