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sábado, 21 de janeiro de 2023

Manifestações - Uma fábula, por Dagoberto Lima Godoy

As coisas não andavam nada bem naquele clube. Numa eleição  tumultuada, voltara à presidência um sócio com “ficha suja”, na gíria corrente, por ter sido condenado por envolvimento em desfalque na tesouraria, num inquérito depois anulado por falhas processuais. 
Pior de tudo era a atuação da Diretoria Jurídica, a responsável pelo atendimento ao Estatuto Social, cujo titular parecia ensandecido com o poder e passara a fazer gato e sapato dos direitos dos associados. Era um tal de multar, suspender e até expulsar sócios, sem obedecer aos procedimentos exigidos pelos estatutos, numa escalada de arbitrariedades e ameaças de endurecimento ainda maior. 

Foi então que, em mais de um departamento do clube, sócios passaram a fazer manifestações, reclamando do Presidente e esperando que a Assembleia Geral tomasse as devidas providências. De nada adiantou e os grupos, como último recurso, resolveram “acampardefronte às salas do Conselho Fiscal, portando faixas de protesto, gritando palavras de ordem e até cantando o hino do clube. Tudo pacificamente, respeitando todas as disposições do regimento interno, tanto que o próprio Conselho Fiscal autorizou a continuidade dos acampamentos.

A tensão já dava mostras de alcançar seu limite, quando um pequeno grupo, difícil de se identificar, perdeu a paciência e invadiu as dependências administrativas, passando a depredar móveis, utensílios e até alguns troféus históricos. Num comportamento de manada, os sócios acampados por ali se juntaram à invasão, mas não à violência, muitos até tentando acalmar os predadores, uma vez que os vigilantes de plantão a tudo assistiam, sem ação.

Foi um fato histórico, ainda que não inédito, na história do clube. Mas o mais interessante ocorreu depois. Associados de vários departamentos, os quais até então se mantinham inertes ou perplexos diante dos desmandos da Jurídica e da omissão das demais diretorias, passaram a pregar manifestos no quadro de avisos do clube. Entretanto, essas mensagens quase sem exceção, “pisando em ovos” para não se indisporem com a Diretoria,recitavam louvores aos princípios de civilidade consagrados nos estatutos, limitando-se a condenar os invasores, sem distinguir os vândalos dos ingênuos.  
Pretendiam, talvez, redimir-se das passadas omissões diante dos fatos que deram origem às invasões. 
Mas, na verdade, ao não fazerem qualquer menção às ofensas aos mesmos estatutos desde muito tempo praticadas pela administração, usaram a meia-verdade e produziram manifestos facciosos, prontamente interpretados pela Diretoria como gestos de apoio e assim divulgados pelo jornal do clube e enviados como “press releases” aos órgãos de comunicação da cidade.

Manifestantes foram punidos indiscriminadamente, desprezados quaisquer trâmites estatutários; o presidente saiu fortalecido; a Diretoria Jurídica, ainda mais empoderada; e os associados... Bem, os associados que se lixem!

 Dagoberto Lima Godoy

 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

O TIME DO STF É IMBATÍVEL - Percival Puggina

GOLEADA

Ontem, 15, o STF mostrou, através do MAIS DO MESMO, que não brinca em serviço. 
Ao contrário, para mostrar o quanto são gratos e/ou devem favores inconfessáveis aos CARTOLAS que os indicaram para formar o DEPARTAMENTO DE ARBITRAGEM, o time entrou em campo e, com muita galhardia, além de apitar o jogo, ainda marcou 8 GOLS DE PLACA, quantidade está bem acima do necessário para que o grande líder do Clube, agora com a alcunha de ANJO LULA, possa disputar qualquer eleição no nosso empobrecido Brasil. 


MENSAGEM CLARA
Que a vitória era pra lá de esperada, isto ninguém tem qualquer dúvida. Entretanto, a GOLEADA (8 x 3) soou como uma mensagem do DEPARTAMENTO DE ARBITRAGEM aos BRASILEIROS DO BEM, cujo time vem empilhando, dia após dia, DERROTAS EM CIMA DE DERROTAS. A mensagem deixa bem claro que pouco importa quem serão os candidatos ao cargo de Presidente da República em 2022, pois a vitória já está garantida, independente da vontade e dos votos contrários dos ingênuos, despreparados e covardes eleitores.

TIME INVENCÍVEL
Ou seja, o TIME DOS ÁRBITROS foi montado com triplo propósito: JOGAR, APITAR E JULGAR quem tem condições de disputar os torneios e campeonatos. Em palavras colocadas de forma muito nítida, o fato que estamos diante de um TIME MUITO PODEROSO, do tipo simplesmente INVENCÍVEL e que sabe, por antecipação, qual será o escore (sempre a seu favor) de cada jogo.

A VELHA INDIGNAÇÃO
Ora, quem foi educado para ser PLATEIA, mesmo sabendo que torce para um time que inapelavelmente será sempre DERROTADO, pouco importando o fato de que jogou dentro do que manda o regulamento (CF), só resta manifestar a velha INDIGNAÇÃO, que não passa dos costumeiros GRITOS DIZENDO QUE FOI E/OU ESTÁ SENDO ROUBADO. Nada mais do que isso, infelizmente. Não sei se Lula será candidato a presidente em 2022, mas estou pra lá de convencido de que o vencedor do pleito será aquele que o STF vier a apoiar. De novo, para que nenhum leitor diga que sou ingênuo: esta dúvida eu não tenho!

O BRASIL DO STF JÁ DESISTIU DE MIM
O que mais me deixa preocupado é que nem mesmo a destruição, recheada de muita corrupção, patrocinada pelo PT e seus aliados, tem se mostrado suficiente e capaz de afugentar a ideologia socialista/comunista que imperou, com vigor, no nosso imenso e empobrecido Brasil nos últimos 30 anos. Mais: mesmo que a maioria dos eleitores se manifeste, de forma DEMOCRÁTICA, no sentido de derrotar os representantes do ATRASO, o time do STF, através de reconhecidas decisões consideradas INJUSTAS, entra em campo sempre com o propósito de acabar com os desejos da maioria. Gente, eu quero desistir do BRASIL, mas é inegável que o BRASIL DO STF já desistiu de mim faz tempo.

Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Não há ingênuos nesse prostíbulo

Nas paredes dos palácios não há quadros de santos, mas cartazes de ‘procura-se’


A entrada dos irmãos Batista de Anápolis, Goiás, no noticiário político-policial com a visita de Joesley ao presidente Michel Temer no porão do Jaburu inicia uma devastação de reputações. A primeira é a do anfitrião, Temer, que já havia sido citado em delações e se comporta de forma permissiva com seus sete ministros delatados. No caso dele, parecia ponto pacífico que não seria atingido por investigação policial, acusação do Ministério Público nem condenação judicial, pois só pode ser incriminado por delitos cometidos no exercício da Presidência.

Com a delicada situação política e a necessidade de confiabilidade para conduzir a economia à recuperação, parecia difícil ele se arriscar a um flagrante. A visita de Joesley surpreendeu a todos, pois nada a justifica, a não ser a certeza absoluta da impunidade e o total desprezo pela inteligência alheia. No entanto, deu-se o que menos se esperava: uma delação premiada (!) dos acionistas e executivos da holding J&F e uma ação programada da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) [ação programada ou flagrante preparado?] flagraram Temer ouvindo um delinquente, acusado em cinco operações policiais, a confessar delitos que levantam suspeitas claríssimas de crimes cometidos de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da investigação. Mas, em vez de negar com fatos as acusações, Temer mostrou-se obsessivo em ficar no governo, alegando que precisa completar sua cruzada contra a recessão e tendo a seu favor a indefinição quanto à sua substituição.

Após O Globo ter noticiado o prêmio excessivo aos irmãos Batista, VEJA informou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi encarregada de encontrar algum deslize na biografia do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin, que homologou a delação premiada. Isso para evitar que ele relate a investigação pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo, Janot, que acusa Temer de tais delitos. E Eliane Cantanhêde relatou a descoberta de grampo em telefone da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em nota oficial, o Palácio do Planalto assegurou que o presidente jamais mandou a Abin investigar Fachin e também que “o governo não usa a máquina pública contra os cidadãos brasileiros, muito menos fará qualquer tipo de ação que não respeite os estritos ditames da lei”. A revista identificou a fonte como um auxiliar do presidente “que pediu para se manter no anonimato porque não está autorizado a falar publicamente sobre o assunto”.
Mas a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, retrucou, também em nota, que é “inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, se confirmada a informação divulgada pela revista”. Para ela, essa prática é “própria de ditaduras”.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por sua vez, divulgou nota afirmando que, “a se confirmar tal atentado aos Poderes da República e ao Estado de Direito, ter-se-ia mais um infeliz episódio da grave crise de representatividade pela qual passa o País”. Segundo ele, na hipótese de confirmação da notícia, “em lugar de fortalecer a democracia com iniciativas condizentes com os anseios dos brasileiros, adotam-se práticas de exceção”.

Todos têm alguma razão, mas ninguém a tem por inteiro. Absolvido por 4 x 3 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente saiu ileso na Justiça Eleitoral em episódio conhecido como “o enterro das provas vivas”. E tergiversa ao responder às acusações que lhe são feitas. Em vez de explicar seu mutismo perante o visitante “falastrão”, usa argumentos paralelos que em nada o inocentam. E não respondeu às 82 perguntas da Polícia Federal no inquérito sobre a visita de Joesley, preferindo representar o papel de Lula perante a Lava Jato e Moro: o de humilhado e ofendido, que não lhe cai bem. Mas a unanimidade popular que o reprova também não aceita a anistia dada pelo MPF e pelo STF aos criminosos confessos da J&F.

Fachin ainda não desmentiu categoricamente os cochichos de corredor que narram suas visitas a senadores para ser aprovado para o STF acompanhado por um dos delatores premiados da J&F, Ricardo Saud. Se todos os ministros do Supremo fizeram idêntico périplo na vez deles, também devem explicações ao distinto público. E decerto não cabe a Cármen Lúcia tentar tapar com a peneira da ditadura as evidências solares de que o acordo feito com os delatores foi benéfico demais para eles. Há mistérios demais nesse caso, que não comporta falta de transparência. Diz-se que os irmãos Batista foram ameaçados de morte e por isso lhes foi concedida fuga protegida para o exterior. Mas até agora ninguém apresentou uma evidência sequer de tais ameaças e isso protege ao mesmo tempo as eventuais vítimas e seus possíveis algozes. Joesley teve a ousadia de gravar a maior autoridade do País, mas não fez o mesmo para comprovar as ameaças que teria recebido.

Para fazer justiça, urge pôr essas conversas todas a limpo, sem continuar escondendo suas verdadeiras motivações. Antes de flagrado, Temer disse que quem, como ele, foi secretário de Segurança de São Paulo e presidente da Câmara dos Deputados não pode ser acusado de ser ingênuo. Agora, a única justificativa que encontrou para explicar as causas e circunstâncias de sua conversa suspeita em palácio foi ingenuidade. Está na hora de esclarecer tudo, partindo de um pressuposto comum: não há ingênuo algum nessa presepada. Nenhuma das personagens citadas é tolinha nem pode fingir-se de quadro de São Jorge em prostíbulo, metáfora usada por Gilmar Mendes. Nesse prostíbulo metafórico onde atuam todos não há quadros de santos nas paredes. Apenas cartazes de “procura-se”.

E que ninguém me venha com essa patacoada de que não há substitutos para os mandatários dos três Poderes atingidos no tiroteio. Há, no mínimo, 200 milhões de brasileiros honestos o suficiente para substituí-los nas tarefas que poucos deles não desonraram. 

Fonte: O Estado de S. Paulo -  José Nêumanne Pinto