J. R. Guzzo
STF
liberou o governador do Amazonas, Wilson Lima, da obrigação de depor na
CPI da Covid para que ele não sofresse constrangimentos
[o único que o STF sempre que tem oportunidade constrange, desautoriza é o presidente Bolsonaro - afinal ele teve mais de 57.000.000 de votos, um detalhe bobo, sem importância.
Quanto a crime contra o país, bem mais grave é a composição da própria CPI Covidão; deveria ser crime de lesa pátria é criar uma CPI e entregar os dois cargos mais importantes - presidente e relator - a um Omar Aziz e a um Renan Calheiros.]
O
Supremo Tribunal Federal, quando se deixa de lado os não-me-toques
usados para “proteger as instituições”, e se fala em português claro,
funciona cada vez mais abertamente como o principal protetor do crime no
Brasil — e tem cada vez menos interesse em disfarçar o que está
fazendo.
O ministro Edson Fachin proibiu os voos de helicóptero da
polícia sobre as favelas do Rio de Janeiro; o único direito que ficou
garantido, no caso, foi o dos criminosos, que agora estão protegidos de
ações policiais capazes de revelar suas posições no território que
ocupam.
O ministro Marco Aurélio soltou um dos
maiores traficantes de droga do país; o homem fugiu no ato, e nunca mais
foi encontrado. O ministro Gilmar Mendes não pode ver um ladrão do
erário sem sacar do bolso um alvará de soltura.
Agora é a vez da
ministra Rosa Weber, que deu ao
governador do Amazonas, Wilson Lima
(PSC), um dos políticos brasileiros mais enrolados com suspeitas de
corrupção no uso de verbas públicas no combate à Covid-19, o privilégio de não ser interrogado nesse
picadeiro de circo que “investiga” a pandemia no Brasil.
A
ministra Weber deu um argumento espantoso para a sua decisão: o
governador, segundo ela, não pode sofrer “constrangimentos” na CPI da
Covid. Por que não? Só porque está metido na operação “Sangria” da
Polícia Federal?
Só porque precisa esconder as responsabilidades diretas
do governo do Amazonas no sinistro colapso do fornecimento de oxigênio
em Manaus, no começo do ano — que a “Resistência”, desde então, tenta
desesperadamente jogar em cima do governo federal?
Todos
os inimigos do presidente da CPI, do seu relator e da bancada da
esquerda que controla os chamados “trabalhos” têm sido insultados em
público, das formas mais grosseiras que se possa imaginar, pelos
inquisidores.
Ninguém, no STF ou em qualquer outra entidade de oposição
ao governo, se lembrou até agora de mexer uma palha em favor dos seus
direitos.
Por acaso eles não estão sendo constrangidos da maneira mais
agressiva, cínica e desleal em seus interrogatórios?
Por que o
governador do Amazonas não pode ser constrangido, mas a dra. Mayra
Pinheiro pode?
Há desculpas vagas de que ouvir o
governador na CPI poderia ferir a “independência de poderes”. Como
assim, se o próprio STF não faz outra coisa senão violar diretamente os
direitos dos outros dois poderes?
Os ministros conseguiram prender um
deputado federal em pleno exercício do seu mandato. [se valendo de um 'mandado de prisão em flagrante', condições que se auto-excluem = para tanto criaram o impossível: flagrante perenemente possível.] A cada instante dão
“três dias”, ou “cinco dias”, para o presidente da República e os seus
ministros fazerem isso e aquilo.
Atendem a qualquer exigência que os
partidos de esquerda lhes apresentam, por mais fútil que seja, para
atacar o governo. “Interferência?” Que conversa e essa?
Alega-se,
também, que o governador do Amazonas — o estado brasileiro onde o
Covidão roubou mais que em qualquer outro — está sendo investigado pela
polícia, e se fosse ouvido na CPI poderia incriminar a si mesmo. É
chicana jurídica de baixa qualidade.
Um administrador minimamente
honesto não teria problema nenhum em responder a qualquer pergunta, na
CPI ou onde for. Se não fez nada de errado, por que está se escondendo?
Quanto à possibilidade de “incriminação”, estamos diante de uma piada
vulgar. Não é exatamente esse o propósito declarado dos donos da CPI —
incriminar os adversários?
Desde o seu primeiro dia,
essa CPI tem sido um espetáculo inédito, mesmo para os padrões de
safadeza da vida política brasileira, em matéria de hipocrisia, de
desrespeito ao público e de desonestidade em estado bruto.
Como definir
esta aglomeração, quando o presidente da CPI é um político desse
mesmíssimo Amazonas, envolvido nas piores denúncias de roubalheira na
área da saúde?
Sua própria mulher foi presa, pelo mesmo motivo; seus
três irmãos também foram presos, também por ladroagem e também na saúde.
Dizer mais o quê?
É óbvio que o STF está agindo e
vai agir como aliado vital dessa gente. Faz todo o sentido que seja
assim. Sua missão, seu objetivo e seus interesses são os mesmos —
governar o país sem a necessidade de ganhar eleições . Vão fazer
qualquer coisa para continuar assim. [Ilustrado colunista: enquanto a pergunta "reclamar para quem" não for respondida, de preferência com fatos, o STF vai se sentir supremo.]
J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES