Como o governo
e os movimentos sociais manipulam as estatísticas.
Há um tempo atrás, pensando
no método estatístico dos “justiceiros sociais” da
esquerda, produzi um gráfico do tipo “preciso desenhar?”. Ei-lo:
A proposição é muito simples:
Se um sujeito mestiço claro (como alguns rappers
famosos brasileiros),
cresce na periferia, ouvindo rap e samba o dia inteiro,
andando com negros a vida toda —
pois é evidente que há mais negros na periferia –, qual a probabilidade de ele se definir como negro quando indagado a
respeito de sua “raça”? Não precisa responder; apenas pense.
Agora pense num outro, com o mesmo tom de pele, crescendo na classe média alta, ouvindo Bach, frequentando museus e viajando para o exterior uma vez ao ano. Como este se definirá? Não é possível saber com certeza, mas me parece que um mestiço que cresça na periferia tende muito mais a se autodeclarar negro do que aquele que não convive com negros; ainda mais se os seus ascendentes diretos (pai, mãe e avós) não forem negros.
Entre os universitários também se dá o mesmo: em 2010, no grupo de pessoas de 15 a 24 anos que frequentava a universidade, 31,1% eram brancos, 12,8% eram pretos e 13,4% pardos. Ou seja, somados, pretos e pardos são 26,2%, uma diferença muito menor do que fazem parecer os ideólogos. (Fonte: Censo 2010)
E entre a população carcerária também é a mesma coisa. Vejam o que diz o site Afropress:
Até junho de 2013 (os dados estão sendo divulgados com atraso de um ano, provavelmente por causa das eleições), o Brasil tinha 574.027 pessoas presas – a quarta maior população carcerária do mundo. Do total de pessoas presas 289.843 são pretas e pardas (86.311 pretas e 221.404 pardas). Os brancos são cerca de 176.137, os amarelos, 2.755, indígenas 763 e 11.527 são classificados como “outras”, ou seja, não se enquadram na terminologia adotada pelo IBGE, que define cinco categorias: preto, pardo, amarelo, indígena e branco (grifo meu).
Ou seja, a maioria da população carcerária é composta de pardos, e não de negros.
Quem é branco e quem é negro nesta foto?
O que se conclui? Que o Governo e os Movimentos Sociais manipulam os dados como querem — para não dizer que manipulam as pesquisas (mas isso não digo).
É sempre oportuno lembrar o que disse o velho Aristóteles, há milhares de anos, em sua Metafísica: “Nem a cor branca, nem a cor preta no homem produzem uma diferença de espécie e entre o homem branco e o homem preto não existe diferença de espécie; e não haveria diferença de espécie mesmo que déssemos um nome diferente a cada um. De fato, branco e preto só é o homem entendido como matéria, e a matéria não produz diferença” (1058b).
Ou seja, falar em raça em termos biológicos é uma estupidez. Em termos culturais, é discriminação. Outra coisa curiosa é a velha história, defendida pelo Movimento Negro, de que o conceito de Democracia Racial visa a embranquecer a população. Tudo bem que esse pensamento é uma reação amedrontada às ideias eugenistas e evolucionistas em voga no séc. XIX, defendidas por intelectuais como Sílvio Romero — e inspiradas, sobretudo, nas teses estúpidas de Arthur de Gobineau. Porém, a realidade tem mostrado o contrário.
Vejamos:
Em 2000, os brancos somavam 53,74% da população; em 2010 eram 47,33%. Já os pardos passaram de 38,45% para 43,13%, e os negros de 6,21 % para 7,61%. Ou seja, o que está diminuindo é a população branca!
E aqui, mais uma vez, o genial Gilberto Freyre (não obstante sua completa demonização pela esquerda acadêmica), tem razão: o Brasil é mestiço. Essa é a verdadeira riqueza da nação brasileira. E nenhum esperneio ou negacionismo mudará isso.
A cultura e a contribuição dos negros e seus ascendentes africanos jamais será apagada da história brasileira, e não importa o quão mais clara ou escura a pele de sua população se torne. E, convenhamos: são as afinidades eletivas — e o amor, evidentemente — que determinam os relacionamentos amorosos, não a ideologia de raças.
Por: Paulo Cruz é professor de filosofia e mestrando em Ciências da Religião.
https://esperandoasmusas.wordpress.com