Epa! Então mais uma bomba ameaça destruir Lula e o PT? É mesmo, é? E quem teria acendido o estopim? Ele! Antonio Palocci.
Muamar Kadafi voltou do inferno para assombrar a companheirada, carregando uma maleta com US$ 1 milhão. Será mesmo? Um
espectro ronda o universo das delações premiadas: justamente Palocci.
Tudo, no seu caso, obedece a caminhos um tanto heterodoxos. Saiu de sua
boca aquela que era, até ontem, a mais bombástica acusação contra o
ex-presidente: o petista teria feito um “pacto de sangue” com Emílio
Odebrecht que envolvia o tal sítio de Atibaia, palestras a R$ 200 mil
(fora impostos), o terreno para a construção do Instituto Lula e, bem…,
uma reserva de R$ 300 milhões para enfrentar o interregno fora do poder.
O dinheiro seria de livre uso de Lula ou do partido. Primeira
estranheza: Palocci poderia ter contado essas coisinhas nada
irrelevantes, se verdadeiras, no âmbito da delação. Mas preferiu acender
velas no altar de Sérgio Moro, ao qual devotava tal sujeição e
submissão no depoimento que beirou a caricatura, o que não escapou ao
olhar atento de advogados treinados na arte de construir a imagem do seu
cliente.
Nunca é
demais lembrar: delator é bandido. Palocci ambicionava o lugar não do
marginal pego com a boca na botija, mas o do arrependido por ter
colaborado com o malfeito. Em que
aquilo tudo lhe poderia ser individualmente útil? Não ficou claro. Que o
objetivo ali fosse incriminar Lula, bem, isso era evidente. Palocci
contou o que lhe foi indagado e também o que não foi. E se ofereceu para
revelar mais coisas. Desde aquela data, aguarda-se com certa ansiedade
a sua delação. Empacou. Uma das dificuldades, tudo indica, está no fato
de que a Procuradoria-geral da República não quer ter um novo Joesley
Batista nas costas. Sim, as acusações do açougueiro eram também
explosivas, mas a população não engoliu os benefícios que o empresário
recebeu. Ainda pior: descobriu-se depois que parte daquelas ações que
procuraram atingir Michel Temer e Aécio Neves eram armações, com
características de flagrante armado.
A Lava
Jato não precisa de uma nova desmoralização, agora com Palocci. Uma das
dificuldades estaria no fato de que ele é bom para apontar crimes
alheios, mas fraco quando se trata de revelar os seus próprios. Prefere
ser, assim, aquela testemunha ocular da história, entenderam? Tudo
indica que a operação já tem impunes demais. Depois que
Palocci fez aquelas graves acusações contra Lula, o petista saltou do
patamar de 30% para o de 35% nas intenções de voto no primeiro turno; no
segundo, ele alargou a dianteira no confronto com possíveis
adversários. E olhem que, naquele caso, o ex-ministro fazia acusações
cujo conteúdo é compreensível para as massas: sítio, terreno, R$ 300
milhões, palestras a R$ 200 mil. O próprio Lula chegou a imaginar
estragos na sua imagem. O eleitorado não deu a menor pelota. [fácil de entender o pouco caso que o 'eleitorado' de Lula faz com as acusações contra o filho do 'coisa ruim': quem vota dem Lula, Dilma, não tem capacidade de pensar, discernir.
Quando não estão preocupado com as bolsas que vão ganhar ou se consideram 'intelectuais', 'militantes'. estão concentrados em arrumar boquinhas no governo lulopetista para roubarem - ainda que ninharia, restos do festim, tipo fazia Rosemary, a amiga íntima.] No país em
que tudo vai se mostrando possível, por que não isso?
E, agora,
mais uma bomba ameaça implodir o PT: o carniceiro Muamar Kadafi, então
ditador da Líbia, teria repassado ao PT US$ 1 milhão para a campanha
eleitoral de… 2002!!! Reportagem da Veja informa que Palocci teria feito
essa acusação em seu pré-acordo de delação.
A
acusação, obviamente, é gravíssima. Se for comprovada, o PT pode perder o
registro, segundo dispõe o Artigo 28 da Lei 9.096, a dos partidos
políticos, a saber:
O Tribunal Superior Eleitoral, após
trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro
civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado:
I – ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; II – estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros.
I – ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; II – estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros.
Mas é
precisamente nesse ponto que a porca torce o rabo. Como provar que se
fez uma doação irregular em 2002? Não existe mais nem mesmo a elite que
governava, então, a Líbia. Recomendo aos senhores leitores antipetistas entusiasmo comedido com a notícia.
Parece-me
estranho — e a qualquer pessoa minimamente experimentada nas artimanhas
da política — que aquele que era o braço operante do PT do mercado
financeiro tenha como “a grande bomba” contra o partido a doação ilegal
feita em 2002 por um ditador que já está morto. O atual governo da Líbia
mantém segredo até sobre o local do sepultamento.
A menos
que haja uma prova, coisa de que duvido, esse negócio vai gerar muito
barulho nas redes sociais, excitar o ânimo da militância antipetista,
inflamar ainda mais os já inflamados e morrer no nada. Ah, sim: servirá para Lula dizer que não só tentam tirá-lo da eleição como querem agora fechar o partido.
Lá vem vitimismo triunfante pela frente.
Blog do Reinaldo Azevedo