Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador homens brancos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador homens brancos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Ela veio para ficar - Folha de S. Paulo

A extrema direita bolsonarista é uma minoria de homens brancos de renda alta

[fantástico: homens brancos de renda alta (provavelmente mais velhos, visto que tiveram a felicidade de conhecer o Brasil anterior ao surgimento da Nova República) e que conseguiram a proeza de produzir quase 60.000.000 de votos.

Ou, talvez, a ilustre colunista tenha se referido aos europeus, já que a extrema direita, cresce, aceleradamente em todo o mundo.] 


O Brasil vive um paradoxo: é uma democracia presidida por um líder autoritário que, por palavras e atos, despreza os valores básicos da ordem democrática. Até por isso, está na ordem do dia avaliar quem e quantos são os bolsonaristas de raiz —aqueles que apoiam incondicionalmente o chefe. Com o cientista político Fernando Guarnieri, do Iesp-Uerj, analisamos resultados das pesquisas de intenção de voto feitas pelo Datafolha no ano das eleições. Em junho de 2018, quando a campanha não começara, Bolsonaro era o preferido de 17% dos entrevistados. À época, o eleitor típico do capitão era homem, jovem (25 a 34 anos), branco ou amarelo, com renda familiar entre 20 e 50 salários mínimos, evangélico, empresário ou autônomo regular, morador das regiões norte, sul e centro-oeste. A probabilidade de um cidadão com esse perfil declarar-se disposto a votar em Bolsonaro beirava os 90%.

Já em outubro, na última pesquisa realizada imediatamente antes do primeiro turno o índice subiu para 95%. Ou seja, praticamente todos os eleitores com tais características pretendiam votar no candidato do PSL. Esse parece ser o núcleo duro do bolsonarismo. Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, em artigo publicado na revista Carta Capital, chega a conclusão semelhante quanto ao porte dessa parcela do eleitorado —embora divirja sobre as suas características sociais. "Os encantados com o capitão", assinalou, "são predominantemente mais velhos e ricos".

Dias atrás, este jornal publicou informações coletadas pelo Datafolha nos últimos meses e que permitem avaliar o apoio da população às posições mais extremadas de Bolsonaro. Elas revelam que aproximadamente 1/3 dos entrevistados —número semelhante aos dos seus eleitores no primeiro turno e dos que continuam a apoiá-lo— acredita que a política ambiental prejudica o desenvolvimento, [se houver exagero que impeça o crescimento das áreas essenciais para o desenvolvimento da agricultura e/ou pecuária - os países ricos destruíram suas florestas e agora querem que o Brasil restrinja o crescimento de sua agricultura e pecuária, levando brasileiros à fome (que já existe em números aterradores em nosso país).
Os países desenvolvidos, sem florestas que destruíram, pretendem se dar bem de duas formas: 
- recebendo os beneficios ambientais das florestas brasileiras - cujo desmatamento, até o controlado, pretendem impedir; e,
- vendendo produtos agrícolas e pecuários plantados nas terras em que antes haviam florestas, que destruíram, aos brasileiros a preços exorbitantes.] que o governo deve reduzir as áreas destinadas às reservas indígenas, [o índio é o maior latifundiário no Brasil, tendo casos de reserva com 50.000 hectares para doze índios.]que o golpe de 31 de março de 1964 [óbvio,  graças ao Movimento Revolucionário de 1964 que hoje não estamos pior que Cuba e Venezuela.] deve ser comemorado e que a posse de armas deveria ser um direito [deveria, não; DEVE. O bandido sabendo que haverá resistência irá procurar uma vítima mais 'fácil'. Ocorrerão mortes, mas,  em menor número do que as que já ocorrem atualmente com a política de só bandidos e policiais portarem armas. Policiais com restrições, inclusive quanto ao poder de fogo da arma que estão autorizados a portar.] Na mesma linha, pouco menos de 1/3 concorda que a segurança seria maior se a polícia matasse mais suspeitos e, enfim, que o Brasil deve dar preferência aos Estados Unidos em comparação com outros países.

Em suma, focalizando apenas o núcleo inicial dos adeptos do capitão, constituído por homens brancos de renda alta, ou o grupo mais amplo que hoje forma a sua base de apoio, a extrema direita é minoria. Minoria, porém considerável, que parece ter vindo para ficar e é suficiente para levar seu candidato ao segundo turno em 2022. Seja ele o próprio Bolsonaro ou outro "mito" qualquer.

Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora - Folha de S. Paulo

 

sábado, 19 de novembro de 2016

Cabral já foi, falta a Corte

Não é que Temer seja bonzinho, nem que o PMDB dele seja flor que se cheire: é só um presidente fazendo a coisa certa

Garotinho preso na véspera zombando da prisão de Cabral é um momento insuperável da política brasileira. Mais impressionante que isso, só o Brasil zombando dos fatos. A narrativa espalhada pelo pessoal que vive de espalhar narrativas é que a prisão de Cabral detona o PMDB e, consequentemente, o governo golpista que derrubou a mulher honesta. Como escreveria Nelson Motta: rsrs.

Ainda penando para sair do buraco, o país está louco para ser roubado de novo. Vamos contrariá-lo. Falta um dado essencial na investigação que levou à captura de Sérgio Cabral: a conexão Delta-Dilma. A empreiteira de estimação do ex-governador preso tornou-se subitamente a campeã das obras do PACo — do qual, como se sabe, Dilma é a mãe. E foi sob essa generosa proteção maternal que a Delta se associou a Carlinhos Cachoeira para plantar o laranjal em torno do Dnit — no escândalo dos superfaturamentos de estradas que o Brasil, claro, já esqueceu.

O PMDB de Cabral, portanto, é antes de tudo sócio histórico do PT de Dilma e Lula. Interessante observar que Fernando Cavendish, o ex-poderoso mandachuva da Delta, dedurou à polícia uma boiada inteira para ferrar seu ex-amigo, e aparentemente não tocou nos anjos da guarda de Brasília. Você está impressionado com os R$ 222 milhões desviados em quatro obras do Rio? Bem, isso é brincadeira de criança perto das fraudes detectadas nas obras viárias do - PACo  - que não levaram ninguém em cana porque o Brasil estava aclamando mamãe como a faxineira da nação.

A negociata do Maracanã aconteceu sob o mesmo guarda-chuva da Copa das Copas a fantástica conexão entre os picaretas da Fifa e os do PT que rendeu os estádios mais caros da história da competição. O Maracanã de Cabral é primo do Itaquerão de Lula, já devidamente incluído na Lava-Jato, capítulo Odebrecht. A podridão do PMDB do Rio na última década, exposta agora pela Justiça e pela Polícia Federal, não pode ser alienada do reinado Lula-Dilma. Isso é roubo.

O que está acontecendo hoje em Brasília é um pouco diferente. Ao menos nos postos-chave do governo, Michel Temer fez a dedetização: ouviu a banda boa do Brasil (é incrível, mas ela ainda existe) e colocou no Banco Central, na Fazenda, no Tesouro, no BNDES e na Petrobras comandantes respeitados (todos eles) no mundo inteiro. Não é que Temer seja bonzinho, nem que o PMDB dele seja flor que se cheire: é apenas um presidente fazendo a coisa certa, talvez por instinto de sobrevivência, como fez Itamar Franco no Plano Real. Quem lembra que a estabilidade monetária foi conquistada num governo do PMDB? Ninguém, porque o plano foi feito apesar do PMDB.

Apesar de Renan Calheiros e grande elenco obscuro, o governo Temer abriu espaço para gente séria tomar conta do dinheiro. E todos os indicadores macroeconômicos estão começando a melhorar por causa disso — incluindo milagres como a recuperação da Petrobras, depenada pelos companheiros nacionalistas e guardiões do que é nosso (deles). Isso é uma tragédia para os profissionais da narrativa miserável. No que a vida do povo melhora, o palanque da salvação bolivariana fica às moscas. 

Mas o conto de fadas da revolução progressista não pode morrer, porque administração séria é um tédio. Alguém acha que a MPB vai compor um hino para o equilíbrio das contas públicas? Que poeta emprestaria seu charme marginal para o saneamento do Tesouro? Era preciso pensar numa reação rápida contra o atentado de monotonia, perpetrado pelos homens brancos, velhos, recatados e do lar — e daí surgiu a ideia genial: demonizar a arrumação da casa. Assim nasceu o famoso slogan “A PEC do fim do mundo”.

Enfim, um sopro de poesia na aridez cruel dos números — quando todo mundo sabe que esse negócio de fazer conta é coisa de reacionário, especialmente se a conta fecha. A iniciativa do governo de propor um teto para os gastos públicos é uma ação neoliberal, praticamente nazista, porque certamente impediria o surgimento de novos heróis humanitários como Delúbio, Vaccari, Valério e Dirceu. 

Qualquer coxinha de esquerda metido em ocupação de escola sabe que, sem cheque especial ilimitado, a revolução engasga.

É comovente ver instituições de ensino invadidas e ocupadas por todo o território nacional contra a PEC do fim do mundo. Existe algo mais poético do que um país inteiro transformado num jardim de infância? Os invasores revolucionários acreditam ou fazem de conta, o que no universo infantil dá no mesmo que a PEC é para desviar dinheiro da Educação para o Conde Drácula do PMDB. Fora Temer! 

Esses caçadores de Pokémon do pós-impeachment montaram uma cena épica na PUC. A universidade carioca foi “ocupada” contra a vitória de Donald Trump. Como se vê, o videogame ideológico da garotada tem um alcance formidável. Curiosamente, o jogo parece não ter caçada a Lula e Dilma, os bichinhos mais vorazes da fauna local.
Tudo bem. Deixem estes para os profissionais. Se o Brasil descobriu Cabral, haverá de chegar à Corte.

Fonte: Revista Época - Guilherme Fiuza,  jornalista