Primeiros passos de Bolsonaro parecem planejados para preocupar militares
Os primeiros passos do governo, e do próprio Jair Bolsonaro, parecem
planejados para preocupar os militares. O descritério da entrega de
cargos na problemática Educação e nas complexas Relações Exteriores, [estão em boas mãos e o sucesso do ministro das Relações Exteriores, junto ao Grupo de Lima, o processo de enquadramento da Venezuela, é um excelente indicador do acerto nas escolhas.] por
exemplo, não precisaria ser acompanhado pelo coro de desvarios, vindos
de vários ministros, para indicar o perigo à frente.
Já esses dias iniciais desacreditam muito o propalado sistema de contenção de desvarios operado pelos 11 militares do governo. O problema prático é o alto risco de embates internos, com potencial de
crises. Em sentido mais amplo, o que está em jogo para os militares, se a
contenção falha, é o comprometimento das Forças Armadas como
responsáveis pelo governo desnorteado. Por intermédio de generais reformados, o Exército aceitou esse risco,
curvando-se outra vez à ilusão primária de salvador da pátria.
Não teria como negar sua responsabilidade, tanto na identificação que
permitiu a um oficial excluído [??? - escolhido pelo povo soa melhor e é a verdade.] , sem credencial alguma para tal crédito,
como na participação associada à condição de militares. Na formação dessas linhas cruzadas, Marinha e Aeronáutica mantiveram-se à
distância, entregues a um profissionalismo exemplar. Talvez jamais
tenha havido aqui outro período de tão correta conduta militar como a
dessas duas instituições, nos últimos tempos. Por isso a generalização da palavra militares, em assuntos políticos
atuais, é uma utilidade imprecisa e injusta. Militares da Marinha e da
Aeronáutica não estão nos jogos da política. Não deixam de ser
incógnitas, porém, na eventualidade de um insucesso governamental que
pesaria, por certo, no conceito das Forças Armadas em geral. Mais uma
vez.
Militares que entrem na política têm que ser políticos. Sempre
existiram. A dubiedade nunca levou a bom resultado. É esta, no entanto, a
propensão visível nos desvarios que já escandalizam. Inaugurados, por
sinal, pelo próprio Bolsonaro: sua primeira medida na Educação foi de
cunho religioso e antiescolar, liberando para faltas os alunos que
invoquem motivo religioso.
(...)
SEM REMÉDIO
Passadas apenas 48 horas da rescisão cubana com o Mais Médicos, o
governo Temer informou e Bolsonaro reafirmou já haver inscritos para 80%
das substituições. Das vagas de 8.332 médicos cubanos, só 5.846
substitutos se apresentaram até agora (Folha, 4.jan). Quase um terço das
vagas continua em aberto.
O que as “autoridades” e assemelhados mentem no Brasil não os condena, jamais. Condena a imprensa.
Os médicos cubanos, argumentou o humanitário Bolsonaro, eram
escravizados. A julgar por suas bagagens de volta —tantas tevês enormes,
computadores, equipamentos de som, roupas, tralhas a granel, expostas
nos jornais como coisa normal—, aqui é melhor ser escravo. [logo que as 'bagagens' eram exibidas, eram confiscadas pelo governo cubano, para venda a favorecidos, ficando o dinheiro com o Estado.] o material era exibido O salário
mínimo agora “corrigido”, para 2019, aumenta pouco mais de R$ 1 por dia.
Matéria Completa, Janio de Freitas - Folha de S. Paulo