Na posse, Jungmann critica classe média que financia crime consumindo drogas
Em seu discurso de posse no cargo, o ministro da
Segurança Pública, Raul Jungmann, criticou a classe média que pede segurança,
mas, ao mesmo tempo, consome as drogas ilícitas que financiam o crime
organizado. Ele também defendeu um papel maior do governo federal na segurança,
cuja responsabilidade hoje recai principalmente sobre os estados, embora o
crime organizado tenha atuação nacional e internacional. Jungmann chamou ainda
a atenção para o fato de a segurança, diferentemente da educação e da saúde,
não ter um piso de gastos públicos. - Pela
frouxidão dos costumes, pela ausência de valores, pela ausência de capacidade
de entender o que é lícito e ilícito, passam a consumir drogas Me impressiona
no Rio de Janeiro, onde vejo as pessoas durante o dia clamarem pela segurança,
contra o crime. E estão corretas. E à noite financiarem esse crime pelo consumo
de drogas. Não é possível! São pontas que muitas vezes se ligam e precisam de
estratégias diversas para serem devidamente combatidas - disse Jungmann.
Ele
destacou que a maior parte dos gastos está com os estados. - Dos R$
81 bilhões gastos com segurança em 2016, o esforço maior ficou com os estados:
R$ 68 bilhões. A União com R$ 9 bilhões e os municípios com R$ 5 bilhões. Os
três grandes centros de gastos que temos nos estados na área social são: saúde,
educação e segurança. Saúde e educação conquistaram pisos: 15% e 25%. Segurança
não. Não estou aqui a defender uma revinculação de receitas. Estou apenas a
mostrar que, na medida em que a crise fiscal que recebemos mergulhava a União e
o estados, a segurança acompanhou sem piso algum - disse o ministro.
Jungmann
também apontou os problemas na segurança no Brasil, como os 61 mil assassinatos
anuais, o crescente déficit de vagas no sistema penitenciário, o baixo índice
de solução de homicídios, e o fato de líderes criminosos comandarem seus grupos
mesmo presos, transformando o presídio em "home office". Em razão da
atuação do crime organizado para além das fronteiras dos estados e do próprio
país, Jungmann também defendeu a criação do Sistema Único de Segurança Pública
(Susp) no Brasil, e de uma autoridade sul-americana para tratar do tema.
- Estamos
prendendo, mas estamos perdendo essa corrida. Prendemos muito, mas prendemos
mal. Além disso, nossa justiça criminal apresenta uma face, em que pese o
trabalho de todos os operadores da justiça, muito negativa. Aproximadamente 27%
a 30% de quem se encontra atrás das grade estão lá por causa das drogas. Apenas
8% dos homicídios cometidos chegam à fase da denúncia. O resto praticamente não
é julgado, não tem continuidade - ressaltou o ministro. [precisa aumentar o número dos que estão presos por uso de drogas - qualquer que seja a droga, qualquer que seja a quantidade.]
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