Vamos
lá. Um fato: a PM reagiu ao ataque. Ao dar início à execução da
reintegração, os policiais foram agredidos. E fizeram o óbvio: reagiram
Guilherme Boulos deve estar mais feliz
do que pinto no lixo ou do que sádico em presídio rebelado. Finalmente,
ele foi detido. Finalmente, ele pode dizer, mistificando a própria
biografia, que viveu o seu dia de preso político. Vamos ver. O chefão do MTST e de outros
ditos “movimentos populares” foi detido na manhã desta terça. Já está
solto. Boulos comandava a resistência a uma reintegração de posse,
realizada pela Polícia Militar em terreno particular, localizado na Rua
André de Almeida, em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Com ele,
foi preso ainda um dos invasores da área, José Ferreira Lima, também já
libertado.
Boulos, o Senhor das Labaredas, exibe um dos seus métodos
pacíficos de luta, ao lado de mascarados (Foto: Foto: Peter Leone /
Futura Press
Os dois assinaram um termo
circunstanciado, em que são acusados pelos policiais de “participar de
ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência”. Bem, dizer o quê? Ele nega, claro!, que tenha cometido
qualquer uma dessas transgressões. O inquérito vai apurar a sua atuação,
e, a depender do desdobramento, a Justiça vai dar seu veredito. Não
quero me arvorar nem numa coisa nem noutra. O que faço é expressar uma
convicção. E estou convicto de que ele é culpado.
Não preciso apelar à sua biografia de
líder contumaz de manifestações violentas para fazer essa aposta. Não
preciso apelar aos textos que escreve, em que evidencia seu solene
desprezo ao Estado de Direito, para expressar essa opinião. E, por
óbvio, não foi necessário ser testemunha ocular dos fatos. É a fala de Boulos que me diz ser ele culpado. É o comunicado do MTST, do qual ele é chefe máximo, que me diz ser ele culpado.
A Folha,
jornal em que ambos escrevemos — ele na versão online —, publica uma
reportagem sobre o episódio. Confiram. Não estou sugerindo a existência
de um viés deliberado, mas resta claro que o espaço destinado à versão
de Boulos é bem mais generoso. Logo, se há alguma distorção ali, tudo
indica, ela contaria em favor do “líder”.
Escreveu o movimento — prestem atenção!:
“O companheiro Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do
MTST, que estava acompanhando a reintegração de posse da ocupação
Colonial, visando garantir um desfecho favorável para as mais de 3.000
pessoas da ocupação, acaba de ser preso pela PM de São Paulo sob a
acusação de desobediência civil (…). Não aceitaremos calados que além de
massacrarem o povo da ocupação Colonial, jogando-o nas ruas, ainda
queiram prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajudá-los”.
Que homem bom é esse Boulos! Ele estava
lá apenas para garantir o “desfecho favorável” aos pobres. E o movimento
dá a entender que foi preso por isso. Bem, aí já estamos numa outra
categoria: mentira! E, ora vejam, a Polícia Militar, que reagiu às
agressões que sofreu, é acusada de promover um “massacre”. A propósito:
onde estão os feridos? Como se nota, o MTST vê o seu líder numa
luta do Bem contra o Mal, do povo contra os seus algozes, das vítimas
contra seus verdugos. Ora, em situações assim, como se sabe, todos os
meios passam a ser considerados lícitos.
Mas atentemos ao que afirma o próprio
Boulos: “Foi uma prisão política. Eles alegaram incitação à violência.
Eles despejam 3.000 famílias com violência, e eu que incitei a
violência?”. Eis a lógica canhestra da falsa vítima,
do falso inocente. Quem é este “eles”? Os PMs cumpriam uma ordem
judicial, sobre a qual não cabe arbitragem. Os policiais eram apenas
executores de uma decisão tomada pelo Poder Judiciário.
Protegidos por barricadas, os invasores,
sob a clara condução, orientação e liderança de Boulos, passaram a
atacar os policiais. Uma das fotos registra o líder do MTST atrás de uma
coluna de fogo — será essa uma das evidências de seus métodos
pacíficos? Boulos disse mais: “O MTST estava lá
para garantir o direito das pessoas que estavam sendo despejadas, buscar
uma saída negociada. A Tropa de Choque avançou, jogou bombas e querem
encontrar um culpado”.
Um fato: a PM reagiu ao ataque. Ao dar
início à execução da reintegração, os policiais foram agredidos. E
fizeram o óbvio: reagiram para garantir a ordem e para se defender. Mais: no Estado de Direito, o “direito”
não é aquele que eu acho que tenho, mas aquele que as instituições e as
leis asseveram que tenho. Ao contrário do que afirma Boulos, a Justiça
decidiu que o direito sobre o terreno, por óbvio, pertencia ao
proprietário, não aos invasores. Ainda que o Ministério Público tivesse
recorrido da decisão judicial, a ordem continuava em vigor, e só a
Justiça poderia determinar que a PM não a executasse.
De resto, não existe “saída negociada”
contra o cumprimento da lei. Ela consistiria exatamente em quê? Seria a
não execução da decisão judicial? Ora, ocorre que isso não seria
“negociação”, mas a vitória do ato criminoso — a invasão — sobre a o
direito e a lei.
Lula, Dilma, Eduardo Suplicy, Ivan
Valente e até um tal rapper chamado “Emicida” já se manifestaram contra a
PM, claro! Agora só faltam o Wagner Moura, a Letícia Sabatella, o
Caetano Veloso, o Chico Buarque, o Fernando Morais, a Marilena Chaui, o
Antonio Candido e a Camila Pitanga. É claro que Boulos está feliz e é
evidente que ele vai forçar a mão para ser preso em eventos semelhantes.
Isso é parte da caracterização do herói, que se prepara para voos
eleitorais e eleitoreiros. A PM não deixou de lhe prestar um
pequeno favor. Mas não tinha alternativa. Às vezes, é preciso, sim,
prender os transgressores, mesmo quando estes se esforçam de forma
determinada para isso.
Depois da suspensão da mesada federal doada ilegalmente ao bando de Boulos, acabou a impunidade do fabricante de badernas
O filho de papai Guilherme Boulos vai descobrindo que ficou
bem menos divertido brincar de arruaceiro milionário sem o financiamento
dos cofres federais e o habeas corpus preventivo concedido pelo governo
lulopetista. Com o despejo de Dilma Rousseff, foi-se a mesada reservada
pelo Planalto ao MTST ─ primeiro e único ajuntamento de gente
supostamente sem teto comandado pelo herdeiro de uma fortuna suficiente
para providenciar casas para todos os integrantes. Nesta terça-feira,
foi-se a impunidade presenteada por Lula e Dilma a companheiros
delinquentes.
Como informa a reportagem do site de VEJA,
Boulos aprendeu que incitação à violência agora dá cadeia. “O MTST
estava lá para garantir o direito das pessoas que estavam sendo
despejadas, buscar uma saída negociada”, fantasiou o rebelde com casas
de sobra. “A Tropa de Choque avançou, jogou bombas e querem encontrar um
culpado”. Antes do pouso forçado na delegacia, o desordeiro gabola
vivia avisando que quem ousasse prendê-lo teria de haver-se com milhares
de militantes dispostos a matar ou morrer pelo chefe. As manifestações
de protesto foram mais esquálidas que procissão de vilarejo.
Para que Boulos agonize como um líder sem liderados, basta
que os responsáveis pela ordem pública continuem a tratá-lo como o que
é: apenas mais um caso de polícia.
Fonte: Blog do Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo