Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador fumo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fumo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

UTILIDADE PÚBLICA - MÉDICO ROBERTO KALIL DÁ 10 DICAS PARA A SAÚDE DO CORAÇÃO - O Globo

Saúde - Roberto Kalil

DE SONO À DIETA: O MÉDICO ROBERTO KALIL DÁ 10 DICAS PARA A SAÚDE DO CORAÇÃO

Veja dicas do cardiologista sobre alimentação, exercícios e outros hábitos saudáveis


Um dos médicos com o consultório mais cobiçado do Brasil, responsável por cuidar do coração de presidentes, ministros, atletas, artistas e pacientes de todos os estados, o cardiologista Roberto Kalil inaugura um novo produto do GLOBO, exclusivo para assinantes, chamado Tem que Ler.

A partir de hoje e ao longo de dez semanas, o Tem que Ler trará dez grandes nomes da medicina brasileira, de especialidades diferentes, dando dicas práticas e certeiras sobre o que é preciso fazer para viver mais.

O Tem que Ler sobre saúde é só o primeiro de uma série de temas que o GLOBO trará para você nos próximos meses. O conteúdo virá em diversos formatos: textos, vídeos, jogos, interatividade.

Vamos começar? Leia abaixo as 10 dicas de Kalil, que é presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração, em São Paulo, e diretor da Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.

COMA COMO OS ITALIANOS

A escolha correta de alimentos é uma parte muito importante do estilo de vida saudável. Desde a década de 1950 se observa que certas dietas, em especial as dos países em torno do Mediterrâneo, estão associadas a menor incidência de doenças cardiovasculares.  
A dieta mediterrânea é variada e é a dieta em que existe o maior número de evidências científicas de seu benefício. 
É uma dieta rica em verduras, frutas, legumes, azeite de oliva, peixes e nozes. Deve-se evitar o consumo de carne vermelha, gordura de origem animal, açúcar em excesso e especialmente produtos ultra processados.

TENHA FÉ!

Estudos sugerem que pessoas que praticam uma religião ou que se envolvem com os aspectos de espiritualidade e transcendência da vida têm melhores níveis de saúde
O que se observou também é que essas pessoas têm melhor controle de peso e hipertensão e adotam mais frequentemente atividades mais saudáveis e estão menos propensas a terem depressão ou cometerem suicídio. 
Talvez um aspecto que explique este efeito protetor seja que estas práticas facilitem uma maior interação social e ajudem a lidar melhor com o estresse. Estes benefícios parecem ocorrer uniformemente em todas as religiões e práticas espirituais.

MEXA-SE (VOCÊ NÃO PRECISA SE MATAR NA ESTEIRA)

O exercício traz inúmeros benefícios para o corpo e para a mente.  
O exercício ajuda a controlar o peso, diminui a chance de desenvolver hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, osteoporose, vários tipos de câncer, depressão e ansiedade. 
O exercício ao longo da vida ajuda a preservar a mobilidade, a manter independência e a prevenir quedas. 
Os benefícios ocorrem em todas as pessoas independente de sexo ou idade. 
Qualquer exercício conta, mesmo por curtos períodos e com baixa intensidade, mas benefícios maiores são atingidos ao se fazer 150 minutos de atividade física moderada por semana. 
Hoje existem medidores de passos e de atividade física até em aplicativos em nossos celulares que ajudam a programar metas e acompanhar o seu desempenho.

LEVE O SONO TÃO À SÉRIO QUANTO SEU DINHEIRO

A falta de um sono com uma qualidade adequada é uma queixa bastante comum na população. O sono é muito importante na manutenção da saúde geral do organismo e o seu comprometimento está associado a diversas doenças crônicas como a obesidade, a hipertensão arterial, diabetes e depressão. Pessoas que tem problemas com o sono também tem pior qualidade de vida e estão mais sujeitas a se envolver em acidentes tanto em casa, como no trabalho e especialmente no trânsito. A sonolência durante o dia e a presença de ronco podem ser sinais de alerta para a possibilidade de doenças do sono que podem prejudicar muito a saúde dos pacientes. Existem diversos tratamentos disponíveis que podem ajudar a ter uma melhor qualidade de sono e prevenir suas consequências.

NÃO DÊ FORÇA PARA O ESTRESSE

A vida de todas as pessoas tem momentos que requerem um maior esforço pessoal e um pequeno estresse associado à necessidade de conseguir resultados, porém, quando as cobranças são constantes e um nível alto de estresse se torna parte da rotina diária das pessoas, a sua saúde pode ser seriamente prejudicada. 
O estresse, que originalmente estava associado à luta pela sobrevivência leva a liberações de vários hormônios que ao longo do tempo estão associados ao desenvolvimento de doenças, em especial do sistema cardiovascular. 
Os principais hormônios do estresse são o cortisol e a adrenalina. 
Quando seus níveis estão aumentados cronicamente podem ocorrer crises de hipertensão arterial, arritmias, infartos e acidentes vasculares cerebrais. Felizmente existem várias técnicas que nos ajudam a lidar com o estresse como a meditação, Ioga, hobbies, tocar um instrumento e outras atividades físicas ou recreativas.

ANTES TARDE DO QUE NUNCA: CONTROLE JÁ SEUS NÍVEIS DE COLESTEROL

Todas as pessoas devem ter seus níveis de colesterol avaliados regularmente. O aumento do colesterol ruim é um dos maiores fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Infelizmente, na maioria das vezes, este aumento é silencioso e muitas pessoas só descobrem este sério problema quando têm uma complicação clínica que pode ser grave ou mesmo fatal
A boa notícia é que existem hoje em dia tratamentos muito eficientes para o controle dos níveis de colesterol.

NÃO DEIXE PARA AMANHÃ: PROCURE O SERVIÇO DE SAÚDE AO MENOS UMA VEZ AO ANO

Durante o atendimento médico existem ótimas oportunidades para se discutir os melhores hábitos associados a um estilo de vida mais saudável, controle dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças e para o diagnóstico precoce das doenças, quando as chances de cura e de tratamentos mais efetivos são muito melhores. Não esqueça de procurar regularmente o seu médico ou o sistema de saúde.

VACINE-SE. O CORAÇÃO AGRADECE

É muito importante manter a sua vacinação em dia. No mundo existe hoje um forte movimento antivacina, mas as evidências científicas são claras em mostrar que as vacinas são seguras e eficientes. O uso correto da vacinação está associado à prevenção de doenças de doenças infecciosas e uma redução significativa de mortalidade. Alguns benefícios das vacinas se estendem além da prevenção das infecções em si. Um exemplo importante é a vacina da gripe em que se mostrou reduzir também o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e mortalidade por infarto.

NÃO SE ILUDA COM O CIGARRO ELETRÔNICO, ELE PODE SER AINDA PIOR

Existe uma noção comum de que o uso do cigarro eletrônico é uma alternativa segura ao uso de tabaco, mas esta é uma informação falsa. Foram descritos danos ao organismo muito importantes, principalmente ao pulmão, associados ao uso de cigarros eletrônicos, inclusive levando a óbito de um número significativo de pessoas. 
A quantidade de nicotina que o usuário do cigarro eletrônico fica exposto é comumente muito superior àquela do fumante clássico, o que pode causar problemas sérios de saúde, especialmente nas faixas de idade mais jovens que justamente tem sido as mais impactadas pelo cigarro eletrônico. 
Também a análise do vapor emitido pelo cigarro eletrônico mostra a presença de diversas outras substâncias nocivas. 
Assim, não se recomenda o uso destes aparelhos.

VOU CHOVER SOBRE O MOLHADO: PARE DE FUMAR!

O fumo está associado a danos significativos em praticamente todos os órgãos do corpo. 
O tabagismo é uma causa especialmente importante de doenças cardiovasculares. 
O uso do cigarro está associado ao desenvolvimento de aterosclerose e entupimento dos vasos sanguíneos, piora do perfil de gorduras no sangue, desenvolvimento de arritmias, desencadeando dor no peito, infarto do miocárdio, falência do coração e derrames cerebrais
Os efeitos deletérios incluem não somente aqueles que fumam, mas também as pessoas que estão próximas, que são os chamados fumantes passivos que são prejudicados pela fumaça do cigarro
Pudemos observar uma melhora significativa mesmo pouco tempo após a aprovação de leis que restringem o fumo em espaços públicos.
 
O material acima será o único a ser publicado por este Blog Prontidão Total.
As nove semanas subsequentes poderão ser acessadas em Saúde do Coração - O Globo 
 

domingo, 6 de janeiro de 2019

A xerife do fumo


A brasileira que comanda a luta contra o tabaco na OMS diz que pesquisas enganosas, lobby, contrabando e corrupção freiam o combate ao cigarro no mundo


Doutora em saúde pública, a paulista Vera Luiza da Costa e Silva, de 66 anos, comanda a secretaria da Organização Mundial da Saúde (OMS) que cuida do tratado internacional para o controle do tabaco. Nessa posição, que ocupa desde 2014 (em sua segunda temporada na OMS), ela é dona de visão única sobre como 180 países e a União Europeia estão se mexendo para baixar o consumo de tabaco. 
 
Vera tem nas mãos a missão de estabelecer metas e acompanhá-las — uma extensão em escala global do trabalho que já fez no Brasil, onde desempenhou papel decisivo na consolidação das políticas de combate ao fumo. “Comecei atuando como pneumologista, no tratamento de câncer, mas entendi que poderia ser mais útil agindo na frente da prevenção da doença”, afirma Vera, uma não fumante convicta. Em seu escritório em Genebra, ela concedeu a entrevista a seguir.

O número de fumantes no mundo ficou estável neste século, ao redor de 1,1 bilhão de pessoas. É um sinal de que a convenção global para o controle do tabaco não está conseguindo cumprir sua missão?
 
Houve um avanço inequívoco na batalha contra o tabaco: em 2000, 27% da população mundial era de fumantes, hoje são 20%. A questão é que a população cresceu, o que fez o número absoluto permanecer no mesmo patamar de 1 bilhão. É um número alto mesmo, o que indica que essa guerra não é nada fácil. O ritmo de implantação das políticas de controle me preocupa, e por isso lanço um alerta global: mantida a velocidade atual, não será possível cravar a meta de reduzir o consumo de tabaco em 30% até 2025. A queda deve ficar em 22%.

Quem não está fazendo a lição de casa? 
Um grupo de países está claramente atrasado na corrida contra o fumo. Na África e no Oriente Médio, por exemplo, as medidas têm sido bastante insuficientes para frear o consumo. No caso africano, a indústria anda em plena expansão. No Oriente Médio, onde em alguns países cerca de cinco de cada dez adultos homens fumam, pesa cada vez mais uma questão cultural na cruzada contra o tabaco. As mulheres estão lentamente entrando nesse mercado e, assim, abrindo um nicho até então inexplorado e promissor para a indústria do tabaco.

Qual a sua avaliação sobre o trabalho de combate ao fumo no Brasil?                         O país registra um declínio extraordinário de fumantes graças a uma política que não foi interrompida ao sabor da troca de governantes, como é tão comum. Em 1989, no início da batalha contra o cigarro, mais de um terço dos adultos fumava; atualmente, são 11%. Esse resultado se deve a um monte de fatores que se demonstraram eficazes: veto à propaganda, advertência nos maços sobre os malefícios do cigarro, elevação de impostos, proibição de fumar em lugares fechados. Do ponto de vista histórico, são avanços relativamente recentes. Temos de lembrar que a indústria brasileira viveu sem regulamentação até as vésperas do século XXI.

(...)
“As empresas perdem com a falsificação, não com o contrabando de cigarros, que pode ser muito rentável. Estima-se que uma de cada três unidades vendidas no Brasil é contrabandeada”

Mas a indústria não perde com o contrabando?  
As empresas perdem com a falsificação, não com o contrabando de cigarros, que pode ser muito rentável para elas. Vou dar um exemplo: o Paraguai, de onde vem parte importante do contrabando que entra no Brasil, produz muito além do que os paraguaios consomem — isso à base de impostos baixos, já prevendo que aquele excedente atravessará a fronteira de forma ilegal. A prova da presença de contrabando é a quantidade de maços sem fotos nem advertências exigidas pela legislação brasileira. É uma evidência de que não foram produzidos no Brasil. Um estudo bastante sólido mostra que aproximadamente 70% do mercado ilícito de cigarro no mundo é impulsionado pelas próprias empresas de tabaco. Quanto mais corrupto o país, maior é o raio de ação da indústria.
A Fiocruz, órgão de pesquisa de excelência acima de qualquer suspeita, tem em seu site o Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco no Brasil, onde lista os políticos e instituições que mais recebem dinheiro dessa indústria. Aparecem ali organizações como o Instituto Brasiliense de Direito Público (entidade da qual o ministro do STF Gilmar Mendes é um dos sócios fundadores) e até a Fundação para um Mundo Livre de Fumo, 100% financiada pela indústria com o objetivo de promover o uso de cigarros eletrônicos.
(...)
As novas gerações vêm aderindo à onda dos cigarros eletrônicos, sobretudo em países da Europa e nos Estados Unidos. Eles são mesmo menos nocivos?               Esses cartuchos de nicotina de fato produzem menos substâncias tóxicas. Não envolvem fumaça, mas vapor, e ele é inalado. Não quer dizer que não façam mal. Muita gente defende a tese de que eles podem ser uma alternativa para quem não consegue ver-se livre do vício de jeito nenhum, mas aí a ciência recomenda cautela: ainda não há comprovação de que funcionem como substituto do cigarro comum.
 
Por que não? 
 A experiência de muitos países mostra que, às vezes, o fumante fica com os dois cigarros, o tradicional e o eletrônico. Outro problema se dá justamente com as novas gerações: as versões eletrônicas, cheias de sabores, são um convite para que crianças tomem contato com o fumo cada vez mais cedo. Existe até a turma que leva esses cigarros para a escola dentro do estojo.

“Os cigarros eletrônicos, cheios de sabores, são um convite para que crianças tomem contato com o fumo cada vez mais cedo. Uma turma leva esses cigarros para a escola no estojo”

Há hoje muitas crianças fumantes? 
No Brasil, 18% na faixa dos 13 aos 15 anos já experimentaram cigarro. Isso é chocante e traz preocupação. Quanto mais cedo se der esse contato, maior será o risco de a criança tornar-­se dependente.

A mais recente geração de cigarros eletrônicos funciona à base de tabaco, não de nicotina. Como eles se situam na escala de risco à saúde?
 
MATÉRIA COMPLETA em VEJA
 
Publicado em VEJA de 9 de janeiro de 2019, edição nº 2616