De acordo com o presidente da entidade, crime organizado usa estabelecimentos para lavar dinheiro de roubos
'Ilegal, e daí?': Seminário sobre ilegalidade, pirataria e contrabando. Na foto, o presidente da Fecombustíveis Paulo Miranda - Roberto Moreyra / Agência O Globo
O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares, disse nesta quinta-feira que o setor enfrenta em São Paulo a concorrência desleal de, aproximadamente, 150 postos de combustíveis comandados pela facção criminosa PCC.
De acordo com Soares, o crime organizado coloca os preços dos
combustíveis abaixo da média do mercado para aumentar as vendas e
maquiar a lavagem de dinheiro. A informação foi divulgada durante o
seminário "Ilegal, e daí?", sobre ilegalidade,
pirataria e contrabando, realizado pelo GLOBO, em parceria com Extra,
Valor e Época, no Hotel Prodigy, no Centro do Rio. — Começamos a mapear, com ajuda de grandes distribuidoras, que postos
que praticavam concorrência predatória haviam mudado de dono mas
continuavam usando as suas bandeiras, mesmo comprando de outras
companhias. Receptavam caminhões com combustível roubado e, quando as
autoridades iam até lá, as ameaçavam. É uma fiscalização muito difícil
de ser feita, porque estamos tratando com bandidos — explica Soares.
A
descoberta foi feita a partir de uma reclamação sobre concorrência
predatória feita por um associado em relação a um determinado posto.
Segundo o presidente do sindicato, a principal finalidade dos postos
comandados pelo PCC é a lavagem de dinheiro: — O crime organizado joga os preços dos combustíveis lá embaixo, as
vendas disparam e, para fins de tributação pela Receita Federal, ela
passa do regime de lucro real, no qual você tem de apresentar suas
despesas, para o presumido, que dispensa essa apresentação porque a
tributação ocorre em cima do faturamento bruto. Ele joga o faturamento
lá em cima e fala que posto deu lucro enorme sem ter dado lucro nenhum e
está lavando dinheiro ali, de roubo a banco, de assalto a carro forte.
A descoberta desses postos irregulares levou à criação de uma
força-tarefa no estado, numa parceria entre a Secretaria de Justiça, o
Ministério Público (MP-SP), o Instituto de Pesos e Medidas e Associação
Nacional do Petróleo, para investigar essa rede ilegal. Segundo Soares,
no entanto, o setor ainda não sentiu nenhum resultado "palpável": — A crise dos últimos três anos aumentou muito essas irregularidades.
O seminário é uma realização patrocinada por Enel, Light, Sindicom e Souza Cruz.
O Globo
O seminário é uma realização patrocinada por Enel, Light, Sindicom e Souza Cruz.
O Globo