Bruno Covas e Guilherme Boulos mantêm no segundo turno baixo nível das discussões da campanha
O segundo turno das eleições que vão escolher o prefeito de São Paulo pelos próximos anos oferece tão pouco para os interesses da cidade e da sua população quanto foi oferecido a ambos durante a campanha eleitoral.
Definidos os nomes de Bruno Covas e Guilherme Boulos, ficou tudo como sempre esteve ao longo de toda essa disputa: os 13 candidatos, incluindo os dois que sobraram, não foram capazes de dizer absolutamente nada de útil, nem de sério, e nem de inteligente, para o encaminhamento dos verdadeiros problemas que os 12 milhões de paulistanos têm diante de si, no presente e no futuro.
Entende-se o baixo nível das discussões da campanha – não seria mesmo possível esperar algo diferente de uma disputa em que a maior parte dos candidatos era formada por fracassados, nulidades absolutas e aventureiros, todos financiados pelos “fundos partidários” que o cidadão paga através dos seus impostos. Mas os dois nomes que realmente vão disputar a Prefeitura não falaram, no fundo, nada de melhor que os outros. Continuam não falando, como se poderia esperar – e como ficou comprovado com o seu primeiro debate cara a cara.
A conversa continua a mesma. O argumento mais notável de Boulos é acusar Covas de ser “bolsonarista” e afilhado do governador do Estado - mas o que uma coisa ou a outra tem a ver com as necessidades dos moradores do município de São Paulo? Por acaso o eleitor vai votar em Jair Bolsonaro ou em João Doria para prefeito? Ambos colocam como uma questão monumental, acima de quase qualquer outra, a situação dos moradores de rua – cerca de 25 mil pessoas no total, ou 0,2% da população. A denúncia básica, aí, é a seguinte: quem, Covas ou Boulos, fez menos pelos moradores de rua – ou pelos viciados da Cracolândia? [do Covas nada sabemos, quanto ao Boulos, muitos ainda lembram lembram daquele edifício invadido pela turma do Boulos, que mandou os invasores invadires para morar e após a invasão para a cobrar aluguel dos invasores?]
Boulos acusa Covas de ter uma “tara” pelo “mercado”. Covas acusa Boulos de não ter nenhuma experiência num cargo público. Boulos responde que tem 20 anos de experiência como invasor de terrenos e imóveis em situação enrolada na Justiça. Covas se propõe a fazer “justiça social”, diminuir “a desigualdade” etc. Mas não dá nenhuma pista, como não deu nesse tempo todo em que está na Prefeitura, sobre o que vai fazer, de concreto, para tornar mais cômoda a vida das pessoas - a única tarefa que de fato se espera de um prefeito.
Covas e Boulos foram assim durante toda a campanha. Estão sendo assim na disputa do segundo turno. Serão assim depois da eleição.
J.R. Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo