A
Operação Lava Jato levantou uma série de indícios de pagamento de propinas em
forma de doações legais
Está tudo bem com as contas de campanha de
Dilma Rousseff, decretou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot – que
acaba de ter seu mandato renovado pela própria Dilma. Claro que Janot não
arquivou o pedido de investigação da campanha da presidente em troca de sua
manutenção no cargo. O Brasil é um país
de instituições independentes. O que o procurador-geral argumentou é que os
pedidos de investigação não devem atrapalhar “o esforço constitucional de pacificação social”. Está fundada a
paz dos pixulecos.
A Operação Lava Jato levantou uma série de indícios – claros – de pagamento de propinas em forma de doações legais à campanha de Dilma. O esquema do petrolão, em que negócios com a Petrobras seriam aprovados mediante pedágios milionários ao PT, levou à prisão, entre outros, o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari. Ele é um dos acusados de fazer as propinas – apelidadas pelo próprio de pixulecos – chegarem limpas ao caixa de campanha da presidente. Nada disso é passível de investigação, decidiu Janot, em nome da paz social.
Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon e Nelson Mandela nunca imaginaram que o pacifismo iria tão longe. O pedido feito pelo ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, focava inicialmente o caso da gráfica VTPB, que recebeu da campanha petista R$ 23 milhões em pouco mais de três meses. Dadas as suspeitas de se tratar de empresa fantasma, sem estrutura capaz de oferecer serviços nesse valor, Gilmar Mendes viu aí uma das possibilidades de escoamento das propinas do petrolão – a lavagem do dinheiro que, segundo a Lava Jato, vinha da corrupção na Petrobras para a campanha de Dilma. Mas o procurador-geral arquivou o pedido, indicando, basicamente, que o passado passou: “Não interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se perpetuem: os eleitos devem poder usufruir das prerrogativas de seus cargos e do ônus que lhes sobrevêm. Os derrotados devem conhecer sua situação e se preparar para o próximo pleito”, disse Rodrigo Janot em seu despacho.
Um militante petista movido a sanduíche de mortadela não usaria argumentação diferente: o pedido de investigação das contas de campanha é choro de perdedor; conformem-se e esperem sentados por 2018. O discurso é também perfeitamente harmônico com o brado de Dilma contra os que supostamente querem roubar-lhe a legitimidade do voto. Todos querem roubar o PT, e o partido da inocência nem sequer oferece 100 anos de perdão. Perdoados, só mesmo os que roubam com estrelinha na lapela. Esses podem ir e voltar à Papuda quantas vezes quiserem, que continuarão no altar da revolução.
O comentário do ministro Gilmar Mendes sobre o despacho do santo padroeiro das gráficas petistas foi o seguinte: “Ridículo”. Duvida? Então leia um pouco mais de Janot, justificando o arquivamento: “A inconveniência de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, protagonistas – exagerados – do espetáculo da democracia, para o qual a Constituição trouxe, como atores principais, os candidatos e os eleitores”. Entendido? Investigar pixuleco atrapalha o espetáculo da democracia – esse que produziu um rombo espetacular de R$ 30 bilhões no Orçamento da União, segundo os organizadores, e R$ 100 bilhões, segundo as vítimas.
O reconhecimento do deficit proverbial na proposta orçamentária do governo para 2016 indica que os companheiros, ao menos, desistiram de continuar escondendo o rombo. Ou parte dele. Não é mais uma bondade do governo bonzinho: é uma tática para tentar justificar o aumento de impostos – incluindo a recriação da CPMF, que num primeiro momento foi fuzilada de todos os lados. O desastre administrativo do PT forjou um Brasil onde não dá mais para identificar onde termina o espetáculo da democracia e onde começa o espetáculo da cleptocracia. O único quadro claro, sem nenhuma nebulosidade, é a recessão grave em que o bando atirou o país.
A Operação Lava Jato levantou uma série de indícios – claros – de pagamento de propinas em forma de doações legais à campanha de Dilma. O esquema do petrolão, em que negócios com a Petrobras seriam aprovados mediante pedágios milionários ao PT, levou à prisão, entre outros, o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari. Ele é um dos acusados de fazer as propinas – apelidadas pelo próprio de pixulecos – chegarem limpas ao caixa de campanha da presidente. Nada disso é passível de investigação, decidiu Janot, em nome da paz social.
Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon e Nelson Mandela nunca imaginaram que o pacifismo iria tão longe. O pedido feito pelo ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, focava inicialmente o caso da gráfica VTPB, que recebeu da campanha petista R$ 23 milhões em pouco mais de três meses. Dadas as suspeitas de se tratar de empresa fantasma, sem estrutura capaz de oferecer serviços nesse valor, Gilmar Mendes viu aí uma das possibilidades de escoamento das propinas do petrolão – a lavagem do dinheiro que, segundo a Lava Jato, vinha da corrupção na Petrobras para a campanha de Dilma. Mas o procurador-geral arquivou o pedido, indicando, basicamente, que o passado passou: “Não interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se perpetuem: os eleitos devem poder usufruir das prerrogativas de seus cargos e do ônus que lhes sobrevêm. Os derrotados devem conhecer sua situação e se preparar para o próximo pleito”, disse Rodrigo Janot em seu despacho.
Um militante petista movido a sanduíche de mortadela não usaria argumentação diferente: o pedido de investigação das contas de campanha é choro de perdedor; conformem-se e esperem sentados por 2018. O discurso é também perfeitamente harmônico com o brado de Dilma contra os que supostamente querem roubar-lhe a legitimidade do voto. Todos querem roubar o PT, e o partido da inocência nem sequer oferece 100 anos de perdão. Perdoados, só mesmo os que roubam com estrelinha na lapela. Esses podem ir e voltar à Papuda quantas vezes quiserem, que continuarão no altar da revolução.
O comentário do ministro Gilmar Mendes sobre o despacho do santo padroeiro das gráficas petistas foi o seguinte: “Ridículo”. Duvida? Então leia um pouco mais de Janot, justificando o arquivamento: “A inconveniência de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, protagonistas – exagerados – do espetáculo da democracia, para o qual a Constituição trouxe, como atores principais, os candidatos e os eleitores”. Entendido? Investigar pixuleco atrapalha o espetáculo da democracia – esse que produziu um rombo espetacular de R$ 30 bilhões no Orçamento da União, segundo os organizadores, e R$ 100 bilhões, segundo as vítimas.
O reconhecimento do deficit proverbial na proposta orçamentária do governo para 2016 indica que os companheiros, ao menos, desistiram de continuar escondendo o rombo. Ou parte dele. Não é mais uma bondade do governo bonzinho: é uma tática para tentar justificar o aumento de impostos – incluindo a recriação da CPMF, que num primeiro momento foi fuzilada de todos os lados. O desastre administrativo do PT forjou um Brasil onde não dá mais para identificar onde termina o espetáculo da democracia e onde começa o espetáculo da cleptocracia. O único quadro claro, sem nenhuma nebulosidade, é a recessão grave em que o bando atirou o país.
Há um outro quadro claro, que o Brasil tem
dificuldade de enxergar: a investigação da campanha de
Dilma Rousseff é o caminho evidente para revelar que o governo do PT é, essencialmente, uma operação de pilhagem. Cabe aos lesados remover do caminho os pacifistas de
aluguel.
Fonte: Guilherme Fiúza – Revista Época