Há três anos, o juiz Celso Fernando Karsburg enfrenta olhares de reprovação dos colegas.
Quando o ministro Luiz Fux estendeu o auxílio-moradia a todos os
magistrados do país, ele se recusou a embarcar no trem da alegria. Abriu mão do
pagamento de R$ 4.300 mensais e escreveu que o penduricalho era “imoral,
indecente e antiético”.
“Virei a
Geni. Fui execrado e até xingado por colegas”, conta o titular da 1ª Vara do
Trabalho de Santa Cruz do Sul (RS). Ele não se arrepende. Diz que não poderia
aceitar o benefício, já que tem uma casa própria na cidade em que trabalha.
“Foi uma
questão de consciência. O auxílio não está previsto na Constituição e foi
transformado num legítimo fura-teto. Se isso não é desvio de finalidade, não
sei o que mais poderia ser”, critica.
Nas
últimas semanas, dirigentes de associações de magistrados foram ao Supremo para
defender a manutenção do privilégio. A marcha dos com-teto envergonhou o doutor
Karsburg. Ele se
constrangeu ainda mais ao ouvir as declarações a favor da regalia. Na semana
passada, o juiz Sergio Moro afirmou que o auxílio é “discutível”, mas “compensa
a falta de reajuste dos vencimentos”.
O
presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Manoel Calças, dispensou os
eufemismos. Admitiu que o benefício virou “salário indireto” e disse que o
valor ainda é “muito pouco”. “Eu recebo e tenho vários imóveis, não só um”,
acrescentou. “O que
mais constrange é ver juízes e desembargadores admitindo que o auxílio virou
complementação de renda”, diz Karsburg.
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