Ao pedir para deixar a Lava-Jato, defesa de Aécio deu tiro no pé
Senado afastado agora é julgado pela primeira turma, que costuma manter pedidos de prisão
A estratégia da defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de
pedir para tirar do ministro Edson Fachin a relatoria do inquérito que
responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta ligação espúria
com a JBS foi um tiro no pé. Antes, o caso era considerado do âmbito da
Lava-Jato e, por isso, analisado pela Segunda Turma da corte, que tem
tendência maior de libertar presos. Agora, o inquérito está na Primeira
Turma, que tem outra inclinação. A mudança de endereço do processo
causou o primeiro revés ao parlamentar, quando manteve a irmã dele, Andréa Neves, presa.
Semana que vem, é o próprio Aécio que estará na mira, quando o
colegiado analisará o recurso da Procuradoria-Geral da República
insistindo na prisão do tucano.
Quando o inquérito chegou ao STF, Aécio e Andrea eram
investigados junto com o presidente Michel Temer. A defesa do
parlamentar queria separar as condutas – e conseguiu. Com isso, o caso
saiu das mãos de Fachin, que é da Segunda Turma. Um sorteio definiu
Marco Aurélio Mello, da Primeira Turma, o novo relator. Cada um dos
colegiados é integrado por cinco ministros. A presidente, Cármen Lúcia,
não participa desses julgamentos.
Ao discutir prisões, a Segunda Turma costuma ter interpretação “garantista”, na linguagem jurídica. Recentemente, com os votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, o colegiado mandou libertar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no mensalão e na Lava-Jato. Dias antes, a Primeira Turma tinha determinado a prisão do goleiro Bruno Fernandes, condenado pelo assassinato de Eliza Samúdio, com quem tem um filho. Marco Aurélio havia libertado o réu, mas a Primeira Turma revogou o benefício.
Ao discutir prisões, a Segunda Turma costuma ter interpretação “garantista”, na linguagem jurídica. Recentemente, com os votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, o colegiado mandou libertar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no mensalão e na Lava-Jato. Dias antes, a Primeira Turma tinha determinado a prisão do goleiro Bruno Fernandes, condenado pelo assassinato de Eliza Samúdio, com quem tem um filho. Marco Aurélio havia libertado o réu, mas a Primeira Turma revogou o benefício.
Embora tenha posição conhecida contra a prisão de
investigados antes da condenação, Marco Aurélio decidiu levar o recurso
de Andrea para a análise dos colegas – que, na maioria, têm uma visão
rígida do processo penal, especialmente em relação a crimes do colarinho
branco. Eles mantiveram a prisão da irmã do senador por considerar
graves as condutas atribuídas a ela. [destaque-se que o motivo considerado não existe no Código de Processo Penal, que é a legislação adequada para definir os fundamentos para decretação de uma prisão preventiva;
o motivo invocado existe apenas na interpretação dos ministros que o invocaram.]
Marco Aurélio também vai levar ao plenário da Primeira Turma
o pedido de prisão de contra Aécio. O caso é diferente, já que, segundo
as investigações, Andrea era responsável por negociar diretamente
repasse de dinheiro com a JBS para beneficiar o irmão. Quando era
relator, Fachin decidiu prender Andrea, mas deixou Aécio livre – embora
tendo afastado o senador do mandato. [a penalidade de afastamento de um parlamentar do seu mandato INEXISTE na legislação brasileira, sendo fruto apenas do entendimento do ministro que a determina sua aplicação - entendimento sem origem ou fundamento.] Agora, caberá à Primeira Turma
decidir se toma ou não uma decisão mais dura que a de Fachin.
No julgamento do recurso de Andrea, dois dos três ministros que votaram pela manutenção da prisão consideraram graves os fatos investigados até agora. Luís Roberto Barroso disse que há “provas abundantes e contundentes” e que os diálogos gravados revelam a habitualidade criminosa com a qual Andrea operava em nome do irmão. Rosa disse que há indícios mínimos de materialidade. Fux não se adiantou sobre o caso concreto. Disse apenas que considerava mais prudente manter Andrea presa enquanto as investigações estão em curso. O fato de manter Andrea presa, no entanto, não significa que a decisão será estendida ao irmão dela. Mesmo porque, se a Primeira Turma determinar a prisão de Aécio, a decisão precisa ser referendada pelo Senado. [será que precisa? se três SUPREMOS ministros decidirem pela prisão de Aécio - sem atender ao determinado na Constituição - quem vai questionar os autores da ilegal decisão?]
o motivo invocado existe apenas na interpretação dos ministros que o invocaram.]
No julgamento do recurso de Andrea, dois dos três ministros que votaram pela manutenção da prisão consideraram graves os fatos investigados até agora. Luís Roberto Barroso disse que há “provas abundantes e contundentes” e que os diálogos gravados revelam a habitualidade criminosa com a qual Andrea operava em nome do irmão. Rosa disse que há indícios mínimos de materialidade. Fux não se adiantou sobre o caso concreto. Disse apenas que considerava mais prudente manter Andrea presa enquanto as investigações estão em curso. O fato de manter Andrea presa, no entanto, não significa que a decisão será estendida ao irmão dela. Mesmo porque, se a Primeira Turma determinar a prisão de Aécio, a decisão precisa ser referendada pelo Senado. [será que precisa? se três SUPREMOS ministros decidirem pela prisão de Aécio - sem atender ao determinado na Constituição - quem vai questionar os autores da ilegal decisão?]
Fonte: O Globo