Pouco depois, Bolsonaro demitiu o general da reserva Carlos Alberto dos  Santos Cruz da Secretaria de Governo. Ele pouco falou, mas deixou uma  frase críptica: “Tem que ter noção de consequência.”  Como disse o sábio Marco Maciel, “as consequências geralmente vêm depois”. Quando Bolsonaro diz que “o Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele” e que “a gente tá se bicando há um tempo”, o que ele faz é fritá-lo.

A fritura de Mandetta serve ao coronavírus e a ninguém mais. Bolsonaro sabe desidratar colaboradores e secou o ex-juiz Sergio Moro, mas a importância do Ministério da Justiça não pode ser comparada à da Saúde durante uma epidemia. Desde o inicio da crise, Bolsonaro oscilou do negacionismo ao Apocalipse. O que pode parecer um comportamento errático, foi uma constante e equivocada defesa de seus interesses: “Se acabar a economia, acaba qualquer governo, acaba o meu governo”.

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Bolsonaro acertou
Contrariando vários ministros, o presidente Jair Bolsonaro suspendeu por 60 dias um aumento de até 5% no preço dos remédios. Na sua incorrigível opção pela realidade paralela, informou que a medida  foi tomada “em comum acordo com a indústria farmacêutica”. Falso, a decisão foi tomada em desacordo com a guilda do setor. O Sindusfarma fez questão de registrar que não foi consultado.

[Se Bolsonaro não adiantasse ter sido tudo decidido em comum acordo - não deixou de ser um comum, tão não comum - logo um desses partidecos contra o Brasil e o presidente Bolsonaro - , ingressaria com uma ação em "brejo do fim do mundo" contra o presidente alegando interferência indevida no direito das indústrias impor seus preços, ainda que morressem pessoas por conta disso.
E uma liminar seria concedida. Quando fosse caçada, certamente seria, muitos inocentes teriam morrido.
Por isso o presidente do Brasil adaptou a versão.]

Na patética videoconferência de empresários amigos da Federação das Indústrias de São Paulo com Bolsonaro, esse congelamento provisório havia sido uma das poucas propostas capazes de refrescar o andar de baixo. Ela partiu de Eugênio de Zagotti, representante das farmácias. Ele disse o óbvio: “O Brasil não precisa dessa manchete”. Foi contraditado por Carlos Sanchez, em nome da indústria, que ofereceu dois caminhos para que a providência fosse adotada:
O governo poderia criar uma dólar especial para o seu setor, a R$ 4, ou as farmácias deveriam abrir mão de uma parte de sua margem de lucro, repassando-o à indústria.

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