Alexandre Garcia
"Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze"
Correndo por fora da polaridade eleitoral, numa raia
que passaram a chamar de terceira via, há gente com experiência em
eleição, gente teimosa, há ingênuos, há sonhadores, há vaidosos, há
calculistas e até imediatistas, que se empolgam com a aparição súbita de
seus nomes. Relacionei uma dúzia, mas pode até ser mais do que isso.
Ciro, Moro, Datena, Mandetta, Doria, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite,
Simone Tebet, Alessandro Vieira, Luiza Trajano, Gen Santos Cruz, Luiz
Felipe D'Ávila. O problema é que se você for até a esquina e perguntar
sobre esses nomes, a maioria será desconhecida do eleitor.[o problema é que somando os doze citados, o resultado será multiplicado por 0 = ZERO = NADA.]
Antes da última eleição presidencial, não vi, nesses anos tucanos e petistas, grandes reclamações de ideologia única -- estivemos sob governos de mais à esquerda ou menos à esquerda, sem queixas de pensamento único, orientação única. Pluralidade ideológica era só uma teoria quando se saudava a democracia de ideia única. Foi aparecer um candidato que acordou a maioria silenciosa – que se tornou barulhenta das redes sociais, e com pouca voz na mídia em geral – e se levantou a grita contra a polarização. A terceira via se apresenta como solução contra a polarização, como se na maior democracia do mundo, polarizada entre republicanos e democratas, isso fosse nocivo para o país que se tornou a maior potência do mundo elegendo seus presidentes sempre entre os mesmos dois partidos.
Há empenho de alguns órgãos da mídia e de entidades empresariais, em escolher seu preferido e apresentá-lo como a solução para um impasse entre Bolsonaro e o PT. Não sei se por ingenuidade, estão praticando o divide et impera, usado pelo imperador romano Cesar Augusto. Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense