A procuradora de Justiça Militar em São Paulo Hevelize Jourdan Covas Pereira esteve no Rio de Janeiro para ouvir um dos ex-comandantes do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna – DOI-CODI, o coronel Audir Santos Maciel. O militar da reserva esteve hoje (28) na Procuradoria de Justiça Militar no Rio de Janeiro onde foi ouvido pela procuradora sobre o desaparecimento de pessoas no período em que comandava o DOI-CODI. No depoimento, o coronel reformado declarou que, entre 1974 e 1975, ocupava o cargo de chefe do Destacamento de Operações e Informações do DOI-CODI. Entre suas atribuições, estava a busca de informações referentes à defesa interna.
Com relação aos desaparecidos, declarou que nenhum dos representados na Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, em 2008, esteve preso no DOI-CODI, ressaltando que nenhum dos desaparecidos, entre 70 e 80, passou pelo DOI-CODI.
De acordo com a procuradora Hevelize Jourdan, o coronel não fugiu dos questionamentos, respondendo a todas as perguntas e dando sua versão dos fatos. Em determinado momento do depoimento, o coronel Maciel declarou que a maior culpa que guarda do período é não ter liberado o jornalista Vladimir Herzog logo após seu interrogatório.
No dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog, então professor e jornalista da TV Cultura, compareceu ao DOI/CODI, por solicitação do Exército, para prestar esclarecimentos sobre ligações com o Partido Comunista. Naquela mesma data, o Exército divulgou nota relatando que o jornalista se suicidara no DOI/CODI após assinar confissão de participação no PCB.
O Ministério Público Militar investiga o envolvimento do coronel Maciel e do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra no desaparecimento de pelo menos 26 pessoas no período em que comandaram o DOI-CODI. O procedimento foi retomado após a manifestação do Procurador-Geral da República no processo de extradição do major Manuel Cordero Piacentini, pedido pela Argentina. Em seu parecer, o PGR afirmou que o crime de sequestro é equivalente ao tipo penal do desaparecimento forçado. Com base nessa argumentação, o MPF encaminhou pedido ao MPM para que os militares sejam investigados.
Fonte: MPM