"Em menos de 1 hora aconteceram muitas coisas, e nada foi checado. Eles não poderiam ter demorado tanto para saber o que estava acontecendo", afirma o irmão de Rubens Leal, encontrado morto em motel
O colaborador do Correio Braziliense Rubens Bonfim Leal, 35 anos, foi encontrado morto nesse domingo (13/5) dentro de um quarto de motel do Núcleo Bandeirante. Rubens chegou ao local às 7h45, acompanhado de um jovem, que, segundo a Polícia Militar, teria entre 20 e 22 anos. O suspeito do crime pulou uma cerca para fugir do local, depois de, sozinho e sem pagar a conta, ser impedido de deixar o estabelecimento. Rubens trabalhava como revisor do jornal havia um ano.Ambos haviam feito uma reserva de oito horas no Paradise Vegas Motel. O gerente do estabelecimento, Joseny Cézar, contou que, antes das 8h30, uma camareira ouviu gritos de socorro. Mesmo assim, ninguém se dirigiu ao quarto. Meia hora depois, o jovem usou o carro do revisor para tentar sair do motel. Sem autorizá-lo, empregados ligaram para saber se Rubens liberava a saída, mas ninguém atendeu à chamada. O suspeito, então, retornou ao quarto e tentou se passar por Rubens a fim de conseguir a liberação. Como a voz dele foi identificada pelo telefone, mais uma vez, a saída foi proibida. Com a negativa, o rapaz decidiu fugir do motel. De acordo com o gerente, ele subiu em uma Kombi, pulou uma cerca e escapou sem ser percebido. Apesar de toda a movimentação, empregados do estabelecimento só estiveram na suíte depois de expirado o horário de permanência, às 16h.
Lá, encontraram o corpo do revisor com ferimentos na cabeça e na altura do pescoço. Rubens estava com as mãos e as pernas amarradas com lençóis, além da boca amordaçada. O telefone foi deixado fora do gancho, e o quarto ficou revirado. Policiais do Grupo Tático Operacional do 25º Batalhão de Polícia Militar (Park Way) atenderam à ocorrência. Eles não encontraram nenhum documento da vítima no quarto, mas a identificaram pela placa do carro. Segundo o cabo César Augusto Rocha, o assassino de Rubens usou um objeto cortante para matá-lo. “Nenhum dos funcionários ouviu barulho de tiro. Além disso, ele tinha perfurações perto do pescoço”, detalhou. A 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante) investiga o caso. Peritos da Polícia Civil analisaram o local do crime. Hoje, a perícia será feita no veículo, que tinha uma bicicleta acoplada na traseira. Como o suspeito dirigiu o carro, os policiais podem encontrar digitais.
Omissão
Rubens era o caçula do aposentado Pedro Bonfim e da professora Francisca Bonfim. Um dos três irmãos do colaborador do Correio, João Bonfim Neto, 36, reclamou da falta de atitude dos funcionários do motel. “Houve omissão. Não é comum, ainda que em uma situação de sexo, uma pessoa pedir socorro. Além disso, em menos de 1 hora aconteceram muitas coisas, e nada foi checado. Eles não poderiam ter demorado tanto para saber o que estava acontecendo. Teriam de chamar a polícia”, cobrou. Nesta segunda-feira, Rubens acompanharia os pais até Goiânia, onde Pedro recebe tratamento devido a um câncer.
Rubens trocou Fortaleza por Brasília em 1998, com a família. Formou-se em letras/espanhol e também cantava em corais. Chegou a se apresentar no casamento de amigos. Além de trabalhar como revisor no Correio, ele ajudava a família a manter um quiosque no Guará 2. “Ele era cheio de vida e compromissado com a família. O Rubens sempre foi querido por todos nós”, lembrou o tio Cícero Bonfim. “Um homem que fazia amizades de um jeito muito fácil. Era extrovertido e conseguia agrupar todos os familiares”, reforçou João.
Oração
Familiares e amigos usaram as redes sociais para lamentar a morte de Rubens. Com a foto do revisor, fizeram homenagens sobre a partida precoce dele: “É com muita tristeza que tive a notícia de que você se foi. Descanse em paz, meu grande amigo. Que Deus o receba em seus braços. Os bons morrem jovens... Que Deus dê forças a toda a sua família.”
“É difícil demais ter de ficar longe de quem você mais queria perto. Fica em paz, meu amor, que Deus o receba em seus braços”, escreveu uma amiga, no perfil do Facebook dele. “Vamos pedir a Deus misericórdia e muita oração para a família”, postou outra.
Colaborou Gabriela Vinhal