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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Postulantes da 3ª via vão disputar quem ficará com o bronze

Alexandre Garcia

"Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze"  

Fiz a soma dos nomes que se oferecem ou são cogitados para a terceira via. São, no mínimo, 12. Uma dúzia de pretendentes querendo ser a opção para a dupla Bolsonaro e PT. Uso PT e não Lula, porque se sente que Lula ainda está assuntando. Conhecedor de eleições, Lula aprendeu a não confiar em pesquisas e deve estar atento à movimentação de Bolsonaro no Nordeste, sempre recebido com euforia pelo povo – isso sem falar nas ruas do 7 de Setembro. Imagino o trabalhão que Lula está tendo para decidir se indica alguém ou se vai encerrar sua biografia com mais uma eleição.
[não existe, nem existirá, dois líderes; BOLSONARO é o único líder = primeiro colocado
um dos outros, são doze os postulantes, ficará com o segundo lugar = o primeiro entre os últimos. O condenado petista não existe politicamente e sequer será candidato.
Tudo vai resultar em BOLSONARO = 1ª VIA e 1º LUGAR e o resto = 2ª via.]

Correndo por fora da polaridade eleitoral, numa raia que passaram a chamar de terceira via, gente com experiência em eleição, gente teimosa,ingênuos, há sonhadores, vaidosos, calculistas e até imediatistas, que se empolgam com a aparição súbita de seus nomes. Relacionei uma dúzia, mas pode até ser mais do que isso. Ciro, Moro, Datena, Mandetta, Doria, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite, Simone Tebet, Alessandro Vieira, Luiza Trajano, Gen Santos Cruz, Luiz Felipe D'Ávila. O problema é que se você for até a esquina e perguntar sobre esses nomes, a maioria será desconhecida do eleitor.[o problema é que somando os doze citados, o resultado será multiplicado por 0 = ZERO = NADA.]

Antes da última eleição presidencial, não vi, nesses anos tucanos e petistas, grandes reclamações de ideologia única -- estivemos sob governos de mais à esquerda ou menos à esquerda, sem queixas de pensamento único, orientação única. Pluralidade ideológica era só uma teoria quando se saudava a democracia de ideia única. Foi aparecer um candidato que acordou a maioria silenciosa que se tornou barulhenta das redes sociais, e com pouca voz na mídia em geral e se levantou a grita contra a polarização. A terceira via se apresenta como solução contra a polarização, como se na maior democracia do mundo, polarizada entre republicanos e democratas, isso fosse nocivo para o país que se tornou a maior potência do mundo elegendo seus presidentes sempre entre os mesmos dois partidos.

Há empenho de alguns órgãos da mídia e de entidades empresariais, em escolher seu preferido e apresentá-lo como a solução para um impasse entre Bolsonaro e o PT. Não sei se por ingenuidade, estão praticando o divide et impera, usado pelo imperador romano Cesar Augusto. Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze.

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

O papelório do Imperador das Cadeias merece a lata de lixo mais próxima

O surto de demência autoritária de Marco Aurélio deve ser neutralizado de imediato pelos juízes de verdade

O prenome de imperador romano, a vaidade tão pesada que deve ser calculada em arrobas, o olhar de quem treina para virar estátua, a arrogância que identifica os que acham que a toga é que deve orgulhar-se de cobrir-lhe o corpo, o prazer sensual com que ouve o som da própria voz entoando expressões ignoradas pela plebe — tudo isso, junto e misturado, subiu de vez à cabeça de Marco Aurélio Mello. E ordenou-lhe que caprichasse na liminar que, se fosse levada a sério pela Justiça brasileira, colocaria em liberdade todos os bandidos que cumprem pena depois de condenados em segunda instância.

Que Nero, que nada: sem uma Roma para incendiar, Marco Aurélio I, o Imperador das Cadeias, resolveu destruir com uma canetada a jurisprudência recentemente reafirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, a segurança jurídica e a esperança no triunfo da lei sobre o crime, e da honradez sobre a falta de vergonha na cara. O ministro coleciona molecagens, sentenças idiotas, chiliques de debutante e odes ao descaramento desde que foi presenteado com uma toga pelo primo Fernando Collor. Até esta assombrosa quarta-feira, contudo, era possível acreditar que mesmo para um marcoauréliomello existem limites.

Não existem, atesta a liminar produzida na véspera do recesso do Judiciário. O latinório ridículo e algumas condicionantes malandras procuram inutilmente camuflar o objetivo do autor: tirar Lula da cadeia. As restrições inócuas não passam de um truque diversionista concebido para ocultar as aberrações decorrentes da torpeza original. Com o ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, recuperariam o direito de ir e vir (e roubar, e matar, e revogar por dias ou semanas a ordem legal) uma imensidão de assassinos, estupradores, latrocidas e, claro, delinquentes de estimação de Marco Aurélio e seus comparsas.

A afronta ao país que presta deve ser barrada de imediato pela reação da banda sadia do STF, do Ministério Público e dos magistrados que ouvem a voz da Justiça, não os sussurros dos que conspiram contra o império da lei. A liminar de Marco Aurélio merece ser atirada à lata de lixo mais próxima por juízes de verdade, que não se curvam bovinamente a determinações intoleráveis.

O Brasil se tornará bem melhor se for socorrido por uma variação da boa e velha desobediência civil. Tal arma, manejada com altivez e destemor, já sufocou no nascedouro tantos surtos de demência autoritária. É hora de usá-la para expulsar Marco Aurélio do seu trono imaginário.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Triângulo de fogo

“Brasil enfrenta a sua maior crise desde 1964 num ambiente de ampla liberdade, com eleições livres e limpas, graças à Constituição de 1988, que até agora sobreviveu a todas as tensões”

Incêndios dependem basicamente da temperatura de ignição. Os outros fatores — oxigênio e material inflamável — estão dados em qualquer situação. O que  vai distinguir a gravidade do incêndio é a existência de produtos químicos e materiais sintéticos, contra os quais não basta o resfriamento. É preciso cortar o oxigênio e a existência de corrente elétrica, muitas vezes a origem da fagulha que provocou o incêndio. Não, desta vez não se trata do museu que pegou fogo, trata-se das eleições e do desgaste a que estão sendo submetidas as nossas instituições democráticas, principalmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF), às vezes, em razão de suas próprias contradições internas.

Não faltam interessados na radicalização política e na desmoralização da Justiça, em pleno processo eleitoral, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que legalmente está fora da disputa, mas mantém sua candidatura, e Jair Bolsonaro (PSL), que representa a outra face da mesma moeda, ao simbolizar o antipetismo radical e liderar os que defendem uma intervenção militar. Incêndios políticos são provocados por piromaníacos e não faltam exemplos na história. Nero, o imperador romano, foi um deles, embora haja controvérsias sobre o fato de ter provocado o grande incêndio do Circo Mágico, em 14 de julho de 64 d.C., que viria a destruir boa parte de Roma. Deposto, se suicidou em 68 d.C. e deixou como legado uma guerra civil conhecida como o ano dos quatro imperadores, todos generais romanos.

O incêndio do Reichstag, o parlamento alemão, em 17 de fevereiro de 1933, em Berlim, foi o episódio crucial para ascensão do nazismo. Adolf Hitler havia sido empossado chanceler da Alemanha quatro semanas antes e se aproveitou do episódio para incitar o presidente Paul von Hindenburg a aprovar um decreto de emergência que lhe conferiu superpoderes para combater os comunistas. O que aconteceu depois todo mundo sabe: a perseguição se estendeu aos social-democratas e liberais e demais opositores políticos de Hitler: doentes mentais, pacifistas, eslavos e grupos religiosos (tais como as Testemunhas de Jeová), homossexuais, ciganos e, principalmente, judeus. Com a 2ª Guerra Mundial, o Holocausto registrou o extermínio de ao menos 6 milhões de pessoas, a maioria judeus.

Onde mora o perigo
Antes que alguém imagine que a citação é exagerada, vale a pena examinar a disputa política global que se deu nos últimos 100 anos. Nos primeiros 50 anos, entre socialistas, liberais e fascistas, resultou na derrota da extrema direita; nos 50 anos seguintes, com a Guerra Fria, entre socialistas e liberais. No final do século 20, com a desintegração da União Soviética e demais regimes comunistas do Leste europeu, a hegemonia liberal se consolidou na política mundial de tal forma que a tese hegeliana do “fim da história” foi exumada pelo economista norte-americano Francis Fukuyama e parecia ter se comprovado. Eis, porém, que a globalização e o novo “capitalismo de dados”, com a revolução tecnológica, colocam em xeque as democracias representativas do Ocidente, que está em crise no mundo.


Os valores legados pela Revolução Francesa — liberdade, igualdade e fraternidade —, que são a essência da democracia moderna, parece que perderam a funcionalidade. Na corrida mundial para reinventar o Estado nacional, figuras de viés autoritário emergem com força no processo político do Ocidente, a começar pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Assim como Ronald Regan se contrapôs ao antigo regime soviético, Trump elegeu como principal adversário na arena internacional a China, cuja emergência econômica e política se assenta sobre um modelo de capitalismo de Estado integrado à economia mundial e no regime de partido único comunista, que parecia condenado a desaparecer. Entre esses dois polos, equilibra-se uma Europa assustada pela herança de seu próprio colonialismo, a crise humanitária na África e Oriente Médio, e pela agressividade da Rússia de Putin, determinada a restabelecer seu papel no grande jogo da Eurásia e manter seu acesso livre ao Mediterrâneo. Na periferia, os mais bem-sucedidos na modernização derivam da democracia para o autoritarismo.

É nesse contexto que as eleições ocorrem no Brasil, franqueado pela crise do abastecimento e hiperinflação do modelo bolivariano na Venezuela de Nícolas Maduro, e a crise cambial na Argentina, que expõe a vulnerabilidade da política liberal do presidente Maurício Macri. Ao contrário do que muitos afirmam, o Brasil enfrenta a sua maior crise desde 1964 num ambiente de ampla liberdade, com eleições livres e limpas, graças à Constituição de 1988, que até agora sobreviveu a todas as tensões. Devemos lutar para preservá-la e levar a sério a advertência do professor da Universidade de Harvard Steven Levitsky, autor do livro Como morrem as democracias?, que há anos estuda a relação entre populismo e autoritarismo, assim como a construção partidária na América Latina: “Se um candidato, em sua vida, carreira política ou durante a campanha, defendeu ideias antidemocráticas, devemos levá-lo a sério e resistir à tentação de apoiá-lo, ainda que, diante de circunstâncias momentâneas, pareça ser uma opção aceitável”.

Nas entrelinhas - Luiz Carlos Azedo
 

sábado, 26 de setembro de 2015

O Contran e a mulher de César

Arejar a composição do Contran com participação da sociedade civil pode ajudar a reduzir o que parece ser seu empenho em provocar a desconfiança alheia 

Ficou parecendo pirraça. No exato dia em que eu o elogiava aqui pela escolha do tema da Semana Nacional de Trânsito para este ano, o Contran se reunia para protagonizar um dos episódios mais bizarros de sua história. A ponto de merecer do Jornal Nacional da TV Globo a comparação com as tristemente anedóticas decisões sobre o kit de primeiros socorros. É que data do mesmo dia 17 sua Resolução no. 556/2015, que torna opcional o extintor de incêndio para automóveis particulares, item que considerava essencial até a véspera.

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A mesma matéria do Jornal Nacional traz a declaração do presidente do conselho, Alberto Angerami, de que todas as decisões do órgão são sopesadas e fundamentadas em estudos técnicos. Não duvido. Aliás, mais que não duvidar, confirmo a seriedade do processo de decisão do Contran, que é assessorado por seis câmaras temáticas formadas por técnicos representantes de órgãos federais estaduais e municipais de trânsito e especialistas indicados por entidades ligadas aos respectivos campos de trabalho e conhecimento. Meu testemunho tem lastro nos dez anos em que pertenci à Câmara Temática de Educação para o Trânsito e Cidadania, representando a Anpet – Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes.

Testemunhos como este, porém, nunca serão suficientes para neutralizar a desconfiança que a população tem das reais motivações de quem elabora normas. Por isso, caberia muito bem ao caso aplicar a lógica que o imperador romano usou para justificar sua separação da mulher Pompeia, embora nada tenha sido provado contra ela – não lhe bastava ser honesta, era preciso também parecer ser.

Idas e vindas são comuns em estudos técnicos e científicos, inclusive com consequências econômicas e para a saúde (também no dia 17 minha nutricionista me contou o diálogo em que o ovo tentava consolar o glúten, mostrando com seu próprio caso como a vida é feita de altos e baixos). Como disse em editorial o jornal gaúcho Zero Hora, é legítimo que o Contran experimente e aperfeiçoe suas deliberações. No caso presente, o jornal até considera que a nova decisão foi acertada. Mas o que não se conseguiu até agora explicar – nem o jornal cobrou é por que, se havia um estudo em curso, isso não foi tornado público e a decisão anterior não foi suspensa até a conclusão das análises.

Talvez a resposta esteja em um aspecto que a matéria do Jornal Nacional até abordou, mas não explorou: o Contran só tem representantes dos ministérios. A sociedade civil não tem assento lá. Esse debate já aconteceu algumas vezes no âmbito do Sistema Nacional de Trânsito, terminando sempre com a justificativa de que a sociedade está representada nas câmaras temáticas (que efetivamente têm representantes dos órgãos estatais em só metade de sua composição). O problema é que nelas o debate não flui para a sociedade, porque os membros das câmaras são orientados a não se manifestarem sobre os assuntos antes de eles virarem resoluções..
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Por: Paulo Cesar Marques da Silva, Engenheiro, doutor em estudos de transportes pela University College London... - Blog do Noblat