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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Reforma tributária - Governo insiste em querer cobrar cada vez mais do cidadão - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

IPCA
IPCA
Haja impostos para bancar todos os gastos de um governo esbanjador.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / arquivo

Na quarta-feira, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) entregou o seu relatório do projeto de reforma tributária, criando outros impostos. 
 O sonho do governo é cobrar mais porque está precisando de dinheiro, já que gasta cada vez mais. 
Eu fico vendo números do QI do brasileiro, e são de arrepiar. Metade do Brasil tem QI abaixo da média, o que muitas vezes se explica pela falta de volume cerebral mesmo. 
Crianças sem saneamento básico, sem água potável, crescem com doenças, diarreia, carência de alimento, carência de ovo, carência de proteína
Nós estamos bem abaixo da média mundial; aí não há como tem futuro. 
O governo deveria investir em saneamento básico, mas enterrar esgoto ninguém vê, então é preferível fazer estádio de futebol, por exemplo. 
É mais populista, demagógico. Gasta-se dinheiro com demagogia e com inchaço da máquina estatal. E a expectativa do governo é poder arrecadar mais.
 
Só que isso não está acontecendo. É a curva de Laffer: quanto mais se cobra, menos se arrecada. Os supermercados descobriram isso com os seus congêneres norte-americanos, que têm margem de lucro pequena e vendem muito mais; e com isso o lucro fica maior. 
Nos últimos quatro meses – junho, julho, agosto, setembro –, a arrecadação federal vem caindo. E o que está caindo? 
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Importação, Imposto de Renda Pessoa Física e Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL). 
Tudo isso é sobre atividade econômica, ou seja, a atividade econômica está desacelerando, não é? PIS e Cofins cresceram.
 
Não adianta querer cobrar cada vez mais
Se a atividade econômica é desestimulada pelo peso do tributo e da burocracia, ela desacelera. E isso acontece toda hora. 
Saiu agora a notícia de que o Superior Tribunal Militar cria 740 cargos. Não foi o tribunal que criou por conta própria, foi a Lei 3.535. 
Para o ano que vem, serão mais 1.395 cargos no STM, que nem se mete no caso do tenente-coronel Mauro Cid, por exemplo, deixando tudo com o Supremo. 
Entre esses 740 de agora, serão 149 analistas, 91 técnicos, 97 cargos em comissão e 403 funções comissionadas.  
O edital do concurso está para sair. Tudo com remunerações, benefícios, auxílio-alimentação, pré-escola, transporte, médico, dentista, adicionais, gratificação. São os cidadãos de primeira classe. Depois vêm os outros, que têm menos férias, menos benefícios, menos salários, menos garantia de recebimento. 
Aqueles que ouviram “fica em casa” ficaram sem renda, mas o funcionalismo público teve o contracheque garantido durante a pandemia.
 
Presidente da Caixa foi demitida; no seu lugar, entra indicado de Lira
Falando em serviço público, vocês viram aquela exposição na Caixa Econômica Federal, com base na bandeira nacional. A bandeira foi vilipendiada, violentada.  
Um quadro tinha um ex-presidente defecando na bandeira. Havia bandeira com um falo no lugar do “Ordem e Progresso”; outra com uma folha de maconha no círculo central; outra, ainda, tinha a foice e martelo. No lugar de “Ordem e Progresso”, “mande fotos nuas”.  
E puseram uma caixa de lixo com a bandeira; dentro dela, o ex-ministro da Economia, uma senadora e o presidente da Câmara. Resultado? 
Ontem foi demitida a presidente da Caixa, Rita Serrano, que teria, segundo o senador Cleitinho, pago R$ 250 mil por essa exposição que violenta a bandeira de todos os brasileiros. 
No seu lugar entra o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado por um dos agredidos na exposição, o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos


Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo 



segunda-feira, 25 de setembro de 2023

A expectativa do mercado para a prévia da inflação

IPCA-15 será divulgado na terça-feira, 26

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de setembro, considerado uma prévia da inflação, será divulgado na terça-feira, 26. O mercado espera uma aceleração na leitura mensal entre agosto e setembro (de 0,28% para 0,37%), via Transportes, ao passar de +0,23% em agosto para +1,97%. A expectativa é da Warren Renascença. [Banco Central errou feio quando reduziu juros por pressão do DESgoverno, enquanto em outros países os juros foram elevados. É indispensável ter em conta que se a esquerda quer uma coisa, não pode e nem deve  ser atendida, já que a esquerda é, e sempre será, contra o Brasil, os brasileiros e, obviamente, as pessoas de bem.
Torcemos para que na próxima reunião do COPOM o Banco Central eleve a taxa de juros e reenquadre a inflação.]

Os reajustes de diesel e gasolina, no fim do mês passado, aumento no preço de automóvel novo, além da alta de 6% do preço das passagens aéreas em setembro devem reverter parte da queda do mês anterior (-11,69%).

A Warren espera que o grupo alimentação no domicílio mantenha a deflação em torno de 1% vista em agosto. “Esperamos continuidade de desaceleração de preços de Hortaliças e verduras, Carnes, Leites e derivados e panificados. Este grupo deve apresentar deflação de -0,12% no acumulado 12 meses. Último movimento visto neste sentido foi em 2018”, afirma a casa, em relatório.

Os principais riscos do número devem vir de automóveis, gasolina, energia elétrica e higiene.

 Economia - Revista VEJA


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Inflação dos alimentos continua o dobro do índice geral. Quando vai cair?[quando Lula cair fora.]

O maior impacto no índice do mês veio de Alimentação e bebidas (0,59%), que contribuiu com 0,13 p.p. No acumulado, ficou em 11,07%, um pouco abaixo dos 11,64% de dezembro. [Comentário esclarecedor: afirmamos que a inflação dos alimentos - a pior para os mais pobres - vai começar a cair quando o Lula CAIR FORA. 
Deixamos claro que não temos nenhuma intenção de praticar ato antidemocrático, de insuflar um 'golpe de estado' - caso tivéssemos tal intenção, nos falta o principal, o essencial em um golpe = quem colocar no lugar do deposto???
Apenas, afirmamos o óbvio = como é possível a um presidente que , no 41º dia de governo, ainda NÃO ADOTOU nenhuma medida na área econômica - prefere ficar encrencando com o passado, com o BC, com o teto de gastos - pode diminuir o ritmo inflacionário? 
O atual presidente, que se intitula o 'salvador da pátria' não conseguiu ainda, sequer despachar individualmente com todos os seus ministros.]

No INPC, que se refere às famílias com rendimento até cinco salários mínimos, os alimentos passaram de 0,74% em dezembro para 0,52% em janeiro.

André Braz, economista do Ibre/ FGV, considera que o grupo Alimentação vai se comportar melhor este ano. Segundo ele, este resultado de janeiro é por conta de efeitos sazonais. - Os destaques estão todos no campo, são alimentos in natura. A volatilidade do clima nessa época do ano - chuva forte, sol intenso, - não colabora para oferta regular desses alimentos. E como a oferta diminui, o preço dispara. Então, é uma situação muito concentrada no verão e que tem a ver com a sazonalidade.

Para Braz, a tendência de queda em comparação a 2022 está sendo antecipada pelo IPA (Ìndice de preços ao produtor, calculado pela FGV), com redução importante no preço de grandes commodities como soja, milho e trigo.- Como essas matérias- primas dão conta de muitos alimentos industrializados e estão com preços em queda, isso vai abrir espaço para que haja uma pressão menor em alimentos. Este movimento devemos observar gradualmente a partir desse primeiro semestre de 2023, mas vai ficar mais flagrante a partir de fevereiro.

Míriam Leitão, colunista - Coluna em O Globo - ÍNTEGRA MATÉRIA


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

IPCA volta a subir em outubro, após três meses de deflação - O Globo

Raphaela Ribas

Depois de três meses de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação oficial do país, registrou alta de 0,59% em outubro. A alta foi puxada, principalmente, por alimentos e bebidas e veio acima das expectativas e juntos tiveram peso de 73% no indexador.

Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA
 

domingo, 18 de setembro de 2022

Brasil: uma ilha de prosperidade - Gilberto Simões Pires

ILHA DE PROSPERIDADE

Enquanto a INFLAÇÃO e a RECESSÃO avançam, sem dó nem piedade, deixando rastros de destruição econômica e social em praticamente todos os países do PRIMEIRO MUNDO, eis que no nosso Brasil, que também sente, e muito, os reflexos decorrentes da PANDEMIA e, mais recentemente, da GUERRA RÚSSIA/UCRÂNIA, passou a ser visto, comentado e apreciado como uma ILHA DE PROSPERIDADE em meio a um oceano economicamente revolto. 

INFLAÇÃO

No quesito INFLAÇÃO, que na realidade identifica a VARIAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS pelo efeito -ESCASSEZ e/ou DEMANDA MAIOR DO QUE A OFERTA-, os números atualizados apontam o que acontece, por exemplo, nos seguintes países: Lituânia: 15,5% ao ano; Polônia: 11%; Reino Unido: 9%; Índia: 7%; Coreia do Sul: 5%, etc.. Sem falar nos EUA, cuja taxa de inflação já superou o índice de preços do Brasil em 2022. Vejam que o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) norte-americano acumula alta de 5,31% de janeiro a julho. Enquanto isso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do Brasil chegou a 4,77% no mesmo período. 

PIB

Já no que diz respeito ao PIB, um levantamento feito com 33 países que divulgaram números referentes ao segundo trimestre de 2022 mostra que o crescimento médio dessas economias foi de 0,5%, segundo dados disponibilizados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). São 24 países com crescimento, 2 com estabilidade e 7 com retração, na comparação com o trimestre anterior. Pois, para surpresa geral, o nosso PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao anterior. E nesta semana o Banco Central informou que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um indicador prévio de desempenho do PIB, subiu 1,17% em julho na comparação com junho. Que tal? 

DETALHE IMPORTANTE

Detalhe importante: Holanda, Romênia, Croácia, Arábia Saudita e Israel estão entre os que mais cresceram no trimestre passado. Na lanterna do ranking aparecem Portugal, Lituânia, Letônia, Polônia e China, que por sua vez teve forte desaceleração no trimestre. Já o continente europeu está nas duas pontas do ranking: o crescimento na ZONA DO EURO foi de 0,7% graças, principalmente ao turismo. 

DESEMPENHO COMPARATIVO

Pois é, meus caros leitores. Enquanto o mundo todo sofre com INFLAÇÃO EM ALTA E CRESCIMENTO EM BAIXA, o nosso Brasil desponta com desempenho bem melhor comparativamente. Atenção: isto é algo jamais visto na história. 
E neste caso há que se reconhecer e aplaudir as acertadas medidas tomadas e operadas pela ótima equipe econômica chefiada por Paulo Guedes, pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sob a liderança do presidente Jair Bolsonaro.  

 Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires

 

sábado, 10 de setembro de 2022

O que não aparece na campanha - Carlos Alberto Sardenberg

Olhando os grandes números, parece mesmo que a economia brasileira passa por um bom momento: a inflação desacelera, o crescimento acelerou no segundo semestre, deixando um embalo para o final do ano, a taxa de desemprego caiu e não há dificuldades nas contas externas.

Comparando com a situação e as expectativas do início deste ano, o ambiente é claramente melhor. Mas não dá para concluir que isso tudo vai deixar uma boa herança para o próximo presidente. [herança,  na qual o autor da herança (VIVO, apesar do desejo de várias 'coisas' da mídia militante, que sujam a classe dos verdadeiros jornalistas - que não militam, não fazem narrativas = NOTICIAM FATOS - desejarem sua MORTE, E ATÉ QUE SE SUICIDE) uma herança que é ABENÇOADA e EXCELENTE.]

Começando pelos preços ao consumidor. Pelo IPCA de agosto, divulgado ontem, a inflação em 12 meses caiu para 8,73%, [Foi o segundo mês seguido de deflação. - Fonte: G1 ]a primeira vez em um ano que fica abaixo dos dois dígitos. Governo e mercado esperam desaceleração lenta porém consistente para os próximos meses.

Essa expectativa faz sentido porque, depois de várias tentativas, finalmente temos uma legislação que garante a independência do Banco Central. Isso permite que a instituição pratique uma política monetária de juros muito elevados mesmo em pleno ciclo eleitoral.

Mais ainda: pela nova lei, o mandato do presidente da República não coincide com o do presidente do BC. O atual chefe da instituição, Roberto Campos Neto, tem mandato até 2024 – e isso significa que a política monetária será mantida nos próximos dois anos. No médio termo, está bom, mas em termos políticos há uma óbvia dificuldade. A inflação está sendo derrubada a golpes de juros muito elevados – ou de uma política muito restritiva, como tem repetido os diretores do BC. [política de elevação de juros, exitosa, e que está sendo adotada pela União Europeia e EUA, entre outras economias.]

“Restritiva” quer dizer uma política que restringe investimentos e consumo. Fica muito caro tomar financiamento para qualquer coisa. E isso limita programas de expansão da atividade e do emprego, que constam da propaganda dos candidatos. Nenhum deles disse até agora como vai agir diante de juros tão elevados por tanto tempo. [o presidente Bolsonaro não diz o que vai fazer, mostra o que está fazendo e com êxito.]

Outra dificuldade econômica e política está no elevado endividamento das famílias. Na propaganda eleitoral, as dívidas serão perdoadas, negociadas, reduzidas – enfim, aliviadas. Como? [só perguntando para o Ciro, para o descondenado petista que está incentivando os homens (homens???) que batem em suas mulheres a quando forem bater, batam, mas  em casa = sem testemunhas, ou para a Tebet que vai pagar R$5.000, a cada estudante do último ano do  Ensino Médio e também declara que arrumar a casa é serviço das mulheres = diaristas ou donas de casa.]

Ou não há respostas ou há explicações fantasiosas, que colocam no mesmo saco desde dívidas tributárias até carnês em atraso. Não funciona, muito menos enquanto os juros permanecerem elevados.

(...)

Visto de perto, portanto, 2023 estará assim: inflação caindo, mas ainda pesando no bolso, [A QUEDA É LENTA, cair de vez só com o malfadado congelamento que derruba a inflação por 15 dias, que volta o em triplo.] convivendo com juros elevados para empresas e famílias, a maior parte destas endividadas. Não há como acelerar o crescimento nessas circunstâncias.

A menos que o governo federal coloque um monte de dinheiro novo na economia. Não há esse dinheiro. Ao contrário, o governo Bolsonaro estourou o teto de gastos várias vezes e deixará buracos espalhados para os próximos anos. Fatal. Consequência da política de cortar impostos e distribuir “bondades” sem reduzir despesas. No máximo, adiaram despesas deste para os próximos anos, um baita problema para o sucessor.[o ilustre articulista a quem muito respeitamos, foi 'contaminado' pela obsessão de que Bolsonaro não será reeleito = em seu comentário faz questão de expressar a convicção de que será outro a governar o Brasil = fracasso = BOLSONARO será,com as bençãos de DEUS, o novo presidente do Brasil de 1º jan 2023 a 31 dez 2026 = novo, já que terá condições de governar SEM pandemia, SEM boicotes e SEM outras mazelas desejadas por seus inimigos, que também são inimigos do Brasil.]

Não acabou: o mundo desenvolvido está muito perto de uma recessão (com juros altos) e a China, nossa principal parceira econômica, cresce cada vez menos por causa da política de covid zero, que coloca populações em lockdown praticamente todo mês.

Isso, não se vê na campanha.

Coluna publicada em O Globo / Economia / Política

 Carlos Alberto Sardenberg, jornalista


terça-feira, 9 de agosto de 2022

A influência da gasolina na deflação recorde de julho - VEJA

Preços recuaram 15% no mês e aceleram a queda do IPCA já que o peso dos transportes é o maior da cesta

Deflação é o termo usado pelos economistas para definir o efeito contrário da inflação: quando os preços caem.  
Apesar de em maio e junho o país já ter registrado uma desaceleração da inflação, a variação ainda era no campo positivo, isto é, os preços estavam subindo, mas estavam subindo menos. O IPCA de julho trouxe a primeira deflação em 26 meses, ainda na primeira onda da Covid-19, e um recorde desde o início do Plano Real, em 1994, e na série histórica, desde 1980. 
A deflação veio com o peso da queda da gasolina e do setor de transportes, que ficou mais barato desde que os preços cederam.

A gasolina caiu 15% no mês, puxando os transportes 4,5% para baixo e acelerando a queda. “Os dados da inflação tiveram pontos positivos além dos administrados, como a difusão cair para 62%, os serviços desacelerar. Pensando mais para frente é ver os efeitos secundários dessa queda dos combustíveis, onde eles vão chegar.  No primeiro momento, o consumidor sente o preço na bomba mais barato, mas é acompanhar se o frete vai ficar mais barato nos próximos meses, no transporte de alimentos, se isso fará que outros itens do IPCA caiam nos próximos meses”, analisa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, a opção pela redução focada em gasolina e energia — o que aconteceu como consequência do projeto de lei que fixou um teto do ICMS sobre esses produtos — é uma estratégia efetiva para registrar um resultado mais rápido no recuo do IPCA“O mais pobre não consome gasolina e energia a nível da queda do imposto gerar o benefício. Como o gasto dessas famílias é majoritariamente em alimentação, elas não sentem essa trajetória. Ela vai no mercado, vê que o preço do alimento está absurdo e não vai falar que tem essa de inflação mais baixa. E essa pessoa não está equivocada, para ela realmente não está mais baixo”. 

O que ficou mais barato em julho

Produtos que contribuíram para a deflação no IPCA do mês

Chart

Fonte: IBGE

(...)

Em julho, o maior peso no setor de alimentação foi novamente sobre o preço do leite e seus derivados, que pesam bastante na cesta das famílias. Entre os 20 itens que ficaram mais caros está o diesel, que subiu cerca de 4% no mês, ainda sem o efeito da redução no valor do litro nas refinarias, que foi reduzido na semana passada. O preço do diesel, apesar de ter pouco peso em si no indicador, tem uma capacidade de difusão maior porque o valor do frete é embutido nos alimentos. A ver se essa redução nas refinarias chega aos caminhoneiros e ajuda a desacelerar ainda mais a inflação no próximo mês. [a depender do diesel, a inflação deste mês já está desacelerando.]

Economia - Revista VEJA - MATÉRIA COMPLETA



sábado, 11 de dezembro de 2021

Ação do BC contra inflação começa a surtir efeito - Editorial

O Globo

Em meio à inflação galopante, é um alento que a mão firme do Banco Central (BC) venha sendo sentida pelos agentes econômicos. As altas recentes nos juros a última delas na quarta-feira — e, sobretudo, a mensagem de que o aperto monetário continuará começam a surtir efeito num dos fatores responsáveis pela espiral ascendente dos preços: as expectativas. Pela primeira vez desde junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial de inflação, ficou abaixo da expectativa do mercado (em novembro, 0,95% ante 1,07%, segundo o BC).

Como todos percebem quando vão a postos de gasolina, supermercados ou pagam por serviços, a alta dos preços nos últimos 12 meses continua acima do razoável (10,74%). Mas os olhos do BC estão no futuro. A autoridade monetária planeja chegar ao final de 2022 e 2023 com a inflação abaixo do teto da meta (5% no ano que vem e 4,75% no seguinte). Domar as expectativas agora é chave para atingir o objetivo.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, elevou a taxa de juros que serve de referência para o mercado, a Selic, de 7,75% a 9,25% ao ano. É o maior patamar desde julho de 2017
Em janeiro, a Selic estava em 2%, o piso histórico. O salto de 7,25 pontos percentuais é o maior ciclo de alta desde 2002, quando investidores temeram a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a adoção de políticas populistas. A alta desta vez nada tem a ver com o pré-candidato do PT à Presidência.

É resultado de dois fatores. O principal é interno: as barbeiragens do governo, incluindo aí o Executivo de Jair Bolsonaro e o Legislativo de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Todo o esforço do presidente e dos líderes do Centrão em romper o teto de gastos para poder dispor de recursos antes das eleições do ano que vem provocou estrago gigantesco na credibilidade da política fiscal e da capacidade do Estado em honrar suas dívidas. A irresponsabilidade não saiu de graça. O aumento da incerteza fez o câmbio depreciar, aumentando o valor dos produtos importados e alimentando a inflação.

O segundo fator é externo: a recuperação global depois da pandemia exerceu pressão nos preços em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, a inflação registrou alta de 6,8% nos últimos 12 meses, maior valor desde 1982. Isso afeta as cotações de todos os produtos básicos, como petróleo e soja, definidos pelo mercado internacional.

Em comunicado, o Copom deixou claro que manterá a estratégia conservadora.  
É provável que a Selic suba mais 1,5 ponto percentual na próxima reunião, em fevereiro. 
Os juros altos impõem um freio ao consumo, por isso tiram o ímpeto de fabricantes de produtos e fornecedores de serviços de elevar preços.  
Verdade que, por aqui, esse mecanismo tende a surtir menos efeito diante do hiato persistente entre a demanda e a capacidade de produção. Mas, ao anunciar que pretende seguir elevando a Selic, o BC tenta “ancorar” as expectativas, induzindo os agentes a não repassar custos diante do risco da demanda reprimida adiante, com juros ainda maiores no futuro.

Infelizmente, o BC está sozinho na tarefa. Na verdade, é pior: Bolsonaro trabalha contra. Preocupado apenas em aumentar suas chances na eleição do ano que vem, o presidente insiste na estratégia desajuizada de jogar álcool na fogueira inflacionária. [se adotar medidas para reduzir,  ainda que apenas um pouco, a miséria de mais de 17.000.000 de famílias - além de famintas, estão desprovidas do básico do básico - for jogar fogo na fogueira inflacionária, tragam mais álcool. = VIDAS DE BRASILEIROS FAMINTOS IMPORTAM.]

Editorial - O Globo


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

BC mantém cautela diante de maior risco inflacionário - Valor Econômico

Opinião

Outros dois grandes riscos estão fora de controle do BC: pandemia e o risco fiscal

A inflação mais elevada do que o esperado acendeu um alerta no Banco Central, que indicou que poderá abandonar sua prescrição futura “em breve” e enterrou as dúvidas sobre até quanto os juros poderiam cair. A taxa Selic foi mantida em 2% e não há motivos para acreditar que o BC pretenda elevá-la tão cedo. Mas as expectativas inflacionárias, que indicavam IPCA abaixo da meta em 2021 e 2022, deixou de sê-lo para este último ano, agora no “horizonte relevante” da política monetária.

O BC terá de administrar com frieza uma inflação que fechará o ano acima da meta de 4% e seguirá alta até maio, quando poderá atingir 6% em doze meses. Março, abril e maio de 2020 foram os meses com efeitos mais duros da pandemia sobre a atividade econômica. Em março o IPCA foi de 0,07%, mergulhando em ligeira deflação nos dois meses seguintes. Esses baixos índices deixarão a conta e serão substituídos por outros, maiores.

As decisões de políticas monetária são tomadas quase sempre sobre terrenos movediços e o atual não foge à regra. Os distúrbios nas cadeias de produção provocados pelo coronavírus apareceram depois que a demanda ressurgiu, impulsionada pelo auxílio emergencial, que elevou a renda das camadas mais pobres. O aumento da procura diante de cadeias produtivas só parcialmente operacionais e desfalcadas - seja pelo distanciamento, seja pela falência de milhares de pequenas e médias empresas - puxou os preços para cima, com destaque para alimentos (alta de 15,94% em doze meses).

Além disso, a esperada apreciação do real não ocorreu, e sim uma acelerada desvalorização. Essa inflação do “risco fiscal” foi relevante. Com exportações mais rentáveis e demanda em alta, pela recuperação da economia global, chinesa em particular, os impactos dos preços internacionais que costumam ser amortecidos por um dólar mais fraco foram, ao contrário, potencializados por um mais forte.

O BC pode estar esperando o fim desse período de transição para outro no qual não haverá auxílio emergencial e a demanda arrefeça um pouco enquanto a produção se normaliza e o real se aprecia, como começou a ocorrer agora. O fim dos programas de manutenção do emprego deverá aumentar o número de desempregados e reduzir um pouco o consumo. Com isso, o IPCA recuará.

Nada disso, porém, é seguro. A vacinação tornou-se uma possibilidade real e próxima no início de 2021, mas a segunda onda veio antes e reduzirá o ritmo de crescimento no último trimestre do ano, com efeitos também no primeiro trimestre de 2021. A ata do Copom diz que a incerteza sobre o ritmo de crescimento permanece acima do usual nos próximos meses.

O risco fiscal permanece em campo, influenciando as cotações do dólar e a curva de juros futuros, e empurrando as expectativas inflacionárias para cima. “O risco fiscal elevado”, indica o Copom, “segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, com trajetória de inflação acima do projetado no horizonte relevante”. A julgar pela indecisão e divergências no governo, esta ameaça não irá embora tão cedo.

Mas o risco fiscal deixou de ser o principal fator que levaria o BC a abandonar a prescrição futura. O balanço de riscos piorou e ela pode ter de ser arquivada. Se isso acontecer, não será “mecanicamente” que os juros subirão, alertou o BC. No cenário em que a Selic é mantida em 2% e o câmbio em R$ 5,25, a inflação ficaria em 2021 abaixo da meta, em 3,5%, mas em 2022 poderia chegar a 4%, já acima da meta de 3,75%. No cenário com base nos dados do Focus isso não aconteceria, mas os juros subiriam a 3% no ano que vem e 4,5% em 2022.

O BC sinalizou que poderá elevar os juros, mas não é certo que o faça. As apostas do mercado são a de que eles se moverão a partir do segundo trimestre. Mas as estatísticas indicam que inflação, atividade e dólar estão perdendo o fôlego. Apesar do IPCA de 0,89% em novembro, a inflação de serviços caiu de 0,55% para 0,39%. A média dos núcleos de inflação recuou, assim como o índice de difusão, o IGP-M (primeira prévia) e IGP-DI. O dólar retornou ontem para perto de R$ 5, com a volta do fluxo de investimento externo em ativos de risco. Indicadores antecedentes sugerem que o PIB do quarto trimestre terá avanço modesto.

Outros dois grandes riscos estão fora de controle do BC: pandemia e o risco fiscal. Ambos dependem de um governo que não tem objetivos claros nem caminha em uma mesma direção, o que teve um custo inflacionário. Se ele aumentar, o BC não terá outro jeito senão elevar os juros.

Opinião - Valor Econômico

 

 

 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Inflação aumenta, cria despesas para o governo e aflige famílias - Míriam Leitão

O IPCA divulgado agora de manhã veio dentro do esperado, mas o esperado era alto: 0,89%Alimentos e combustíveis pressionaram o índice, que deve fechar o ano acima do centro da meta de 2020. Entre janeiro e novembro, o IPCA acumula alta de 3,13%. E, em 12 meses, de 4,31%.

A inflação subindo cria um novo problema para o governo, o da pressão por gastos. O professor Luiz Roberto Cunha acha que o INPC, que foi de 0,95% e corrige benefícios previdenciários, assistenciais, salário mínimo, pode chegar a 5% no acumulado do ano. Está em 3,93% e em dezembro os índices de inflação devem ficar em 1%. O INPC mede a inflação dos mais pobres, tem um peso maior de alimentos, portanto, está subindo mais do que o IPCA.

A questão é que todos os cálculos de gastos de despesas indexadas foram feitos com o índice até a época do Orçamento em agosto. E a aceleração se deu no segundo semestre. O último cálculo que publicamos na coluna foi o de que o gasto pode subir em R$ 15 bilhões a R$ 17 bilhões, segundo o Ibre/FGV, e o governo terá que tirar de algum lugar. O teto também sobe, mas com o índice registrado em 12 meses terminados no meio do ano.

O que mais subiu foram de novo os alimentos. Mas energia elétrica também pesou, lembrou Luiz Roberto Cunha. Há também uma inflação à espreita de reajustes de tarifas e preços administrados que não subiram em 2020 porque a perspectiva de que a essa altura a vida estaria normalizada. Então em 2021 estaremos longe da normalidade e com reajustes chegando. A alta de preços está também afligindo as famílias.

Míriam Leitão, jornalista - Coluna em O Globo
 

domingo, 29 de novembro de 2020

Luz amarela nos preços - Notas & Informações

O Estado de S. Paulo

Governo deveria dar atenção à inflação disseminada e aos preços por atacado

O Brasil estará no pior dos mundos, ou perto disso, se o governo tiver de cuidar ao mesmo tempo do buraco nas contas públicas, ampliado na crise de 2020, e de uma inflação mais intensa que a dos últimos anos. As famílias já foram assombradas nos últimos meses por preços em alta mais acelerada. As projeções para este e para os próximos dois anos continuam, no entanto, compatíveis com as metas oficiais. Mas o ministro da Economia deveria levar em conta alguns sinais de alerta. Estão acesas pelo menos duas luzes amarelas e nenhuma delas é pouco relevante. 

Um dos sinais aponta para a amplitude das pressões. A prévia de inflação de novembro, o IPCA-15, veio com alta de 0,81%, a mais forte para o mês desde 2015, quando a variação chegou a 0,85%. Mas o dado mais inquietante é a difusão dos aumentos. Com variação de 2,16% em quatro semanas, o custo da alimentação continuou liderando as altas, mas houve remarcações em todos os grandes grupos de produtos. Além disso, o indicador geral subiu em todas as capitais e áreas metropolitanas cobertas pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não se trata, portanto, de uma inflação de alimentos nem de um desajuste localizado em algumas áreas.

No ano o IPCA-15 subiu 3,13%. A alta chegou a 4,22% em 12 meses. Essa taxa está pouco acima do centro da meta oficial de 2020 (4%). Se no fim do ano estiver abaixo desse ponto central, o IPCA deverá estar provavelmente muito próximo.Outro alerta importante mostra pressões ainda represadas. Os preços por atacado medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiram 4,86% em outubro. Em setembro haviam aumentado 4,38%. A alta passou de 6,77% para 6,78% no caso das matérias-primas brutas e de 3,21% para 4,43% no dos bens intermediários. As maiores variações ainda foram dos bens de origem agropecuária, mas a inflação no atacado atinge também as outras categorias.

Os preços têm subido, no entanto, bem menos rapidamente no varejo que no atacado. A diferença é mostrada no próprio Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) da FGV. Em outubro, a inflação para o consumidor ficou em 0,65%, abaixo da registrada em setembro (0,82%). Esses números confirmaram, mais uma vez, um forte represamento. As empresas continuam com dificuldade para repassar os aumentos ao varejo, mas, ainda assim, as pressões têm chegado ao comprador final. Chegarão mais facilmente se as famílias tiverem algum reforço financeiro e puderem ir às compras com um pouco menos de restrições.

A inflação do atacado aparece também no Índice de Preços ao Produtor calculado pelo IBGE. Em outubro os preços da indústria, sem impostos e sem frete, subiram 3,40%, na maior alta da série iniciada em janeiro de 2014. Haviam subido em setembro 2,34%. No ano a alta chegou a 17,29%. Em 12 meses alcançou 19,08%. Os produtos das indústrias extrativas encareceram 9,71% em outubro e 50,31% em dez meses. Nas indústrias de transformação os preços aumentaram 3,04% no mês e 15,73% em 2020.

A inflação do atacado é mais grave no Brasil que na maior parte dos outros países, segundo estudo de Andrea Damico, economista-chefe da gestora de investimentos Armor Capital. Um exame baseado em preços ao produtor de 82 países, com dados até setembro, mostrou o Brasil em segundo lugar, só atrás da Argentina, entre os países com maiores altas. No Brasil, em 12 meses, a variação chegou a 31,05%, de acordo com o índice da FGV. Na Argentina a alta foi de 39,20%. Apenas cinco países aparecem com altas superiores a 10% nesse período.

A economista ressalta, no exame da situação brasileira, três fatores: a alta do dólar, a valorização global das commodities e o aumento da demanda interna propiciado pelo auxílio emergencial. [para reduzir um dos fatores diminuindo, ainda que pouco, a alta dos preços teremos que aceitar o absurdo dos mais necessitados passarem fome e assim reduzir a demanda interna.] A insegurança quanto às contas públicas é parte desse quadro. Vários analistas têm apontado a incerteza fiscal como um dos fatores de pressão cambial, além, é claro, da reação de investidores à devastadora política antiambiental do presidente Jair Bolsonaro.[incluir como causa a política do meio ambiente adotada pelo Brasil nos lembra a inclusão de Pilatos no Credo; 

alguma utilidade que os ambientalistas de plantão podem vir a ter - tanto os que estão ao serviço de Ong's compradas, quanto os especialistas em nada e os que estão ao serviço de governos estrangeiros (que destruíram as florestas do seus países e agora querem preservar as nossas) - será quando aceitarem  que um boicote dos produtos brasileiros reduzirá os preços internos.]

Notas & Informações - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Insegurança inflacionária – O Estado de S. Paulo

Opinião

A inflação estimada para o ano subiu pela 15.ª semana consecutiva, segundo a pesquisa 'Focus'. É uma má notícia para os consumidores.

Pesadelo da maior parte das famílias, a inflação estimada para o ano subiu pela 15.ª semana consecutiva, segundo a pesquisa Focus, uma consulta feita pelo Banco Central (BC) junto a cerca de cem instituições do mercado financeiro. Em um mês a mediana das projeções para 2020 subiu de 2,99% para 3,45%. No mesmo intervalo a alta de preços calculada para o próximo ano passou de 3,10% para 3,40%. São más notícias para os consumidores, especialmente num período de pouco emprego, renda baixa e muita insegurança. Mas o quadro inclui pelo menos um aspecto positivo, ou menos sombrio. Se as expectativas se confirmarem, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), continuará abaixo da meta, de 4% neste ano e de 3,75% em 2021.

Com a inflação abaixo da meta, a taxa básica de juros, a Selic, deve ficar em 2% até o fim do ano, segundo a pesquisa Focus divulgada ontem. O superendividado Tesouro Nacional encerrará 2020 carregando juros excepcionalmente baixos. Para o fim de 2021 a projeção indica, no entanto, uma taxa de 3%, 0,25 ponto superior àquela estimada quatro semanas antes.

Essa projeção pode parecer estranha, à primeira vista. No Brasil, como na maior parte do mundo, os dirigentes dos bancos centrais têm-se mostrado dispostos a manter a política de juros baixos e crédito fácil por muito tempo, para dar espaço à recuperação dos negócios e do emprego.  No caso brasileiro, a orientação será mantida, segundo a autoridade monetária, enquanto duas condições forem observadas: 1) a expectativa de inflação deve permanecer compatível com a meta; 2) o Executivo deve manter o compromisso de condução responsável das contas públicas. Deste compromisso dependerá a evolução da dívida bruta.

Dúvidas sobre o compromisso com a responsabilidade fiscal continuam marcando o dia a dia do mercado. As preocupações aparecem na oscilação dos juros e, de modo mais sensível, na instabilidade cambial. O dólar tem estado mais barato do que até recentemente, mas sem sinal de acomodação. A cotação da moeda americana caiu, na manhã de ontem, mas em seguida subiu, depois de uma fala do ministro da Economia, Paulo Guedes. A fala, segundo fontes do setor financeiro, decepcionou quem esperava alguma indicação positiva sobre as condições fiscais em 2021.

A cobrança de sinais mais claros sobre a condução das finanças públicas tem sido feita, de modo muito diplomático, também pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Executivos do mercado financeiro também têm mostrado inquietação diante do cenário fiscal obscuro. O Orçamento federal do próximo ano continuava indefinido ontem. Não se sabia se a programação financeira do poder central para 2021 estará mais clara no fim de novembro.

A incerteza sobre as contas públicas pode afetar perigosamente as expectativas de inflação. A instabilidade cambial é uma das formas de transmissão da insegurança para os preços. O efeito inflacionário da alta do dólar tem sido facilmente observado. Mas o desajuste das contas fiscais pode afetar os preços de forma ainda mais desastrosa. Um amplo desarranjo das finanças oficiais pode produzir, nos casos mais graves, a chamada dominância fiscal. Quando isso ocorre, o aperto da política monetária pelo BC deixa de funcionar como remédio para a inflação. Pior que isso: produz o efeito contrário.

Uma elevação de juros pode normalmente gerar duas consequências, a contenção de preços e o encarecimento da dívida pública. Em situações de dominância fiscal, a desconfiança crescente em relação à dívida afeta o fluxo de recursos, mexe no câmbio e realimenta a inflação. O aperto monetário deixa de funcionar como instrumento de ajuste e se converte em fator inflacionário, gerando uma situação descrita por alguns economistas como o pior dos mundos. Não há, até agora, dominância fiscal no Brasil. Mas sobram razões para o governo se comprometer claramente com a seriedade fiscal e com o controle da dívida, deixando em segundo plano os objetivos pessoais do presidente da República.

 Opinião - O Estado de S. Paulo

 

sábado, 10 de outubro de 2020

Inflação em alta na pior hora - Míriam Leitão

Coluna em O Globo

Por Álvaro Gribel (interino)

A inflação subiu em má hora e voltou a preocupar. O país ainda vive o pior da recessão no mercado de trabalho, mesmo que tenha atenuado parte de seus efeitos com as políticas de governo e o auxílio emergencial. Os preços sobem nos produtos que os pobres mais consomem. Os índices do atacado dispararam, criando um problema no mercado de imóveis alugados que só será superado com muita negociação. A inflação acelera num momento de dúvida sobre os juros futuros. De um lado, a economia precisa de estímulos, de outro, os sinais confusos do governo na área fiscal pressionam o custo da dívida. O IPCA está baixo, mas a natureza desta inflação, a hora em que ocorre, o peso sobre os alimentos, tudo isso se tornou um complicador.

A inflação de setembro foi a mais alta para o mês desde 2003. Se a análise sobre os índices de preços não pode se concentrar no dado de um único mês, também não dá para ignorar o que diz a trajetória. E a taxa acumulada em 12 meses também voltou a acelerar. Saiu de 1,88% em maio para 3,14% em setembro. É verdade que está bem abaixo da meta do ano, de 4%, mas esse movimento surpreendeu os economistas e deve aumentar a cautela do Banco Central. A possibilidade de um novo corte da Selic já era baixa e agora ficou praticamente descartada. Ontem foi dia de revisões para cima nas projeções de inflação em bancos e consultorias.

Os alimentos foram responsáveis por mais de 70% da inflação de setembro. Isso tira renda das famílias porque são itens essenciais de compra. Mas os economistas dizem que esse choque será temporário e tem pouca capacidade de se espalhar para outros produtos. [com todo o arsenal de mestrados, doutorados, pós e outras especializações que temos, sempre de universidades famosas, nos permitimos referendar o entendimento dos economistas = o aumento de alimentos é um vento ruim, que já está indo embora - não se sustenta.] Ou seja, está muito concentrado, o que é uma boa notícia. Ainda assim, o departamento econômico do Bradesco chamou atenção para a inflação dos serviços, que saiu de -0,47% em agosto para 0,17% em setembro. Esse dado será monitorado com lupa nos próximos meses.

Em situações normais, a inflação no patamar atual preocuparia pouco, porque a taxa em 12 meses permanece abaixo da meta. Mas ela ocorre em uma conjuntura de piora dos indicadores fiscais, de aumento do dólar, risco de rompimento do teto de gastos e estresse de vários ativos financeiros. Já não se trata apenas de números ligados à bolsa de valores, mas sim de aumento do custo da dívida do Tesouro. Nessa circunstância, voltar a falar de inflação é tudo que o Brasil não precisava.

(...)

Nem pensar

O mercado financeiro não quer nem ouvir falar na prorrogação do auxílio emergencial no ano que vem. Pelas palavras de um gestor, a reação seria “horrorosa” caso o governo e o Congresso acionem novamente o orçamento de guerra, dentro do pacto federativo, para driblar o teto de gastos. De um jeito ou de outro, a despesa irá pressionar o déficit e a dívida bruta, ainda que legalmente não descumpra a regra do teto.

MATÉRIA COMPLETA - O Globo

(Míriam Leitão está de férias)


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Por que a inflação sentida é maior do que a apurada no IPCA? - Míriam Leitão

O Globo

O consumidor sente que os preços sobem mais rapidamente do que indica a taxa de inflação. O IPCA acumula alta de apenas 0,10% no ano, até junho, após o avanço de 0,26% no mês. O índice está baixo. Mas na composição do IPCA, alguns itens que pesam bastante no orçamento do consumidor subiram muito. A crise também fez despencar a renda de muitas famílias.

Os Artigos de Residência avançaram 1,3% no mês, por exemplo. O grupo Alimentação e Bebidas teve alta de 0,38%. Itens básicos da dieta do brasileiro subiram mais. As carnes (1,19%), o leite (2,33%), o arroz (2,74%), o feijão-carioca (4,96%) e o queijo (2,48%) estão pesando no bolso. No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, a alta foi de 0,35%.

A sensação de que a inflação avançou mais também ocorre porque o poder aquisitivo das famílias caiu desproporcionalmente nos últimos meses. Os informais e os trabalhadores por conta própria perderam muito mais. A renda despencou, e a capacidade de compra caiu junto. Por isso a inflação parece mais forte do que a taxa do IPCA, que agora acumula alta de 2,13% em 12 meses.

Míriam Leitão, colunista - O Globo


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Fed sinaliza afrouxamento monetário e juro zero até 2022 – Editorial - Valor Econômico

As ações do Fed e a desvalorização do dólar deixam o BC brasileiro mais confortável para seguir reduzindo os juros

A catástrofe econômica provocada pelo coronavírus obrigará os EUA a manter as taxas básicas de juros encostadas no zero pelo menos até 2022, apontou ontem, por unanimidade de seus membros, o Federal Reserve. A economia está afundando no segundo trimestre, embora haja sinais de que deixou o fundo do poço, e o banco central manterá a alta dose de estímulos dados, e se precisar, acrescentará outros para que o país consiga fazer uma travessia que Jerome Powell, presidente do banco, acredita que será “longa”, marcada por “um grau extraordinário de incertezas”. Powell não fez qualquer menção, sequer hipotética, sobre quando começaria a retirar o apoio monetário em curso, que poderia motivar perigosa reversão de expectativas nos mercados de ações.

Pela primeira vez desde a pandemia o Fed apresentou projeções sobre o desempenho econômico e o retrato é tão pessimista quanto ou até mais do que as dos investidores. Para o Fed, os EUA vão se retrair 6,5% na média, mas pode ser um pouco pior - as previsões variaram entre -5,5% e -7,5%. Em 2021, a expectativa é de avanço de 5%. Uma pesquisa com 42 enquetes, feita pelo Fed da Filadélfia, indica que os analistas estão um pouco mais otimistas que o banco central no curto prazo - recuo de 5,5% - e menos no médio prazo, com o crescimento projetado de 2,2% a 4,1% nos próximos três anos.

O desemprego não será revertido logo, na visão dos membros do Fed. “Saímos da taxa mais baixa em 50 anos para a maior em 90 anos”, ressaltou Powell. O desemprego deve fechar o ano em 9,3%, cair para 6,5% em 2021, 5,5% no ano seguinte e 4,1 em 2022. A inflação, no índice cheio, fica abaixo de 1% agora (0,8%) e só chega à meta de 2% em 2022. Com isso, a taxa de juros se arrasta em 0,1% pelo menos até lá, quando apenas dois dos 17 membros do Fed acreditam que precisará ser elevada.

A dose cavalar de medidas monetárias, maior do que na crise de 2008, conseguiu fazer melhorar a oferta de crédito na economia, após o choque da parada súbita. O balanço do Fed ultrapassa US$ 6 trilhões - e pode chegar aos US$ 9 trilhões. Condições financeiras mais folgadas foram o único efeito positivo perceptível no comunicado do banco após a reunião. A pandemia atua “pesadamente” sobre a atividade econômica, afirma o Fed, e traz “consideráveis riscos para a perspectiva econômica no médio prazo”. O tamanho do tombo dado pela pandemia em várias frentes é inédito. A oferta de crédito anualizada recuou 19,5% em abril, com encolhimento de US$ 825,4 bilhões, ante um estoque de US$ 4,13 trilhões. A produção industrial no mesmo mês diminuiu 11,2%, a maior queda em 101 anos.

Diante disso, Powell reafirmou, sem meio tons, que o Fed “estará fortemente empenhado” em usar todos os instrumentos de que dispõe, no montante de recursos que for preciso e “pelo tempo que for necessário para que a recuperação da economia seja a mais robusta possível”. A dúvida sobre se o banco indicaria uma meta para a injeção de recursos foi esclarecida: segundo Powell, seu piso será pelo menos o montante atual (US$ 80 bilhões de títulos do Tesouro, US$ 40 bilhões em títulos lastreados em hipotecas, mensalmente), e pode ser aumentada se houver necessidade.

Powell enfatizou várias vezes que neste ambiente “extraordinariamente incerto” o trabalho do Fed será fazer de tudo para evitar “danos permanentes” no potencial de crescimento do país. Daí a rede extraordinária de apoio a empresas, cujo último instrumento, remodelado, é o “Main Street”, destinado a pequenas empresas, no qual o Fed bancará 95% do risco, com prazos de carência para pagamentos de juros e principal ampliados, que se estendem por 5 anos. O Fed estuda incluir neles as Ongs. Powell acredita que tudo vai dar certo. “Vamos superar isso”, disse.

O presidente do Fed pôs a queda do desemprego em maio e a forte alta das bolsas na qualificação de “imprevisíveis”. Após a reunião, os mercados acionários nos EUA recuaram (exceto Nasdaq), enquanto o dólar se desvalorizou. Ante os dados atuais, as ações podem ter poucos motivos para subir, e os investidores algumas razões para realizar lucros. No entanto, os juros ficarão por muito tempo a 0% e o dólar perde ímpeto até que a economia americana dê sinais de renovada vitalidade, possivelmente no terceiro trimestre. As ações do Fed e a desvalorização do dólar deixam o BC brasileiro mais confortável para seguir reduzindo os juros, depois que o IPCA de maio consolidou um quadro de deflação de 0,16% nos cinco primeiros meses do ano.

Editorial - Valor Econômico