O
presidente Michel Temer chegou a fazer ironia, nesta quarta, com o
inquérito que apura se o tal decreto dos portos beneficiou a empresa
Rodrimar. Bem, essa era a acusação. Essa era a investigação. Mas já foi o
tempo em que uma investigação tinha de se ater, afinal de contas, a um
objeto determinado. Agora não! Como a Polícia Federal não encontrou
nenhuma evidência de que a coisa aconteceu, então começou a investigar o
patrimônio de Temer e de seus familiares a partir de acusação nenhuma.
Em nota oficial, o presidente afirmou que a investigação “entrou no
terreno da ficção policial” e que se trata de “um escândalo digno do
Projac”, referindo-se aos estúdios da Globo em que se gravam as novelas.
É evidente
que o presidente tem razão. Se o procedimento posto em prática com ele
se generalizar, nunca mais um sujeito deixa de ser investigado. Mais: a
acusação torna-se desnecessária. Não se vai mais investigar um fato. O
que teremos serão pessoas permanentemente investigadas. Ainda que
houvesse motivos para manter o caso aberto — e não há —, faria tanta
diferença esperar que passem os menos de seis meses de mandato? No caso
dos atos anteriores ao exercício do cargo, não há que se cumprir o que
diz a Constituição.
Blog do Reinaldo Azevedo