Blindar o currículo básico contra erros e
‘contrabandos’
Marco Antonio Villa identifica omissões graves na
proposta curricular do MEC para História e abre debate sobre etapa essencial no
projeto de melhoria do ensino
Uma
das questões consensuais no Brasil é a necessidade de se aprimorar a Educação,
em especial o ensino básico. Entendimento importante, porque dá lastro a ações
conjuntas entre governos e organizações da sociedade. As divergências afloram
no detalhamento de medidas, e elas precisam ser expostas ao debate, para evitar
danos irreversíveis numa atividade estratégica para qualquer país.
O
articulista do GLOBO Marco Antonio Villa
acendeu uma dessas discussões, em texto publicado na
terça-feira, no qual apontou para uma “Revolução Cultural do PT”
http://brasil-ameoudeixe.blogspot.com.br/2016/01/a-revolucao-cultural-do-pt.html
que o Ministério da Educação estaria promovendo na montagem do currículo básico, em fase de consulta pública, na disciplina de História.
http://brasil-ameoudeixe.blogspot.com.br/2016/01/a-revolucao-cultural-do-pt.html
que o Ministério da Educação estaria promovendo na montagem do currículo básico, em fase de consulta pública, na disciplina de História.
Este
currículo, essencial para o aprimoramento do ensino básico, em toda a rede de
escolas, públicas e privadas, está previsto desde a promulgação da Constituição,
em 1988. Foi incluído na Lei de Diretrizes e Bases, mas só agora consegue-se
implementá-lo.
Um grupo
de professores formulou, por encomenda do governo, a Base Nacional Comum
Curricular, sobre a
qual estão sendo feitas sugestões até 15 de março, pela internet.
Villa,
historiador e professor universitário, identificou, nesta Base Comum, omissões
imperdoáveis: por exemplo, a ausência do
Renascimento, da Revolução Francesa, da Revolução Industrial e das importantes
revoluções inglesas do século XVII, cruciais para a sedimentação do
conceito de democracia representativa.
Em seu lugar, espantou-se
Villa ao encontrar temáticas sobre histórias ameríndias, africanas e afro
brasileiras etc. É claro que uma coisa não elimina a outra, mas ficou evidente, nessa gritante omissão, o contrabando para a Base Comum de ideologias politicamente corretas
contra o “eurocentrismo”.
Por delirantes, precisam ser depuradas pelo próprio MEC.
Dada
a repercussão do artigo, o ministro interino, Luiz Cláudio Costa — Aloizio Mercadante está em
férias — garantiu não haver chance de um viés
ideológico se impor no currículo. Que assim seja. O próprio
Mercadante está ciente do problema, já de conhecimento do antecessor, Renato
Janine Ribeiro. E há outros pontos fracos, de ordem diferente: como uma
perigosa falta de rigor nas disciplinas de Português e Matemática, segundo
Paula Louzano, da USP. Cresce, então, de importância a fase posterior à
consulta pública, quando será montado o currículo propriamente dito.
Existe, como até poderia ser esperado, a infiltração ideológica no currículo de História, disciplina
permeável a esse tipo de manobra de militantes. Assim como há
registros recorrentes dessa contaminação em livros ditos didáticos e na
formulação de exames. E existem, também, os erros técnicos.
Tudo isso
impõe a necessidade de grande rigor e ampla transparência do MEC na hora de analisar o material
gerado na consulta pública e de estruturar a versão final do currículo.
Fonte: Editorial - O Globo