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domingo, 4 de março de 2018

O plano da Polícia Federal para o dia da prisão de Lula

Preparativos envolvem 350 pessoas, avião e apoio da PM. Não haverá uso de algemas e PF trabalha com cinco possíveis locais para o cumprimento da pena

Condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a doze anos e um mês de prisão, Lula será recolhido ao cárcere tão logo seu recurso contra a sentença seja julgado no TRF4, o que deve ocorrer a partir do próximo dia 23. A cadeia, se nenhuma reviravolta acontecer, é uma questão de dias.




Ciente do peso da biografia do alvo, a PF quer evitar erros cometidos em ações anteriores, para não vitaminar o discurso de Lula segundo o qual ele tem sido vítima de uma caçada judicial. Já foi acordado, por exemplo, que não haverá o uso de algemas nem de camburão. A Polícia Federal espera deter o petista em sua casa em São Bernardo do Campo (SP) e listou cinco locais onde o ex-presidente pode começar a cumprir sua pena na Lava-Jato.



Em março de 2016, o ex-presidente Lula, ao ser submetido a um mandado de condução coercitiva, ameaçou dois delegados e quatro agentes da Polícia Federal que participaram da operação: “Eu vou voltar a ser presidente em 2018 e lembrarei de cada um de vocês. Me aguardem”. Dois anos depois, o reencontro decisivo entre Lula e os investigadores da força-­tarefa da Lava-­Jato está prestes a se realizar, mas não da forma imaginada pelo ex-­presidente. Condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a doze anos e um mês de prisão, Lula tornou-se inelegível e será recolhido ao cárcere tão logo seu recurso contra a sentença seja julgado no TRF4, o que deve ocorrer a partir do próximo dia 23. A cadeia, se nenhuma reviravolta acontecer, é uma questão de dias. Por isso, um grupo restrito de delegados e agentes da PF vem discutindo, há três semanas, um plano para cumprir a ordem de prisão de Lula. O trabalho é sigiloso. Até o planejamento operacional foi registrado nos arquivos da polícia apenas como uma sequência numérica. O objetivo é impedir o vazamento de informações que dificultem o cumprimento da missão.

 Reportagem de VEJA desta semana mostra os preparativos da Polícia Federal para cumprir a ordem de prisão contra a maior estrela do petrolão. O trabalho para o “Dia D” da Lava-Jato – como tem sido chamado na corporação – é sigiloso e envolve 350 agentes, avião e apoio da Polícia Militar.

Veja ONLine


(Vagner Rosário; Infraero; Marcelo Camargo/Ag. Brasil; Leonardo Benassatto/Reuters; Evelson de Freitas/Folhapress; Aviation Pictures/VEJA)

Alta cúpula do PT acredita que Lula será preso ainda neste mês


domingo, 6 de março de 2016

STF nega pedido para parar investigações contra Lula

Defesa do ex-presidente alegava que ele não poderia ser investigado ao mesmo tempo pela força-tarefa e pelo Ministério Público em São Paulo

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou na noite desta sexta-feira pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para interromper as investigações contra ele e definir qual braço do Ministério Público estaria apto a apurar irregularidades atribuídas ao petista.

Nos últimos dias, a defesa do ex-presidente havia recorrido ao Judiciário, com pedido de liminar, alegando ser alvo de duas apurações simultâneas, do Ministério Público de São Paulo e do Ministério Público Federal. Ele alegava que não deveria ser investigado na Lava Jato e pediu ao STF que decidisse onde o processo deve tramitar. Sem decisão da ministra até o início da noite desta sexta, foi deflagrada na manhã de hoje a 24ª fase das apurações, batizada de Aletheia e centralizada no petista. A mais recente etapa das investigações sobre o escândalo do petrolão foca nas suspeitas de que o petista tenha recebido vantagens indevidas durante o mandato presidencial e depois que deixou o Palácio do Planalto. Lula foi alvo hoje de um mandado de condução coercitiva. Ele prestou depoimento por cerca de quatro horas no aeroporto de Congonhas e depois foi liberado.

Em seu despacho, a ministra disse que o Supremo é, sim, o foro competente para dirimir conflitos de competência dessa natureza, mas afirmou que, no momento, não é possível afirmar que haja duplicidade nas investigações. "Afastadas eventuais situações teratológicas, em princípio ao encerramento das investigações, quando bem delineados e esclarecidos os fatos, é que é possível identificar a existência de conteúdos conflitantes", disse. A magistrada destacou que o MP-SP e o Ministério Público Federal, em Curitiba, não reconhecem haver conflito nas apurações envolvendo o ex-presidente Lula e afirmou que, "sob o ângulo objetivo, carece de plausibilidade a própria tese de que efetivamente foi configurado o conflito positivo de atribuições entre os Ministérios Públicos apontados na exordial".

"Reputo que os crimes em apuração no procedimento instaurado pelo Ministério Público Federal, aparentemente, não se confundem com o objeto da investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo. Ainda que de qualquer modo interseccionados e que, no curso ambas as investigações, tenham sido suscitadas questões pertinentes aos mesmos imóveis, vislumbro contemplarem objetivos distintos", completou ela.

Fonte: Laryssa Borges, de Brasília