O país está perdendo o melhor da democracia: a
polifonia, os vários sons, várias vozes, a convivência entre opiniões
contrárias, o debate que instiga e desafia a pensar sobre um determinado
ponto, o esforço para ver a realidade pelo ângulo do outro, o diálogo.
Entrincheirados, alimentando o ódio, como chegaremos ao ponto de
encontrar saídas para as várias complexidades que nos cercam? Não consola, mas não somos o único país do mundo em que a polarização
radicalizada está eliminando o espaço do diálogo. O jornalista
americano Fareed Zakaria escreveu no “Washington Post” sobre esse
fenômeno de país tão partido, que acaba tendo uma atitude doente diante
da diferença de opinião. Ele diz que tudo se passa como se: “Pessoas do
outro lado da divisão não estão apenas erradas. Elas são imorais e devem
ser punidas.”
É assustador o sentimento de que a democracia está entrando em
colapso. O cientista político Bruno Reis, da UFMG, chama a atenção para o
fato de que a democracia brasileira é bem sucedida. Ela não está em
crise por falta de conquistas. Foi nela que o país alcançou a
estabilidade monetária, depois do longo período hiperinflacionário, foi
ela que iniciou o processo de redução da pobreza e da desigualdade. Na
democracia, foram criadas as condições para um Ministério Público forte e
independente que está nos conduzindo no processo que enfrenta um velho
inimigo.
A corrupção é um inimigo sem tendência política. Ela faz tão mal à
política como à economia, enfraquece seus fundamentos, distorce e põe em
risco todos os valores. Na economia, ela aumentou a cartelização, a
tomada de decisões de alocação de recursos sem qualquer racionalidade, o
desperdício do dinheiro público, a redução da transparência do gasto do
governo, a ineficiência. O que tem sido revelado é a radicalização da
captura do Estado pelo poder empresarial, que sempre existiu no Brasil,
mas agravou-se. Houve, na verdade, uma captura mútua. As empresas
grandes ficam dependentes dos favores do Estado e dos políticos, e os
políticos ficam viciados no dinheiro das empresas. Os dois se misturaram
em doentia dependência recíproca. Esse é o centro da complexidade que
temos que entender, enfrentar e superar.
A democracia nos faz novas exigências. É preciso construir espaços de
diálogo em campo minado, é necessário sair das trincheiras em meio ao
bombardeio, é fundamental negociar um acordo de compromissos, numa época
em que até a expressão “acordo de compromissos” assusta porque pode ser
entendida — e há o risco de ser — um pacto para interromper as
investigações contra a corrupção.
O país tem dilemas colossais. De curto e longo prazos. Ainda
sangramos na recessão com 14 milhões de desempregados. Ainda temos um
governo perdido em seu labirinto, cuja razão de ser é a própria
sobrevivência. Ainda não temos ideia de que plataformas viáveis podem
ser apresentadas para 2018. Chegaremos feridos e amargos a uma eleição
decisiva para o nosso futuro em que os líderes ainda estarão com olhos
no passado. E será o mandato que terminará no ano do nosso bicentenário.
Quem for eleito em 2018, será o governante em 2022 quando completaremos
200 anos como país independente.
É a juventude o grupo que mais sofre o desemprego, mas foi justamente
a geração que estudou mais que seus pais, graças ao esforço nacional
para aumentar a escolarização e a escolaridade. A falta de trabalho
desvaloriza a ideia de que na educação está o futuro. Uma menina foge da
enchente ajoelhada num barco precário agarrada aos seus livros e depois
explica para a repórter que nos livros está seu futuro, por isso os
salvou.
Essa lição da pequena pernambucana Rivânia deveria fazer o país
parar para pensar. Ela nos ensinou mais do que estamos podendo entender,
no meio da briga raivosa e barulhenta sobre causa alguma na qual nos
debatemos. Diálogo e democracia são quase sinônimos. É da natureza dos regimes
abertos a permissão para todas as vozes. Mas aos gritos não nos
ouviremos. A polifonia pode ser o ruído ensurdecedor ou a melodia. A
hora é de baixar o tom e reencontrar o caminho da discordância
respeitosa, porque foi para isso que construímos a democracia.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Mostrando postagens com marcador escolarização. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escolarização. Mostrar todas as postagens
domingo, 18 de junho de 2017
A democracia
Marcadores:
14 milhões de desempregados,
DEMOCRACIA,
desemprego,
escolarização,
pernambucana Rivânia
Assinar:
Postagens (Atom)