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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Raquel Dodge pede para STF rescindir delação de Joesley e Saud

PGR concordou com pedido apresentado pelo seu antecessor, Rodrigo Janot

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu para o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a rescisão da delação premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos da J&F, controladora da JBS. Em parecer enviado nesta segunda-feira ao ministro Edson Fachin, relator do caso, Raquel Dodge reiterou uma solicitação que foi feita pelo seu antecessor, Rodrigo Janot, em setembro.

 A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, durante sessão do Conselho Nacional do Ministério Público - Ailton de Freitas/Agência O Globo



Para a procuradora-geral, Joesley e Saud romperam cláusulas do acordo ao omitirem, de forma intencional, fatos criminosos dos quais participaram ou tinham conhecimento — o que a defesa deles nega que tenha ocorrido. O parecer cita três casos: 
- a atuação do ex-procurador Marcello Miller em nome dos interesses da J&F; 
- o pagamento de R$ 500 mil ao senador Ciro Nogueira (PP-PI); 
-  e a existência de uma conta bancária de Ricardo Saud no Paraguai.

Trata-se, portanto, de forte indício, e não mera especulação, a reforçar que os colaboradores agiram movidos pelo intuito de ludibriar o MPF e proteger aliados, em conduta claramente desleal e afrontosa ao pacto que fizeram nos Acordos de Colaboração Premiada e à justiça”, escreveu Dodge.



Para a procuradora-geral, “era preciso estancar imediatamente os feitos do acordo”, caso contrário os dois executivos ficariam “no melhor dos mundos”: continuariam sendo beneficiados pela imunidade penal mesmo após terem descumprido as cláusulas.

Raquel Dodge ressaltou ainda que as suspeitas envolvendo Marcello Miller refletem uma “conduta gravíssima, de extrema deslealdade e má-fé”. Janot pediu a rescisão do acordo após a descoberta do áudio de uma conversa entre Joesley e Saud, que teria sido gravada de forma não intencional, na qual eles comentam detalhes da negociação de delação.

Na época, além de pedir a rescisão do acordo, Janot solicitou também a prisão preventiva dos executivos, o que foi aceito por Fachin. A prisão de Miller também foi solicitada, mas negada pelo ministro do STF.

O Globo