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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Juventude, revolução silenciosa

Ao contrário das utopias do passado, os jovens acreditam na excelência e no mérito...

Frequentemente a informação veiculada na mídia provoca um dissabor. Corrupção, violência, crise, trânsito caótico e péssima qualidade da educação e da saúde, pautas recorrentes nos cadernos de cidades, compõem um mosaico com pouca luz e muitas sombras. A sociedade desenhada no noticiário parece refém do vírus da morbidez. Crimes, aberrações e desvios de conduta desfilam na passarela da imprensa. A notícia positiva, tão verdadeira quanto a informação negativa, é uma surpresa, quase um fato inusitado. 

Jornais, frequentemente dominados pelo noticiário enfadonho do País oficial e pautados pela síndrome do negativismo, não têm “olhos de ver”. Fatos que mereceriam manchetes sucumbem à força do declaratório. Reportagens brilhantes, iluminadoras de iniciativas que constroem o Brasil real, morrem na burocracia de um jornalismo que se distancia da vida e, consequentemente, dos seus leitores. O recurso ao negativismo sistemático esconde uma tentativa de ocultar algo que nos incomoda: nossa enorme incapacidade de flagrar a grandeza do cotidiano. 

“Quando nada acontece”, dizia Guimarães Rosa, “há um milagre que não estamos vendo.” O jornalista de talento sabe descobrir a grande matéria que se esconde no aparente lusco-fusco do dia a dia. A mídia, argumentam os aguerridos defensores do jornalismo realidade, retrata a vida como ela é. Teria, contudo, o cotidiano do brasileiro médio nada além de tamanhas e tão frequentes manifestações de violência e de tristeza? Penso que não. 
A informação sobre a juventude, por exemplo, dá prioridade a um recorte da realidade, mas frequentemente sonega o outro lado, o luminoso e construtivo. O aumento dos casos de aids, da violência e a escalada das drogas castigam a juventude. A crise econômica, dramática e visível a olho nu, exacerba o clima de desesperança.  

Para muitos jovens os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida. Desemprego, gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de violência. Mas olhemos, caro leitor, o outro lado da realidade. Verdadeiro e factual, embora menos noticiado por uma mídia obcecada pela síndrome da informação sombria.  

A delinquência, na verdade, está longe de representar a maioria esmagadora da população estudantil. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado é um dever ético. Mas não é menos ético iluminar a cena de ações construtivas, de gestos de solidariedade, de magníficas ações de voluntariado, marca registrada de uma juventude generosa e trabalhadora que, sem alarde ou pirotecnia do marketing, colabora, e muito, na construção da cidadania. A juventude, ao contrário do que fica pairando em algumas reportagens, não está tão à deriva assim. Há em andamento profundas e positivas mudanças comportamentais.  

O relacionamento descartável vai sendo substituído pelo sentido do compromisso. A juventude atual, não a desenhada por certa indústria cultural que vive isolada numa bolha ideológica e de costas para a realidade, manifesta uma procura de firmeza moral, de valores familiares, éticos e até mesmo religiosos. Deus, família, fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacrônicas nas últimas décadas, são valores em alta. Não é uma opinião. É um fato.   A família, não obstante sua crise evidente, é uma forte aspiração dos jovens. Ao contrário do que se pensa em certos ambientes politicamente corretos, os adolescentes atribuem importância decisiva ao ambiente familiar. 

Mesmo os jovens que convivem com a violência doméstica consideram importante a base familiar. A relação no lar é fundamental, ainda que haja conflito. Parece paradoxal, mas é assim. Eles acham melhor ter uma família danificada do que não ter ninguém. Em casa deixaram de rotular os pais de “caretas” para buscarem neles a figura do companheiro. Os jovens, em numerosas pesquisas, apontam a família tradicional como a instituição de maior ascendência em suas decisões. 

Alguns, no entanto, defendem um modelo de família que não bate com esse anseio dos jovens. Respeito a divergência e convivo com o contraditório. Sem problema. Mas não duvido que é na família, na família tradicional, mais do que em qualquer outro quadro de convivência, que podem ser cultivados os valores, as virtudes e as competências que constituem o melhor fundamento da educação para a cidadania. E os jovens sabem disso.  No campo da afetividade, antes marcado pelo relacionamento descartável e pela falta de vínculos, vai-se impondo a cultura da fidelidade. O tema da sexualidade, puritanamente evitado pela geração que se formou na caricata moral dos tabus e das proibições, acabou explodindo, sem limites, na síndrome do relacionamento promíscuo e transitório. Agora, o rio está voltando ao seu leito. O frequente uso de alianças na mão direita, manifestação visível de compromisso afetivo, não é só modismo. Revela algo mais profundo. Os jovens estão apostando em relações duradouras.  

Assiste-se, na universidade e no ambiente de trabalho, ao ocaso das ideologias e ao surgimento de um forte profissionalismo. Ao contrário das utopias do passado, os jovens acreditam na excelência e no mérito como forma de fazer a verdadeira revolução. Eles defendem o pluralismo e o debate das ideias. O pensamento divergente é saudável. As pessoas querem um discurso diverso, não um local onde se pregue apenas uma corrente de pensamento.   O mundo está mudando. Quem não perceber - na mídia e fora dela - essa virada comportamental perderá conexão com um importante segmento do mercado de consumo editorial.

Carlos Alberto Di Franco, jornalista - O Estado de S. Paulo
e-mail: difranco@ise.org.br
 

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Conheça nove propostas do partido de extrema-direita alemão AfD

Pela primeira vez desde 1949, uma legenda ultranacionalista chega ao Parlamento

É a primeira vez que a extrema-direita terá representantes no Parlamento alemão (Bundestag) desde o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Após as eleições de domingo, em que a atual chanceler, Angela Merkel, conseguiu a vitória com mais de 30% dos votos, o partido Alternativa para Alemanha (AfD, na sigla original) conseguiu fazer com que mais de 90 seus representantes consigam entrar no Bundestag. 
O AfD é comandado por duas pessoas, um homem e uma mulher: ele é Alexander Gauland, antigo membro do partido conservador de Merkel; ela é Alice Weidel, uma economista da ala liberal-conservadora. Que se preparem para o que os esperam — declarou Gauland após descobrir o bom resultado de sua legenda nas legislativas. — Vamos recuperar nosso país e nossa gente.
A marca particular da legenda é sua rígida e decidida posição eurocética. Porém, quais são as políticas que eles tentam impulsionar com essa postura? - No plano econômico, o AfD quer que a Alemanha abandone o euro e pare com os milionários resgates a países europeus altamente endividados. 

O partido anti-euro foi fundado em 2013 como uma opção contra os planos da União Europeia para resgatar a Grécia.
- O plano político da legenda tem como pilar declarar o islã incompatível com a Alemanha, incluindo o estabelecimento de registros rigorosos de organizações islâmicas.
- O partido quer exigir o fechamento das fronteiras e endurecer o direito de refúgio. O AfD critica Merkel por ter aberto o país para a chegada de mais de um milhão de imigrantes e refugiados. Além disso, a legenda quer impedir a reunificação das famílias de refugiados presentes na Alemanha. 
- Os representantes do AfD querem acelerar a expulsão dos estrangeiros que representem uma ameaça à segurança do país. Eles defendem retirar a nacionalidade alemã de imigrantes culpados de delitos "importantes".
- O partido pretende encorajar financeiramente os imigrantes para que regressem aos seus países de origem. 
- A legenda quer incentivar aos alemães a acreditar na "família tradicional" para aumentar o crescimento populacional

- O AfD apoia um sistema diferenciado da escolarização de acordo com as habilidades dos alunos
- O partido quer levar um sistema de saúde melhor às populações rurais da Alemanha
- O partido ultranacionalista acredita que as declarações do Conselho Mundial do Clima à respeito das mudanças climáticas são cientificamente inseguras e se baseiam em modelos de cálculos que não descrevem corretamente o clima. Por isso, os representantes da legenda pretendem resisitir à política internacional contra as mudanças climáticas. 

Fonte: O Globo