Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Com produtos que
vão de uma cachaça estampada com o rosto de Lula a um açúcar mais caro
que picanha, os sem-terra querem alimentar o Brasil
Alguns produtos vendidos pelo MST | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Num
bairro central da cidade de São Paulo existe uma loja da marca Armazém
do Campo.
A proposta da rede é vender a produção dos assentados do MST.
Na teoria, as prateleiras deveriam ser forradas por alimentos plantados
pelas mãos dos militantes do grupo. Na prática, os assentamentos não
conseguem produzir sequer todos os produtos oferecidos na cesta básica.
O
público e os preços se assemelham aos de um empório chique da capital
paulista.
Na semana passada, o açúcar da reforma agrária à venda no
Armazém do Campo vinha do coco. “Supersaudável e gostoso”, garantiu uma
consumidora vestida com uma camiseta estampada com a imagem de Lula,
boné de Che Guevara na cabeça e uma bolsa a tiracolo com a frase “o amor
venceu”.O preço: R$ 31,98 por 250 gramas. Ou seja: quase R$ 130 o
quilo — nem a picanha seria tão cara.
Açúcar de coco à venda na loja do MST, Armazém do Campo, por R$ 31,98 o pacote de 250 gramas | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
Do que tem, falta tudo
A
cesta com os alimentos fundamentais para o consumo das famílias é
formada por pão francês, carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata,
tomate, café em pó, banana, banha ou óleo, açúcar e manteiga.
No empório
do MST não há pão. Assim como não existe metade dos produtos dessa
lista. A outra metade é vendida por mais do dobro do preço médio.
“A
produção de carne ainda é muito pequena e distante”, disse um rapaz de
Santa Catarina ao tentar justificar a ausência da proteína.
Filho de
assentados em seu Estado de origem, ele comentou estar na loja cumprindo
uma missão dada pelo MST. “Funciona assim: eles pedem para migrarmos
conforme precisam de gente nos lugares”, disse. “Daí, vim para cá.”
Ele
reconheceu que nem tudo à venda vinha dos assentamentos.“A gente
procura alguns parceiros para suprir as faltas”, disse.
Ele garantiu,
porém, que a escolha acontecia somente entre os fornecedores alinhados
com os valores dos sem-terra.
Armazém do Campo, loja do MST | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
Bibelôs da revolução
Três
prateleiras à frente, azeites importados da Espanha e da Itália(cerca
de R$ 50 por um vidro com meio litro) dividiam o espaço com o café da
reforma agrária: R$ 49,98 por um pacote de 500 gramas da marca Guaií
Sustentável.
A poucos metros dali, numa grande rede de supermercados, o
café do agronegócio era vendido na mesma quantidade por R$ 17.
Azeites importados à venda na loja do MST | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
No armazém do MST, o café Guaií (500 gramas) custa R$ 46,98 | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
Ao
lado, um freezer da Heineken com as latas de cerveja estampadas com
fotos de Fidel Castro, Olga Benário e Antonio Gramsci.
Quem quisesse uma
bebida mais forte — e mais cara — podia comprar uma garrafa de meio
litro da cachaça Vidas Secas, com o rótulo homenageando Lula.
O
MST se apresenta como o maior produtor de arroz orgânico do Brasil.
A
venda de acessórios é um dos negócios em destaque.
Logo na entrada do
armazém, começa uma área para vendas de souvenir. Ela é forrada com
camisetas com a cara do Lula, canecas e garrafas com o emblema do PT,
além de guardanapos e bonés do MST.
O arroz e o feijão, dois itens
imprescindíveis na mesa das famílias brasileiras, ficam quase escondidos
no fundo da loja.
Um
pacote com 1 quilo de feijão carioca dos assentamentos custa quase R$
15.
No supermercado, o mesmo alimento sai por menos de R$ 10.
No pé de
uma prateleira esquecida, um saco de arroz orgânico de 5 quilos estava à
venda por pouco menos de R$ 38. No mercado, a mesma quantidade do
produto sai por R$ 25.
Verdade opressora?
A
safra dos assentados, contudo, que em 2022 fechou em 15,5 mil toneladas,
não conseguiria alimentar o Brasil nem por um único dia
De
acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), hoje
aparelhada por companheiros do MST,os brasileiros consomem cerca de
13,5 milhões de toneladas em um ano.Ou seja: 18,5 mil toneladas a cada
12 horas.
Além
disso, foram necessárias quase 300 famílias sem-terra, todas
localizadas no Rio Grande do Sul, para conseguir as 15,5 mil toneladas.
Fazendo uma regra de três, seriam necessárias quase 150 mil famílias
para igualar a produção.
Para
ter uma base, toda a agropecuária gaúcha emprega por volta de 100 mil
trabalhadores com carteira assinada para produzir um leque extenso de
alimentos.
A começar por 7,6 milhões de toneladas de arroz — 500 vezes
mais que o MST.Cachaça com o rosto de Lula estampado no rótulo, à venda no armazém do MST | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
No mundo real
Em
2022, o agronegócio gaúcho, longe das terras invadidas, gerou 25
milhões de toneladas de grãos.
Além do oceano de arroz, volumes
gigantescos como 3 milhões de toneladas de milho, 5,7 milhões de
toneladas de trigo e 9 milhões de toneladas de soja — carro-chefe da
agricultura nacional.
Aparentemente,
para os sem-terra, a soja também é o carro-chefe. Somando todas as
terras sob o comando dos assentados, a colheita desse grão é estimada em
2,4 milhões de toneladas. Isso é 60 vezes menos que a safra do grão
gerado nas lavouras do agronegócio brasileiro.Arroz orgânico do MST (5 quilos), vendido a R$ 37,49 | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
Pobres e ricos precisam comer
A
safra de soja colhida no país é a maior do mundo. Haveria um desastre
em escala global caso o Brasil dependesse da produção do MST para o
plantio da cultura.
O
grão é um dos mais utilizados no planeta. Vai soja até em pneu de
carro, pasta de dente e chocolate, além de diversos outros itens e da
dependência da indústria de proteína animal.
A redução da produção
brasileira geraria uma devastação em cadeia e um verdadeiro apagão
alimentar.
Um
dos grandes motivos dos chineses serem os maiores importadores da soja
brasileira é manter o maior rebanho de porcos do mundo.
Não bastasse
isso, a disponibilidade dessa leguminosa no mercado interno faz do
Brasil o maior exportador de carne de frango do planeta.
Colocando
as ideologias de lado, a população mundial precisa comer.
O MST pode
até ter uma butique gourmet, mas é o agronegócio que alimenta a
humanidade. Fachada do Armazém do Campo | Foto: Artur Piva/Revista Oeste
O Supremo já tem mais do que maioria para negar um pedido da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19para processar o ex-presidente Jair Bolsonaro, por retardar, frustrar e sabotar o enfrentamento da pandemia.
O ministro Luís Roberto Barroso é o relator; ele mesmo negou, e já foi acompanhado por mais oito ministros. Então esse é um assunto terminado, só que não. Recomendo à associação que reveja os seus conceitos, porque o tempo passou e a verdade prevaleceu. Eu acho que talvez Bolsonaro tenha errado na compra da vacina.
Agora apareceram dados sobre máscaras, tratamento, isolamento, os parentes das vítimas têm de cobrar de quem impediu que os seus entes queridos fossem tratados, de quem fez uma coisa errada.
Até entendemos que nos primeiros meses tenha havido um certo desespero, mas depois a verdade chegou, embora os negacionistas ficassem negando, inclusive negando o tratamento eficaz. Hoje vocês já sabem de quem cobrar.
Os venezuelanos e os yanomamis Um amigo, o general Rocha Paiva, de um instituto de pesquisa das coisas brasileiras, esteve em Boa Vista, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Benjamin Constant, andou por toda a região, constatou que mais venezuelanos estão chegando, fugindo daquele regime, e a Operação Acolhida os está recebendo. Mas vejam também o que ele escreve: “entretanto, fiquei surpreso com a atitude dos yanomamis. Sabia que estão jogando fora os alimentos recebidos com tanto esforço? A mídia não mostra, mas é lamentável”.
Isso me lembra meus tempos de correspondente de guerra em Angola, quando o governo de Luanda mandava coisas que eram recusadas pelas populações. Se enviavam peixe enlatado, eles achavam“meu Deus do céu, estão dizendo que eu sou incompetente pra pescar?” Se mandavam papel higiênico, eles tomavam isso como uma ofensa pessoal, “estão achando que eu não tenho higiene”.
Da mesma forma, o general diz que os yanomamis não usam panela para cozinhar arroz e feijão.
Mandaram esses alimentos, mas não é disso que eles vivem; eles comem principalmente mandioca, acho que banana, além da caça e pesca. A mídia não mostra, mas é lamentável, diz o general Rocha Paiva.
Agro tem novos indicadores positivos, mas governo insiste em desprezar o campo
Temos novos dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários referentes a janeiro deste ano: queda de 2,7% no movimento nos portos brasileiros.
A navegação internacional de longo curso caiu 3,5% e a de cabotagem, 2,4%.
Eles explicam que foi porque a exportação de minério de ferro caiu 11%, mas essa queda foi compensada, vejam só, pelo agro:
- milho, 128% a mais de movimento; açúcar, mais 32%; trigo, mais 20%.
Tudo isso é um aviso para o governo neste momento em que despencou o preço do petróleo, com bolsas caindo em toda parte depois da quebra do Silicon Valley Bank e do fechamento do Signature Bank, num domingo!
As ações dos principais bancos do mundo inteiro estão desabando e isso é algo que afeta, segundo estão dizendo, startups brasileiras que teriam lá US$ 10 milhões, ou R$ 50 milhões.
Precisamos estar atentos aqui aos fatos econômicos, e o governo tem de parar com essa história de brigar com o agro, que é nossa locomotiva; tem de apoiar a indústria, apoiar os empresários.
Se não promover segurança jurídica, o governo estará sendo masoquista.[caso tenha masoquista nessa história não é o governo - como habitual na esquerda, a trupe petista é sádica; masoquista foi o povo brasileiro quando votou na volta do criminoso à cena do crime.]
Uma má notícia para o contribuinte, para os pagadores de impostos – que somos todos nós.
Você pode achar que não paga imposto de renda, mas quando você vai na esquina comprar óleo de soja, macarrão, feijão e arroz, você está pagando imposto sim.
Talvez você tenha de pagar mais imposto e o produto vai ficar mais caro pra suprir toda essa despesa que agora está nos esperando.
Aprovaram esse teto de gastos furado. São 200 bilhões a mais de gastos. Agora, todo esse dinheiro não vai cair do céu.
Tem de sair de algum lugar.
Se emitir moeda, vão tirar o dinheiro do nosso bolso direto pela inflação; se emitirem papeis, terão de pagar mais juros, e nós vamos pagar mais juros também quando comprarmos qualquer coisa no crediário, que vai ficar mais caro. Vamos comprar menos, e o varejo vai vender menos, menos imposto será recolhido e entraremos no círculo vicioso que causou a recessão no governo Dilma. [onde está a surpresa? afinal, eles querem impor o apedeuta eleito, isso ocorrendo teremos uma Dilma mais incompetente, piorada.]
Aumento para os “cidadãos de primeira classe”
Essa volta ao passado que a gente começa a antever o mercado já percebe, assim como os investidores, os industriais.
Eu vejo pesquisas entre as indústrias, mostrando que o pessoal já está com um pé atrás, reduzindo a confiança.
O agro está parando de investir e, enquanto isso, os deputados e senadores aprovaram aumento geral para esses cidadãos de primeira classe, esse pessoal que fica pendurado na folha de pagamento pública, sendo sustentado pelos que estão trabalhando com aposentadoria bem menor, com menos férias, menos regalias.
Esse pessoal da primeira classe vai ter aumento de 18%.
São quase 30 mil funcionários da câmara e do senado, 513 deputados, 81 senadores, os ministros do Supremo, o futuro presidente da Republica, todo mundo recebendo aumento. [o efeito cascata será inevitável, desejado e, por incrível que pareça, justo.]
A arrecadação recorde do governo Que delicia! Parece que vamos desfrutar porque, afinal, o atual governo está com recorde de arrecadação. E um recorde muito saudável. A arrecadação subiu sobre a renda, sobre o rendimento, e caiu sobre a produção, estimulando o setor produtivo.Enfim, vão ter de sustentar também 37 ministérios.
Meu Deus do céu, é muito ministério! Agora, o último anunciado é o Ministério da Igualdade Racial. Eu acho que esse termo já é racista, porque usa raça como referência, mas, enfim, esse ministério será para a irmã da Marielle Franco. Vocês vão perguntar “mas o quê que ela faz?”. Ela é a presidente do Instituto Marielle Franco. Aliás, a Marielle se chamava Marielle Francisco da Silva, e adotou o “Franco”.
A irmã dela também adotou o nome e agora é Anielle Franco.
A Janja não conseguiu emplacar uma colega dela de Itaipu para o Ministério da Igualdade Racial e quem foi escolhida foi a Anielle.
Os velhos ministros de sempre e a volta ao governo de Dilma
E a Marina Silva vai paro o Meio Ambiente porque a Simone Tebet não aceitou.
Tebet só quer o Ministério do Desenvolvimento Social, que tem o Auxílio Brasil, mas esse o PT não vai dar para ela, está dando para o Wellington Dias.
A Marina Silva se junta ao velho Ministério de Todo Mundo Que Já Foi.
Tem o Alexandre Padilha, que foi da Saúde, o Zé Múcio, que foi de Assuntos Institucionais, o Mauro Vieira que foi do Itamaraty, o Luiz Marinho que foi do Trabalho, o Haddad que foi da Educação, o Mercadante que foi também alguma coisa no governo.[que nem ele lembra.]
É uma volta do passado. Está voltando, pela gastança e pelos erros, para o governo Dilma e não para aquele primeiro governo Lula, mesmo porque a conjuntura mundial no primeiro governo Lula era altamente favorável, transbordava investimento para o Brasil. O mundo ia bem, agora não; o mundo está afetado pela pandemia e pela guerra lá na Europa.
Novas tecnologias e incorporação constante de inovações
na gestão e no monitoramento da agropecuária brasileira ampliam sua
capacidade virtuosa de gerar e distribuir renda
Para 2023, o cenário da agropecuária brasileira é
muito bom, se divisões artificiais não tentarem contrapor agricultores a
agricultores, campo e cidades, ministério contra ministério. Em 6 de
dezembro, comemorou-se oDia Nacional do Extensionistae da extensão rural. O poder público busca levar aos produtores,
através da extensão rural, novos conhecimentos sobre agricultura,
pecuária e até economia doméstica. É diferente realizar essa missão
entre produtores tecnificados do Sul, com agricultores pobres no
semiárido ou para meio milhão de famílias assentadas em mais de 2,3 mil
projetos de reforma agrária na Amazônia.
Foto: Shutterstock
“Todos sejam um.” João 17,21
A extensão rural surgiu no início do século passado em alguns
Estados, como Minas Gerais e São Paulo. Organizados em escala nacional
nos anos 1950, os serviços de assistência técnica e extensão rural
(ATER) passaram por transformações institucionais e operacionais nas últimas décadas. E elas seguirão, com mudanças na agropecuária e nos governos. É natural.
O objetivo da extensão rural sempre foi o mesmo:ampliar a produção
agropecuária, pela melhoria da produtividade, elevando a renda e o nível
de vida do homem do campo. Em todos os contextos agrícolas, agrários e
rurais, a extensão busca aumentar a independência dos produtores e
reduzir sua suscetibilidade a fatores externos climáticos, sanitários,
mercadológicos etc.
Esse serviço público sempre foi diversificado em função das cadeias
produtivas, de seus dinamismos e das realidades agrárias do Brasil. São
mais de 8 milhões de estabelecimentos agropecuários e imóveis rurais. Só
no bioma Amazônia são mais de 1 milhão. Todos compõem, como num
mosaico, um só rosto, o retrato orgânico do mundo rural brasileiro.
Quem coordena esse processo é a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Anater. Em sua missão,
a Anater, além dos quadros estaduais e federais, também contrata vários
serviços de assistência técnica com empresas privadas. Extensão rural e
assistência técnica são inseparáveis e inconfundíveis.
(...)
A Anater apoia produtores em temas como: crédito, cadastro de terras e
regularização fundiária; capacita extensionistas, monitora prestadores
de serviços de Ater; conduz ações para diversificar culturas em regiões
de tabaco; promove agricultura orgânica, pequenas agroindústrias e
compras de alimentos de pequenos agricultores, além de coordenar
programas como Produzir Brasil, Agronordeste, Brasil Mais Cooperativa e
outros.
A agropecuária evoluiu, e o país é um produtor competitivo de
alimentos. E cresce como grande fornecedor de alimentos seguros e de
qualidade ao mundo. O crescimento da produção de grãos prosseguirá. Em
2023, a previsão para a safra de soja é de 150 milhões de toneladas, um
aumento de até 20%, com mais produtividade e maior área plantada.
Ao contrário do imaginado por alguns, várias tecnologias
na soja começaram praticadas por pequenos agricultores e só depois foram
adotadas por grandes, como no caso do plantio direto na palha
Para o milho, a previsão é de 126 milhões de toneladas, um
crescimento de 10%.
O Brasil é 2,5% da população mundial e produz 10% do
milho no planeta.
Com o restante dos grãos (arroz, feijão, trigo…), o
país ultrapassará 300 milhões de toneladas. Recorde histórico.
Ainda
muito abaixo da produção anual de meio bilhão de toneladas de grãos dos
EUA: 380 milhões de milho (32% do milho do planeta) e 125 milhões de
soja, em uma única safra.
(...)
Em 2023, o céu talvez não será dos mais favoráveis aos produtores.
Ameaças surgem no horizonte, vindas de visões anacrônicas, de fora do
mundo rural. A agricultura é uma só. Inimigos da agropecuária eficiente,
rentável e sustentável apresentam, por exemplo, produtores de soja como
latifundiários a serem tributados e até eliminados. São narrativas
distantes da verdade.
A realidade da soja é outra: o Censo Agropecuário do IBGE, em 2017,
identificou mais de 232 mil produtores de soja. No Rio Grande do Sul são
mais de 95 mil, e sua presença é representativa em 18 Estados. Mais de
três quartos (75,9%) são pequenos agricultores. Seus sítios e fazendas
têm menos de 100 hectares. Os médios, com menos de 500 hectares, reúnem
15,4% dos estabelecimentos agropecuários dedicados à soja. A maioria dos
produtores de soja (91,3%) são pequenos e médios agricultores, boa
parte organizados em associações e cooperativas e garantem quase 40% da
produção nacional.
Nos últimos 40 anos, a agricultura brasileira teve um
salto produtivo graças à incorporação de tecnologias que permitiram o
cultivo de novas áreas e um maior ganho de eficiência
Há uma semana, em 28 de julho, o Brasil comemorou o Dia do Agricultor. A
data remete à criação do Ministério da Agricultura, fundado em 1860,
por determinação de Dom Pedro II.
A precocidade da decisão é mais uma
prova de que as lavouras ocupam papel de destaque na economia local
desde que o país foi descoberto. Entre os primeiros grandes ciclos de
prosperidade da nação, está o cultivo da cana-de-açúcar, que teve início
em 1532 — logo que os portugueses iniciaram a colonização do litoral.
Das primeiras mudas introduzidas no território brasileiro até hoje, o
cultivo no campo passou por diversas transformações.
Foto: Shutterstock
Na década de 1980, ocorreu um dos últimos grandes movimentos que impulsionaram a agricultura brasileira. Produtores rurais migraram das regiões Sul e Sudeste do país para o Centro-Oeste, levando na bagagem técnicas mais modernas de agricultura. Isso fez com que a safra nacional desse um salto de quase cinco vezes nos últimos 40 anos.
Voltando ao açúcar, por exemplo, o Brasil é hoje o maior produtor mundial do alimento. De 8 milhões de toneladas em 1981, hoje são mais de 41 milhões de toneladas — um salto de mais de cinco vezes. Já a colheita de grãos passou de 52 milhões de toneladas para 255 milhões de toneladas no mesmo período.
Entre os principais produtos, estão arroz, feijão, caroço de algodão, gergelim, girassol, sorgo, milho e soja, como mostram os boletins elaborados pela Companhia Nacional de Abastecimento.
Um salto da agricultura brasileira Para conseguir o feito, o avanço tecnológico incorporado à agricultura foi fundamental. Além da ampliação do uso de tratores, cuja frota nacional passou de 500 mil, em 1980, para cerca de 1,25 milhão, em 2017, a utilização de adubos e defensivos agrícolas também foi imprescindível. E o mesmo pode ser dito sobre o desenvolvimento de novas variedades de sementes e mudas mais resistentes. “As soluções químicas estão entre as ferramentas que mais se relacionam com o incremento da produção na lavoura”, explica Andreza Martinez, diretora de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias agrícolas. “A revolução verde, por volta de 1960, introduziu essas inovações e, assim, contribuiu para aumentar drasticamente a produtividade de praticamente todas as culturas, não só no Brasil, mas no mundo.”
Andreza cita ainda estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura que ilustram a necessidade de defensivos e fertilizantes para a agricultura. De acordo com o órgão, cerca de 40% da produção agrícola do mundo é perdida todos os anos em razão de ataques de pragas.
“As doenças das plantas custam à economia global mais de US$ 220 bilhões por ano”, ressalta Andreza. “As culturas alimentares competem com 100 mil espécies de fungos patogênicos, 10 mil insetos herbívoros e 30 mil espécies de plantas daninhas. Ou seja, sem a contribuição dos defensivos agrícolas, esses agentes de redução de produtividade agiriam sobre as culturas sem nenhum controle, causando perdas muito grandes.”
Quanto à aplicação dos fertilizantes, a correção do solo permitiu, por exemplo, que as áreas de cerrado pudessem ser exploradas. O desbravamento dessas regiões surpreendeu até mesmo Norman Borlaug, um químico laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1970, pelas contribuições que deu à agricultura.
“O cerrado brasileiro está sendo palco da segunda ‘revolução verde’ da humanidade”, declarou Borlaug, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 1994. “Os pesquisadores brasileiros desenvolveram técnicas que tornaram uma área improdutível há 20 anos na maior reserva de alimento do mundo.”
Entre 1981 e 2021, a área ocupada por culturas de grãos em Mato Grosso cresceu praticamente 15 vezes. Ela partiu de pouco mais de um milhão de hectares para 17 milhões hectares. As plantações de soja lideraram esse processo. Hoje, o Estado localizado no Centro-Oeste é o maior produtor desse grão no país. No começo da década de 1980, a safra de soja mato-grossense era de cerca de 360 mil toneladas, menos de 3% de toda a colheita nacional. Em 2021, os agricultores do Estado colheram cem vezes mais, chegando a 36,5 milhões de toneladas com essa cultura, ou seja, pouco mais de um quarto de toda a safra brasileira de soja no ano passado.
As novas técnicas envolvem ainda o plantio direto no solo e a manutenção palhada — restos das plantas —, deixada depois da colheita. Justus também cita o desenvolvimento de novas sementes e variações de plantas. “O cerrado não valia nada, porque dava, no máximo, um gado solto, criado de forma extensiva”, lembra. “Hoje, são plantadas ali duas safras por ano. Isso é possível porque, no sistema de agricultura tropical brasileiro, é feito um plantio de soja, que carrega o solo de nitrogênio, absorvido depois no plantio do milho.”
Justus afirma que tanto a soja quanto o milho não teriam se adaptado ao Brasil sem os fertilizantes nem os defensivos. O cultivo feito sem esses insumos renderia uma safra que não cobriria os custos de produção, segundo o especialista. Além disso, “a utilização do adubo químico é uma reposição de nutrientes necessária para a produção”, argumenta.
A combinação de ciência e tecnologia, aliada à expansão do plantio, trouxe um ganho de produtividade que é medido pela quantidade colhida em uma mesma porção de terra. Em 40 anos, a safra de soja por hectare praticamente dobrou nas lavouras mato-grossenses. Para os grãos de modo geral, o ganho passou de três vezes.
Aprendendo com o mundo Para que esse leque de tecnologias se disseminasse, Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura, foi fundamental. Na década de 1970, ele ocupou o cargo de ministro da Agricultura e se envolveu na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele lembra que, em 1974, nenhum país tropical tinha o conhecimento científico próprio necessário para desenvolver a agricultura nessas áreas.
A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta
“Nós mandamos mais de 1,5 mil técnicos para os melhores centros de ciência do mundo”, conta. Eles tinham de ir até lá, ver o que se fazia de melhor, mas tinham o compromisso de voltar e desenvolver aqui a tecnologia e a inovação para o bioma tropical brasileiro”, contou. “E isso deu certo, porque, além desse esforço, nós criamos a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, responsável por transferir a tecnologia desenvolvida para os produtores rurais.”
Safra de ganhos para o Brasil Mais grãos e pastos melhores também impulsionaram os rebanhos brasileiros.Todas essas transformações aumentaram a relevância da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 1990, o setor foi responsável por 6,7% de PIB. No ano passado, essa fatia subiu para 14%. Na pauta de exportações, houve a mesma expansão. De cada US$ 100 que o Brasil ganhou com o mercado externo em 1997, US$ 11 vieram da produção rural. Em 2011, essa relação cresceu para US$ 20 por US$ 100.
A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta. A média de calorias disponível diariamente por brasileiro chega a 3,3 mil — são 100 quilocalorias a mais que a Suécia, e acima também de nações como Holanda e Nova Zelândia, conforme mostram dados de um levantamento realizado em 2018 pelo site Our World In Data, vinculado à Universidade de Oxford.[e aquela sueca, Greta qq coisa,quer cantar de galo no Brasil.]
De arroz e feijão, o prato mais popular do país, são cerca de 60 quilogramas por habitante anualmente. O consumo médio interno de carnes, somando aves, bovinos e suínos, foi de cerca de 100 quilos por cabeça em 2021. De leite, a disponibilidade passa de um copo por dia para cada brasileiro. E ainda existe a produção de itens análogos à alimentação, como os biocombustíveis. A fabricação brasileira de etanol, sozinha, bateu cerca de 30 bilhões de litros no passado. E, em biodiesel, foram quase 7 bilhões de litros.
Produzindo com preservação ambiental Essa produção toda foi possível aliando preservação de matas nativas, uma vez que 66% do território nacional está intocado. Levantamentos realizados pela Embrapa, pela Nasa e pelo Mapbiomas mostram que a agricultura ocupa apenas 8% de todas as áreas brasileiras.[as terras indígenas, ociosas, ocupam quase que o dobro. E quando somadas com a pecuária, as terras ocupam o dobro das terras ociosas = terras indígenas.] Somando com a pecuária, as terras destinadas ao agronegócio representam cerca de 30% do país.
A área preservada corresponde ao território de 17 Estados brasileiros, incluindo os dois com o maior território: Amazonas e Pará. Ao mesmo tempo, a área empregada para o cultivo das lavouras equivale ao tamanho de Goiás e Tocantins.
É a revolução verde. Um verde que vem tanto da agricultura quanto do meio ambiente.
Sri Lanka destruiu sua
agricultura ao botar em prática as palavras bonitas da ONU
Como vocês sabem, lá no Sri Lanka
o presidente teve de fugir para o exterior, porque o povo invadiu o
palácio presidencial no sábado. Sabem qual foi a causa disso? Estou
inspirado no Xico Graziano, num artigo que saiu também no Poder 360: o
tal do produto orgânico.
Ele prometeu na campanha eleitoral que não
haveria mais importação de defensivos e fertilizantes químicos, e fez
isso exatamente baseado num relatório da ONU.
O pessoal da ONU fala e escreve essas coisas, é tudo muito bonito, já
acompanhei de perto essas coisas lindas da notícia, da fama; pois ele
aplicou.
Casal cultiva horta caseira no Sri Lanka: política agrícola do governo causou escassez de comida e revolta popular. - Foto: Chamila Karunarathne/EFE/EPA
Em seis meses essa política já tinha arrasado a cultura do arroz em um país que era exportador. O preço interno subiu 50% e tiveram de importar arroz para comer porque a produtividade despencou 35%.
Vocês acham muito? Pois a produtividade do chá caiu pela metade. A do coco, outro grande produto de lá, caiu 30%.
A do milho também caiu pela metade. Então, gente, quando aparecem essas novidades, essas coisas bonitinhas, tudo bem testar em pequenas propriedades, avulsas, meio raras e para quem pode pagar o preço, porque fica mais caro; em larga escala, no entanto, o Sri Lanka mostrou que fracassou. É bom a gente lembrar que Norman Borlaug ganhou um Prêmio Nobel por aumentar a produção de alimentos do mundo, aplicando fertilizantes e defensivos, principalmente.
então, está pedindo que o relator, o senador Renan Calheiros, mande as provas. Faz mais de meses que ela está pedindo e não vem nada.
Então, a PF está apelando para o Supremo, já que foi o Supremo que mandou abrir essa CPI,que mande também enviar as provas para a polícia conseguir concluir os inquéritos e encaminhar tudo para a procuradoria com as devidas provas. Do contrário, não adianta nada: é só trabalho perdido da CPI, tempo perdido de quem acompanhou, da PF, vamos esperar que seja tudo encaminhado.
A
propósito de CPI da Covid, eu vi aqui no Poder 360 que quem mais lucrou
com a pandemia foi a Pfizer.
O lucro líquido mais que dobrou, subiu
131%.
A vacina rendeu US$ 13,2 bilhões;
um tal de Paxlovit, US$ 1,5
bilhão de dólares. Bom negócio.
Agora, diga-se a favor de todos os
laboratórios que uma parte do preço do medicamento é destinada depois à
pesquisa de novos avanços; tomara que a Pfizer aplique esse dinheiro em
pesquisas de vacina, por exemplo.
[Lula = o rei da mentira = o Pinóquio de nove dedos] O ex-presidente Lulaandou passando por Brasília e deu uma entrevista para o Correio Braziliense. Depois de ter chamado Bolsonaro de mentiroso, ele afirmou que foi o político mais investigado do país e não acharam nada contra ele. E ainda disse que a denúncia do petrolão foi recusada pela Justiça de Brasília.
Pois é... Eu contei aqui as vezes em que Lula mencionou Bolsonaro: nove vezes.Alckminele mencionou duas vezes. Parece até que Bolsonaro é seu companheiro de chapa...
Campeões de eficiência, produtores rurais não atendem apenas ao mercado externo
Ceasa no Rio de Janeiro | Foto: Shutterstock
O mito de que o agronegócio alimenta o mundo, mas deixa o brasileiro passando fome, não se sustenta mais. Nem a concepção de que dependemos de pequenos agricultores primitivos, como o clichê criado por movimentos de esquerda.
A produção agrícola que fornece alimentos para a população do Brasil não é aquela cultivada apenas na enxada, no arado puxado à tração animal e adubada somente com esterco. Esse agricultor ainda existe, mas não consegue colher mais que o suficiente para o próprio sustento. Equipamentos como tablets e drones aparecem com frequência cada vez maior no campo.
O agronegócio, que pode ser familiar ou empresarial, usa técnicas modernas e ocorre em áreas de todos os tamanhos. O Censo Agro 2017 mostrou, por exemplo, que o número de tratores, próximo de 250 mil em 1975, pulou para 1,25 milhão.
Com a evolução tecnológica continuamente avançando na área rural, a disponibilidade de alimentos deu um salto. A produtividade do arroz, um dos principais pratos consumidos no país, aumentou mais de seis vezes desde o fim da década de 1970, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o feijão, o crescimento chegou a três vezes. Em quase 50 anos, a cultura de grãos no Brasil ficou, em média, quatro vezes mais eficiente. A colheita saiu de cerca de uma tonelada por hectare para quase quatro toneladas por hectare em 2021.
Primeiro Mundo em comida na mesa
O agronegócio brasileiro consegue disponibilizar cerca de 13 milhões de toneladas de arroz e feijão anualmente para o consumo interno. São 60 quilos por habitante, ou 240 quilos para uma família formada por pai, mãe e dois filhos.
A fabricação do óleo de soja, amplamente utilizado nos lares nacionais, é sete vezes superior ao consumo interno. E a safra do grão in natura — acima de 120 milhões de toneladas — supera em mais de duas vezes a demanda do país. A colheita de milho, outro item bastante procurado, deve passar de 100 milhões de toneladas neste ano, sendo que 77 milhões delas ficarão por aqui.
No Brasil robusto na produção de alimentos, a média de quilocalorias consumida diariamente por habitante chega a 3,3 mil — são 100 quilocalorias a mais que a Suécia, e acima também de nações como Holanda e Nova Zelândia. Os dados fazem parte de um levantamento realizado em 2018 pelo site Our World In Data, vinculado à Universidade de Oxford. Como costuma dizer o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura durante o governo Lula, “comida no Brasil não falta. A distribuição que é ruim.”
Mais carne que a média da OCDE
A oferta de carnes por habitante, somando bovinos, suínos, aves e carneiros, se aproximou de 80 quilos por ano em 2019, conforme dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, na sigla em inglês). O consumo brasileiro ficou acima da média dos países membros do órgão, que o coloca como o sexto maior per capita do planeta. À frente do Brasil estão Estados Unidos, Israel, Austrália, Argentina e Chile.
Ainda falando da contribuição pecuária, as granjas nacionais de galinha produziram cerca de 55 bilhões de ovos em 2021. Praticamente 100% ficou no mercado interno, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. E existe também a ordenha de leite de vaca, estimada em 35 bilhões de litros em 2020. Ou seja: 160 litros por habitante.
Gigante na produção
O Valor Bruto da Produção rural vai passar de R$ 1 trilhão pelo segundo ano seguido em 2022. Além de todos os itens já citados, a conta também inclui grandes volumes de algodão, amendoim, banana, batata, café, cana-de-açúcar, laranja, tomate e outros. Na prática, quase todos os alimentos consumidos no país têm origem local. Tanto que a exportação agrícola foi dez vezes maior que a importação: praticamente 120 milhões de toneladas, contra 12 milhões de toneladas.
O agronegócio também abrange a agricultura familiar. Esse modelo não está ligado à renda ou à tecnologia embarcada na propriedade
Na pauta da importação agrícola, o trigo aparece com o maior peso: 6 milhões de toneladas. Apesar disso, metade da demanda interna de 12 milhões de toneladas vem das lavouras nacionais. E, graças às sementes desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a autossuficiência pode ser alcançada. Tudo depende de políticas públicas e crédito.
Prosperidade no campo e na cidade
Essa expressiva produção também traz desenvolvimento rural e urbano às regiões onde ela acontece. O cerrado baiano é uma das partes beneficiadas do país. Júlio Cézar Busato, atual presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, viu e viveu esse desenvolvimento agrícola.
A família Busato partiu de uma propriedade modesta, com cerca de 80 hectares no interior do Rio Grande do Sul, na década de 1980 para um grupo empresarial familiar que emprega em torno de mil funcionários atualmente. Em entrevista a Oeste, o empresário comentou a transformação gerada pelo impacto positivo da agricultura na região do município de Luís Eduardo Magalhães, no interior da Bahia. “Quando cheguei, em 1987, o oeste da Bahia plantava 183 mil hectares de soja, e hoje o plantio chega a 2,7 milhões de hectares, contando soja, milho, algodão, frutas e outras culturas”, comentou. “Luís Eduardo Magalhães era um posto de gasolina abandonado no meio do nada. Agora, a cidade tem o terceiro IDH da Bahia e 100 mil habitantes. Isso mostra o desenvolvimento que a agricultura traz. Todo mundo ganha dinheiro com esse ciclo, não apenas o agricultor. Na fazenda, existem vários funcionários de diferentes áreas, como técnicos, agrônomos, operadores de máquinas, mecânicos e cozinheiros. São eles que vão comprar carros, colocar os filhos em escola particular, construir suas casas, ir aos supermercados. É isso que movimenta a economia e que fez brotar numa região oportunidades para se libertarem da pobreza e da dependência dos programas sociais.”
Agronegócio também é familiar
No Brasil, propagou-se a ideia de que o agronegócio não é o grande fornecedor de alimentos. Essa distorção coloca — erroneamente — o agricultor rudimentar, com pouco espaço de terra e baixa tecnologia, como o maior responsável pela comida que vai para a mesa. O mito confunde inclusive esse tipo de produtor com o que seria a agricultura familiar.
O fato é que o agronegócio também abrange a agricultura familiar. Esse modelo não está ligado à renda ou à tecnologia embarcada na propriedade. Para ser uma chamada Unidade Familiar de Produção Agrícola (UFPA), o estabelecimento rural precisa atender a quatro critérios definidos em lei: a propriedade não pode ultrapassar as dimensões de quatro módulos fiscais, a renda da família deve vir majoritariamente daquela terra e a gestão bem como a maior parte da mão de obra empregada têm de ser familiar.
As regras não proíbem o uso das mais avançadas tecnologias,a venda para outros países nem o acúmulo de riqueza. Em alguns casos, as propriedades podem até mesmo ter dimensões que não parecem exatamente “pequenas”.
A medida de cada módulo fiscal é diferente de um município para outro. Em Mato Grosso, o Estado que tem a produção agrícola com o maior Valor Bruto no Brasil, o módulo fiscal varia de 60 a 100 hectares. Sendo assim, uma fazenda com 400 hectares (em torno de 500 campos de futebol) pode ser uma UFPA.
Em Guaxupé (MG), por exemplo, a agricultura familiar está limitada a 100 hectares de terra. A Cooxupé, cooperativa dos cafeicultores locais, formada por agricultores desse modelo de produção, é uma das grandes exportadoras do grão do país e aplica as mais modernas técnicas na lavoura para garantir produtividade e qualidade.
A origem da safra
Realizado em 2017, o último Censo Agropecuário revelou que 77% dos estabelecimentos rurais fazem parte da agricultura familiar. Eles, porém, ocupam 27% das terras dedicadas à agropecuária no Brasil. Todo o restante — quase três quartos da área agrícola — é gerido pelo modelo denominado empresarial. Isso mostra a colcha de retalhos que forma o campo brasileiro. A produção de alimentos, no fim das contas, é feita nos dois modelos interligados. O que faz a força da produção brasileira chegar às nossas mesas.
A Embrapa Territorial identificou quase 3 milhões de
hectares com condições favoráveis para a triticultura nos cerrados
brasileiros
Plantação de trigo | Foto: Shutterstock
Companheiro! Hoje, essa expressão possui tons políticos. Seu significado literal evoca aquele com quem compartilhamos o pão (cum panis).
O pão é um dos maiores símbolos da alimentação humana. É alimento
material e espiritual. Como na metonímia, o pão nosso de cada dia. O
Cristianismo considera Jesus Cristo o Pão da Vida (Jo 6,48) e associa
Pai Nosso (ORAÇÃO) e Pão Nosso (EUCARISTIA). A fabricação do pão é
simples: farinha de trigo amassada com água e um pouco de sal. A massa
com levedura descansa, cresce e vai a um forno com temperaturas altas.
Quando falta trigo, falta pão. E não só. A farinha de trigo é a base de
macarrões, bolachas, bolos, pizzas, pastéis, pudins, bolinhos…
O trigo é o segundo cereal mais cultivado e produzido no mundo,
depois do milho. E é também o segundo cereal em consumo humano, depois
do arroz. Mais de 70% do trigo é destinado à alimentação humana,
enquanto boa parte do milho é usada na produção de etanol, ração animal e
outras finalidades não alimentares. O trigo é a principal fonte de
calorias em mais de 80 países. O Brasil, grande produtor e exportador de
alimentos, depende de importações de trigo.
Em 2021, houve uma exportação recorde de mais de 2 milhões de toneladas de trigo brasileiro
O Brasil é o sétimo importador mundial de trigo e compra na ordem de 7
milhões de toneladas por ano, essencialmente da Argentina (85%). Foram
quase US$ 3 bilhões, apenas em 2021, enviados ao exterior para não
faltar pão nem macarrão. Em 2021, o país plantou 2,74 milhões de
hectares de trigo e colheu 7,7 milhões de toneladas. Uma safra recorde. O
consumo interno foi de 12,5 milhões. A atual produção brasileira atende
mais da metade da demanda interna.
Os cinco principais exportadores de trigo são Rússia, Estados Unidos,
União Europeia, Ucrânia e Argentina. A produção mundial em 2020 foi da
ordem de 770 milhões de toneladas, cultivados em cerca de 219 milhões de
hectares. Rússia e Ucrânia representam juntas cerca de um terço do
trigo exportado no mundo e são os grandes fornecedores da África do
Norte. A Ucrânia é o quarto exportador de trigo. A guerra elevou o preço
internacional do trigo em mais de 30%.
Moinhos, indústria agroalimentar e de rações relutam em pagar por
aqui as valorizações refletidas do mercado internacional pela guerra
para os cereais. O milho está em patamares próximos das máximas
históricas no Brasil. As cotações do trigo atingiram o maior valor em 14
anos. O mercado interno anda devagar, à espera de alguma pouco provável
acomodação nos preços.
O Brasil também exporta trigo. Milhões de toneladas. Todo santo ano.Em 2021, por razões logísticas e econômicas, houve uma exportação recorde de mais de 2 milhões de toneladas de trigo brasileiro. E a exportação prossegue em 2022. Razões de mercado não faltam, e a guerra na Ucrânia ajuda.
Com câmbio favorável e um mercado interno em marcha lenta, a exportação de trigo atingiu volumes nunca vistos. A estimativa de exportação de trigo do
Brasil no período 2021/22 (de agosto a julho) foi revisada de 2,5 para
2,7 milhões de toneladas. De dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, os
embarques de trigo somaram cerca de 2 milhões de toneladas, o dobro do
volume de todo o ano passado. Em todo o mundo, a guerra ampliou a
exportação de trigo em 25%.
Isso comprometeu a disponibilidade interna e as margens dos moinhos.
Logo, o Brasil só contará com as importações para atender à demanda
interna, até a nova safra, em setembro. Para o presidente da Associação
Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo),
Rubens Barbosa, o Brasil vive o livre mercado. Isso proporciona
exportações na conjuntura atual e estimula a ampliação do plantio na
nova safra. Em 2022, o Brasil semeará 3,6 milhões de hectares, a maior
área dos últimos 36 anos. Se o clima ajudar e a produtividade média
atingir 3 toneladas por hectare, a produção nacional se aproximará de 10
milhões de toneladas.
O trigo pode seguir o caminho da soja e do milho nas últimas décadas.
Em 20 anos, o Brasil passou de 35 milhões de toneladas de milho por ano
para cerca de 120 milhões. Para a Embrapa Trigo,limitados unicamente ao mercado interno, os triticultores tinham poucos
incentivos. Agora, os preços externos elevados dão sustentação aos
preços internos. A demanda da indústria brasileira é boa e oferece
garantias aos produtores. A Argentina, principal exportador para o
Brasil, está diversificando seus mercados. O Brasil tem boas
oportunidades para ampliar a exportação ao mercado africano.
As regiões tradicionais no Paraná enfrentam dificuldades para
expandir a área de trigo. Os cultivos de inverno ocupam apenas 20% das
áreas cultivadas no verão. Já no Rio Grande do Sul, a área poderá
crescer em até 30% em 2022. A Embrapa, junto com o setor privado, lidera
a expansão de área e o aumento da produtividade do trigo tropical.
Minas Gerais e Goiás expandiram em mais de três vezes a área cultivada
entre 2012 e 2020, e ultrapassaram 100 mil hectares.
Experimentos da Embrapa e parceiros comprovam o potencial de produção detrigo tropical de sequeiro
no Norte e no Nordeste, como em Roraima, Piauí, Maranhão, Alagoas e
Ceará. Algo inimaginável tempos atrás. É a capacidade científica de
adaptar o trigo às condições tropicais, como foi feito para a soja, com
variedades adaptadas até ao clima equatorial. E essa expansão poderá
ocorrer sem implicar novos desmatamentos, em áreas já utilizadas nos
cerrados com a produção de grãos. A Embrapa Territorial identificou 2,7
milhões de hectares com condições favoráveis para a triticultura nos
cerrados brasileiros.
A produtividade do trigo aumenta constantemente. Na década de 1990, a
média era de 1,5 tonelada/hectare (ton/ha). Na de 2000, chegou a 2,5
ton/ha, quase 70% a mais. Hoje, as melhores lavouras já superam 5 ton/ha
nas regiões produtoras. No Cerrado, sob irrigação, com variedades da
Embrapa, como a BRS 264, produtores atingem mais de 9 ton/ha.Paulo
Bonato, de Cristalina (GO), colheu 9,63 ton/ha em 2021, um recorde
mundial de produtividade. O trigo avança, graças às melhores tecnologias
de produção, ao empreendedorismo e à competência dos agricultores.
A conhecida expressão “pão e circo” (panem et circenses) foi usada pelo poeta satírico romano Juvenal (Decimus Iunius Iuvenalis) para
denunciar a distribuição de pão e a organização de jogos pelos
imperadores romanos para desviar a atenção dos cidadãos de outras
preocupações importantes. No circo político atual do Brasil, o pão tem
sido usado para desviar a atenção dos legítimos problemas e de suas
verdadeiras soluções. A falta de trigo derivada da guerra neste momento é
estimada em menos de 1% do cultivo global. E a produção de trigo no
Brasil já é grande e pode avançar mais e rapidamente. Isso é relevante.
Para o presidente da Embrapa, Celso Moretti,
tempos de guerra relembram a importância da segurança nacional, e isso
inclui a segurança alimentar e a necessária autossuficiência brasileira
na produção de trigo. O país deve adotar as políticas e os mecanismos
necessários para expandir a produção tritícola. Não há solução mágica. O
Ministério da Agricultura aprovou um plano da Embrapa Trigo
para expansão da produção da triticultura no Cerrado. Os recursos
previstos de R$ 2,9 milhões fomentarão ações por 36 meses. Os objetivos
são: aumentar a área cultivada em 40% até 2025, de 252.000 hectares, em
2021, para 353.000 hectares; capacitar 70 assistentes técnicos; produzir
1.760 toneladas de sementes no período; apoiar dias de campo, unidades
demonstrativas, lavouras expositivas e visitas técnicas, além de fóruns e
reuniões de pesquisa.
As ações de pesquisa e transferência de tecnologia serão em São
Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, além
do Distrito Federal. Deveriam complementar essas ações, melhorias na
logística, impostos equilibrados e incentivos aos setores envolvidos, da
produção à pós-colheita.
Pão de hoje, carne de ontem e vinho de outro verão fazem o homem são,diz o adágio latino. Carnem hesternam, panem hodiernum, annotina vina, sume libens dicto tempore, sanus eris.
A sanidade alimentar está ao alcance de tratores e mãos dos produtores
brasileiros. Sus! A Embrapa estima ser possível produzir até 22 milhões
de toneladas/ano de trigo no Brasil. Isso triplicará a produção atual e
tornará o país um dos dez maiores exportadores de trigo. Sus! O Brasil
tem tecnologia e produtores preparados. Precisa subir no barco certo. Já
dizia Gil Vicente no Auto da Barca do Inferno: “Companheiro… Sus, sus! Demos à vela!”.