Para
líderes da base, queda da aprovação da presidente ameaça medidas de ajuste
fiscal
A queda
na popularidade da presidente Dilma Rousseff, com avaliação
negativa do governo, terá reflexo direto nas votações do Congresso. Já
com problemas para controlar sua base de apoio, a
presidente enfrentará sérias dificuldades para aprovar medidas "impopulares" e , como as mudanças nas leis trabalhistas, e a votação do Orçamento
para 2015, desde o ano passado pendente. Essa é avaliação de integrantes
da cúpula dos partidos que apoiam Dilma. — Claro
que isso torna difícil para o governo a aprovação de medidas impopulares, como
as mudanças no seguro desemprego e no abono salarial — diz um cacique
peemedebista.
O líder
do PDT, André Figueiredo (CE), afirma que Dilma precisará aumentar a negociação
com sua base aliada para sair desse momento difícil. — Vai ter que negociar muito. Terça mesmo vou fazer pronunciamento
contra essas medidas (trabalhistas). Infelizmente a equipe econômica se orienta
por um viés do sistema financeiro. E ela tem que abrir diálogo com Congresso —
disse Figueiredo.
As
medidas do governo na área trabalhista ampliaram o
prazo para que os trabalhadores possam acessar o seguro desemprego e reduziram os valores a serem pagos a título de abono
salarial. Há ainda mudanças em relações a pensões. Os temas são alvo de
Medida Provisória e terão de ser votados pelo Congresso a partir do mês de
março. Orçamento pode ser votado nas próximas semanas.
GOVERNO
CRÊ EM MELHORA GRADUAL
Segundo
pesquisa Datafolha,
44% dos entrevistados consideram o governo da
presidente Dilma ruim ou péssimo, enquanto 23% acham ótimo ou bom. Em outubro, durante o período eleitoral, esses índices eram de 24% e 42%,
respectivamente. O núcleo político de Dilma atribui a queda de popularidade do
governo a problemas circunstanciais e que serão superados com “muito trabalho”
ainda este ano. — O aumento nas tarifas
de energia e gasolina foi necessário para um equilíbrio fiscal que assegure a
implantação de todos os programas sociais, que são intocáveis. Nós já
convivemos com períodos de menor aprovação. E com o nosso trabalho fomos
capazes de responder às expectativas do povo. Assim faremos nos próximos quatro
anos — disse o ministro Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência da
República.
Apesar de
ministros palacianos afirmarem que foram pegos de
surpresa com o tamanho da queda, a avaliação é de que há uma agenda
negativa muito forte no momento — crise
hídrica, aumento dos combustíveis, aumento da energia, inflação, petrolão e
outros — que se dissipará ao longo dos meses. A
análise mais otimista, no entanto, é restrita a
ministros mais próximos à presidente. Integrantes do governo atribuem a
queda de popularidade à falta de autocrítica e desprezo do núcleo político à
opinião pública. — Há uma desmobilização
do governo para se defender. A presidente pediu a todos nós, na reunião
ministerial, que explicássemos as medidas e defendêssemos incansavelmente o
governo. Na prática, ninguém faz isso — disse um ministro.
Ao
comentar o momento do governo, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE)
ressalta que é preciso focar na investigação da CPI da Petrobras para depois
avançar para eventuais consequências: — Até
para não se dar respaldo a um discurso que o governo faz de que a CPI é para
tentar derrubar a presidente. [a CPI mostrar que Dilma é culpada e fornecer
razões para que se promova o afastamento da presidente por impeachment, na
forma da legislação vigente, não pode
ser considerado derrubar a presidente e sim punir uma presidente que
transgrediu leis.]
Fonte: O Globo