Pacote de medidas do governo esbarrará no Congresso
Somente os banqueiros, por meio de sua entidade de
classe, se apressaram, ontem mesmo, em declarar seu apoio
ao pacote de medidas anunciadas pelo governo para fazer face à perda recente
pelo Brasil do selo de bom pagador, retirado pela agência de
classificação de risco Standard & Poor´s.
As
federações de indústrias do Rio São Paulo criticaram o pacote. Bem como a Confederação Nacional da Indústria. Empresários em
geral, mesmo com medo de possíveis retaliações, declararam seu desagrado com o
pacote. Economistas disseram que ele não passa de um remendo feito às pressas. E mal feito.
Para
tapar o buraco no orçamento da União do próximo ano, o
governo cortou um pouco na própria carne, nada de expressivo. Preferiu tentar tapar o buraco metendo a
mão no bolso dos que pagam impostos. Quer recriar a
CPMF à qual Joaquim Levy, ministro da Fazenda, se opusera outro dia.
E
o vice-presidente Michel Temer também. O PMDB, idem. E os demais partidos
com representação no Congresso. Será que
o governo calcula que todo esse pessoal dirá amém à CPMF só por que o
Brasil perdeu o selo de bom pagador? Não foi Lula
que disse que o selo de nada vale? Dilma
não disse que não era nenhuma catástrofe?
Sabem
quantas vezes o Congresso aprovará o pacote do jeito que o governo o embrulhou?
Nenhuma. Curioso é que se Temer já
tivesse substituído Dilma e fosse autor do mesmo pacote, ele acabaria aprovado pelo Congresso. Como derrubar um
presidente, pôr outro no lugar e negar-lhe o primeiro pedido?
Mas não
só por isso. Um governo novo não
assumiria com déficit de credibilidade. Pelo contrário. A tragédia de Dilma,
de autoria dela mesma, é que sua credibilidade foi para o buraco depois da
reeleição. Dilma mentiu muito,
como sabemos. E sequer se deu ao trabalho mais tarde de pedir desculpas.
Se tivesse pedido, e se fosse
sincera ao pedir,
recuperaria parte da credibilidade perdida. Se daí para frente resolvesse
governar com transparência, recuperaria mais um pedaço. E quando explicasse as
dificuldades enfrentadas pelo governo, e justificasse o que pretenderia fazer, talvez fosse bem-sucedida. Não será.
Sobre transparência: a
proposta dela é de recriar a CPMF com uma
alíquota de 0,20%. Pois bem:
ontem à noite, ao jantar com governadores à caça de apoio, Dilma admitiu aumentar a alíquota para 0,38%. A diferença de 0,18% ficaria para os Estados. Como merece crédito um governo que se
desmente em poucas horas?
A GUILHOTINA
A guilhotina continua
sendo afiada para decapitar Dilma. E com a ajuda dela.
Fonte: Blog do Noblat – Ricardo Noblat