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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Tudo pronto para a Nova Ordem Mundial. E o culpado será o Irã - Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez

Geopolítica maquiavélica - A justificativa para trazer o Irã para o conflito em Israel parece já estar montada, e poderá trazer fim à ordem mundial vigente.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.

 O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.| Foto: Ernesto Mastrascusa/EFE

Quem estuda as entranhas do poder mundial sabe que o general quatro estrelas dos Estados Unidos, Wesley Clark, antigo comandante de forças da OTAN na Europa, revelou ao mundo o plano de Washington para o Oriente Médio após o 11 de setembro de 2001: derrubar o regime de sete países em cinco anos
Começando com o Iraque, o plano seguiria com Síria, Líbano, Líbia, Somália e, finalmente, o Irã.  
A informação foi revelada na página 130 do seu livro “Winning Modern Wars: Iraq, Terrorism, and the American Empire, lançado em 2003.  
O que está acontecendo em Israel hoje possui direta relação com esse plano. 
E não entender essa conexão significa deixar de possuir o algoritmo de interpretação sobre a realidade que nos cerca, não entender para onde o mundo está indo e não conseguir se preparar.
Você sabe muito bem o que aconteceu com o regime iraquiano, culminando na morte de Saddam Hussein. 
Provavelmente você se lembra que em 2013 quase teve início a terceira guerra mundial quando os EUA enviaram navios e homens para a Síria com o intuito de derrubar Bashar al-Assad, após um suposto ataque com armas químicas que teria vitimado crianças. Talvez mais uma bandeira falsa.

    Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente.

Hoje, parece que os Estados Unidos estão determinados a encontrar uma maneira de convencer a opinião pública norte-americana e mundial de que o regime iraniano deve ser derrubado
O caminho mais óbvio para essa estratégia de operação psicológica é “provar” que os inomináveis atos do último dia 7 de outubro em Israel foram diretamente patrocinados e planejados pelo regime de Teerã. 
 Porém, um segundo caminho que parece estar sendo criado é culpar os iranianos por um ataque hacker global de grandes proporções. 
Mas, para você entender o tamanho deste problema, terei de contar algumas histórias aqui.
 
Primeiro, na última sexta-feira (3), os maiores bancos dos Estados Unidos tiveram seus sistemas travados, incluindo Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo. Alguns bancos ainda experimentam problemas nesta quarta-feira (7). Depois de muita especulação sobre a possibilidade de se tratar de um ataque hacker proveniente do Irã, os bancos informaram que a causa teria sido um erro humano de uma empresa chamada The Clearing House, uma firma de pagamentos que opera o único sistema de compensação automatizada do setor privado nos EUA. 
Vejam a fragilidade do sistema. Inacreditável.


    A total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra.

No outro lado do mundo, nesta quarta-feira (8), milhões de australianos acordaram sem internet e telefone, após a maior operadora do país, que detém 40% do mercado, sofrer um enorme apagão. 
Serviços como viagens, consultas médicas e realização de pagamentos ficaram completamente bloqueados. 
Pessoas não conseguiram nem mesmo entrar nos seus trabalhos, uma vez que boa parte das portarias de prédios australianos já são completamente automatizados.
 
Isso mostrou como a total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker em nível global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra em poucos minutos. 
Na verdade, esse parece ser exatamente o plano, conforme o próprio fórum econômico mundial vem alertando desde 2020, quando começaram a realizar o evento Cyber Polygon, que já abordei em algumas colunas aqui na Gazeta do Povo.
 
Meses após o início da pandemia, Klaus Schwab, fundador do Fórum, começou a alertar o mundo sobre o risco de uma pandemia ainda pior e mais mortífera: uma pandemia cibernética
Segundo ele, esta seria muito mais letal do que a primeira, uma vez que se espalharia com uma velocidade infinitamente maior, e traria o caos completo para a sociedade. 
Sem internet e eletricidade, hospitais deixariam de funcionar, os postos de gasolina não conseguiriam bombear os combustíveis para os carros e um mundo estilo Mad Max seria implementado. 
Parece que este cenário está mais próximo do que nunca.
 
Não podemos esquecer que, recentemente, surgiu um boato nas redes de que a NASA estaria alertando o mundo sobre um possível “apocalipse da internet”, principalmente após o jornal britânico Mirror ter publicado uma matéria sobre este tema no início de junho deste ano, inspirado num estudo da Universidade da Califórnia em 2021. 
O início do problema seria nos cabos submarinos de internet, altamente vulneráveis a uma radiação emitida por tempestades solares. 
Eventos como este já aconteceram. Em 1859 (o “Evento Carrington), uma tempestade solar interrompeu linhas de telégrafos, tendo até mesmo eletrocutado funcionários desses serviços. 
Em 1989, foi a vez do Canadá, quando a região de Quebec ficou sem luz por horas.

    Uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global.

Não podemos esquecer que o navio espião russo Yantar já foi identificado fazendo operações em cabos submarinos mundo afora, inclusive na costa brasileira. Caso esses cabos de internet submarina sejam cortados, o mundo pode rapidamente voltar ao velho Oeste.

Minha suspeita é que, se algo dessa natureza ocorrer, mesmo sendo por causas naturais (tempestade solar) ou sabotagens deliberadas, a culpa será colocada nos hackers iranianos, para justificar uma ofensiva direta contra o regime de Teerã, que desde 1979, após a Revolução Iraniana, tornou-se inimigo declarado dos Estados Unidos e do Ocidente.

Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente. Fazendo isso, conquistaria um novo aliado na região, enfraqueceria a aliança do Irã com Pequim e teria acesso à reserva de gás natural do país, que é a 2ª maior do mundo.

Veja Também:

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    EUA ordenaram que Israel suspendesse a guerra?
    EUA na guerra contra o Hamas? 2200 fuzileiros estão indo em direção a Israel

Sabemos que, com a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, os russos “perderam o alvará” de maiores fornecedores de gás natural para a Europa, uma mercado trilionário. 
Também sabemos que no dia 15 de junho de 2022 houve um acordo entre Tel Aviv, Cairo e União Europeia para que ninguém menos que Israel se transformasse no novo fornecedor de gás para a Europa. 
Parece que os russos não ficaram nada contestes com isso, principalmente após a destruição de seus gasodutos Nord Stream 1 e 2, gerando prejuízos bilionários.
Isso tudo, sem falar nas enormes reservas de ouro iranianas – lembrando que desde 2016 os principais bancos centrais do mundo, com incentivo do BIS (o banco central dos bancos centrais) estão estocando ouro, provavelmente já se preparando para o Grande Reset, quando o dólar deixará de ser oficialmente a reserva de valor global e a nova ordem mundial multipolar será oficialmente instaurada.
 
Finalmente, uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global. 
Sem ela, ninguém poderia usar a internet. 
A regra seria não apenas para garantir que hackers sejam identificados, mas também para separar usuários humanos de inteligências artificiais, algo que a Open AI, criadora do ChatGPT, está fazendo com sua nova empresa, a Worldcoin, um sistema de renda básica universal. 
Mas somente poderá sacar o valor quem se submeter a uma biometria de retina e criar sua World ID, sua identidade única global. 
Parece coisa de ficção científica, mas já é totalmente real, inclusive no Brasil.
 
Parece que o cenário de caos que justificará a ordem internacional nova, o Grande Reset e o Novo Acordo Verde já está montado. 
E o culpado provavelmente será o Irã. 
Você acha este cenário possível?

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Hamas e paz: como o câncer está para a saúde. - Percival Puggina

         Tenho visto pessoas generosas, dotadas de virtuosa rejeição à violência e à guerra, clamar por paz ante o atual conflito entre Israel e o Hamas, ou entre Israel e as organizações terroristas de seu entorno, sem dizer de onde viria essa paz.

Ora, senhores! Hamas, Jihad Islâmica, Al-Fatah, Estado Islâmico, Hezbollah, etc., estão para a paz no mundo assim como o câncer está para a saúde. A pessoa com câncer pode acusar a doença de seus males, mas só terá saúde quanto for curada a fonte desse padecimento. Portanto, não há como clamar por pacificação no Oriente Médio enquanto o terrorismo, lado agressor do conflito, não for eliminado como forma de ação política. É impressionante como as principais obviedades desse conflito parecem escapar à compreensão de muitas pessoas movidas pelas melhores intenções! [COMENTÁRIO SEM VIÉS POLÍTICO, TENDO EM CONTA APENAS O ASPECTO HUMANITÁRIO: Israel foi atacado em 7 p.p., - há 19 dias - e até o presente momento seus bombardeios à Gaza continuam classificados como ações defensivas?

De todas as nações da terra, certamente Israel é a que mais precisa de paz. Precisa de paz para existir. O pequeno Israel sabe que sua existência causa desconforto religioso naquela região do mundo onde é um enclave e que jamais submeterá o imenso mundo islâmico em seu entorno. 
Pode até vencê-lo numa guerra, como já aconteceu, mas jamais submeterá vizinhos como Iraque, Síria, Jordânia, Egito, Líbia, Arábia Saudita, etc.
 
Sua segurança, portanto, depende de uma política de pacificação e boa vizinhança, como a que vinha sendo costurada com o Egito, claro. 
Mas depende de que reaja com vigor às agressões sofridas. 
Não se trata de mera retaliação, ou seja, na forma da Lei de Talião. Essa é a lei do empate; olho por olho, dente por dente. Seria, então, estupro por estupro, monstruosidade por monstruosidade?

Ou seja, para sobreviver, Israel precisa, quando agredido, reagir com todas as cautelas relativas às populações civis e em conformidade com as Leis da Guerra (jus in bello). Contudo, a proporcionalidade entre ataque e resposta ao ataque seria um estímulo à continuidade das ações do Hamas. Exposto a reiteradas agressões, Israel precisa conter definitivamente o terrorismo. [perguntamos: e o bombardeio implacável  à Gaza, secundado pelo bloqueio de alimentos, energia, água, remédios, trará a PAZ?, ou servirá apenas de estímulo para que o os nimigos do estado hebreu realizem mais ações agressivas contra  Israel, levando-o a reagir  matando mais civis em Gaza e 'queimando' o filme de Israel?]

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

sábado, 12 de março de 2022

É Rússia, não URSS - Carlos Alberto Sardenberg

Muita gente, lá fora e aqui, está cometendo um grande equívoco: pensar a Rússia como se fosse a União Soviética. Não é.

No tempo da URSS, Moscou tinha uma mensagem não apenas para a Europa, mas para o mundo todo. O marxismo soviético era uma construção completa: definia desde a organização da sociedade política, da produção e distribuição de riqueza até a vida cultural.

Mais importante: essa ideologia era partilhada pelo mundo afora. Nos países já no âmbito da URSS, havia partidos, militância e apoios locais ao marxismo soviético.

Não se tratava de uma “simples” dominação externa, mas de identidade ideológica, pelo menos de parte das populações. Mais ainda: nos países que estavam na órbita do Ocidente, em muitos havia partidos comunistas de sólida representação popular. Itália e França, por exemplo.

Em outros países, havia PCs ilegais, mas muito atuantes, especialmente no setor cultural.  Em Moscou, existia uma universidade onde só estudavam alunos de outros países. Uma escola séria, competente no ensino de história, política e cultura, do ponto de vista do marxismo soviético.

A guerra fria, portanto, era uma disputa entre duas articuladas visões de mundo.

Uma dessas visões simplesmente veio abaixo. O socialismo soviético morreu – e por ação de suas populações locais. Reparem: o muro ruiu sem que o Ocidente precisasse dar um tiro.

Não houve invasão do Leste, nenhuma conquista. Apenas as populações locais, quando puderam ver o que acontecia no outro lado do mundo, decidiram mudar de vida e de regime. Para o marxismo soviético, foi uma vergonha como os alemães orientais correram para comprar Coca-Cola em Berlim.

Como os ex-socialistas se arrumaram? Pessoal da Europa Leste entendeu rapidamente que o melhor negócio era entrar para a União Europeia um mar de prosperidade. Bastava olhar como Espanha e Portugal saíram da pobreza com a entrada na UE.

A China, sempre mais competente, já percebera a mudança – e introduzia o capitalismo e a propriedade privada, base de sua ascensão, ainda que com forte controle estatal.

As opções ficaram assim, simplificando: qual capitalismo se vai seguir, com mais ou menos Estado?

Na política, também simplificou: ou a democracia ou a ditadura.

A Rússia de Putin é o quê? Um capitalismo de compadres,”crony capitalism”, e uma ditadura assassina. E um maluco que se acha na “Grande Rússia”.

Para o ex-soviéticos, bastava entrar na União Europeia em busca de prosperidade. Não se interessavam pela OTAN, muito menos hostilizar a Rússia.

Por que, a um determinado momento, resolveram entrar para a OTAN? Por causa das ameaças de Putin, quando ele conseguiu dar uma arrumada na Rússia.

Em resumo – a URSS tinha uma proposta para o mundoum baita equívoco, como se viu depois. Mas brilhou durante muito tempo.

A Rússia de Putin tem o que? Ameaças imperialistas.

Portanto, chega dessa história de avanço da OTAN para o Leste. Foram as populações do Leste que, democraticamente, fizeram sua opção.

Azar da Ucrânia, que se atrasou com aquele ditador pró-russo. Aliás, reparem: só ficam com a Rússia os ditadores, incluindo os nossos aqui da América Latina. A Rússia não foi ameaçada. Ela é a ameaça. E Putin vai cair do mesmo modo que caíram os outros: pela reação de seu próprio povo.

Portanto, chega de comparar a invasão da Ucrânia com os casos de Iraque, Líbia, Síria, Afeganistão – estados incentivadores de terrorismo. EUA e Europa têm seus pecados, mas não se pode compará-los com essa Rússia de Putin.

A Europa abriu-se a negócios com as empresas russas.
Companhias e investidores ocidentais foram para a Rússia. Empresas russas se instalaram na Europa.

Por que Putin simplesmente não deixou essa integração prosseguir? A melhor hipótese: ele temia que a “excessiva” ligação com o Ocidente mostrasse aos russos onde a vida é melhor.
[lembrando: - um dos pilares do Ocidente, os EUA, tem um presidente que iniciou seu mandato, assinando ordens executivas favorecendo o aborto, limitando a autoridade das polícias e por aí vai;
-  o Zelinsky todo dia reúne jornalistas apoiadores e repete aquele monótono lenga-lenga de que o pessoal da Ucrânia é valente, não vai se render, que mais sanções precisam ser aplicadas contra a Rússia,o espaço aéreo da Ucrânia deve ser declarado 'zona de exclusão' = uma forma malandra de tentar envolver outros países na 'sua' guerra, etc, etc.
Encerra o palavrório e no dia seguinte repete tudo, com um detalhe inaceitável: mais ucranianos mortos.
Tal situação impõe a retirada imediata do Zelinsky, um plebiscito supervisionado pela ONU para que o POVO UCRANIANO decida soberanamente qual destino quer
O que não pode continuar é que para satisfazer a vaidade do presidente ucraniano, mais ucranianos continuem morrendo.]

E Putin simplesmente não podia se juntar à União Europeia: seu regime não passa nos critérios de democracia e legislação de direitos humanos. Sobrou o que? Uma tentativa de formar um império de ditadores.

Carlos Alberto Sardenberg,  jornalista 

 Coluna publicada em O Globo - Economia 12 de março de 2022


quarta-feira, 24 de junho de 2020

A praga e a peste - Nas entrelinhas


A pandemia da covid-19 atingiu 57 mortes por hora, quase uma por minuto. O relaxamento do isolamento social e a imunização de rebanho caminham de mãos dadas

[se decisão judicial não tivesse atribuído aos governadores e prefeitos o combate à covid-19, a imunidade de rebanho teria sido a política adotada.
A opção por isolamento e distanciamento sociais, via"quarentenas meia boca", não tem se mostrado eficiente  e retardou em muito o alcance da imunidade de rebanho.]

Uma nuvem de gafanhotos ronda a fronteira do Brasil com a Argentina, ameaçando as lavouras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, depois de atacar as do Paraguai, onde os insetos destruíram plantações de milho. As principais regiões atingidas na Argentina são as províncias de Santa Fé, Formosa e Chaco, onde existe produção de cana-de-açúcar e mandioca e a condição climática é favorável. Uma nuvem de gafanhotos, em um quilômetro quadrado, pode ter até 40 milhões de insetos, que consomem, em um dia, pastagens equivalentes ao que 2 mil vacas ou 350 mil pessoas consumiriam.

Na Bíblia, nuvens de gafanhotos são uma das 10 pragas do Egito (Êxodus), lançadas por Deus para obrigar o faraó a libertar os hebreus. Moisés foi o portador da mensagem divina: “Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: ‘Até quando você se recusará a humilhar-se perante mim? Deixe ir o meu povo, para que me preste culto. Se você não quiser deixá-lo ir, farei vir gafanhotos sobre o seu território amanhã. Eles cobrirão a face da terra até não se poder enxergar o solo. Devorarão o pouco que ainda lhes restou da tempestade de granizo e todas as árvores que estiverem brotando nos campos. Encherão os seus palácios e as casas de todos os seus conselheiros e de todos os egípcios: algo que os seus pais e os seus antepassados jamais viram (…)”.

Mas o Senhor disse a Moisés: “Estenda a mão sobre o Egito para que os gafanhotos venham sobre a terra e devorem toda a vegetação, tudo o que foi deixado pelo granizo”. Moisés estendeu a vara sobre o Egito, e o Senhor fez soprar sobre a terra um vento oriental durante todo aquele dia e toda aquela noite. Pela manhã, o vento havia trazido os gafanhotos, os quais invadiram todo o Egito e desceram em grande número sobre toda a sua extensão. Nunca antes houve tantos gafanhotos, nem jamais haverá. Eles cobriram toda a face da terra de tal forma que ela escureceu. Devoraram tudo o que o granizo tinha deixado: toda a vegetação e todos os frutos das árvores. Não restou nada verde nas árvores nem nas plantas do campo, em toda a terra do Egito.

Em julho do ano passado, uma nuvem de gafanhotos invadiu Las Vegas, nos Estados Unidos. Simultaneamente, no Iêmen, devastado pela fome e pela guerra civil, outra nuvem de gafanhotos destruiu as plantações. Os gafanhotos circularam por mais de 60 países, principalmente na África, no Oriente Médio e na Ásia Central. Os cientistas acreditam que as mudanças climáticas estão fazendo os insetos agirem de maneira mais destrutiva e imprevisível. Estudo publicado por cientistas americanos na revista Science mostrou que o clima mais quente torna os gafanhotos mais ativos e reprodutivos. Um gafanhoto adulto é capaz de comer o equivalente ao seu peso corporal por dia. Plantações de trigo, arroz e milho são um banquete para os insetos. Um ataque de gafanhotos à nossa agricultura em plena pandemia pode ser um desastre. O agronegócio é o setor mais dinâmico da nossa economia. Em 2004, na África, os insetos causaram danos no valor de US$ 2,5 bilhões para as lavouras. O historiador romano Plínio, o Velho, registrou a morte de 800 mil pessoas na região que atualmente engloba Líbia, Argélia e Tunísia por causa da devastação das lavouras por essa praga bíblica. A China acaba de anunciar a mobilização de 100 mil patos para combater uma nuvem de 400 bilhões de gafanhotos que se aproxima da fronteira com a Índia e o Paquistão.

A pandemia
Já nos basta a peste. Aqui no Brasil, a pandemia da covid-19, ontem, atingiu a marca de 57 mortes por hora, ou seja, quase uma por minuto. O relaxamento precoce do isolamento social e a política de imunização de rebanho não-declarada caminham de mãos dadas, estamos longe do pico. Ontem, em audiência no Congresso, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pozuello, garantiu que o governo dará “transparência infinita” às informações e anunciou que o Ministério da Saúde passará a considerar o diagnóstico dos médicos, e não apenas os testes, para contabilizar os casos confirmados. Ou seja, jogou a toalha em relação à política de testagem em massa para monitoramento dos infectados.


Os números oficiais de ontem são 52.645 mortes e 1.145.906 casos confirmados, sendo 1.374 mortes e 39.436 novos casos nas últimas 24 horas. Segundo o Ministério da Saúde, há 479.916 pacientes em acompanhamento, enquanto 613.345 foram recuperados, o que não deixa de ser uma boa notícia. A notícia pior é a queda de anticorpos em pacientes assintomáticos dois meses após a infecção por covid-19. Em artigo publicado pela Nature Medicine, o cientista Ai-Long Hua, da Universidade Médica de Chongqing, na China, constatou em 37 pacientes assintomáticos com o Sars CoV-2 que, oito semanas depois, os níveis de anticorpos neutralizantes diminuíram 81,1%. O estudo não é conclusivo, mas acendeu uma luz amarela para a possibilidade de as pessoas contraírem a doença mais de uma vez.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense




sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Talvez nunca - Merval Pereira

Juiz de garantias - O Globo

Juiz de garantias é uma boa medida, mas foi criado como uma espécie de vingança contra a Operação Lava-jato

Com a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Dias Toffoli de adiar em seis meses a implantação do sistema do juiz de garantias, que dividiria com o juiz de sentença os processos, não apenas verifica-se que não há condições de incluir essa nova figura sem uma ampla reorganização do sistema judicial brasileiro. Estamos novamente às voltas com uma disputa entre os membros do STF, que já tem seis ministros declaradamente a favor do novo sistema.

O ministro Luis Fux, que substitui em setembro Toffoli na presidência do STF, é contra essa mudança e poderia acatar as ações de inconstitucionalidade já a partir de domingo, quando assume interinamente a presidência no recesso do judiciário. O novo prazo dado por Toffoli para a implantação do juiz de garantias, que considera “um avanço sem precedentes”, se esgota em julho, e se tiver que ser prorrogado mais uma vez - o que é bastante provável - corre o risco de não entrar em vigor tão cedo, ou nunca.  De saída, Toffoli limitou a atuação dos juízes de garantias. Eles não atuarão em casos dos tribunais superiores e nem nos tribunais regionais, de segunda instância. Também não serão parte de disputas nos tribunais eleitorais. E só participarão dos novos processos, a partir da sua implementação. Os processos em curso não terão essa nova figura jurídica.

Há também, a longo prazo, a possibilidade de mudar essa maioria no plenário, pois em novembro aposenta-se o decano do STF, ministro Celso de Mello, defensor intransigente do juiz de garantias. Um novo ministro, a ser indicado pelo presidente Bolsonaro, será a favor do juiz de garantias ou contra? O próprio presidente, daqui a seis meses, ou um ano, continuará a favor? [muitos consideram Bolsonaro incompetente, até mesmo sem inteligência;
estão enganados;
se o presidente Bolsonaro optasse por exercer seu poder de veto, -  o Congresso em peso, cuja maioria, começando pelos presidentes das duas Casas legislativas, torce contra o sucesso do governo Bolsonaro, mesmo que isso seja o equivalente a torcer contra o Brasil = ser adepto do lesivo 'quanto pior, melhor' = - o veto seria derrubado pelo Congresso.]

O ministro Dias Toffoli cedeu às pressões da realidade e deu a mão à palmatória ao adiar a criação do juiz de garantias. Pouquíssimas pessoas acreditavam ser possível implanta-lo imediatamente, e desde o primeiro momento a pressão foi muito forte.  Foi uma decisão correta do ministro Toffoli, que comprova que a criação dessa nova figura jurídica foi no mínimo apressada. O presidente Bolsonaro tinha indicações, dadas pelo ministro da Justiça Sergio Moro, de que a criação do juiz de garantias era impraticável na atual situação, e dependia de muitas mudanças, inclusive do Código de Processo Penal.

O mais correto teria sido lançar o debate, estudar os detalhes e depois implementar, se fosse viável e realmente necessário. Vai se passar pelo menos um ano para a medida sair do papel – se sair, pois, como vimos, em um ano muita coisa pode mudar.
Juiz de garantias é uma boa medida, mas foi criado como uma espécie de vingança contra a Operação Lava-jato, contra a relação do então juiz Moro com os procuradores de Curitiba, e esta não é uma maneira correta de se fazer mudanças desse naipe, com base na política. É difícil que dê certo.

Queda de braço
A greve contra a reforma da Previdência na França chega a seu 44º dia em pleno declínio, mas ainda com capacidade de provocar grande perturbação no cotidiano das pessoas.  Ontem, cerca de 28 mil manifestantes em Paris, número bastante abaixo do que já se registrou nos primeiros dias de greve, conseguiram mais uma vez provocar um imenso engarrafamento na cidade, com grandes avenidas fechadas ao tráfego.


Um aparato policial formidável foi mobilizado, mas não houve confrontos com os manifestantes, que obedeceram à ordem de esvaziar a Placê d’Italie às sete horas da noite.  A previsão é de que amanhã o transporte público comece a se normalizar, com metrô e trens circulando quase normalmente. O governo já fez algumas concessões, como retirar provisoriamente o aumento da idade mínima de 62 para 64 anos, e propor uma reunião com os sindicatos para discutir o financiamento das aposentadorias.

A reunião está prevista para abril, e o primeiro-ministro Edouard Phillipe quer uma contrapartida dos sindicatos: que eles se engajem no equilíbrio financeiro do Estado francês. Apenas os sindicatos mais radicalizados, chamados de intransigentes, querem continuar a greve, e aumenta o numero dos que querem sentar à mesa de negociação com o governo. O presidente Macron já demonstra considerar que venceu essa queda de braço com os sindicatos, e está se dedicando a planos mais globais, como a questão do clima. Domingo, quando está programada mais uma manifestação, ele estará em Berlim numa conferencia de cúpula sobre a paz na Líbia. 

Merval Pereira, jornalista - Coluna em O Globo

 

domingo, 24 de novembro de 2019

A 'Bosta Seca' de Palocci - Elio Gaspari

Palocci contou duas histórias diferentes para o mesmo contrato

Eros Grau mostrou que o ex-comissário mentiu ao tratar do contrato que assinou com Márcio Thomaz Bastos

Ex-comissário foi capaz de conflitar com sua própria delação

Advogando para a família de Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014, o ex-ministro Eros Grau expôs uma variante da Teoria da Bosta Seca, segundo a qual quando dois delatores contam histórias conflitantes, não se deve mexer no caso, para evitar a fedentina. O ex-comissário Antonio Palocci foi capaz de conflitar consigo mesmo. Em sua recente delação à Polícia Federal ele disse que em 2009 foi contratado por Thomaz Bastos para ajudar no desmonte da Operação Castelo de Areia, onde a empreiteira Camargo Corrêa estava enterrada até ao pescoço. Recebeu um capilé de R$ 1,5 milhão. 

Como o escritório de consultoria de Palocci era capaz de tudo, sua palavra podia valer alguma coisa.Grau mostrou, documentadamente, que o contrato de Thomaz Bastos com Palocci referia-se a serviços de assessoria nas negociações para a compra das Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar. Mais: o próprio Palocci deu essa explicação ao Ministério Público em 2011, que resultou no arquivamento de um processo. Aquilo que em 2011 foi um serviço para o Pão de Açúcar, em 2018 virou uma propina da Camargo Corrêa. 

A defesa de Palocci reconhece que ele contou duas histórias para o mesmo contrato e justificou-se para a repórter Mônica Bergamo dizendo que ele “não revelou às autoridades qual era o verdadeiro escopo do contrato porque não estava colaborando com a Justiça nem tinha o compromisso de dizer a verdade”. Conta outra.
Em tempo: as 86 páginas da delação de Palocci são um passeio pelas suas andanças no andar de cima durante o mandarinato petista. Recusada pelo Ministério Público, ela tem muito caldo e pouca carne. Um capítulo, contado em apenas uma página, aborda o caso do mimo de US$ 1 milhão feito pelo ditador líbio Muamar Kadafi durante a campanha de 2002.

Essa história circula há anos. Palocci contou que o dinheiro foi repassado ao PT usando-se uma conta do publicitário Duda Mendonça na Suíça. Os dois teriam combinado a transação no hotel WT Center, em São Paulo. Duda está à mão e o depósito pode ser rastreado. Essa poderia ser mais uma lenda palocciana, mas em dezembro de 2003 Lula foi à Líbia e, durante o jantar que lhe foi oferecido pelo ditador que seria assassinado em 2011, disse o seguinte:
“Quero dizer ao presidente Kadafi que, ao longo dessa trajetória política, assumi muitos compromissos Políticos. Fizemos alguns adversários e muitos amigos. Hoje, como presidente da República do Brasil, jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente da República”.

O atraso do moderno no Rio

(.....)

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e dá muita atenção ao que diz Bolsonaro. O capitão contou que o governador Wilson Witzel (Harvard fake’15) “vinha manipulando” a investigação policial para desvendar o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Depois disse:
“Parece que não interessa à esquerda chegar aos mandantes do crime”.
O cretino sempre suspeitou que o doutor Witzel fosse de esquerda.

(...)

Pirraça
O juiz Marcelo Bretas voltou a reter o passaporte de Michel Temer. Terá a decisão revogada. 

Diplomacia de doador
Gordon Sondland, o embaixador americano na Comunidade Europeia metido na encrenca ucraniana, nunca foi da carreira. Chegou lá porque deu US$ 1 milhão para a festa da posse de Trump.
Um dia depois do fatídico telefonema de Trump para seu colega ucraniano, ele ligou para o presidente dos Estados Unidos de um restaurante de Kiev. Os dois falavam tão alto que a outra pessoa sentada à mesa ouviu:
— Ele vai fazer a investigação? (Trump falava da ação contra o filho de Joe Biden, candidato pelo partido Democrata à presidência.)
— Ele vai fazer o que você pedir.
Botar dono de hotel em embaixada dá nisso.

Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo e O Globo

 

quarta-feira, 6 de março de 2019

Riscos de uma intervenção militar

Usar a força para depor Maduro pode ser perigoso

Em décadas passadas, os Estados Unidos usaram a força para mudar governos na Bacia do Caribe. Hoje, o país procura fugir de guerras, não entrar em mais uma. Mas o presidente Donald Trump vem insistindo em que “todas as opções estão na mesa” para remover do poder o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. E se ele pensar mesmo nisso? Especialistas acham que uma intervenção militar não seria aconselhável, por várias razões. Algumas fontes falaram sob anonimato. Uma intervenção em grande escala do tipo “choque e pavor” exige um formidável esforço operacional e logístico. A intervenção no Panamá, em 1989, que tirou do poder o narcoditador Manuel Noriega, envolveu mais de 26 mil soldados, a maioria dos quais já estava no país. Terminou rapidamente.

Mas o Panamá é um peixinho. A Venezuela é um país montanhoso que tem o dobro do tamanho do Iraque. Possui grandes cidades. Nessas condições, a alta tecnologia militar dos EUA dá pouca vantagem. Cada um dos supostos objetivos – deter Maduro, instalar um novo governo, organizar eleições e possibilitar a entrada de ajuda externa – exigirá uma complicada operação que envolverá um grande número de forças terrestres. Não há dúvidas de que a superpotência derrotaria as Forças Armadas venezuelanas, de 130 mil homens. “A capacidade militar da Venezuela seria rapidamente desintegrada”, diz Evan Ellis, do Colégio de Guerra do Exército dos EUA. Mas isso simplesmente levaria a um segundo problema. Um novo governo precisaria do mesmo Exército para manter a ordem.

Embora muitos venezuelanos recebessem bem uma invasão, outros resistiriam. Milhares de membros de gangues e milicianos poderiam criar o caos. “Alguns lutariam por Maduro, outros pela Venezuela, mas muitos mais pegariam em armas para repelir uma invasão ianque”, diz um analista de um centro de estudos ligado ao Pentágono. Francisco Toro, fundador e editor do Caracas Chronicles, um site noticioso independente, adverte para o perigo de se criar “uma Líbia no Caribe”. As complicações poderiam se espalhar para a Colômbia, especialmente se ela participar de uma operação militar. Mesmo após ter feito a paz com a guerrilha das Farc, em 2016, a Colômbia enfrenta pequenas insurreições. Os grupos ilegais incluem o Exército de Libertação Nacional, ELN, q ue se refugia na Venezuela. Surge aí um terceiro risco: começar um conflito regional.“Não creio que exista uma solução militar que não crie uma situação de guerra prolongada”, diz Cynthia Arnson, do Wilson Center, em Washington.

Um quarto complicador é que uma intervenção tem de levar em conta o papel de países que apoiam o regime de Maduro, tanto em terra quanto nas Nações Unidas. Milhares de cubanos estão no país, incluindo conselheiros militares e agentes de inteligência, mas também médicos. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, compara-os a um “Exército de ocupação”. A Rússia e, mais cautelosamente, a China apoiam Maduro. Ambos podem vetar uma intervenção militar, que, de qualquer modo, seria amplamente polêmica. Se uma grande intervenção militar americana é tão problemática, como seria uma intervenção menor? Talvez haja parceiros dispostos a fazer o trabalho de solo, deixando aos Estados Unidos o papel de dar apoio logístico e outros. Isso, porém, não significaria uma operação menor ou mais simples. Uma ação mais indireta seria armar grupos anti-Maduro. Entretanto, a lembrança dos “contras” na Nicarágua poderia desestimular rapidamente essa tentação.

Mais plausivelmente, uma intervenção poderia se limitar a fornecer ajuda humanitária, lançando de avião víveres em áreas seguras ao longo da fronteira. “Esse seria o único tipo de intervenção militar remotamente factível, dada a história e as atuais circunstâncias”, diz Craig Deare, que coordenou brevemente a política para a Venezuela no Conselho de Segurança Nacional, em 2017. No entanto, até isso exige um significativo uso de força, incluindo a destruição de aviões e da defesa antiaérea da Venezuela. Tudo isso explica por que, apesar da conversa sobre opções na mesa, não parece existir um plano iminente. “Posso descartar a existência de uma opção militar para a Venezuela”, diz uma funcionária ligada à Defesa, em Washington. Ela nega que tenham sido pedidos planos a sua área.

A situação pode mudar se Maduro resistir por meses no poder, apesar do agravamento da crise humana e do êxodo em massa de refugiados. Funcionários dos Estados Unidos advertem que violência contra americanos (o que deflagrou a intervenção no Panamá) alteraria o quadro, assim como qualquer tentativa de ferir Juan Guaidó ou a família dele. Assim, uma opção militar, com todas as dificuldades
 que acarreta, não pode simplesmente ser descartada. 

  The Economist

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A cruzada de Francisco

Encontro histórico do papa com dirigentes árabes no palácio presidencial dos Emirados Árabes Unidos foi uma cruzada de amabilidades


Olhando rapidamente, os senhores sentados nas poltronas parecem pertencer à mesma confraria. E, no entanto, um fosso milenar separa os sapatos fechados, o solidéu e, acima de tudo, o crucifixo no peito do papa Francisco das sandálias de couro e do lenço branco na cabeça do xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum (à esq.), governante de Dubai, e de Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi. O encontro histórico do chefe da Igreja Católica com dirigentes árabes no deslumbrante palácio presidencial dos Emirados Árabes Unidos — a primeira visita de um pontífice à Península Arábica, berço do Islã — foi uma cruzada de amabilidades.

A presença de Francisco corroborou o “ano da tolerância” instituído por um regime que está longe disso: acusações de “blasfêmia” e conversão de muçulmanos para outras religiões podem ser punidas com a morte. O papa não deixou de alfinetar os anfitriões: em discurso, disse que “guerra não cria nada a não ser miséria”. E acrescentou, didaticamente: “Penso sobretudo no Iêmen, Síria, Iraque e Líbia” sendo o Iêmen o país onde uma coalizão, da qual os Emirados participam, está matando civis e disseminando a fome. Na volta, em bate-papo com jornalistas no avião, veio a crítica de que o papa fez o jogo dos muçulmanos. “Só dos muçulmanos?”, perguntou ele, rindo e lembrando que sempre o acusam de ser manipulado. Na conversa, Francisco teve outra atitude inédita e corajosa: confirmou as denúncias de freiras atacadas sexualmente por sacerdotes, um tabu no Vaticano.

Publicado em VEJA de 13 de fevereiro de 2019, edição nº 2621

sábado, 10 de novembro de 2018

O Itamaraty deve servir ao Brasil

O Brasil precisa de uma política externa. Não a do PT que alinhou o nosso país ao que há de pior no mundo


O Brasil precisa de uma política externa. Não a do PT que alinhou o nosso país ao que há de pior no mundo. Não custa recordar que durante os treze longos anos do reinado petista, o Itamaraty acabou se transformando em um puxadinho dos interesses partidários do PT. Foi uma guinada à esquerda. E à serviço dos interesses do partido-mãe do petrolão. Na América Latina, Cuba foi privilegiada. Recebeu generosos empréstimos do BNDES e foi defendida em vários fóruns internacionais pela nossa diplomacia. Os países bolivarianos acabaram sendo tratados como aliados preferenciais. 

Bolívia pode encampar refinaria da Petrobras pagando indenização simbólica. A Venezuela foi considerada aliada preferencial. Foram estabelecidos acordos de cooperação que não acabaram descumpridos, empréstimos não foram pagos e a ditadura chavista encontrou no Brasil um fiel aliado. Não é possível esquecer o episódio de Honduras e a invasão da nossa embaixada por Zelaya, uma espécie de Cantinflas da política do século XXI. Também vale recordar o apoio entusiástico de Lula às FARC, grupo terrorista colombiano.

Na África ficou célebre as relações com as ditaduras que receberam doações simuladas em empréstimos. Tudo, segundo a justificativa petista, para estimular a venda de serviços de empresas brasileiras que, por sinal, receberam o pagamento com recursos oriundos dos contribuintes brasileiros, enquanto as ditaduras pediram – e a maioria obteve — o perdão das dívidas. Tudo sob o manto da solidariedade com o continente de onde o Brasil recebeu milhões de escravos entre os séculos XVI a XIX. No norte da África a aliança mais comemorada foi com a Líbia, que, à época, estava tiranizada pelo ditador Muamar Khadafi.

A ênfase da política externa era o estabelecimento das relações Sul-Sul. O afastamento em relação aos Estados Unidos fazia parte do projeto estratégico petista. Também foram abertas dezenas de embaixadas e consulados — em países sem nenhuma tradição comercial com o nosso país — e nos órgãos internacionais o Brasil votava à favor das ditaduras basta recordar o episódio de Darfur, no Sudão. Lula apoiou um antissemita para a direção da Unesco — candidatura que acabou derrotada. O objetivo final era obter um assento permanente no Conselho de Segurança da Onu. Deu tudo errado. E, pior, o Brasil acabou tendo sua diplomacia desmoralizada, não ampliou sua presença nos fóruns internacionais e bilhões de reais foram desperdiçados.


Marco Antonio Villa, historiador, escritor e comentarista

domingo, 21 de janeiro de 2018

Donald Trump e o novo inferno chamado Bruxelas

Quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump salientou em janeiro de 2016 que, graças à imigração em massa, Bruxelas estava se transformando em um inferno, políticos belgas e europeus unidos se entrincheiraram nas barricadas da mídia afirmando: como ele ousa dizer uma coisa dessas? Bruxelas, capital da União Europeia, quintessência do mundo pós-moderno, vanguarda da nova “civilização global”, inferno? Indubitavelmente a assimilação dos recém-chegados nem sempre é tranquila, podendo haver atritos de tempos em tempos. Mas não importa, eles ressaltavam o seguinte: Trump é um bufão e seja lá como for ele tem zero chance de ser eleito. Essas eram as opiniões dos ávidos leitores do The New York Times International Edition e assíduos telespectadores da CNN International.
 Trump ao lado do premiê belga Charles Michel, em maio.
Ironicamente o que Bruxelas obviamente precisa é um Donald Trump.
 
No entanto, Donald Trump, em seu inconfundível e impetuoso estilo, estava simplesmente certo: Bruxelas está rapidamente mergulhando no caos e na anarquia. Exatamente dois meses depois desse dramático ‘trumpismo’, Bruxelas foi abalada por um execrável ataque terrorista islâmico que tirou a vida de 32 pessoas. Esta é somente a ponta do monstruoso iceberg que vem se avolumando há mais de três décadas via imigração em massa e loucura socialista.
[o Brasil, graças a imigração desenfreada de haitianos, venezuelanos e outros 'anos', caminha a passos largos para ficar pior que Bruxelas.
Na Bélgica e demais países europeus não existe o desemprego que tem no Brasil e são países com estrutura para subsidiar os excessos da imigração;  
o Brasil tem mais de 12.000.000, tentando sair de uma recessão, com um presidente vítima de atos de sabotagem ao seu governo e de um sistemático combate buscando impedir que ele governe.
Com tudo isto receber imigrantes - que merecem piedade, até mesmo acolhida, mas, por parte de países que possam recebê-los - é apenas distribuir, aumentando, a miséria já existente no Brasil.]

No mês de novembro, Bruxelas foi alvo de três ondas de tumultos e saques em escala gigantesca. Primeiro, o Marrocos se classificou para a Copa do Mundo de futebol: entre 300 e 500 “jovens” de origem estrangeira tomaram as ruas de Bruxelas para “comemorar” o evento à maneira deles, saqueando dezenas de lojas no centro histórico de Bruxelas, devastando avenidas desertas da “capital da civilização” e, no meio do quebra-quebra feriram 22 policiais.

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sábado, 9 de dezembro de 2017

EXCLUSIVO: A bomba de Palocci contra Lula e o PT



Ex-ministro diz em delação que Kadafi, líder líbio morto em 2011, deu 1 milhão de dólares à campanha de Lula em 2002; ação pode levar à cassação do partido

Amigos - Lula e Kadafi: negócios com empreiteiras e ajuda secreta para a campanha do ex-presidente (Ricardo Stuckert/PR)

A imagem acima foi captada no encontro da Cúpula América do Sul-Áfri­ca, que aconteceu na Venezuela em 2009. Lula era presidente do Brasil pela segunda vez e o ditador Muamar Kadafi ainda comandaria a Líbia por mais dois anos, antes de ser deposto, capturado e executado. Não é uma cena protocolar, como se observa no aperto de mão informal. A fotografia retrata dois líderes que se diziam “irmãos”. Durante 42 anos, Kadafi governou a Líbia seguindo o protocolo dos tiranos. Coronel do Exército, ele liderou um golpe em 1969. No poder, censurou a imprensa, reprimiu adversários e impôs leis que permitiram punições coletivas, prisão perpétua, tortura e morte a quem contrariasse o regime.
Dinheiro líbio também financiou grupos terroristas e movimentos políticos em vários cantos do planeta. Entre os que receberam recursos da ditadura líbia estavam, de acordo com o ex-minis­tro Antonio Palocci, o PT e seu líder máximo, o ex-presidente Lula.

A revelação de Palocci está contida na sua proposta de delação entregue ao Ministério Público. Segundo ele, em 2002 Kadafi enviou secretamente ao Brasil 1 milhão de dólares para financiar a campanha eleitoral do então candidato Lula. Fundador do PT, ex-­prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-­chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci esteve no centro das mais importantes decisões do partido nas últimas duas décadas. Condenado a doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, há sete meses ele negocia um acordo de delação premiada. Em troca de redução de pena, compromete-se a contar detalhes de mais de uma dezena de crimes dos quais participou. Um dos capítulos da colaboração trata das relações financeiras entre Lula e o ditador líbio — e tem potencial para fulminar o partido e o próprio ex-presi­dente.