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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Aula Magna de hipocrisia - "O ataque do ministro Fachin à liberdade religiosa"

Aula magna de hipocrisia




O que Fachin pretendia não era punir abuso algum, e sim reprimir a ação política dos cultos e pastores evangélicos







Análise: Por que a maioria do TSE é contra punir de forma autônoma o abuso do poder religioso?


Do ponto de vista jurídico, a ideia é grosseiramente inepta
não pode haver punição sem que o punido tenha praticado um crime previamente previsto em lei, e não existe nenhum crime de “abuso de religião” previsto em qualquer código legal em vigor neste país. 
"Código Penal Brasileiro:
art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal... "
Os crimes eleitorais que se pode cometer já estão previstos na legislação existente; o MP e Fachin não podem inventar um delito novo. Do ponto de vista político, a tentativa de cassar mandatos de pessoas eleitas pelo voto popular livre, porque os magistrados não gostam da religião do cassado, é exatamente o que parece: um ataque totalitário às liberdades individuais e à democracia.

Esse episódio é também uma aula magna em matéria de hipocrisia e de falsificação de propósitos. Fachin e quem embarcou neste bonde não estão minimamente interessados em punir abuso algum – o que querem é reprimir a ação política dos cultos e pastores evangélicos. O ministro não gosta da sua carga conservadora e supostamente governista. Como não pode impedir que os eleitores votem em candidatos de fé evangélica, imaginou que a solução é cassar os mandatos dos que forem eleitos. Qual a surpresa? Esse mesmo ministro quis, um dia, dar à ONU o direito de anular leis aprovadas pelo Congresso brasileiro; ultimamente, tem dito que a eleição presidencial de 2018 não foi legítima e sugere que a de 2022 também não deveria valer, se a “alienação eleitoral” que a seu ver foi indicada pelas últimas pesquisas de opinião continuar de pé. [esse ministro foi quem deu inicio ao processo de transformar favelas do Rio, preferencialmente as sob controle do tráfico, em territórios em que polícia é proibida de entrar;
tal situação ocorre nas  embaixadas, consulados e demais tipos de representação diplomática.
Considerando que nas favelas do Rio não está sediada nenhuma representação diplomática, é de se entender que a proibição contempla as 'embaixadas do crime'.
São tanto os requisitos para o ingresso da polícia, que quando autorizado o acesso da autoridade policial, já ocorreu a perda de objeto.]
Como aconteceu no caso da ONU, o ministro Fachin ficou sozinho nesta sua tentativa de policiar a liberdade religiosa no Brasil e de atribuir a si mesmo o direito de decidir quais são, e quais não são, as religiões politicamente aceitáveis. Há certas coisas que a alta Justiça brasileira ainda não faz. Fachin precisará tentar de novo daqui a mais algum tempo. 

[O Blog Prontidão Total, por ver analogia entre as ideias do ilustre J.R. Guzzo e as três imagens acima, as inseriu sob sua inteira responsabilidade, extraídas do Alerta Total.]

J.R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo