Há muitos argumentos contrários
ao aborto. De razões
religiosas, éticas e espirituais, até argumentos científicos, são vários os
motivos para não se praticar a interrupção da gravidez. Sem contar o
óbvio: a proibição da lei. E em meio
ao debate sobre o tema, muito se discute
se o feto já pode ser considerado um tipo de vida, ou mesmo uma vida plena,
ou se é apenas um amontoado de células, que não possui, ainda, as
características necessárias para ser considerado um ser humano completo.
Aqueles que defendem que o feto
não pode ser considerado um ser humano, entendem que, por isso, a mulher que o carrega no
ventre teria liberdade para escolher se quer ou não dar seguimento à gestação.
Se o que ela carrega em seu útero não é uma pessoa, não haveria razão para
força-la a levar até o fim a gravidez. O problema é que nenhum cientista, médico ou algum outro
estudioso qualquer do assunto consegue afirmar, com toda certeza, que o feto
já não possui todas as características humanas, ainda que em potência. E
se, pelos métodos científicos laboratoriais, é difícil afirmar que o feto é um
ser humano pleno, confirmar o contrário
tem se mostrado impossível.
Ainda
assim, há outros meios que são aceitos
amplamente nos ambientes, inclusive científicos, mas que são ignorados
quando o assunto é confirmar a humanidade das crianças ainda nos ventres de
suas mães. Um
deles é a chamada memória intra-uterina. Esta, sem entrar em detalhes sobre as questões éticas que a
envolvem, é pacificamente aceita como
verdadeira e reconhecida como real. Independente das conclusões que tiram da técnica psicológica de
tentar acessá-la nos registros mentais do paciente, uma coisa é certa: há, no cérebro humano, o registro das
percepções que cada um teve no período que viveu dentro da barriga de sua mãe.
A conclusão óbvia disso
é que se há registro, na memória, dos fatos
ocorridos em sua própria gestação, então significa que
ali já havia um ser humano. Se já
havia a operação cerebral de gravação de tudo o que ocorria no ambiente, é porque havia um
cérebro trabalhando. E se há um cérebro em operação, então há uma
vida humana, plena e atual.
Mais
ainda, tais registros se tornam objeto de interpretação
do próprio indivíduo, ainda que a posteriori, mostrando que o que
ali ficou gravado não são apenas sensações primordiais e básicas, mas
detalhadas do ocorrido dentro e mesmo fora do útero. A despeito de algo tão
evidente, muitos psicólogos e gente da comunidade científica finge ignorar essa
realidade. Eles não têm problema em aceitar o fato de existir o registro cerebral
do período intra-uterino, no entanto, esquecem de tirar as devidas conclusões
disso, principalmente, em relação à licitude ou não da prática do aborto.
Isso porque, infelizmente, a
questão do aborto deixou, há muito tempo, de ser algo relativo à ciência, e passou a fazer parte
apenas das disputas ideológicas. Aqueles
que o defendem, já nem podem ser demovidos de sua idéia pelas razões lógicas e
pelas provas científicas. Ainda que mostrem, com
todas as evidências, que o que há
dentro de cada mulher grávida é uma
pessoa em sua completa capacidade, seguirão
bradando por seu direito de matá-la.
Fonte: http://www.fabioblanco.com.br/