Comissão é defendida por quem deveria temê-la e temida por quem deveria defendê-la
Bernardo Mello Franco
A CPI foi proposta pelo deputado André Fernandes, integrante da tropa de Jair Bolsonaro. Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, sob suspeita de incentivar a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes.
O dublê de político e youtuber ajudou a convocar os extremistas a Brasília, a pretexto de divulgar o “primeiro ato contra o governo Lula”. Depois do quebra-quebra, voltou às redes sociais para fazer piada com a destruição de patrimônio público.
Na noite do dia 8, Fernandes compartilhou a foto da porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes. A peça havia sido arrancada pela turma que quebrou cadeiras, urinou em gabinetes e tentou atear fogo no plenário do Supremo. “Quem rir, vai preso”, debochou o deputado do PL.
A extrema direita tem seus motivos para defender a CPI. A comissão pode
desviar o foco da investigação de verdade, conduzida pela Polícia
Federal. [outra narrativa: atribuir que o insucesso da PF em não encontrar provas que sustentem as acusações, é consequência da CPI. Deve ser horrível adaptar fatos as imposições de quem tem que cumprir pauta.] De quebra, ameaça dar palanque a uma teoria conspiratória: a de
que o governo teria facilitado os ataques para se fazer de vítima. [agora denunciar tentativa de vitimização de um governo 'eleito', mas sem apoio popular e sem produzir nada em termos de resultados administrativos (apesar de instalado há mais de 100 dias) é teoria conspiratória.]
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