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terça-feira, 25 de agosto de 2015

O governo tenta ganhar tempo para uma pausa na morte cotidiana, só que a Dilma deseja continuar não governando o país



A presidente deveria se mancar, aproveitar a boa ideia que será – se formal executada e extinguir o governo. Mas Dilma Rousseff deseja mesmo continuar não governando o país. Ora, e não é isso mesmo o que faz o desejo? Prende-nos naquilo que não é nosso. Traída pelo desejo de vergar sem quebrar, enquanto quebra o país, a presidente dedilha sua lira do delírio fragmentando-se em ações sucessivas que há muito só cuidam dos cacos da figura política mais tosca da história do país – qualquer país.

O Brasil toca sozinho a própria rotina na qual tudo o que funciona só funciona apesar da presidente atada ao desejo de salvar aparências vazias.  Consumando outra mentira da campanha eleitoral, o anúncio dos ministros aparvalhados quanto à redução aleatória de 10 ministérios – por que não 9 ou 11? – não explicou o planejamento da coisa, os objetivos e as estratégias para alcançá-los. Nas mentiras transparentes, a verdade é antevista na tentativa de enrolar o público pagante e ganhar tempo para uma pausa na morte cotidiana do governo.

A proposta é ótima, pena que não há proposta; o país só teria a ganhar, mas é aí que entra Dilma acabando com as chances de a nação ter algum ganho. Ainda que haja a redução, restará esse governo cuja chefe instala, na equipe multidisciplinar da articulação política com várias disciplinas da imbecilidade política do governo, o secretário pessoal que, mais do que tudo, é um amigo-funcionário que é tão popular entre os políticos quanto um amigo de Dilma pode ser.

Giles Azevedo deve ser ótimo confidente e tal, daqueles para quem se confessa até o índice de massa corporal, mas é perturbador saber que o obscuro articulador político esteve ao lado de Dilma em cada, vá lá, ideia que ela teve. Torço pelo dia em que a lei despejará a súcia do poder e é exasperante perceber que os planos que o bando tem são o de fugir da realidade com esses espetáculos de bisonhice explícita e aquele implícito de arranjos paridos por quem nem mesmo pode se garantir.

É cada vez mais entristecedora e intolerável a constatação renovada de que o Brasil se deixou submeter, por tanto tempo, por uma escória que é tão ruim para a política quanto é boa para a vigarice.

Fonte: Valentina de Botas – Coluna do Augusto Nunes