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quinta-feira, 19 de março de 2020

Sem clientes e boates vazias: o coronavírus abala a prostituição de luxo - Blog Gente - VEJA

O relógio marca 21h30 de quarta, 18, na boate Bahamas, a famosa casa frequentada por prostitutas de luxo em São Paulo, quando logo na entrada se vê uma recepcionista resignada ao ser perguntada sobre o número de profissionais do sexo trabalhando naquele momento na casa: dezesseis. Em época pré-coronavírus, esse número nunca era inferior a sessenta. Em alguns dias, chegava a 100. Ao entrar pela porta de vidro que dá acesso ao lounge do andar térreo, constata-se semblantes de desolação. Mulheres vestidas de lingerie cavadas conversando entre si e mexendo no cabelo. Elas estão sem ter com quem interagir. A pista de dança com um pufe que imita salto alto está vazia. Duas discoballs giram solitárias, sem a presença de ninguém por perto.

Há apenas quatro clientes em toda a casa, que tem área de 1.740 metros quadrados. Um deles joga sinuca com uma loira, outro circula de roupão entre as mesas e dois amigos dão baforadas em cigarro eletrônico no fumódromo. “Estamos desesperadas”, diz Cecília, de 25 anos. Mineira de Belo Horizonte, Cecília diz estar preocupada com as contas que não deixarão de chegar. “Ainda mais porque passei o Carnaval em Ilhabela e fui em bazar de roupas de blogueiras, não guardei dinheiro nas últimas semanas.”

Pista de dança do Bahamas: sem uma alma viva João Batista Jr./VEJA

Ela cobra entre 400 e 500 reais pelo programa – mas não descarta reduzir o valor caso a demanda por seus serviços continue em baixa. No subsolo do Bahamas, onde há um enorme bar, além de vestiário e banheiro coletivo, não há uma mísera alma. O bar de lá, aliás, está desativado, mantendo o atendimento de comidas e bebidas apenas no térreo. Se antes a regra era a profissional aguardar um contato visual do potencial cliente para se aproximar, a crise causada pelo coronavírus fez o approach, digamos assim, ser mais direto — como invadir o banheiro masculino quando um homem entra no local. Duas garotas de programa contam que a casa de Oscar Maroni Filho adotou algumas medidas para evitar a contaminação de coronavírus. Se elas estiverem com febre ou tosse, não podem aparecer para dar expediente.

Há apenas um frasco de álcool em gel em cima do bar. “Atender por aplicativo me irrita, mas talvez seja uma solução diante desses problemas de saúde”, diz uma morena de 23 anos usando um maiô recortado mostrando a barriga tanquinho.
Por volta das 23h, um rapaz de cerca de 27 anos chega ao local. As duas TVs exibiam clipe de Bad Romance, de Lady Gaga. De barba, calça cáqui e camisa polo da Lacoste preta, ele chamou a atenção de Cecília – imediatamente, ela levantou-se para conversar. Terminada as tratativas, ele comprou um vinho branco Crios e os dois subiram para o quarto, que fica no “hotel colado ao Bahamas.”

Em VEJA, MATÉRIA COMPLETA


sábado, 10 de agosto de 2019

A rotina de Lula na PF - Presença de Lula na PF gera rodízio de agentes e 'plantão de agrados'




Lula é vigiado por uma equipe de segurança exclusiva. São oito policiais que se revezam de dois em dois em plantões de 24 horas



No dia 14 de novembro de 2014 a Operação Lava Jato deu um salto em importância ao prender empreiteiros, lobistas, advogados, executivos e operadores financeiros.

As seis pequenas celas da carceragem da sede da Polícia Federal em Curitiba ficaram superlotadas com mais de 20 presos endinheirados, misturados a criminosos comuns que ali estavam por se envolver com tráfico de drogas, contrabando e estelionato.

O fluxo de visitantes e advogados na sede da PF aumentou significativamente desde então. Mas nada comparado com o que aconteceria a partir de 7 de abril de 2018, quando a rotina da PF e da vizinhança seria alterada radicalmente. Lula está preso há um ano e quatro meses após condenação em segunda instância na Lava Jato, acusado de aceitar a promessa de um tríplex em Guarujá como propina em troca de contratos da empreiteira OAS com a Petrobras. Um esquema especial foi montado para acomodar o ex-presidente no 4º andar do prédio. O local foi isolado e um aposento com banheiro foi adaptado para atender as exigências de uma sala de Estado-maior, benefício concedido pelo então juiz federal Sergio Moro a Lula "em atenção à dignidade do cargo que ocupou".

A cela onde vive o ex-presidente mede 15 metros quadrados e antes era usada como quarto de descanso de policiais em viagem a Curitiba. Ali Lula tem à disposição armário, aparelho de TV, rádio e esteira ergométrica, onde faz caminhadas matinais.
Um isopor é usado para armazenar alimentos como presunto, queijo, sucos e frutas. No corredor, um pequeno frigobar fica a disposição tanto de Lula quanto dos policiais que o escoltam. Sozinho no último andar do prédio, Lula é vigiado por uma equipe de segurança exclusiva. São oito policiais requisitados de outras unidades da Polícia Federal e que se revezam de dois em dois em plantões de 24 horas por 72 horas de descanso. A cada 30 dias a equipe muda, o que impede que algum deles crie intimidade excessiva com o petista. Os agentes federais ficam de guarda no corredor, enquanto Lula, na maior parte do dia, está fechado no seu quarto.

O normal é que ele passe cerca de 22 horas do dia sem contato com alguém.
Às segundas, terças, quartas e sextas-feiras, o ex-presidente recebe duas vezes por dia em sua cela a visita de seus advogados --uma hora durante a manhã e uma hora à tarde. Os presos comuns, na carceragem da PF, encontram seus advogados no parlatório.  Nas quintas-feiras o ex-presidente recebe familiares. Permanece com eles do começo da manhã até o meio da tarde. Nas duas horas do final do dia ele recebe amigos.  Os admiradores também demandam atenção dos funcionários e policiais federais. Não é raro que pessoas se apresentem na recepção da PF pedindo para enviar presentes e cartas para Lula. Recepcionistas e agentes gastam tempo explicando que o ex-presidente não pode receber agrados, sobretudo objetos como vasos de vidro, materiais com pontas cortantes e até bebidas alcoólicas.

Lula vai para o banho de sol em uma área antes usada como fumódromo. Nessas horas é preciso esvaziar o corredor para que o ex-presidente se desloque do 4º para o 3º andar. Ele desce uma escada, já que não há elevador entre esses andares.  Há preocupação especial com a imagem de Lula. Antes de ele entrar no espaço do banho de sol, um agente verifica se não há drones ou helicópteros sobrevoando o espaço com câmeras. Em  nenhum momento Lula encontra outros presos, seja os da Lava Jato ou prisioneiros acusados de outros crimes. Eles tomam banho de sol num pátio que fica do lado da carceragem, no 1º andar.

Responsável pela solicitação de transferência de Lula para outra unidade prisional, o superintendente da PF no Paraná, Luciano Flores, argumenta no documento que após a prisão do ex-presidente "diversas pessoas passaram a se aglomerar no entorno da Sede da Polícia Federal; que a presença de grupos antagônicos passou a demandar atuação permanente dos órgãos de segurança de forma a evitar confrontos, garantir a segurança dos cidadãos e das instalações; que toda a região teve sua rotina alterada".  Antes mesmo de Lula chegar ao Paraná já havia militantes contra e a favor do presidente no entorno da sede da PF esperando sua chegada. Os apoiadores do petista montaram um acampamento num terreno baldio distante algumas quadras. Depois, alugaram um espaço bem em frente ao prédio e lá permanecem.

Em episódios em que se enxergou a possibilidade de Lula ser colocado em liberdade, como numa decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello que, em dezembro de 2018, determinou que presos cumprindo pena antecipada por condenação em segunda instância fossem soltos, o entorno da PF foi tomado por manifestantes contra Lula.  Em dias de protesto a segurança é reforçada e os grupos de apoiadores e opositores do petista são separados.  A decisão de Marco Aurélio foi derrubada pelo presidente do STF, Dias Toffoli, e o dia terminou sem incidentes.

O PT mantém em Curitiba uma estrutura para dar apoio a Lula, que é presidente de honra do partido. Desde o dia da prisão está na cidade o cientista social Marco Aurélio Ribeiro, que cuida da agenda do ex-presidente há cinco anos. Ribeiro é responsável por organizar a correspondência de Lula com os familiares, amigos, militantes e líderes de movimentos sociais. Ele recebe e-mails e cartas enviadas para Lula, organiza tudo e depois envia ao ex-presidente por meio do advogado que visita o petista. Na saída, pega com o defensor as respostas de Lula e envia para os destinatários. Ele também mantém o petista informado fazendo uma compilação de notícias de jornais, sites, revistas e artigos de opinião. [Lula já foi flagrado lendo jornais de cabeça para baixo - os jornais.]

Demandas do cotidiano do ex-presidente, como roupas, material de higiene pessoal, toalhas e roupa de cama, ficam a cargo dos seguranças de Lula. A equipe é formada por oito militares do Gabinete de Segurança Institucional, uma prerrogativa para todo ex-presidente da República. Dois desses militares estão sempre em Curitiba para fornecer o que Lula precisar. [só no Brasil acontece um absurdo desse: um bandido cumprindo uma condenação e outra já pronta para emendar e mais oito processos - que vão gerar novas condenações - ter assessores;
queriam liberar até motorista para o presidiário, é que alguém lembrou que bandido quando sai da cadeia para prestar depoimento é transportado em viatura policial. ]