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sexta-feira, 17 de março de 2023

Sem terra e sem lei - Revista Oeste

Artur Piva -  Joice Maffezzolli
 

Volta de Lula ao poder estimula invasões de propriedades rurais, e país revive o pesadelo no campo — que virou um grande negócio

 Lula disse que o MTST será protagonista em seu governo | Foto: Flickr/MST

Lula disse que o MTST será protagonista em seu governo | Foto: Flickr/MST  

Da série de pesadelos possíveis para um produtor rural no Brasil, nenhum é mais perturbador do que acordar com um bando armado cruzando a sua cerca — o arame está ali para ser respeitado, diz a Constituição. Antes de completar os cem primeiros dias de governo Lula, o país vive um retrocesso de duas décadas no setor fundiário. Os grupos de sem-terra estão de volta, desta vez sem medo de andar à margem da lei.

Oficialmente, foram registradas 11 invasões neste ano, metade do que foi contabilizado durante todo o mandato de Jair Bolsonaro (24). A progressão aritmética revela que a onda pode superar as 2 mil invasões para cada mandato na era petista de Lula e Dilma Rousseff. Mas, desta vez, há uma diferença: a escolha das fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e por novas siglas, ainda mais agressivas.

Inicialmente, é importante entender o que virou o MST nos últimos anos. Esqueça qualquer semelhança com as décadas de 1980 e 1990. As invasões agora são muito bem direcionadas, quase sempre em áreas de grandes empresas ou produtores, o que força a intervenção do governo do PT — e potencializa o poder de barganha. O título de posse da terra fica em segundo plano. A prioridade é o acesso a mais benefícios sociais e ficar com parte da produção embargada no local.

Todo o resto é fachada: o “MST raiz”, da luta pela reforma agrária, virou uma mistura de assessoria de imprensa para emplacar artigos de “intelectuais progressistas” da USP e da PUC no consórcio da velha mídia e butique de venda de bonés para jovens frequentadores de bares na Vila Madalena (SP) ou no Leblon (RJ) — aquela turma engajada que faz sucesso no Instagram. O boné do MST substituiu a camiseta com o rosto do terrorista Che Guevara nas universidades. 

Paralelamente, os dissidentes da foice em punho e do lenço cobrindo o nariz e a boca das décadas passadas continuam agindo, principalmente na região do Pontal do Paranapanema, berço do MST, no oeste paulista, e no interior da Bahia. Montaram grupos com outras siglas, mas a bandeira segue vermelha. Os separatistas são muito mais violentos, andam armados e deixam um rastro de destruição nas terras, com animais mortos e lavouras arruinadas. Neste mês, a Polícia Civil prendeu o principal ícone do Pontal, José Rainha Júnior.

Ex-integrante do MST, José Rainha deixou o movimento em 2007. Sete anos depois, fundou a Frente Nacional de Lutas no Campo e na Cidade (FNL). Ele responde a 40 processos judiciais por furto, porte ilegal de arma, estelionato, formação de quadrilha e extorsão de fazendeiros — esta última, sua modalidade favorita. 
Até ser preso, recentemente, apelava em liberdade contra uma condenação a 30 anos de cadeia. Não fossem seus admiradores nas redações da velha mídia e na classe artística, estaria atrás das grades. 
Na década de 1990, por exemplo, o novelista Benedito Ruy Barbosa o homenageou com um personagem de sem-terra em O Rei do Gado. Quando respondeu pelo crime de assassinato de um policial, o criminalista Evandro Lins e Silva o defendeu, a pedido do escritor português José Saramago.
Os extremistas do campo
Até hoje, partidos, sindicatos e grupelhos de esquerda comemoram “A Luta do 8 de Março” de 2006. Na época, um bando de 1,8 mil mulheres destruiu o viveiro da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul. O prejuízo foi de US$ 400 mil.
 As imagens das mulheres encapuzadas, com foices nas mãos, arrancando mudas de eucaliptos e quebrando estufas com 15 anos de pesquisas genéticas rodaram o mundo. A justificativa para o ataque foi “o avanço do eucalipto sobre a natureza das terras brasileiras e territórios indígenas”. Mesmo com o repúdio internacional ao vandalismo, a responsável pelo núcleo de formação do MST, Rosmeri Witcel, redigiu um documento, intitulado “A Luta do Oito de Março como espacialização emancipatória do debate feminista no MST”.
Foto: Reprodução/MST
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Governadores de alguns Estados estão prometendo lidar com as invasões no campo com o rigor que tem faltado ao governo federal. Em Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil) avisou que terá “tolerância zero” com os invasores. “O governo do Estado de Mato Grosso terá tolerância zero com qualquer tipo de atividade de invasão, qualquer tipo de atividade criminosa”, disse Mendes, no sábado 11. “Determinei ao secretário de Segurança Pública que possa prontamente agir para defender a integridade e a vida das pessoas. Peço a todos que não ousem aqui no nosso Estado, porque a tolerância será zero. Vamos trabalhar junto da legalidade com o Ministério Público e com a Justiça. Mas nós vamos defender todos aqueles que trabalham e que produzem.”

Em Minas Gerais, Romeu Zema se manifestou no mesmo sentido, no domingo 12. “Cerca é para ser respeitada”, declarou, em vídeo gravado dentro de uma propriedade rural. Na gravação, Zema disse que seu governo sempre trabalhou para reforçar a segurança dos produtores. “Aqui em Minas, não vamos tolerar invasão”, disse. “O homem do campo precisa de segurança e paz para trabalhar.”

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Os picaretas do MST
Desde o alardeado “Carnaval vermelho”, do gaúcho João Pedro Stédile, líder dos sem-terra, a reportagem de Oeste conversou com ex-integrantes do MST, que abandonaram a bandeira vermelha porque descobriram que se tratava de outro negócio. É o caso de Elivaldo da Silva Costa, 44 anos, conhecido como “Liva do Rosa”. Ele mora no assentamento Rosa do Prado, na cidade baiana de Prado, a 200 quilômetros do balneário turístico de Porto Seguro. Foi militante do MST por 12 anos — até descobrir que se tratava de uma farsa. “É o crime organizado disfarçado de MST”, diz.

“São interesses escusos de meia dúzia, que se aproveita das pessoas. Eu vi roubarem. Mas o povo vê e não fala, porque não acredita que o militante rouba, que está envolvido na ocupação. As pessoas são usadas”, diz. “Quando percebi que os militantes proibiam a entrada do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no assentamento, que eram contra a titulação da terra, comecei a questionar”

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O MST é um tapa na cara do Brasil que produz.

Foto: Flickr/MST
 
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Leia também “A farsa do MST”

 

Artur PivaJoice Maffezzolli, colunistas - Revista Oeste