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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Um membro do próprio “TSE” da Venezuela se nega a reconhecer o resultado; as evidências de fraude são muitas até para um pleito ilegítim

Que fique claro! A eleição venezuelana não é fraudulenta apenas porque a verdadeira oposição está proibida de participar. A eleição venezuelana não é um engodo só porque mais da metade do eleitorado não se dispôs a sair de casa para votar. Faltou ao processo até a dignidade aparente das farsas. Desde sempre, saibam, os adversários de Nicolás Maduro estão proibidos de falar no rádio e na televisão. O governo, por sua vez, é onipresente.

As evidências de fraude são de tal ordem que Luis Emilio Rondón, o único dos cinco juízes do Conselho Nacional Eleitoral não-chavista, negou-se a reconhecer o resultado anunciado por Tibisay Lucena, uma bolivariana alucinada. Mais uma vez, as milícias armadas estavam nas ruas para intimidar os eleitores. Aliás, a extrema-direita brasileira que defende que a população se arme deveria eleger a Venezuela como sua pátria-modelo. Entre outras delicadezas, os chavistas ofereceram transporte gratuito para quem se dispusesse a votar.

Não só. Os venezuelanos atendidos por programas assistencialistas do regime dispõem de uma identificação chamada “Carteira da Pátria”. O governo criou próximo aos postos eleitorais os chamados “Pontos Vermelhos”. Os eleitores eram instados a comparecer a esses lugares e apresentar o documento — vale dizer: tratava-se de um controle paralelo do eleitorado. E ainda recebiam 10 milhões de bolívares, meros US$ 12, que correspondem, no entanto, a quatro salários mínimos. No país que tem uma inflação anual de 14 mil por cento, a moeda é uma ficção.

 Tibisay Lucena, mero esbirro de Nicolás Maduro, anuncia resultado da farsa

A Venezuela já chegou a ser o segundo destino das exportações brasileiras na região e o oitavo no mundo. Entre janeiro e maio de 2012, no melhor momento, exportamos US$ 1,9 bilhão para o país, Hoje, o regime bolivariano não figura nem entre os 50 primeiros destinos dos nossos produtos. No ano passado, na comparação com 2012, a queda já tinha sido de 91%.

Se o Brasil não reconhecer o resultado das eleições, uma eventual retaliação venezuelana será irrelevante. Mas não é nesse ponto que ancoro a minha defesa, não. Ainda que as relações bilaterais fossem vigorosas, a maior democracia da América Latina não pode condescender com uma ditadura homicida que, ademais, tem provocado danos objetivos ao nossos país, como sabe o Estado de Roraima. Não! Eu não defendo que o Brasil vire as costas aos refugiados. Defendo, isto sim, que vire as costas a um tirano de chanchada, sanguinolento e asqueroso.

Blog do Reinaldo Azevedo