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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Por que a inflação sentida é maior do que a apurada no IPCA? - Míriam Leitão

O Globo

O consumidor sente que os preços sobem mais rapidamente do que indica a taxa de inflação. O IPCA acumula alta de apenas 0,10% no ano, até junho, após o avanço de 0,26% no mês. O índice está baixo. Mas na composição do IPCA, alguns itens que pesam bastante no orçamento do consumidor subiram muito. A crise também fez despencar a renda de muitas famílias.

Os Artigos de Residência avançaram 1,3% no mês, por exemplo. O grupo Alimentação e Bebidas teve alta de 0,38%. Itens básicos da dieta do brasileiro subiram mais. As carnes (1,19%), o leite (2,33%), o arroz (2,74%), o feijão-carioca (4,96%) e o queijo (2,48%) estão pesando no bolso. No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, a alta foi de 0,35%.

A sensação de que a inflação avançou mais também ocorre porque o poder aquisitivo das famílias caiu desproporcionalmente nos últimos meses. Os informais e os trabalhadores por conta própria perderam muito mais. A renda despencou, e a capacidade de compra caiu junto. Por isso a inflação parece mais forte do que a taxa do IPCA, que agora acumula alta de 2,13% em 12 meses.

Míriam Leitão, colunista - O Globo