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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Democracia apunhalada

Tentativa de assassinar Bolsonaro não pode ser tratada como ato insano de ‘lobo solitário’, pois é, de fato, atentado contra liberdade de disputar eleição



José Nêumanne (publicado no Blog do Nêumanne)

O servente de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira, mineiro, 40 anos, tem, como todo brasileiro, liberdade para, em nome dos ideais que o levaram a filiar-se ao PSOL e depois desfiliar-se, discordar de todos quantos não professem sua fé revolucionária e, no limite total, insultar quem dele discorde. Mas qualquer bebê de colo tem plena noção de que não lhe assiste autorização da sociedade para, munido de uma arma branca, ferir e tentar matar quem não comungue de seus ideais revolucionários e antidemocráticos. Ao fazê-lo, atentou contra o maior bem de que dispõe qualquer ser humano, a vida. Só que fez muito mais: cometeu um grave crime político de lesa-liberdade contra o Estado de Direito, que assegura a todos, sem exceção, permissão para pensar, empreender, expressar-se, concordar ou discordar e seguir qualquer credo religioso ou partidário.

O que aconteceu no fim da tarde de quinta-feira 6 de setembro em Juiz de Fora (MG) foi a terceira ocorrência criminal grave na política brasileira neste ano de sangue, ódio e medo. O primeiro teve lugar em 14 de março no centro do Rio de Janeiro e nele foram vitimados a vereadora do PSOL Marielle Franco e o motorista, Anderson Gomes, executados a balaços de um fuzil automático usado por atiradores até agora não identificados, que passavam num carro ao lado do ocupado pelos baleados. Em 27 de março, 13 dias depois, um atirador até agora não identificado pela autoridade policial Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil do Paraná ou Polícia Federal (PF) ─ alvejou com um revólver um ônibus da caravana que seguia o pretendente à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). [não identificado por uma razão ,muito simples: o atirador NÃO EXISTE;
o que houve foi uma simulação feita por petistas para chamar a atenção sobre a viagem do presidiário Lula da Silva - aliás, sua última viagem pelos próximos anos feita em veículo particular - as dos próximos anos serão em aviões da PF e viaturas policiais;
só que os autores da ideia da farsa não contavam que as três corporações envolvidas não aceitaram um LARANJA - e até mesmo ficou dificil arranjar entre os fanáticos petistas alguém disposto a ser laranja e repressentar um inexistente atirados.
Todas as investigações realizadas não comprovaram sequer a existência do atentado.]  E Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Partido Social Liberal (PSL) disputando idêntico posto, foi esfaqueado, sobreviveu e está internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, depois de ter sido submetido a uma laraparoscopia na Santa Casa de Misericórdia na cidade onde foi ferido.

Tudo o que se conhece sobre autorias ou motivação dos três crimes, todos graves, embora cada um com sua natureza específica, é o que tem sido dito em evidentes platitudes ou em desinformação declarada, de forma leviana e sem base em nada de concreto, pelo ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann. Nada do que foi “informado” pela autoridade máxima responsável pela “insegurança” nacional serve para uma nota de pé de página num compêndio de História do Brasil. Ele revelou detalhes vagos sobre suspeitas dos assassinos até hoje desconhecidos do massacre no Rio. Considerou “inaceitável” o tiro que acertou a lataria do ônibus de devotos de Lula e não feriu ninguém. 

Agora, enquanto seus subordinados da PF ainda investigavam a participação de eventuais cúmplices do agressor do candidato que concorre de verdade em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e também em rejeição, o chamou de “lobo solitário”. Como rezava o samba-canção, “e daí, e daí?”.

Da execução do Rio, do tiro disparado na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná, e da punhalada na democracia no interior de Minas, por enquanto, o público interessado só conhece o que a incompetência proverbial das Polícias Civis e Federal em matéria de investigação de crimes contra a vida autoriza: a autoria desconhecida nos dois primeiros casos e questões não respondidas no outro. A execução de Marielle e Anderson abriu a temporada das conjecturas oportunistas da guerra política em ano de campanha. A esquerda mendaz preferiu elegê-la mártir da revolução, em vez de mobilizar sua artilharia contra a incompetência das polícias do Rio e da intervenção militar na Segurança do Estado, todos incapazes de resolver um crime cujos autores deixaram óbvios vestígios. A direita infame preferiu satanizar a vítima, como se ela tivesse disparado os projéteis, e não sido o alvo deles. E recorreu a crimes similares contra cidadãos anônimos, como se uns justificassem o outro, critério estúpido, desumano e inócuo.

Enquanto Jungmann anunciava à Nação que milicianos suspeitos estavam sendo investigados e seu chefe, o presidente Temer, comemorava o êxito da operação incapaz de resolver um crime de repercussão internacional, os brasileiros com um mínimo de inteligência e pundonor choravam a própria sorte, entregue a essa gente incapaz e mentirosa. A viúva de Marielle, Mônica Benício, contou, pasme, que só neste fim de semana a polícia lhe pediu a senha do telefone da vítima para investigar suas chamadas. Cinco meses depois do crime…

Assim como na chacina do Estácio, berço das estripulias dos sambistas de antanho fugindo de chefes da polícia, o tiro no ônibus da caravana de Lula continua sem explicação das autoridades policial e judicial que esclareça mais do que os exames periciais divagando sobre o ângulo geométrico do cano da arma que disparou ou a solução do enigma da velocidade com que o ônibus se movia (ou não) quando foi alvejado. Jungmann decretou-o “inaceitável”. Mas até agora a evidência que salta do episódio, que pelo menos não deixou vítimas, é que a chefia dos policiais encarregados da investigação, passando pelo autor do truísmo, “aceita”, sem exigir explicação nenhuma, a inépcia de seus subordinados. Enquanto isso, os ditos “pescadores em águas turvas” põem a imaginação para funcionar apontando para os inimigos que teriam atirado, no mínimo, para assustar os peregrinos do lulismo. Ou para devotos do padim, que teriam atirado para adicionar cheiro de pólvora à teoria da perseguição imaginária com que vendem a militantes crédulos do Brasil e do mundo a fancaria hagiológica de que, além de carismático, seu líder é mártir dos exploradores de sempre, só por ser bom para pobres e desvalidos.

A vítima da tentativa de assassinato em Juiz de Fora correu risco de morte, está viva, grave, em estado grave, mas bem na UTI em São Paulo. Em princípio, ele foi beneficiado pela multiplicação automática de horas em copiosa cobertura no noticiário da campanha. Sua cota no horário no rádio e na televisão é de 9 segundos e ele passou a ocupar o noticiário (e não os comerciais) em minutos que superam muito os dos campeões do PSDB e do PT. Mesmo quando tiver saído do hospital e continuado a campanha, a audiência da grade da programação e a leitura das páginas nobres dos meios da comunicação produzirão em seu favor mais efeitos do que a soma do tempo no horário da propaganda de todos os seus adversários. Se prevalecer a experiência de que a comiseração é um elemento forte de simpatia e até apoio na política, é provável que o atentado possa beneficiá-lo na disputa. A retirada da propaganda agressiva do campeão do tempo e das iniciativas estúpidas, Geraldo Alckmin, do PSDB, já poderá favorecê-lo duplamente: por ter sido insultado na propaganda do adversário, ao mesmo tempo que era ferido de morte por um inimigo ideológico, teve reduzida sua altíssima rejeição.

A PF teria muito a explicar ao chefe Jungmann, se este estivesse interessado em explicações. A facada é uma imperdoável falha de segurança. A oportunidade para se redimir dela será dada por uma investigação completa, isenta e transparente do crime. Há dúvidas que estão aí para ser dirimidas. Quem pagou as aulas de Adélio numa academia de tiro onde praticavam os filhos da vítima, na distante Santa Catarina? Que generoso cliente paga a um quarteto de advogados grã-finos para defender a tese oportuna de que ele é doido, agiu sozinho e obedeceu a uma ordem divina? Por que o advogado mentiu de forma tão abjeta quando lhe atribuiu o desejo de ferir, mas não matar, com uma facada no abdômen? [quem paga sua hospedagem em um hotel? quem doou para Adélio quatro celulares modernos? como Adélio consegue manter celulares, um notebook e a si próprio, desempregado e nas raras vezes que trabalha ganha em torno de um salário-mínimo?]
 
Não dá para imaginar que Bolsonaro tenha ficado feliz com a exposição na mídia depois de ter corrido o risco que correu. Mas o que menos interessa agora são eventuais vantagens do candidato ferido. O Estado de Direito no Brasil depende de informações precisas, isentas e lógicas da autoridade policial que investiga o caso. O resto é lana caprina. Ao contrário do que faz crer a nota venenosa do PT contra a entrevista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ao Estado, este tem razão e fala a verdade. Os riscos para a sobrevivência e a higidez de nossa democracia aumentarão se nada for esclarecido tintim por tintim. E isso vale para os três atentados deste ano: a execução de Marielle e Anderson, o tiro no ônibus da caravana de Lula e a facada em Bolsonaro.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Às pressas, governo contrata 3 000 homens para segurança olímpica - será que vão lembrar de checar o passado dos contratados?

Força Nacional iniciou o cadastro de policiais e bombeiros inativos para fazer as operações de revista e raio-X nas arenas olímpicas [nada impede que um 'lobo solitário' use credenciais falsas de ex-policial ou ex-bombeiro - o improviso parece ser a tônica do esquema de segurança.]

No dia em que o site de VEJA revelou a falta de segurança das instalações olímpicas em virtude da ausência da empresa contratada para operar o Mag & Bag (revista magnética e de bolsas através do raio-X), o Ministério da Justiça resolveu agir para tentar evitar um colapso anunciado. Nesta quinta-feira, a apenas oito dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, a Força Nacional iniciou um processo de cadastramento e seleção de policiais militares e bombeiros inativos de todo o país. A missão é contratar 3 000 homens que ocuparão a lacuna deixada pela Artel Recursos Humanos, minúscula empresa de Navegantes, em Santa Catarina, que mesmo sem ter qualquer experiência no ramo, ganhou a licitação e abocanhou o contrato de 17,3 milhões de reais da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge) para fazer o controle eletrônico das 49 instalações.

O desespero é tanto que, na página da Diretoria de Inativos e Pensionistas da PM do Rio de Janeiro na internet, por exemplo, um alerta foi colocado em letras garrafais: “Inativos que queiram trabalhar na Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016”. A primeira exigência é que os policiais estejam na reserva há no máximo cinco anos. O texto explica que os escolhidos teriam as mesmas condições de alojamento e remuneração dos agentes da Força Nacional, ou seja, uma diária de 550 reais. Os inativos, no entanto, não podem residir na capital ou na região metropolitana: “Os indicados devem possuir endereço residencial em municípios do interior”, diz o texto.

Outro fato curioso é que o texto da DIP explica que o pernoite será feito no mesmo alojamento da Força Nacional, que está em edifícios populares construídos na favela Gardênia Azul, em Jacarepaguá. Com um alerta: “Destaque-se que as condições de hospedagem não são ideais e eventualmente os recrutados podem precisar providenciar colchões e transporte para os locais de trabalho”. A alimentação também será por conta dos contratados.

Na terça-feira, o diretor de segurança do Comitê Organizador Rio-2016, Luiz Fernando Corrêa, já havia enviado um email para seus pares alertando para a possibilidade de um colapso em virtude da falta de condições da Artel em prestar o serviço para qual havia sido contratada. “A verdade é que não sabemos ao certo quantos pessoas a Artel conseguirá colocar. Então, estamos agora atrás desses 3 000 para garantir uma condição mínima dessa operação”, explica um integrante da Sesge, lembrando que a empresa deveria contar com 6 000 funcionários treinados para a operação do Mag & Bag.

Ainda não se sabe também se a contratação será feita pela Força Nacional ou pela própria Sesge. O que se sabe é que os policiais recrutados, assim que chegarem ao Rio, passarão por um treinamento intensivo para aprender a operar o sistema. Para um integrante da alta cúpula da Rio-2016, a melhor solução seria a mesma adotada em Londres-2012:Eu jogaria no colo do exército. Em três dias eles colocam um pelotão aqui para resolver o problema”, diz. Na capital inglesa, quatro anos atrás, a empresa que faria este trabalho também se disse incapaz de realizar o serviço, que acabou sendo feito pelas Forças Armadas.

Outro problema que vem tentando ser contornado é em relação ao efetivo da Força Nacional. A previsão inicial da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos era de contar com 9 600 homens, mas muitos estados não enviaram. Minas Gerais, por exemplo, ficou de enviar 1 000 e enviou apenas 100 policiais. Na semana passada, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, conseguiu, junto ao governo de São Paulo, garantir o envio de 1 000 PMs paulistas. Com isso, o número da Força Nacional chegará próximo dos 6 000 durante os Jogos.

Fonte: VEJA -Leslie Leitão

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A criminalidade é permanente, já o terrorismo só ameaça durante um grande evento - exceto nos tempos em que Dilma, Zé Dirceu, Franklin Martins e outros maus brasileiros eram os terroristas. Felizmente, eram extremamente incompetentes também como terroristas.

‘Criminalidade preocupa mais do que terrorismo’, diz Moraes

Ministro da Justiça afirmou que a chance de um ataque terrorista ocorrer durante os Jogos Rio-2016 é ‘próxima a zero’, segundo jornal

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que a criminalidade preocupa mais do que o terrorismo durante a Olimpíada e Paralimpíada no Brasil. Segundo Moraes, o país não pode passar essa imagem para o restante do mundo. “Teremos número maior de delegações, de turistas de todos os países. Não podemos deixar que se passe imagem de criminalidade no Brasil”, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, divulgada na edição desta quarta.

“A questão do terrorismo se combate mais com inteligência e formação, preparando os protocolos e cuidados em aeroportos. Isso é uma parte do treinamento, mas, ao mesmo tempo, tem de fazer um mapeamento da criminalidade”, explicou. O ministro da Justiça também confirmou que é mais provável que pessoas solitárias realizem um atentado do que um grupo, como aconteceu na França na semana passada. Isso porque “um ataque maior, de grupo, precisaria de um planejamento maior”.

“Como não só o Brasil, mas todo o mundo está fazendo um monitoramento grande, fica mais complexo [de eles agirem]. O monitoramento aos ratos solitários [o termo correto é ‘lobos solitários’] também existe. Qualquer coisa que pareça suspeito, mesmo algo tosco, estamos de olho”, disse Moraes. Para o ministro da Justiça, porém, as chances de um ataque terrorista durante a Olimpíada é “próxima a zero”. Há um mês, VEJA revelou o teor de um relatório da Abin, em que a agência justamente o contrário: segundo a Abin, numa de escala de 1 a 5, o risco de atentados durante os Jogos Rio 2016 está no nível 4.

Questionado sobre como o governo vai evitar que confrontos entre facções atrapalhem os jogos, Moraes afirmou que “não vai haver”, assim como não houve na Copa do Mundo. “Concordo quando o secretário do Rio, [José Mariano] Beltrame, diz que o problema na segurança não será durante a Olimpíada, pela quantidade de policiais, de informações, de rastreamentos. [O maior problema] será o antes e o depois. Por que alguém vai entrar em confronto quando há cinco vezes mais policiais, força militar com armamento pesado e a Polícia Federal com nove vezes mais policiais? Não há lógica nisso.”

Em relação ao governo francês, que desmentiu nesta terça-feira o plano terrorista contra sua delegação no Rio, Alexandre de Moraes disse que “houve precipitação”. “Ao dizer isso, sem nenhum indício, obviamente tiveram de voltar atrás. Só de jogar essa possibilidade aumenta a sensação de insegurança. Não havia necessidade disso, sem que tivessem um mínimo indício”, afirmou.

Fonte: Revista VEJA