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Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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PIB
Agronegócio ajudou a impulsionar o PIB do primeiro trimestre.| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo/Michel Willian/Gazeta do Povo
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Alexandre Garcia, colunista -Gazeta do Povo - VOZES
Era previsível, e foi previsto, que o desfecho da corrida eleitoral de 2022 traria uma de duas arquiteturas políticas bem distintas.
A equipe técnica do Ministério da Fazenda estuda medidas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, mas enfrenta forte resistência do setor financeiro, que rejeita o tabelamento das taxas. Diante disso, estão na mesa três alternativas com potencial para aliviar o custo das famílias que usam com frequência essa modalidade de crédito, apesar do custo elevado.
Uma das ideias é exigir que as operadoras passem a diferenciar os clientes que usam o rotativo em dois grupos: um que cai no rotativo esporadicamente e logo quita a fatura e outro que vive pendurado. [não ter grana, passa a ser crime punível com juros mais altos.] O primeiro teria uma taxa mais baixa, dentro do princípio de que os bons pagadores deixem de financiar os inadimplentes.
Atualmente, se um consumidor não consegue pagar integralmente a fatura, não importa se usa o rotativo com frequência ou não, cai obrigatoriamente no rotativo, pagando juros de 15% ao mês. Só depois disso é que o banco refinancia a dívida restante em parcelas predefinidas.
De acordo com a última nota do Banco Central, a taxa de juros do rotativo ficou em 417,35% ao ano, o maior dado desde agosto de 2017. A linha é a mais cara do sistema financeiro, batendo inclusive a do cheque especial, de 137,41% ao ano.
Outra proposta é estimular a competição entre os bancos no crédito rotativo. Segundo técnicos a par das discussões, os clientes optam por contratar cartão de crédito sem pensar na taxa de juros do rotativo. E no caso do não pagamento integral da fatura, acabam sem opção, sendo obrigados a aceitar os juros do banco.
A ideia do governo é que as administradoras criem alternativas de financiamento para evitar que o cliente fique pendurado no rotativo por um mês. Faz parte do pacote que as administradoras passem a alertar o cliente tão logo ele não consiga pagar a fatura do cartão integralmente.
Técnicos do governo admitem que a solução é complexa e terá de ser negociada com os bancos, para evitar o que aconteceu quando o Ministério da Previdência reduziu os juros do consignado para aposentados e pensionistas do INSS e os agentes financeiros suspenderam a linha.
As alternativas estão sendo estudadas por um grupo de trabalho coordenado pela Fazenda, com representantes dos bancos. Procurada, a pasta não quis se manifestar.
Já Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou em nota que qualquer solução terá de levar em conta a estrutura de custos do setor, alegando que o tabelamento não seria aconselhável: “Nesse sentido, a entidade entende como oportuna a discussão técnica e aprofundada das causas que levam o cartão de crédito rotativo a ter os mais altos juros anualizados do sistema financeiro. Ao lado de entidades da indústria de cartões, a Febraban tem mantido discussões para a construção de uma solução. Entendemos que o modelo de tabelamento em cartão não seria o mais aconselhável”, disse.
A Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) também informou em nota que está acompanhando as discussões sobre os juros do crédito rotativo. Segundo a entidade, a indústria tem um sistema “equilibrado”, complexo e com diversas peculiaridades: “Esse equilíbrio permite ao cartão fomentar o acesso de milhões de brasileiros ao sistema financeiro todos os anos e ser o principal instrumento de financiamento ao consumo do país. A Abecs entende que qualquer alteração no equilíbrio do sistema deve ser profundamente debatida”, diz.
Economia - Jornal O Globo
Após seus ministros e aliados próximos demonstrarem irritação sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros no maior patamar desde 2016, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou um tom de incredulidade ao falar sobre os juros em 13,75%. Segundo o presidente, “não há explicação” para que a Selic esteja neste patamar.
“Eu digo todo o dia: não tem explicação para nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação”, disse Lula durante visita a um complexo da Marinha no Rio de Janeiro. Desde o início do governo, mas especialmente após a primeira reunião do Copom este ano, em fevereiro, Lula vem batendo na questão dos juros, argumentando essencialmente sobre a desaceleração da economia com o crédito caro para empresas e famílias.
No comunicado na reunião de março, o Copom reconheceu os sinais de desaceleração tanto da economia brasileira como da global, mas afirmou que a pressão inflacionária, acima da meta não só no curto prazo, fará com que o colegiado siga a estratégia de manutenção dos juros em patamares mais altos e sinalizou até mesmo uma alta dos juros.
Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “Eu, como presidente da República, não posso ficar discutindo cada relatório do Copom, eu não posso. Eles paguem o preço pelo que eles estão fazendo. A história julgará cada um de nós”, afirmou.[senhor Lula, conhece aquele recado " já que ... é inevitável, o remédio é relaxar, com certeza dói menos', siga-o. A Selic vai continuar alta e deve sofrer mais dois ajustes - 15% nos parece um bom número. Aceite e pronto. Juros altos estão entre as medidas essenciais para conter a inflação que sua eleição trouxe de volta. Quanto ao julgamento pela história não nos parece que alguém queira perder tempo julgando-o. EM TEMPO: se o senhor renunciar as chances da inflação voltar a cair são muitas.]
Campos Neto tem mandato até 2024 e teve seu nome aprovado pelo Senado Federal. Ele é o primeiro presidente do BC desde a autonomia do banco central, aprovada em 2021. “Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou”, disse Lula. “Ele não foi eleito pelo povo, ele não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado. Quando eu tinha o Meireles que era indicado meu eu conversava com o [Henrique] Meirelles. Agora, se ele quiser, esse cidadão nem precisa conversar comigo.”
Economia - Revista VEJA
A charada começará a decifrar-se na próxima reunião do Conselho
Monetário Nacional, que dá a largada no último dia deste mês. Ali
saberemos se os arrufos do presidente com a meta inflacionária
provocarão algum movimento da tríade Fazenda, Planejamento e Banco
Central ou se vai ficar por isso mesmo, se vai ser só jogo para a
plateia ir se entretendo enquanto a nova administração pega ritmo.
Posto que os fatos são teimosos, restará aguardar pelos resultados. Falar mal do governo anterior é recurso válido, porém datado. Ali por meados do ano, a nova administração precisará dizer a que veio na economia, o que é especialmente sensível diante da correlação de forças no Congresso Nacional, onde uma maioria conservadora só aguarda alguma dificuldade governamental para movimentar-se.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
Comparando com a situação e as expectativas do início deste
ano, o ambiente é claramente melhor. Mas não dá para concluir que isso
tudo vai deixar uma boa herança para o próximo presidente. [herança, na qual o autor da herança (VIVO, apesar do desejo de várias 'coisas' da mídia militante, que sujam a classe dos verdadeiros jornalistas - que não militam, não fazem narrativas = NOTICIAM FATOS - desejarem sua MORTE, E ATÉ QUE SE SUICIDE) uma herança que é ABENÇOADA e EXCELENTE.]
Começando pelos preços ao consumidor. Pelo IPCA de agosto, divulgado ontem, a inflação em 12 meses caiu para 8,73%, [Foi o segundo mês seguido de deflação. - Fonte: G1 ]a primeira vez em um ano que fica abaixo dos dois dígitos. Governo e mercado esperam desaceleração lenta porém consistente para os próximos meses.
Essa expectativa faz sentido porque, depois de várias tentativas, finalmente temos uma legislação que garante a independência do Banco Central. Isso permite que a instituição pratique uma política monetária de juros muito elevados mesmo em pleno ciclo eleitoral.
Mais ainda: pela nova lei, o mandato do presidente da
República não coincide com o do presidente do BC. O atual chefe da
instituição, Roberto Campos Neto, tem mandato até 2024 – e isso
significa que a política monetária será mantida nos próximos dois anos. No médio termo, está bom, mas em termos políticos há uma
óbvia dificuldade. A inflação está sendo derrubada a golpes de juros
muito elevados – ou de uma política muito restritiva, como tem repetido
os diretores do BC. [política de elevação de juros, exitosa, e que está sendo adotada pela União Europeia e EUA, entre outras economias.]
“Restritiva” quer dizer uma política que restringe
investimentos e consumo. Fica muito caro tomar financiamento para
qualquer coisa. E isso limita programas de expansão da atividade e do
emprego, que constam da propaganda dos candidatos. Nenhum deles disse
até agora como vai agir diante de juros tão elevados por tanto tempo. [o presidente Bolsonaro não diz o que vai fazer, mostra o que está fazendo e com êxito.]
Outra dificuldade econômica e política está no elevado endividamento das famílias. Na propaganda eleitoral, as dívidas serão perdoadas, negociadas, reduzidas – enfim, aliviadas. Como? [só perguntando para o Ciro, para o descondenado petista que está incentivando os homens (homens???) que batem em suas mulheres a quando forem bater, batam, mas em casa = sem testemunhas, ou para a Tebet que vai pagar R$5.000, a cada estudante do último ano do Ensino Médio e também declara que arrumar a casa é serviço das mulheres = diaristas ou donas de casa.]
Ou não há respostas ou há explicações fantasiosas, que colocam no mesmo saco desde dívidas tributárias até carnês em atraso. Não funciona, muito menos enquanto os juros permanecerem elevados.
(...)
Visto de perto, portanto, 2023 estará assim: inflação caindo, mas ainda pesando no bolso, [A QUEDA É LENTA, cair de vez só com o malfadado congelamento que derruba a inflação por 15 dias, que volta o em triplo.] convivendo com juros elevados para empresas e famílias, a maior parte destas endividadas. Não há como acelerar o crescimento nessas circunstâncias.
A menos que o governo federal coloque um monte de dinheiro novo na
economia. Não há esse dinheiro. Ao contrário, o governo Bolsonaro
estourou o teto de gastos várias vezes e deixará buracos espalhados para
os próximos anos. Fatal. Consequência da política de cortar impostos e
distribuir “bondades” sem reduzir despesas. No máximo, adiaram despesas
deste para os próximos anos, um baita problema para o sucessor.[o ilustre articulista a quem muito respeitamos, foi 'contaminado' pela obsessão de que Bolsonaro não será reeleito = em seu comentário faz questão de expressar a convicção de que será outro a governar o Brasil = fracasso = BOLSONARO será,com as bençãos de DEUS, o novo presidente do Brasil de 1º jan 2023 a 31 dez 2026 = novo, já que terá condições de governar SEM pandemia, SEM boicotes e SEM outras mazelas desejadas por seus inimigos, que também são inimigos do Brasil.]
Não acabou: o mundo desenvolvido está muito perto de uma recessão (com juros altos) e a China, nossa principal parceira econômica, cresce cada vez menos por causa da política de covid zero, que coloca populações em lockdown praticamente todo mês.
Isso, não se vê na campanha.
Coluna publicada em O Globo / Economia / Política
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
A decisão do BCE foi por uma alta de 0,50 ponto percentual para fazer frente à escalada dos preços nos países da União Europeia que compartilham o euro. A taxa de juros da Zona do Euro estava negativa de 0,5% e, com esse aumento dos juros, a moeda europeia, que havia perdido a paridade com o dólar voltou a subir frente à divisa norte-americana.
Ao justificar o aumento dos juros, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o conselho de governadores do BCE considerou “apropriado” fazer um aumento dos juros superior ao que tinha sido sinalizado, porque a inflação “vai continuar indesejavelmente alta durante algum tempo”.
Aliás, esse movimento de aumento dos juros nos países desenvolvidos tem reflexo negativo nas moedas dos países emergentes, como o Brasil que não possuem grau de investimento. A tendência é de que grandes investidores e fundos retirarem seus recursos e destinarem para os mercados considerados mais seguros, especialmente diante da expectativa de um aperto monetário mais forte nos Estados Unidos.
Vale lembrar que, na semana que vem é a vez do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) aumentar os juros novamente depois de registrar uma inflação de 9,1% no acumulado em 12 meses até junho — o maior patamar desde novembro de 1981. De acordo com a Oxford Economics, o Fomc, o comitê de política monetária norte-americano deverá elevar os juros básicos em 0,75 ponto percentual, apesar do aumento das apostas de uma alta de 100 pontos-base na próxima reunião.
“O Fomc continuará a aumentar agressivamente a taxa de fundos federais na reunião de política da próxima semana. Acreditamos que os dados econômicos recentes sobre o saldo suportam uma alta de 75 pontos-base, embora um aumento de 100 pontos possa ser considerado. O mercado de títulos atribui uma chance de 33% de uma alta de 100 pontos-base”, destacou o documento enviado aos clientes nesta quinta-feira, que prevê os juros norte-americanos chegando a algo entre 3,75% e 4% até o início de 2023.
Blog do Vicente - Correio Braziliense
As previsões para aos números macroeconômicos já vinham piorando há semanas: perspectiva de inflação, juros e dólar em alta, expectativa de PIB cada vez menor para este e o próximo ano. Mas isso era percepção. “Só” percepção, se dizia, que poderia mudar assim que o governo e o Congresso se entendessem sobre um orçamento minimamente equilibrado para 2022 e, com sorte, sobre algumas reformas (tributária?) e privatizações.
Aliás, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, procurou acalmar os mercados justamente com essa tese: tudo isso passa quando o governo mostrar de onde vem o dinheiro para os diversos gastos. Mas na semana passada aconteceu algo real no mercado financeiro, que não acontecia há mais de ano: nos contratos de futuros, os títulos do governo foram negociados a juros de quase 11% anuais.
Isso revela enorme desconfiança em relação à capacidade do governo entregar qualquer coisa que ao menos pareça controle de contas públicos – ou seja, gastos abaixo do teto – ou reformas. Aliás, ontem o ministro Guedes praticamente sepultou a reforma do Imposto de renda – no que foi um raro momento de bom senso. Ele disse que se for para piorar o sistema, então é melhor deixar como está – que é muito ruim.
Sempre pensamos que era impossível complicar e pesar ainda mais o sistema tributário brasileiro. Pois as últimas discussões sobre a reforma do IR mostram que estávamos todos errados. E reparem: há bons projetos de reforma tributária já longamente discutidos e que até alcançaram um bom nível de apoio. Mas uma mudança dessas exige um presidente que lidere não apenas sua gente, mas todo o país, incluindo governadores, prefeitos, empresários e as pessoas, enfim todo mundo que sofre os efeitos positivos ou negativos do sistema de pagamento de impostos. E mais um ministro da Economia que também saiba ligar o mundo econômico com o político.
O dólar deveria cair, não é mesmo? Se os juros estão altos, se a renda fixa e os títulos do Tesouro voltaram a ser atraentes, era de se esperar que investidores externos viessem com muitos dólares para aproveitar desses rendimentos. Ainda mais que os juros continuam a zero lá no mundo desenvolvido. Mas o dólar continua alto por aqui, bem acima do 5 reais. É outro claro sinal de desconforto. É seguro investir num país em que o presidente é ameaça às instituições e o governo tem duas políticas econômicas? Sim, duas: uma, a supostamente liberal do ministro Guedes e a outra, do orçamento paralelo, ou secreto, comandado pelo Centrão.
Assim nos encaminhamos para um ano de eleições gerais. Bolsonaro está confinado a seu núcleo duro e nada indica que possa sair dali. Sua popularidade desmancha semana a semana. Isso abre uma enorme avenida para Lula, que já está jogando em todo o país. Mas também abre espaço para a terceira via, um candidato de centro – que ainda não está em campo. Mas toda aquela gente que está em processo de divórcio com Bolsonaro procura justamente essa terceira via. Seria ridículo ter votado em Bolsonaro para tirar Lula e depois votar em Lula para tirar Bolsonaro.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
Coluna publicada em O Globo - Economia 21 de agosto de 2021
Por falar em comitê de combate à pandemia, eis o exemplo do Reino Unido: em março de 2020, início da primeiro onda de Covid, o Parlamento aprovou legislação de emergência – “Coronavirus Act” , com vigência de um ano – dando poderes ao governo para administrar a crise. Isso incluía desde a decretação de lockdowns e fechamento de escolas até compra e distribuição de vacinas, sem que o governo precisasse voltar ao Parlamento a cada nova medida.
A tese defendida por muitos no mercado é que uma alta forte e rápida da taxa Selic vai ter efeitos positivos na atividade econômica. Ou seja, com movimentos corajosos, o Banco Central vai convencer o mercado de que vai ser implacável com a inflação, fazendo com que a curva de juros fique menos inclinada, o dólar recue e as condições financeiras gerais da economia fiquem mais favoráveis - o que é bom para a economia. “É um argumento completamente maluco”, diz um experiente economista que deu aulas para muitos dos que operam hoje no mercado. “Quanto mais ‘hawk’ você age, mais ‘dove’ você fica. Isso não faz sentido”, afirma, usando o jargão dos economistas para banqueiros centrais inclinados ao aperto monetário (“hawk”, falcão em inglês) e inclinados a distensão (“dove”, ou pombo).
“O aperto monetário não é expansionista no curto prazo”, diz outro especialista, também ex-professor. “O Banco Central que é expansionista vai colher repercussões expansionista para a atividade, o que for contracionista vai ter repercussões contracionista.” Eventuais ganhos do bom manejo da política monetária só aparecem no médio e longo prazos. Um banqueiro central hábil, que sobe os juros no tempo certo e na medida certa, sem ser leniente nem exagerar na dose, colhe ganhos de credibilidade e consegue ancorar mais facilmente as expectativas. Isso, no longo prazo, reduz a taxa de sacrifício em termos de crescimento para cumprir as metas de inflação.
E qual é o ritmo correto de ajustar a política monetária? Os operadores do mercado, em geral, defendem rapidez. Eles tendem a olhar as repercussões de curto prazo das ações do BC nas telas dos terminais, em ativos como juros e câmbio. O perigo de agir de forma açodada é errar. Quando se está no mercado, isso pode ser corrigido fechando posições. Se os banqueiros centrais agirem assim, a economia real vai sofrer solavancos à toa.
Nós ultimos anos, houve pelo menos dois momentos em que os mercados pediram mais ação do BC e estavam errados. Em setembro de 2015, queriam que então presidente do BC, Alexandre Tombini, subisse os juros dos 14,25% ao ano então vigentes para perto de 20% ao ano. A economia já estava em recessão. Tombini disse numa entrevista que não iria sancionar os preços de mercado, e a curva de juros futuros caiu rapidamente.
Em 2018, foi a vez de Ilan Goldfajn ser pressionado a subir os juros fortemente, depois que a taxa de juros disparou, acompanhando o dólar. A economia, na época, crescia muito pouco, lembra um ex-integrante do colegiado. O BC de Ilan indicou que só reagiria se a alta do dólar ameaçasse as expectativas de inflação, o que nunca ocorreu.
Se Tombini e Ilan tivessem sucumbido às pressões do mercado, a economia teria sofrido ainda mais, e depois seria necessário mexer nos juros para desfazer o malfeito. “Existe um livrinho básico do economista Alan Blinder sobre bancos centrais que todos leem”, diz um especialista. “Nele, está escrito que o banco central deve ser independente não só do governo, mas também dos mercados financeiros.”
O ritmo certo de alta de juros depende da situação. Quando a economia sofre um grande choque, como foi a pandemia, faz-se um ajuste mais rápido para contrapô-lo. Foi o que aconteceu no ano passado. Nessas condições extremas, alguns membros do Copom defenderam fazer um ajuste de 1,5 ponto percentual de uma vez, mas ainda assim venceu a posição cautelosa de dois movimentos de baixa de 0,75 ponto. A boa prática diz que, uma vez feito o ajuste, segue vida normal. O princípio básico é fazer movimentos de juros aos poucos, porque a economia real é sempre cheia de incertezas.
Campos Neto fez carreira no mercado financeiro, mas, no último recado público que deu antes do período de silêncio do Copom, o estilo é de banqueiro central. “É importante manter a calma, a tranquilidade”, afirmou. “Temos uma meta de inflação de longo prazo e estamos olhando todas as variáveis, não só locais, como as internacionais.”
O costume do BC de Campos Neto tem sido seguir a retórica da reunião anterior do Copom. Em janeiro, havia consenso de que seria adequado retirar os estímulos monetários injetados durante a pandemia. A discussão foi sobre quando. Pelo menos três membros do comitê defenderam o início de “um processo de normalização parcial” em março. Ou seja, queriam subir de forma organizada (“um processo”) para os níveis de antes da pandemia (4,25%). Nada indicava um ritmo mais forte de subida de juros nem uma normalização completa. Já a maioria do comitê, antes de decidir, gostaria de ver mais dados sobre “a evolução da pandemia, da atividade econômica e da política fiscal”.
Mas uma incerteza importante é a evolução da pandemia. Há duas semanas apenas Campos Neto previa um “lockdown” ameno. “Se a gente tiver um maior lockdown que o esperado, não é o nosso cenário central, pode gerar um primeiro semestre um pouquinho pior”, disse. Alguns economistas acham que vale esperar para ver se o lockdown vai desacelerar a inflação. Outros acreditam que teremos uma estagflação.
No
seu discurso de fênix na quarta (10/03), Lula disse não saber por que o mercado
deveria ter medo de sua volta ao poder, diante de tudo o que ele e o PT fizeram
pelo empresariado. Em resposta à repórter Cristiane Agostine, do Valor, porém,
deixou explícita uma exceção: “Eu era e sou contra a autonomia do Banco
Central. É melhor o Banco Central estar na mão do governo do que estar na mão
do mercado. [...] A quem interessa essa autonomia? Não é ao trabalhador urbano,
não é ao sindicalista, é ao sistema financeiro”.[lembrem a esse ex-presidiário que sindicalista, sindicatos e coisas assemelhadas entraram em processo de extinção desde que o ex-presidente Michel Temer acabou com a mamata do imposto sindical.]
Embora real, o risco de captura de órgãos reguladores por representantes de empresas é difícil de ser comprovado. Seguir os caminhos do dinheiro, mapeando doações de campanhas, ajuda bastante. Monitorar agendas públicas e verificar com quem eles se sentam à mesa também. Outra estratégia que costuma funcionar é observar o movimento das portas giratórias da administração pública, quando agentes do mercado são nomeados para cargos nas agências reguladoras e, depois de um tempo, retornam aos antigos empregadores.
O pesquisador David Finer, da Chicago Booth School of Business, deu um passo além. Utilizando a Lei de Acesso à Informação de Nova York, teve acesso a dados anônimos de mais de um bilhão de viagens de táxi ocorridas na maior cidade dos Estados Unidos entre 2009 e 2014, incluindo as coordenadas de GPS, data e horário do início e do fim de cada deslocamento.
Interessado em mapear o relacionamento entre funcionários do Banco Central americano e executivos das grandes instituições financeiras, Finer analisou cuidadosamente os padrões dos trajetos dos famosos táxis amarelos entre o prédio do FED, na 33 Liberty Street, e as sedes de gigantes como Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley. Lembrando que os encontros também podem se dar fora dos escritórios, o pesquisador incluiu no seu rastreamento as viagens que partiam de ambos os endereços para um terceiro destino (que poderia ser um restaurante ou um bar, por exemplo) num curto espaço de tempo.
Buscando minimizar o risco de vazamento de informações que podem abalar o mercado (e enriquecer muita gente), o FED impõe restrições a seus diretores e funcionários, como um período de silêncio em que são proibidas reuniões com o público externo e declarações à imprensa nos dias que antecedem os encontros do Comitê de Política Monetária (o FOMC, na sigla em inglês).
Após garimpar uma montanha de dados, Finer obteve evidências de que as movimentações entre as sedes do FED e dos bancos, ou de ambos para centros de lazer e alimentação, se intensificam na proximidade das datas em que as taxas de juros básicas são estabelecidas, particularmente no horário de almoço. Há também um aumento atípico nas corridas entre os mesmos destinos nas primeiras horas da madrugada após o encerramento do período de silêncio - o que sugere uma busca de integrantes do mercado por explicações sobre as decisões tomadas pela autoridade monetária.
Com uma metodologia inovadora, a pesquisa de David Finer aponta para a necessidade de se aprofundar os instrumentos para que a independência dos Bancos Centrais seja para valer e valha para ambos os lados - perante o governo e o mercado. No Brasil, depois de pelo menos duas décadas de discussão legislativa, somente no final do mês passado a autonomia operacional do Bacen virou lei. Embora nosso Banco Central já tenha incorporado muitas das melhores práticas internacionais, como o próprio período de silêncio antes das decisões do Copom, ainda temos um longo caminho a percorrer para torná-la efetiva.
Não é preciso GPS para observar que são cada vez mais frequentes os deslocamentos feitos pelo presidente Roberto Campos Neto entre o Setor Bancário Sul, onde se localiza a sede do Banco Central, e a Praça dos Três Poderes, para atender a chamados de Jair Bolsonaro, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. É bem verdade que o BC brasileiro possui atribuições que extrapolam aquelas típicas de uma autoridade monetária - como a regulação e a fiscalização do sistema financeiro - e a nova Lei Complementar nº 179/2021 ainda exige que a instituição zele para suavizar as flutuações da atividade econômica e fomente o pleno emprego, ao lado de manter a inflação sob controle. Tudo isso acaba exigindo que o presidente do Bacen compareça ao Palácio do Planalto ou ao Congresso Nacional para prestar contas de suas decisões.
O grande problema é que Roberto Campos Neto, pela sua capacidade técnica e habilidades interpessoais, tem entrado de cabeça na negociação política da agenda econômica do governo - e com isso tem avançado perigosamente a linha de independência exigida de um central banker.
Na semana passada, quando o governo se dividia entre as votações da PEC Emergencial e as tratativas com a farmacêutica Pfizer para a compra de um novo lote de vacinas, Roberto Campos Neto esteve duas vezes com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Além disso, visitou o presidente da Câmara em sua residência oficial para convencer diversos deputados da necessidade de aprovação de dispositivos de ajuste fiscal como contrapartida à nova rodada do auxílio emergencial.
Não há dúvidas que o presidente do BC tem um excelente trânsito com os parlamentares e tem se mostrado um ativo valioso do governo para construir pontes e aparar as arestas, muitas vezes afiadas, criadas por Paulo Guedes nas suas relações com o Congresso. Mas não pode se prestar a esse papel, sob pena de perder sua credibilidade.
Caso queira continuar contando com a capacidade técnica e o fino trato do neto de Bob Fields nas negociações de sua agenda econômica, Bolsonaro tem uma saída. O art. 8º da lei da autonomia lhe deu 90 dias para referendar a atual diretoria do Bacen e empossá-los nos novos mandatos. Com os rumores cada vez mais constantes de que Paulo Guedes balança no cargo, de repente a solução para uma transição suave, que não assuste o mercado e ainda agrade ao Centrão, está mais próxima do que se imagina. Nem precisa chamar um táxi.
Brasil - Valor Econômico