A
conversão do ex-presidente em réu por um juiz de fora de Curitiba, e a partir de denúncia de
promotor que não havia criminalizado Dilma, desmonta a
farsa
Os tempos já foram mais risonhos para o ex-presidente
Lula. Já sob investigação na Lava-Jato, na jurisdição do juiz
Sérgio Moro, ele acaba de ser
considerado réu por outro magistrado e em Brasília, distante de Curitiba.
Este
processo em que Lula está arrolado trata da acusação de tentativa de obstrução
da Justiça na manobra,
denunciada pelo ex-senador Delcídio Amaral, em que o ex-presidente, diz
Delcídio, comandou um esquema para literalmente comprar o silêncio do
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Dessa
mesma história participam, entre outros, além do ex-senador, o pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo de Lula, e o banqueiro André Santos Esteves (BTG). Lula foi convertido em réu, pela primeira
vez, por decisão do juiz da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, Ricardo
Augusto Soares Leite. A má sorte de Lula é que a decisão do magistrado foi revelada quando o ex-presidente formalizava na Comissão de
Direitos Humanos da ONU reclamação contra o juiz Moro e o procurador-geral da
Justiça, Rodrigo Janot — um ato político. Virou pó, então, a tese que Lula criou de que haveria uma perseguição dos dois contra ele. O
revés na Justiça Federal de Brasília comprova a isenção de Moro e dá uma ideia
da consistência das acusações ao ex-presidente.
Além
disso, a
denúncia contra Lula é encaminhada pelo procurador Ivan Cláudio Marx, o mesmo que não considerou que a presidente afastada, Dilma
Rousseff, tenha cometido crime nas pedaladas fiscais (atrasos propositais, para maquiar déficits,
no ressarcimento de instituições financeiras públicas que haviam feito pagamentos
em nome do Tesouro).
Na visão lulopetista, o Poder Judiciário atuaria de forma tendenciosa, contra petistas, nos processos sobre casos de corrupção. Daí a reclamação na ONU e a tese
delirante do “golpe”. Mas também o
comportamento do procurador Marx, favorável a Dilma nas
pedaladas e contrário a Lula neste caso da obstrução da Justiça, é
demonstração cabal de isenção do Ministério Público.
A
realidade insiste em desmentir versões cândidas que o lulopetismo propaga para
proteger o ex-presidente. Mas como o tempo não para, a Lava-Jato continua a
evoluir e a expectativa é que fique cada vez mais evidente que Lula manteve um
relacionamento indevido com grandes empresários, com ocultação de patrimônio. A delação premiada de executivos da Odebrecht, com destaque
para a de Marcelo Odebrecht, ainda preso em Curitiba, pode acrescentar
mais informações ao processo e tornar ainda mais delicada a situação do
ex-presidente. O mesmo vale para Léo Pinheiro, ex-diretor da também
empreiteira OAS, que atuou na reforma do sítio que Lula garante não possuir,
bem como no tríplex sem dono de Guarujá.