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domingo, 31 de julho de 2016

Dilma, através da estrutura criminosa do seu governo,institucionalizou a corrupção no Brasil

A estrutura criminosa do governo Dilma

Lava Jato e outras investigações da Polícia Federal e do Ministério Público mostram como a presidente afastada institucionalizou a corrupção no governo federal e envolvem mais de vinte ex-ministros com desvios de dinheiro público, achaque a empresas e ameaças a testemunhas

Há exatamente um ano, em despacho redigido em um dos processos que tem como réu o ex-ministro José Dirceu, o juiz Sérgio Moro escreveu que o País passou a vivenciar um quadro de corrupção sistêmica sob o comando do PT. Na ocasião, muitos analistas políticos e observadores das entranhas do Judiciário trataram o alerta do magistrado responsável pela Lava Jato como alarmista. Hoje, não há quem discorde de Moro. 

Depois de dois anos de investigações em diversas operações da Polícia Federal e de mais de 70 delações premiadas, fica evidente que as gestões petistas transformaram o governo federal em uma verdadeira e organizada estrutura de corrupção. Praticamente todos os ministros de Dilma Rousseff estão envolvidos em desvios de dinheiro público. Desde aqueles que ocuparam gabinetes no Palácio do Planalto até os mais distantes. “A corrupção que o PT promoveu foi uma corrupção institucional, não foi dispersa nem com indivíduos participando isoladamente”, afirma o professor Álvaro Guedes, especialista em administração pública da Unesp. “Pessoas foram escolhidas a dedo para estar em posições estratégicas e promover o desvio de dinheiro”, conclui o professor.

Um estado dominado

Um dos expoentes desses “escolhidos a dedo” é Paulo Bernardo, ex-ministro das gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Na semana passada, ele foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Custo Brasil. A PF diz ter provas suficientes para assegurar que Bernardo, enquanto esteve no governo, participou de organização criminosa e praticou crime de corrupção passiva. No mês passado, ele foi preso após a polícia constatar que havia recebido R$ 7,1 milhões desviados de uma fraude no crédito consignado que cobrava uma taxa superfaturada dos servidores federais que se encontravam endividados.  

Paulo Bernardo é casado com a senadora petista Gleisi Hoffmann, uma das líderes da tropa de choque de Dilma no Senado, ex-ministra da Casa Civil e também acusada de receber propinas do Petrolão. Gleisi só não foi presa junto com o marido graças ao foro privilegiado. O casal sempre teve livre trânsito no gabinete e na residência oficial da presidente afastada. No mesmo esquema que lesou milhares de funcionários públicos, está o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, aquele que costumava levar Dilma para passeios de moto aos domingos. Ainda na semana passada, Edinho Silva, outro ex-ministro íntimo da presidente afastada, viu-se diante de novas provas que o envolvem em corrupção e achaque contra empresários que tinham contratos com o governo. 

Ele, que já era investigado por intermediar, a pedido de Dilma, R$ 12 milhões da Odebrecht para o caixa dois da campanha da petista em 2014, desta vez foi alvejado por investigação promovida pelo TSE. Peritos descobriram que uma empresa pertencente a um ex-assessor de Edinho recebeu R$ 4,8 milhões da campanha de Dilma para serviços que não consegue comprovar. Em um de seus despachos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que prometer facilidades na liberação de obras às grandes empreiteiras em troca de recursos para o PT era uma medida habitual de Edinho, que antes de ocupar o ministério foi tesoureiro da campanha da reeleição.

Crimes sob encomenda

Outros ex-ministros próximos à presidente afastada também agiam dentro da organização criminosa. São os casos de Fernando Pimentel, Jaques Wagner, Giles Azevedo, Ricardo Berzoini, entre outros. O Ministério Público investiga ainda amigos da presidente afastada que não ocuparam cargos no primeiro escalão de sua gestão, mas comandaram setores estratégicos do governo, como Valter Cardeal e Erenice Guerra. 

O primeiro foi diretor da Eletrobrás e é acusado de ter se beneficiado com propinas nas obras de Angra 3. Erenice, uma das principais auxiliares de Dilma e ex-ministra de Lula, é investigada por ter recebido R$ 45 milhões desviados das obras de Belo Monte. Como quadrilha organizada, expressão que costuma ser usada pelo ministro do STF, Gilmar Mendes, ao se referir às gestões petistas, a estrutura criminosa instalada no governo Dilma também locupletou os ministros que chegaram à esplanada por indicação dos partidos aliados (leia quadro na p[ág. 37). “O PT unificou diversas quadrilhas que agiam em setores diferentes”, diz Paulo Kramer, analista e professor da Universidade de Brasília. “O partido deu um comando central à corrupção, decidia quem entraria para o esquema de poder”, complementa.

Fonte: Isto É  

http://istoe.com.br/estrutura-criminosa-do-governo-dilma/ 

 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A delação que compromete Dilma



Em depoimento, a dona da Pepper, Danielle Fonteles, afirma que recebeu recursos "por fora" num total de R$ 58 milhões, para abastecer as campanhas de 2010 e 2014. Quem a orientou no esquema foi o braço direito da presidente, Giles Azevedo

ENCONTROS SECRETOS
As reuniões entre Giles Azevedo e Danielle Fonteles ocorreram na própria residência da dona da Pepper, no Lago Sul, em Brasília
Assessor especial de Dilma Rousseff, o discreto Giles Azevedo é considerado no Palácio do Planalto os olhos e os ouvidos da presidente da República. O único na Esplanada com autorização para falar em nome de Dilma e a quem ela confia as mais delicadas tarefas. Por isso, quem recebe instruções do fiel auxiliar da presidente não entende de outra maneira: ele fala na condição de enviado da principal mandatária do País. Foi com essa credencial que Giles se aproximou da publicitária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper Interativa.

 Em uma série de encontros, muitos deles mantidos na própria residência da publicitária no Lago Sul, em Brasília, Giles orientou Danielle a montar a engenharia financeira responsável por abastecer as campanhas de Dilma de 2010 e 2014 com recursos ilegais. A maior parte do dinheiro oriunda de empreiteiras do Petrolão e de agências de comunicação e publicidade que prestam serviço para o governo federal. As revelações foram feitas pela própria dona da Pepper em seu acordo de delação premiada, a cujo conteúdo ISTOÉ teve acesso. Ainda não homologado, o depoimento tem potencial explosivo, pois sepulta o principal argumento usado até agora por Dilma para se apresentar como vítima de um “golpe” destinado a apeá-la do poder: o de que não haveria envolvimento pessoal seu em malfeitos.
 


sábado, 4 de junho de 2016

Denúncias aprofundam desgaste de imagem de Dilma

Delação de ex-diretor da Petrobras sobre a compra de Pasadena vai contra a ideia de que a presidente é uma pessoa ‘honrada’ sendo injustiçada

Apresentada ao país pelo presidente Lula como a “mãe do PACo”, a gerente inflexível e eficiente, Dilma Rousseff governou no Planalto durante cinco anos e de lá foi afastada pelo processo de impeachment em andamento no Senado com a imagem profissional bastante abalada.

Lula conseguiu elegê-la como garantia de continuidade dos bons momentos do seu governo. Mas nada de importante deu certo: a gerente não conseguiu destravar os investimentos públicos, listados no Programa de Aceleração do Crescimento, e a economista de formação conduziu um dos maiores desastres da história do país, devido à aplicação do mirabolante “novo marco macroeconômico”. 

Restou de patrimônio para Dilma a imagem de “mulher honrada”, como brada seu advogado no processo de impeachment, José Eduardo Cardozo. Mas este ativo também já havia sofrido arranhões. Afinal, como a presidente do Conselho de Administração da Petrobras desde janeiro de 2003 não tomara conhecimento do bilionário esquema de superfaturamento de contratos com empreiteiras para financiar políticos do PT, PP e PMDB? A pergunta sempre pairou sobre Dilma, e agora, a partir da divulgação pelo Supremo da delação premiada do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, ela desaba de vez sobre a presidente afastada.

Diretor da área internacional da empresa quando da compra mais que suspeita da refinaria de Pasadena, no Texas, pela estatal, Cerveró foi responsabilizado por Dilma, presidente da República, pelo mau negócio prejuízo de US$ 792,3 milhões à estatal. Na delação liberada pelo STF, ele é direto: Dilma tinha conhecimento de todos os detalhes da compra da refinaria. Negócio que gerou propinas, já comprovadas. 

Cerveró admite que ela deveria saber que políticos recebiam dinheiro desviado da Petrobras. Ele não tem provas. Evidências, porém, não faltam, e há pelo menos um testemunho de que a presidente da República tentou obstruir a Justiça na Operação Lava-Jato. Segundo o senador Delcídio Amaral, a presidente tratou com ele da barganha na indicação de um ministro para o STJ, Marcelo Navarro, em troca da aceitação do pedido de habeas corpus do empreiteiro Marcelo Odebrecht. Acrescente-se o telefonema grampeado pela Justiça em que Dilma e Lula tratam do termo de nomeação do ex-presidente para a Casa Civil, a fim de protegê-lo da Lava-Jato com o foro privilegiado do STF. Outra obstrução.

A antiga imagem de Dilma sofre, também, com a revelação, pelo GLOBO, de que dinheiro do petrolão, portanto surrupiado da estatal, financiou gastos pessoais da presidente, como o deslocamento de São Paulo para Brasília do cabeleireiro Celso Kamura para atendê-la.[não pode ser esquecido que mesmo dispondo dos cartões corporativos,  que podem ser usados por Dilma, a Afastada,  para tudo, incluindo depilação, ela ainda usou dinheiro roubado da Petrobras para conseguir algo impossível: melhorar sua aparência.
Ela pode alegar em sua defesa que o seu 'mago', João Santana, atualmente preso com a esposa devido a Lava-Jato, usando uma 'simpatia baiana',   recomendou que o embelezamento feito por profissionais pagos com dinheiro roubado seria mais eficaz.
Aliás, a esposa do marqueteiro, Mônica Moura, quando da sua prisão declarou que   não  conseguiriam obrigá-la a baixar a cabeça.
Agora, continua presa e quando ver qualquer agente penitenciário a ex-indobrável não só baixa a cabeça como cruza as mãos nas costas - conforme norma em vigor nas cadeias do Brasil. 

E fica ainda mais degradada depois de reportagem de “Época”, em que o lobista Benedito Oliveira Neto diz que Giles Azevedo, assessor próximo de Dilma, teria pagado dívida de campanha com dinheiro da Secretaria de Comunicação.  O PT não quer um desfecho rápido para o impeachment, por apostar no desgaste do presidente interino Michel Temer. Mas revelações que começam a surgir, e não só na Lava-Jato, também não ajudam a presidente afastada.

Fonte: Editorial - O Globo



quarta-feira, 4 de maio de 2016

Denúncia contra Lula tem o peso de uma lápide

O cronista Nelson Rodrigues ensinou que a morte é anterior a si mesma. Começa antes, muito antes. É todo um lento, suave, maravilhoso processo. O sujeito já começou a morrer e não sabe. Tome-se o caso de Lula. Fenece politicamente desde 2005, quando explodiu o mensalão. Mas demorou dez anos para que a Procuradoria-Geral da Repúlica providenciasse a lápide.

Veio na forma de uma denúncia e de uma petição ao STF. Na denúncia, o procurador-geral pede a conversão de Lula em réu por ter tentado comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró. Na petição, requisita a inclusão de Lula e outras 29 pessoas no “quadrilhão”, como é conhecido o principal inquérito da Lava Jato. Nesse texto, Janot esculpiu um epitáfio com cara de óbvio: Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse.''

A conclusão do procurador-geral elimina uma excentricidade dos governos do PT. Está chegando ao fim a era da corrupção acéfala. Janot fez, finalmente, justiça a Lula, protegendo-o de si mesmo. A pose de Lula diante da roubalheira não fazia jus à sua fama.
O mal dos partidos políticos, como se sabe, é que eles têm excesso de cabeças e carência de miolos. O PT sofre da mesma carência, mas com uma cabeça só. Desde que empinou a tese do “não sabia”, Lula vinha renegando sua condição de cérebro solitário do PT. 
Reivindicava o papel de cego atoleimado.

Se aceitar a denúncia da Procuradoria, o STF não irá apenas transformar Lula em réu. Restabelecerá a lógica, acomodando o personagem no topo da hierarquia da quadrilha.
Mirando para baixo, Janot disparou várias balas que muitos davam como perdidas. Requereu a inclusão no inquérito do “quadrilhão” de vários nomões do PT, do PMDB e da vizinhança de Dilma.

Gente como os ministros palacianos Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva; os ex-ministros Erenice Guerra, Antonio Palocci e Henrique Alves; os senadores Jader Barbalho e Delcídio Amaral; o deputado Eduardo Cunha… De quebra, foi alvejado o principal assessor de Dilma, Giles Azevedo.

Como se fosse pouco, Janot requereu a abertura de inquérito contra a própria Dilma, o advogado-geral do impeachment, José Eduardo Cardozo e, de novo, Lula. Acusa-os de tentar obstruir as investigações.  No início de março, quando foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal por ordem do juiz Sérgio Moro, Lula reagiu com uma entrevista de timbre viperino. “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva.'' Pois bem. Janot acertou a cabeça da víbora.

Lula estava zonzo desde o dia em que o doutor Moro atrapalhou sua nomeação para a Casa Civil jogando no ventilador os diálogos vadios captados em grampos legais. Numa conversa com Dilma, a jararaca destilara todo o seu veneno:  “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. […] Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar…”

Depois disso, a Suprema Corte avalizou o rito do impeachment, o presidente da Câmara coordenou a goleada de 376 X 137, o presidente do Senado passou a flertar com o vice-presidente “conspirador”, os parlamentares traem madame gostosamente e Lula revela-se uma cobra sem veneno. Tornando-se réu, talvez chegue a 2018 mai perto da cadeia do que das urnas.

Quanto a Dilma, ninguém estranharia se o noticiário sobre sua Presidência migrasse da editoria de política para o espaço que os jornais reservam aos avisos fúnebres. Os curiosos lêem compulsivamente, à espera de uma surpresa agradável. Jurada de morte, madame tenta se convencer de que ainda está cheia de vida. Mas todos sabem, inclusive seus aliados, que, mais dia menos dia, acaba o seu dia a dia. Tudo passa, exceto o PMDB, que é imortal.

Fonte: Blog do Josias de Souza

 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

A algema que ameaça o braço direito complica a viagem de Dilma

A algema que ameaça o braço direito complica a viagem tramada por Dilma para denunciar na ONU o golpe que não derruba o golpeado nem confisca seu passaporte

O desembarque de Giles Azevedo no noticiário político-policial informa: a taxa de bandidagem alcançada pelo círculo íntimo de Dilma Rousseff já rivaliza com a de qualquer bando de brothers de um chefão do PCC. O índice tornou a subir na segunda semana de março, quando a melhor amiga (secreta, por imposição do prontuário) Erenice Guerra apareceu boiando no pântano drenado pela delação premiada de Delcídio Amaral. 

Segundo o senador, a mulher que transformou a Casa Civil num esconderijo de parentes larápios andou fazendo o diabo nas catacumbas da usina de Belo Monte. Promovida a operadora do esquema de propinas, irrigou a campanha de 2014 com R$ 45 milhões.  Dias depois, a devassa das bandalheiras protagonizadas pelo governador mineiro Fernando Pimentel revelou que o mais antigo amigo de Dilma pode perder o mandato bem antes do prazo previsto ─ já estará no lucro se mantiver o direito de ir e vir. Na semana passada chegou a vez de Gim Argello, conselheiro, confidente e parceiro de caminhadas de Dilma. A Polícia Federal descobriu que o ex-senador do PTB embolsou mais alguns milhões para excluir empreiteiros assustados da lista de depoentes da CPI da Petrobras. A presidente tentou infiltrá-lo no Tribunal de Contas da União. O protegido acabou instalado na traseira de um camburão.

Nesta quarta-feira, informações fornecidas à Operação Lava Jato pela publicitária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper, elevaram a lama que inunda o Planalto à altura do pescoço de Giles Azevedo, assessor especialíssimo e especializado em missões ultrassecretas. Segundo a revista Isto É, trechos da delação premiada de Danielle detalharam o esquema comandado pelo braço direito presidencial (que nada faz sem a expressa concordância do esquerdo e em obediência ao mesmo neurônio). A usina de dinheiro sujo permitiu à agência receber recursos ilegais que vitaminaram com R$ 58 milhões as campanhas de 2010 e 2014. “Quando o Giles fala, ouço a voz da presidenta”, diz um veterano sacerdote do PT.

Na véspera do voo rumo a Nova York, Dilma viu engordar a bagagem de complicações a resolver. Não será fácil explicar aos participantes do encontro na ONU, o que faz por lá a mulher alvejada por um golpe liderado por um vice que, graças à viagem da golpeada, está governando como interino o país representado no exterior pela titular itinerante. Que tipo de golpe é esse que nem sequer derruba o golpeado? Que golpistas são esses que nem se dão ao trabalho de confiscar o passaporte da figura escorraçada pela violência inconstitucional?

Caso algum jornalista pergunte por Giles, também terá de esclarecer como consegue resistir a tantas tentações sem um único amigo honesto a apoiá-la. Deve ser bem  mais difícil que passar a vida inteira num bordel sem pecar contra a castidade.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes - VEJA

 

 

O homem de Dilma no esquema

A delação que compromete Dilma

Em depoimento, a dona da Pepper, Danielle Fonteles, afirma que recebeu recursos "por fora" num total de R$ 58 milhões, para abastecer as campanhas de 2010 e 2014. Quem a orientou no esquema foi o braço direito da presidente, Giles Azevedo

 Assessor especial de Dilma Rousseff, o discreto Giles Azevedo é considerado no Palácio do Planalto os olhos e os ouvidos da presidente da República. O único na Esplanada com autorização para falar em nome de Dilma e a quem ela confia as mais delicadas tarefas. Por isso, quem recebe instruções do fiel auxiliar da presidente não entende de outra maneira: ele fala na condição de enviado da principal mandatária do País. Foi com essa credencial que Giles se aproximou da publicitária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper Interativa. Em uma série de encontros, muitos deles mantidos na própria residência da publicitária no Lago Sul, em Brasília, Giles orientou Danielle a montar a engenharia financeira responsável por abastecer as campanhas de Dilma de 2010 e 2014 com recursos ilegais. 


A maior parte do dinheiro oriunda de empreiteiras do Petrolão e de agências de comunicação e publicidade que prestam serviço para o governo federal. As revelações foram feitas pela própria dona da Pepper em seu acordo de delação premiada, a cujo conteúdo ISTOÉ teve acesso. Ainda não homologado, o depoimento tem potencial explosivo, pois sepulta o principal argumento usado até agora por Dilma para se apresentar como vítima de um “golpe” destinado a apeá-la do poder: o de que não haveria envolvimento pessoal seu em malfeitos. Agora, fica complicado manter esse discurso em pé. No governo, e fora dele, há um consenso insofismável: Giles é Dilma. Nas conversas com Danielle, segundo a delação, Giles tratava sobre as principais fontes de financiamento que irrigariam as campanhas de Dilma por intermédio da Pepper. Sem registro oficial. Segundo ela, as orientações partiam do discreto assessor da presidente.

No depoimento aos investigadores, a publicitária confessou ter recebido recursos “por fora”, por meio de contratos fictícios, da Andrade Gutierrez, da Queiroz Galvão, da OAS, da Odebrecht – empreiteiras implicadas no Petrolão –, da Propeg e de uma grande empresa de assessoria de comunicação dona de contas no governo, tudo conforme combinado com Giles. A Propeg, agência de publicidade baiana que, de acordo com Danielle, teria sido responsável por vultosos repasses, figura entre as oito que mais receberam verbas do governo Dilma nos últimos anos. Atualmente, ela possui a conta da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Na quebra de sigilo da Pepper, a pedido da CPI do BNDES, foram identificados quatro depósitos da Propeg totalizando R$ 223 mil entre 2011 e 2012.

Da Andrade Gutierrez, a dona da Pepper admitiu ter recebido de maneira ilegal R$ 6,1 milhões, ratificando depoimento de Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira. Com o montante, a empresa pagou funcionários do comitê de Dilma na campanha de 2010, entre outras despesas. Em outro trecho da delação, Danielle afirma que abriu uma conta na Suíça em 2012, sob o conhecimento de Giles, para receber da Queiroz Galvão na chamada “Operação Angola”. Por ela, a Pepper recebeu US$ 237 mil. A conta para movimentar os recursos, identificada com a sequência CH3008679000005163446, foi aberta por Danielle no banco Morgan Stanley.

Com tantos recursos para internalizar e uma teia de interesses em jogo, a Pepper acabou se transformando numa espécie de lavanderia de dinheiro do PT. Só entre 2013 e 2015, a Pepper movimentou em conta própria R$ 58,3 milhões. Com parte destes recursos, a empresa bancou despesas das campanhas de Dilma à reeleição, principalmente o pagamento a blogs favoráveis ao PT contratados para atuar na guerrilha virtual travada nas redes sociais. O dinheiro, segundo orientação de Giles Azevedo, veio da OAS e da Odebrecht por meio de contratos fictícios ou superestimados. Essa informação consta da delação de Danielle. 

Coube a Pepper, por exemplo, o pagamento de um pixuleco de R$ 20 mil mensais para o criador do perfil de humor chapa branca “Dilma Bolada”, Jefferson Monteiro. A personagem faz troça de adversários com a mesma veemência com que exalta iniciativas e discursos da presidente, até mesmo os mais frugais. Outros ativistas digitais pró-PT têm motivos para estarem bolados com a delação da publicitária. Uma lista contendo o nome de dezenas de jornalistas destinatários da verba repassada pela Pepper foi entregue por Danielle aos investigadores. Os nomes permanecem guardados a sete chaves e podem ensejar outra investigação. Oficialmente, a Pepper foi responsável pela estratégia de internet da campanha da presidente Dilma em 2010. Na reeleição, em 2014, ficou encarregada de produzir as páginas da candidata do PT no Facebook e Twitter. Pelo trabalho, recebeu R$ 530 mil por mês.

(...) 

A má notícia para Giles Azevedo e, consequentemente, para Dilma, é que os investigadores reconhecem a consistência dos depoimentos de Danielle Fonteles. Foi com base neles que, na sexta-feira 15, o empresário Benedito Oliveira, o Bené, amigo de Pimentel, foi preso preventivamente, também na Operação Acrônimo. Em 2010, Bené foi o responsável por custear as despesas de uma mansão em Brasília alugada para abrigar funcionários da campanha da presidente, sob a coordenação de Pimentel. Para a PF, o governador de Minas recebeu “vantagens indevidas” de Bené, como o pagamento de despesas pessoais dele e de sua mulher, Carolina Oliveira. Na delação, a dona da Pepper confirmou que Benedito Oliveira atuava como um dos financiadores da primeira campanha presidencial de Dilma. As empresas de Bené, como a Gráfica e Editora Brasil, receberam meio bilhão de reais do governo do PT. Muitos desses pagamentos para serviços gráficos e organização de eventos, sem comprovação de prestação de serviços. Como aqueles combinados entre Giles Azevedo, o homem de Dilma no esquema, e Danielle Fonteles. 

Ler na íntegra.............................. Isto É - http://www.istoe.com.br/reportagens/451625_A+DELACAO+QUE+COMPROMETE+DILMA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Depois do jantar



Na terça-feira reuniram-se para jantar, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Jaques Wagner, o presidente do PT, Rui Falcão, e o assessor presidencial Giles Azevedo. Apurou-se que Dilma queria também a presença do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, mas Lula objetou, alegando que o encontro se destinava a debater questões estritamente políticas. Faz sentido. 

O Palácio do Planalto e o PT não conseguem se entender a respeito do que fazer para encarar a crise econômica. É uma divergência política, acima de tudo. Tem a ver com o futuro do país, é claro, mas também com o que podem esperar para si mesmos os dois protagonistas da reunião, Dilma e Lula. Melhor então que o ministro da Fazenda aguarde quieto em seu canto as novas instruções para tempos difíceis.

Dilma termina o primeiro ano de seu segundo mandato no fundo do poço da popularidade e não tem mais nada a perder a não ser o que lhe resta de mandato. Pode perfeitamente adotar medidas impopulares na área econômica, na esperança de estar fazendo o certo – mesmo ao arrepio de suas convicções ideológicas –, para colher a recompensa da retomada do crescimento econômico. Já o PT não quer ouvir falar em nada que, na sua ótica populista, contrarie os “interesses dos trabalhadores”. 

É por isso que tem ojeriza pela austeridade implícita ao ajuste fiscal. Acredita que o governo tudo pode, basta querer, e reivindica uma “nova política econômica”, que de nova não tem nada porque significa apenas a retomada da gastança paternalista com a qual Lula, em seu segundo mandato, e Dilma, no fatídico primeiro, inebriaram os crentes num Paraíso tropical e arruinaram a economia brasileira.

Ao contrário de Dilma, Lula tem tudo a perder com a persistência da crise, pois vive do prestígio que conquistou na brilhante carreira política e não se conforma com a possibilidade de ter de dedicar seus próximos anos a criar galinhas no aprazível sítio que frequenta em Atibaia. É o prestígio proporcionado pela imagem de mandachuva perpétuo que alimenta o ego e, em proporções nada desprezíveis, o alto padrão de vida do chefão do PT. Nas devidas proporções, vivem o mesmo dilema o alto comissariado e toda a militância petista encastelada no conforto do aparelho estatal.

Os jornalistas tiveram acesso ao que foi conversado no jantar por meio de participantes do encontro e pessoas a eles ligadas. O problema com esse tipo de informação é que as fontes costumam revelar apenas o que lhes interessa, sempre nos termos que lhes são mais convenientes. E isso explica as inevitáveis contradições nas informações veiculadas por distintos veículos de comunicação. Em resumo, as informações sobre a restrita cúpula político-gastronômica no Alvorada mais confundem do que esclarecem o que têm na cabeça os donos do poder.

Parece ponto pacífico que Lula insistiu na necessidade urgente de sua ex-pupila “assumir o protagonismo” da agenda política e econômica e também viajar pelo país para transmitir “boas notícias” que ajudem a aliviar a má sorte que persegue o PT. Lula teria exigido também que o governo lhe forneça argumentos – como a oferta de farto crédito para a compra de bens de consumo – com os quais possa deliciar as massas carentes de boas notícias.

Já no campo factual, no dia seguinte ao jantar no Alvorada, quarta-feira, Jaques Wagner voltou a conversar abertamente com os jornalistas, ecoando questões discutidas na noite anterior. Com a clara intenção de criar um anticlímax diante da expectativa de grandes planos para a recuperação da economia, Wagner garantiu, segundo o Globo: “Não estamos mais em tempos de ‘pacotes’. Acho que não tem nada bombástico. Não tem coelho na cartola”.

A presidente da República, por sua vez, num gesto certamente destinado a “assumir o protagonismo”, reuniu ontem os jornalistas para um café da manhã durante o qual fez as habituais previsões otimistas e – surpresa! – admitiu que “todas as atividades humanas são passíveis de erro”. Partindo de quem parte, é um enorme progresso, mas não ajuda a entender o que vem por aí.

Fonte: Editorial do Estadão

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O governo tenta ganhar tempo para uma pausa na morte cotidiana, só que a Dilma deseja continuar não governando o país



A presidente deveria se mancar, aproveitar a boa ideia que será – se formal executada e extinguir o governo. Mas Dilma Rousseff deseja mesmo continuar não governando o país. Ora, e não é isso mesmo o que faz o desejo? Prende-nos naquilo que não é nosso. Traída pelo desejo de vergar sem quebrar, enquanto quebra o país, a presidente dedilha sua lira do delírio fragmentando-se em ações sucessivas que há muito só cuidam dos cacos da figura política mais tosca da história do país – qualquer país.

O Brasil toca sozinho a própria rotina na qual tudo o que funciona só funciona apesar da presidente atada ao desejo de salvar aparências vazias.  Consumando outra mentira da campanha eleitoral, o anúncio dos ministros aparvalhados quanto à redução aleatória de 10 ministérios – por que não 9 ou 11? – não explicou o planejamento da coisa, os objetivos e as estratégias para alcançá-los. Nas mentiras transparentes, a verdade é antevista na tentativa de enrolar o público pagante e ganhar tempo para uma pausa na morte cotidiana do governo.

A proposta é ótima, pena que não há proposta; o país só teria a ganhar, mas é aí que entra Dilma acabando com as chances de a nação ter algum ganho. Ainda que haja a redução, restará esse governo cuja chefe instala, na equipe multidisciplinar da articulação política com várias disciplinas da imbecilidade política do governo, o secretário pessoal que, mais do que tudo, é um amigo-funcionário que é tão popular entre os políticos quanto um amigo de Dilma pode ser.

Giles Azevedo deve ser ótimo confidente e tal, daqueles para quem se confessa até o índice de massa corporal, mas é perturbador saber que o obscuro articulador político esteve ao lado de Dilma em cada, vá lá, ideia que ela teve. Torço pelo dia em que a lei despejará a súcia do poder e é exasperante perceber que os planos que o bando tem são o de fugir da realidade com esses espetáculos de bisonhice explícita e aquele implícito de arranjos paridos por quem nem mesmo pode se garantir.

É cada vez mais entristecedora e intolerável a constatação renovada de que o Brasil se deixou submeter, por tanto tempo, por uma escória que é tão ruim para a política quanto é boa para a vigarice.

Fonte: Valentina de Botas – Coluna do Augusto Nunes