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sábado, 21 de julho de 2018

O PT tripudia sobre cadáveres - O partido de Lula solidariza-se com os algozes da Nicarágua

Dois tribunais constitucionais da América Latina já passaram a borracha em trechos da Constituição que rege seus respectivos países.

Em 2009, a Suprema Corte de Justiça da Nicarágua, a pedido de Daniel Ortega, declarou sem efeito o Artigo 147 da Carta, que vedava explicitamente a reeleição do presidente. Ortega havia assumido o mandato em 10 de janeiro de 2007 e reivindicava o direito de se eternizar no poder recorrendo a reeleições sucessivas. Os "magistrados sandinistas", essa fabulosa contradição em termos, atenderam a seu pedido. O regime tortura opositores nos porões e os mata a tiros nas ruas, nas igrejas, nas casas. Em três meses de protestos, pelo menos 360 pessoas desarmadas foram assassinadas.

Em 2016, no Brasil, o STF mandou às favas o Inciso LVII do Artigo 5º da Constituição, segundo o qual "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", e autorizou a execução da pena depois da condenação em segunda instância. E como explicar que cumpra pena aquele que "culpado" não pode "ser considerado"? Não há explicação. E só por isso um certo Luiz Inácio Lula da Silva está em cana. E notem que nem vou entrar no mérito da sentença, ancorada nesta nova corrente do pensamento jurídico surgida no Brasil: o "Direito Morisco". [lembrando que no caso do marginal citado - devidamente condenado e encarcerado - não cabe mais discutir o mérito, visto que as instâncias superiores (que  já se manifestaram pela validade da sentença e encarceramento do marginal - incluindo o STF que já negou, em decisão monocrática e também dos seus dois Plenários, o virtual e o presencial, r habeas corpus ao sentenciado petista = ratificar a legalidade da sentença) só podem nesta fase examinar eventuais falhas processuais.]

Os "companheiros" tentaram, sem sucesso, provocar um movimento internacional de solidariedade a Lula. Com efeito, os magistrados que o mantêm preso substituem a letra explícita da Constituição por uma interpretação. Um país que envereda por esse caminho marca um encontro com a crise institucional. Cedo ou tarde. O destino de seu líder maior poderia ter ensinado alguma coisa aos petistas no terreno da ética e da moral. Mas quê... De certo modo, tornaram-se ainda mais pervertidos.

A democracia não é e nunca foi, para o PT, um valor inegociável. A sua adesão aos padrões da disputa democrática segue sendo puramente instrumental. Não se enganem: se os petistas voltarem ao poder, vão cometer os mesmos erros que os conduziram, e ao país, ao desastre. O que nos dá essa certeza?  O Foro de São Paulo, que congrega partidos de esquerda da América Latina, fundado por Fidel Castro e Lula —o presidiário ao arrepio da Constituição—, reuniu-se em Havana, Cuba, para debater a crise. Ninguém menos do que a ex-presidente Dilma Rousseff integrava a delegação do PT. Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais do partido e secretária-executiva do foro, expressou a opinião da entidade e da legenda, segundo informou esta Folha: "Depois de tantos sucessos, sofremos uma contraofensiva neoliberal, imperialista, multifacetada, com guerra econômica, mediática, golpes judiciais e parlamentares, como ocorre na Nicarágua e ocorreu na Venezuela".

O partido de Lula, o prisioneiro do "Direito Morisco", solidariza-se com os algozes da Nicarágua, que respondem com tiros ao protesto de pessoas desarmadas. O governo de Ortega não é apenas autoritário e violento. É também notavelmente corrupto, o que não constrange o PT, claro! José Mujica, ex-presidente do Uruguai e um dos líderes da esquerdista "Frente Ampla", não hesitou em condenar o massacre. Até o PSOL, por aqui, repudiou a truculênciaMas não o petismo.

Quando presidente, Dilma se referiu, mais de uma vez, com justa indignação, à tortura de que foi vítima durante a ditadura. Mas, apontei então a falha moral, sem jamais fazer um mea-culpa por ter integrado grupos terroristas. Agora nós a vemos como a face de um partido que justifica a violência sob o pretexto de combater a "contraofensiva neoliberal". [Dilma diz ter sido torturada, mas até o presente momento, a prova mais 'concreta' da alegada tortura é a foto abaixo - nela se percebe que não é foto de uma pessoa que foi torturada - saiba mais - clicando aqui.]
Lula pode até se aproveitar da defesa que faço do Estado democrático e de direito. Mas o Estado democrático e de direito não tem como se aproveitar da defesa que Lula e os petistas fazem de si mesmos. São movidos pelo vício, não pela virtude. Ou não tripudiariam sobre cadáveres.

Folha de S. Paulo - Reinaldo Azevedo 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

O umbigo de Lula e o fim do mundo

Prisão de Lula alterou panorama eleitoral no Brasil, repercutiu no exterior, provocou visita de inspeção à cela na Comissão, mas nem por isso o mundo acabou


A semana passada terminou e esta começou com, mais uma vez, o eixo da Terra girando em torno do umbigo de Lula. Ao menos cá entre nós.  Nos últimos dias úteis da semana passada, por requerimento da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a Comissão de Direitos Humanos do Senado resolveu inspecionar as condições de habitabilidade da “sala de estado-maior” na qual vive, privado de liberdade, o ex-presidente. Os senadores que farão a inspeção serão os seguintes, além da autora da proposta: a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann  (PT-PR), Ângela Portela (PDT-RR), Fatima Bezerra (PT-RN), Telmário Mota (PDT-RR), Paulo Paim (PT-RS), Lindbergh Farias (PT-RJ), Jorge Viana (PT-AC) e Paulo Rocha (PT-PA). Todos do PT de Lula e do PDT do caudilho Brizola. E ainda que o PT seja um partido grande, a oposição como um todo não consegue ganhar uma votação no Senado e na Câmara. 

Como foi, então, possível compor uma comissão tão comprometida ideologicamente com a hipótese absurda de que o condenado em duas instâncias e com habeas corpus negado por unanimidade por uma turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e por maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido preso numa situação arbitrária, por decisões meramente políticas, para impedir que ele participe da disputa presidencial de outubro deste ano? É que à votação não compareceu um único senador governista. Foi “gópi”, como diria a professora Bezerra? Nããããããão! Nananinanão! Os governistas não foram porque faltaram e faltaram porque quiseram. Certo? Certo!

Será que algum dos ilustres varões e nobres damas da casa do mandato dobrado têm alguma noção do inferno que é a vida de um preso comum “sem parentes importantes” e nem sempre vindos do interior? Essa ignorância crassa é improvável, pois os meios de comunicação, “aliados da zelite” que mantém Lula preso “para evitar que os pobres possam cursar universidades e viajar de avião” (não é isso que dizem os visitantes?), nunca o omitiram. Um dos mais estrelados burocratas da esquerda em seu segundo reinado, o de Dilma Rousseff, o douto professor José Eduardo Martins Cardozo, não disse que preferia morrer a ser internado num presídio qualquer, mesmo que fosse na Papuda, construído especialmente para abrigar os luxentos parceiros de Sua Excelência, então ministro da Justiça? 

Pois então, saber os senadores de esquerda sabem, mas não estão nem aí para os pobretões empilhados em celas infectas sem direito sequer a serem soltos quando acabam de cumprir sua pena. Afinal, este é o país da desigualdade crônica e nele os gatunos ricaços que podem pagar causídicos em Brasília têm quem lute por seu direito ao “trânsito em julgado”, enquanto os “pobres, pretos e prostitutas” não têm direito sequer a um alvará de soltura dos sempre solícitos ministros garantistas da Suprema Tolerância Federal (STF).  Esta semana, que ora se inicia, saltou da cama informada de que Lula perdeu seis pontos percentuais em relação aos 37% de intenções de votos na pesquisa Datafolha de janeiro: agora, depois da prisão, está com 31%. Quem esperava que a prisão o tornasse mais querido deu com os burros n’água. 

Mas também quem contava como certo que a prisão seria fatal para sua popularidade não se deu bem. O índice obtido por um presidiário é espetacular, mas não animaria uma pessoa realista quanto a suas possibilidades de vitória na disputa presidencial. Mais importante, porém, é o fato de que mais da metade (54%) dos entrevistados acha justa sua prisão e que quase a metade (46%) ficou sem pai nem mãe em matéria de nome para clicar na urna eletrônica em outubro (e talvez novembro). Ou seja, o presidiário mais popular do País tornou mais evidente do que sempre foi a orfandade de um eleitorado ao qual não se apresentam candidatos razoáveis em quem votar. A retirada de Lula do cartão de pretendentes não faz nenhum outro candidato crescer. E o que mais impressiona: quando não são indicados nomes, 46% não citam ninguém.

Outro dado relevante da realidade eleitoral brasileira é a insignificância da Justiça Eleitoral. Segundo a manchete do Estado de domingo, “sem regras, pré-campanha se transforma em vale-tudo”. Calma, ainda não é a campanha, é pré. Assim como não há presidenciáveis, mas apenas e tão somente pré (de pretensos ou de pretensiosos?). Por exemplo, Guilherme Boulos, líder inconteste e insubstituível do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Sua Excelência se vale da mesma bagunça de território sem lei, garantida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto apenas são pretensos, os ainda não candidatos se valem do fato de que a Justiça Eleitoral só aceita que a campanha comece quando de fato a lei autorizar que comece, numa inversão do que o Velho Guerreiro, Abelardo Chacrinha Barbosa, definia como o começo e o fim de seu programa de palhaçadas. Refiro-me à palhaçada profissional, aquela cheia de graça e da qual os brasileiros tanto gostam. Pois, então, na pré-campanha vale fazer caravana, como o presidiário mais popular do Brasil, Lula do PT, já fez. Vale também meter a mão na orelha de repórter abelhudo, como Ciro Gomes meteu. E vale violar a lei que proíbe racismo e qualquer outro tipo de discriminação, como habitualmente perpetra Jair Bolsonaro, o único fascista assumido de uma plêiade de fascistoides. 

Lula ameaçou pôr nas ruas o “exército do Stédile”, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), todos armados de pneus fumegantes para impedir sua prisão. Deu em nada. Mas para não ficar na lenga-lenga, o coleguinha pretenso presidenciável Guilherme Boulos invadiu com sua tropa de falsos famintos o triplex na Praia de Astúrias, destino à beira-mar de pobres como o preso (apud Eduardo Paes, velho aliado da tribo do Leblon). 

Danem-se os moradores do edifício Solaris, no qual se situa o triplex do condenado. Os invasores arrombaram o portão, ou seja, patrimônio particular. Mas para provar que João Trabalhador Doria se engana quando o chama de Márcio Cuba, em vez de França, e mesmo sendo do Partido Socialista Brasileiro, é também governador e candidato a governador de São Paulo, mandou a PM expulsar os invasores para proteger moradores e o tríplex que Moro arrestou. Pois seria estúpido, até louco, deixar prosperar essa molecagem que Lula mandou Boulos fazer.

E, para ninguém dizer que o mundo girando em torno do umbigo do padim de Caetés não será lembrado neste texto herético, após ter registrado a preocupação dos senadores com o conforto do chefão e a sanha dos invasores de apartamentos alheios, vou direto agora ao noticiário internacional. Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, solidarizou-se com Lula. Adolfo Pérez Esquivel, o único argentino que já torceu por um brasileiro na História, quer o Prêmio Nobel da Paz para o companheiro que só fala em guerra. E Dilma Rousseff, tatibitate em qualquer idioma, percorre o exterior para contar que “carregaran Lula en los ombros”, num portunhol de chanchada.

Jornais internacionais importantes elogiaram Moro e a Lava Jato e consideraram a prisão de Lula um avanço na democracia brasileira. O New York Times, liberal, escreveu que a Lava Jato foi um “duro golpe contra a corrupção no maior país da América do Sul”. E, para o Monde, de tendência socialista, a prisão de Lula mostra que este “não é um ato político” e Lula “não está acima da lei”.

Em artigo publicado no EstadoLula atrás das grades, o Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa escreveu que “é bom, para a América Latina, que pessoas como Marcelo Odebrecht ou Lula da Silva tenham sido presos depois de terem sido processados, concedendo a eles todos os direitos de defesa que existem num país democrático. É muito importante mostrar em termos práticos que a Justiça é a mesma para todos, os pobres diabos que são a imensa maioria e os poderosos que estão no topo graças ao seu dinheiro ou suas posições”.

De tudo isso o mais importante a registrar é que o mundo não acabou com o recolhimento do ex-presidente mais popular do Brasil a uma prisão, o primeiro condenado por crimes comuns na História. O resto, como se dizia na Campina Grande de minha adolescência e se diz até hoje por lá, “o resto é palha”. Ou melhor, “paia”.

José Nêumanne, publicado no Blog do Nêumanne - Coluna Augusto Nunes - VEJA

 

domingo, 22 de novembro de 2015

Lula confessa aos jovens do PT: queria mesmo era ser califa do Estado Petista

Ele sonha: "O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a Presidência da República, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém"

Prometi não tratar mais das entrevistas de Lula, a menos que ele diga algo de aproveitável, de supinamente estúpido ou de revelador. E ele fez isto nesta sexta.

O homem discursou a uma pequena plateia no Trigésimo Congresso Nacional da Juventude do PT, em Brasília. Atacou a oposição, pediu que a militância defenda o mandato de Dilma Rousseff e falou nas eleições presidenciais de 2018. Ao citar Dilma, o ex-presidente disse que é preciso ajudá-la “a sair da encalacrada” em que a oposição colocou o PT.

Em outro momento, Lula afirmou aos jovens que seria “ideal” para um partido vencer as eleições sem a necessidade de fazer alianças políticas, mas como isso não é possível, é necessário, então, “aceitar o resultado e construir a governabilidade”.

Disse: “O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a Presidência da República, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém. Mas, muitas vezes, temos que aceitar o resultado e construir a governabilidade.”

Por fim, Lula revelou à plateia que pretende escrever um livro com o ex-presidente do Uruguai José Mujica. A obra teria como objetivo “provocar a juventude a assumir um papel mais importante na política”.

Então vamos pela ordem das implicações:  Lula revela que bom mesmo é comandar uma ditadura. Nem Saddam Hussein chegava a 100% dos votos; contentava-se com 95%;
– Se, enfrentando oposição, o PT já comandou o mensalão e o petrolão, imaginem como não seria.
 Lula sonhava ser o califa do Estado Petista. Em vez disso, terminará seus dias tendo de se explicar à Justiça.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo