A primeira: a Comissão Mista do Orçamento aprovou sem qualquer mudança o projeto de lei enviado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso que transfere 19 bilhões de reais do Orçamento deste ano para o controle de deputados e senadoresRepreendido por seus
devotos nas redes sociais, empenhado em fortalecer as manifestações
marcadas para o próximo domingo, Bolsonaro arrependeu-se do que fez.
Pediu aos seus partidários no Congresso que rejeitassem o projeto que
assinara. O projeto foi aprovado por larga margem de votos.
Segunda jogada – essa
temerária porque implica na criação de uma nova despesa anual
obrigatória no valor de 20 bilhões: o Congresso manteve a ampliação do
acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago a idosos e
pessoas com deficiência de baixa renda. Bolsonaro havia vetado a
ampliação.
“Foi uma bomba de canhão
nas contas públicas”, comentou um assessor do ministro Paulo Guedes, da
Economia. Deputados e senadores que apoiaram a ampliação se justificaram
dizendo que uma faixa da população precisa do benefício para atravessar
o período de crise e que a política liberal do governo não a atende.
Davi Alcolumbre (DEM-AP),
presidente do Senado e até agora um fiel aliado de Bolsonaro, disse em
conversa com alguns dos seus pares que “o Congresso perdeu a confiança
no governo”, se é que antes teve alguma. A recíproca é verdadeira, com
uma diferença: Bolsonaro nunca confiou no Congresso, nem faz questão. [nessa o presidente Bolsonaro está certíssimo.
Errado estava quando apoiou dar dinheiro para os parlamentares controlarem e apoiou cancelar o BPC.
O Congresso por sua vez legislou em causa própria no tocante ao controle do dinheiro (ERROU FEIO = o que aliás era esperado, já que os parlamentares em sua maioria dão prioridade à defesa dos seus interesses).
ACERTOU LEGAL em manter o BPC.
Com tanto desperdício de dinheiro público, incluindo o FUNDO ELEITORAL, não será a manter (com pequena ampliação) o BPC que vai ferrar a Previdência social.]
A novela do Orçamento
ainda inacabado poderá ser concluída na próxima semana com a votação de
outros projetos despachados por Bolsonaro ao Congresso. Bolsonaro aposta
em manifestações de rua gigantescas para assombrar o Congresso. Isso,
porém, não seria nenhuma garantia de que o Congresso se deixará
assombrar.
A primeira vítima da nova
colisão [sic] entre o Congresso e o governo foi o general Luiz Eduardo Ramos,
ministro da Secretaria de Governo: Bolsonaro escalou o policial militar
da reserva Jorge Oliveira, ministro da Secretaria-Geral da presidência,
para substitui-lo como coordenador político do governo. Ramos é uma estrela que
parece se apagar. A estrela de Oliveira deverá levá-lo para uma das
vagas de ministro do Supremo Tribunal Federal a serem abertas este ano e
no próximo. Oliveira é “terrivelmente evangélico”.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA