Num colegiado de 11 magistrados, o inquérito secreto aberto por Dias
Toffoli e relatado por Alexandre de Moraes resulta numa estatística perversa:
18% do Supremo Tribunal Federal conferem aos 82% restantes uma péssima
reputação.
Nesse contexto, soa perturbador o silêncio das nove togas que
compõem a banda muda da Suprema Corte. Por ora, apenas um ministro parece ter
percebido que certos silêncios merecem resposta imediata. Levando os lábios ao
trombone, Marco Aurélio Mello (9%) chamou pelo nome próprio a censura à
reportagem que cita Dias Toffoli: "É um retrocesso em termos democráticos",
declarou, antes de tachar de "inconcebível" a ordem para que o texto
sobre "o amigo do amigo" do pai de Marcelo Odebrecht fosse retirado
do ar pela revista eletrônica Crusoé e o site O Antagonista.
Certos personagens podem imaginar que, não tendo nada a dizer, o melhor
é se abster de demonstrá-lo com palavras. Mas o risco que um magistrado zeloso
corre ao se fingir de morto ao lado de colegas vivaldinos é o pessoal que passa
não distinguir quem é quem. Talvez fosse conveniente, no mínimo, gritar para
que o inquérito sigiloso fosse submetido ao crivo do plenário da Corte. Edson
Fachin tem um bom megafone nas mãos. A conjuntura recomenda pressa, pois
Toffoli e Moraes conseguiram um feito notável: magnificaram os ataques ao
Supremo e seus membros. Antes, as críticas circulavam pelas redes sociais.
Agora, ecoam nos portais, nos jornais, nas rádios, no horário nobre das tevês.
Logo, logo não haverá outro assunto nas mesas de boteco.
Ao dar de
ombros para o arquivamento promovido pela procuradora-geral Raquel Dodge,
Alexandre de Moraes manteve aberta a fábrica de matéria prima para a
proliferação de críticas ao Supremo. Ao prorrogar o processo secreto por três
meses, Toffoli como que consolidou a parceria informal com os detratores da
Corte. A dupla acabará acordando o asfalto. Nessa hora, quem não deu um pio não
poderá piar.
Blog do Josias de Souza
PGR escancara atentados
do STF à Constituição ... - Veja mais em
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'...O que a procuradora afirma, com outras palavras, foi o seguinte: Toffoli instituiu a ditadura do Supremo. A Corte abre o inquérito, ela mesma conduz a investigação, ela mesma pode sentenciar...' '...Noutra afronta ao texto constitucional, o inquérito de Toffoli colocou o Supremo no encalço de brasileiros que não deveriam ser investigados, processados e julgados na instância máxima do Judiciário...'